Os limites ofensivos do Leão

POR GERSON NOGUEIRA

Os treinos da semana têm revelado as dificuldades do técnico Guto Ferreira para montar a estratégia ofensiva do Remo para o jogo com o Goiás, no próximo domingo, 23. A perda dos ponteiros Nico Ferreira e Diego Hernández responde por boa parte das dores de cabeça do comandante azulino, que poderá lançar um ataque inédito. O elenco só conta com quatro atacantes de ofício disponíveis para o jogo.

Janderson, João Pedro e Pedro Rocha formam o trio ofensivo mais provável para o confronto final da Série B. São jogadores que até já atuaram juntos no decorrer de jogos sob o comando de Guto Ferreira, mas nunca iniciaram uma partida.

Sem Diego Hernández para atuar no corredor direito, Janderson é a opção mais provável. Velocista, ele atuou como principal parceiro ofensivo de Pedro Rocha na fase inicial do campeonato, quando o técnico ainda era Daniel Paulista. Muitos dos 15 gols do artilheiro começaram em passes cruzados de Janderson.

Durante a passagem de Antônio Oliveira, o ponta caiu no ostracismo. Sofreu lesão e ficou fora dos planos. Não foi mais utilizado e só voltou a ser relacionado entre os reservas depois que Guto Ferreira assumiu. Pela ousadia e as características agudas, pode ser fundamental na missão de furar o bloqueio defensivo do Goiás.  

João Pedro será o centroavante, jogando espetado como gosta Guto Ferreira. Opção para o jogo aéreo, ganhou espaço com os gols que fez contra Cuiabá e Avaí, curiosamente marcados com os pés.

Além desse trio preferencial, Guto não tem muita margem de manobra para montar um ataque consistente. Marrony é a única opção para utilização durante a partida. Significa que, se precisar mexer na frente, o técnico terá que adiantar o posicionamento de um dos armadores disponíveis – Jaderson, Nathan Pescador, Dodô e Régis.

Ao mesmo tempo, para que o ataque se robusteça, será preciso reforçar as laterais. Na direita, Pedro Costa pode voltar ao time, mas Guto também vem testando o lateral Alan Rodríguez nos treinos. Na esquerda, Jorge disputa a posição com Sávio, antigo titular e que funcionou bem nas movimentações ofensivas logo no início da Série B.

O fato é que o Remo se prepara para a grande decisão buscando compensar baixas importantes, situação típica de final de competição, quando o cansaço, a competitividade e o estresse determinam perdas. Acima de tudo, nesses momentos, vai prevalecer a consistência do elenco. Desfalques de última hora testam a qualidade das contratações na temporada. (Foto: Raul Martins/Ascom CR)

Papão: fiel da balança contra o Athletic

Lanterna da Série B 2025 e pior time da competição, o Papão disputa a última rodada sem qualquer ambição maior, a não ser cumprir tabela. Ocorre que a última vaga do rebaixamento está aberta e envolve Ferroviária, Botafogo-SP e Athletic – Amazonas, Volta Redonda e o PSC já caíram.

A equipe mineira, que subiu para a Série B nesta temporada – junto com Remo, Ferroviária e Volta Redonda –, depende de uma vitória simples para se livrar da queda. Em 15º lugar, o Athletic tem 41 pontos, a mesma pontuação do Botafogo, 16º colocado, também com 41 pontos.  

A Ferroviária, com 40 pontos, precisa vencer e torcer por derrotas ou empates de Botafogo e Athletic. E é aí que entra o PSC, na condição de time que pode ajudar os dois paulistas. Especula-se que um bom agrado foi oferecido aos comandados de Ignácio Neto. A conferir.

Com vários problemas para escalar a equipe, o técnico bicolor tem pouco a fazer diante de um adversário motivado e com a faca nos dentes, precisando de uma vitória simples para se salvar. Missão complicada.

Vaidade extremada não explica tudo

Poucas vezes um apelido se autoexplicou tão bem como na visita deslumbrada de Cristiano Ronaldo a Trump: Robozão.  

Seleção ressuscita bondes e aumenta preocupações

Pode ter sido apenas indolência típica de final de temporada, mas o fato é que a Seleção Brasileira fez um jogo horroroso e lerdo diante da fraca Tunísia, anteontem, em gramados franceses. Com vários nomes questionados, como Fabrício Bruno, Fabinho e Lucas Paquetá, o escrete se contentou com um empate em 1 a 1, sem repetir a boa movimentação do primeiro amistoso, contra Senegal.

Tomou um gol, levou sufoco durante o 1º tempo e achou um pênalti salvador, cobrado por Estevão. A arbitragem ainda arranjou outro penal, mas Lucas Paquetá não teve a mesma competência, mandando a bola por cima da trave. O curioso é que Estevão iria bater, mas Marquinhos, um dos donos do escrete, pediu para que Paquetá fosse o batedor.

Os bastidores da Seleção têm sido pouco comentados desde que Carlo Ancelotti assumiu, mas é visível a força de figuras que ficaram na comissão técnica, como o ex-zagueiro Juan. Só os pitacos desses auxiliares explicam a convocação de atletas como os citados acima, de baixo rendimento. O caso mais impressionante é o do longevo Fabinho, que joga no futebol árabe e não era lembrado há duas Copas.  

Não haveria problema maior se o Mundial-2026 não estivesse tão próximo, a pouco mais de sete meses. Diante do que Espanha, França, Inglaterra e Alemanha vêm jogando, o quadro fica ainda mais preocupante. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 20)