Ligações com o PCC rondam campanha de Tarcísio para 2026

Dois dos maiores articuladores da candidatura de Tarcísio ao Planalto, Antônio Rueda e Ciro Nogueira, presidentes do União Brasil e do PP, foram acusados de conexão com a facção.

Por João Filho – Intercept_Brasil

Enquanto a extrema direita e o Centrão aprovavam a PEC da Blindagem — ou da Bandidagem, para ser mais exato — que serve para proteger os políticos que cometerem crime, o presidente de um dos maiores partidos brasileiros era acusado de ser sócio da maior facção criminosa do país. 

O bom do Brasil é que tudo é autoexplicativo. Não há nuances nem mistérios. O objetivo da emenda constitucional está explícito: proteger a bandidagem da política. 

Antonio Rueda, presidente do União Brasil, foi apontado como o líder de um grupo criminoso que financia a compra de aeronaves particulares para servir ao PCC. Em entrevista ao ICL Notícias, um piloto de uma empresa de táxi aéreo revelou que Rueda seria o verdadeiro dono de quatro jatinhos ligados à facção, que estariam em nome de laranjas. 

A denúncia foi feita pelo piloto à Polícia Federal, que já incluiu o presidente do União Brasil na Carbono Oculto — a investigação que mira os negócios do PCC com o setor de combustíveis e a Faria Lima. Isso significa que há indícios de que o piloto fala a verdade. O cacique do União Brasil nega tudo. 

Embora não tenha admitido publicamente, Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo, já articula sua candidatura a presidente para 2026 (Foto: Eduardo Knapp/Folhapress)
Embora não tenha admitido publicamente, Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo, já articula sua candidatura a presidente para 2026 (Foto: Eduardo Knapp/Folhapress)

Durante os dois anos em que trabalhou para a Taxi Aéreo Piracicaba, TAP, o denunciante trabalhou como piloto de sócios importantes do PCC. Mohamad Hussein Mourad, mais conhecido como Primo, e Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco, são apontados pela investigação como empresários que têm papel central na coordenação das atividades financeiras da facção. Ambos estão foragidos. 

Segundo o piloto, os dois foram transportados por ele pelo menos 30 vezes. Em uma delas, ele disse ter ouvido Beto Louco comentar que se encontraria com o senador Ciro Nogueira, presidente do Progressistas, PP, que é um aliado político muito próximo de Rueda. 

Nesse mesmo dia, o piloto afirmou ter transportado uma sacola que aparentava conter dinheiro em espécie. O encontro teria ocorrido no gabinete de Ciro Nogueira, o que ele nega. 

O que está confirmado até agora é que Beto Louco esteve duas vezes na Câmara dos Deputados em 2023. Segundo os registros, ele declarou ter ido visitar o “PP e o gabinete de um deputado”. O UOL solicitou ao Senado o acesso a todos os registros de entrada de Beto Louco, mas o pedido foi negado sob uma justificativa ridícula: a de que feriria a Lei Geral de Proteção de Dados. 

É vergonhoso que o Senado se recuse a apresentar dados que confirmam ou não a visita de um homem ligado ao PCC. Os dados de quem o Senado quer proteger? Do Beto Louco ou de algum senador? É vergonhoso e bastante suspeito.  

Há ainda muito o que se investigar, mas o cheiro da podridão está forte demais. As conexões do crime organizado com o Congresso Nacional vão ganhando contornos mais claros. O PCC está infiltrado em setores importantes da economia e tem representantes no parlamento. 

O desespero para se aprovar rapidamente a PEC da Bandidagem é mais um sintoma disso. O medo de que se abra a caixa preta do Orçamento Secreto, como quer o Supremo Tribunal Federal, STF, é gigante. Quando isso acontecer, as chances das digitais do PCC aparecerem nas emendas secretas e bilionárias são enormes. 

Ciro Nogueira, presidente do PP, e Antônio Rueda, presidente do União Brasil, formalizaram recentemente a criação da Federação União Progressista (Foto: PP/Reprodução)
Ciro Nogueira, presidente do PP, e Antônio Rueda, presidente do União Brasil, formalizaram a criação da Federação União Progressista (Foto: PP/Reprodução)

É importante registrar que tanto Rueda quanto Ciro Nogueira são os principais articuladores da campanha de Tarcísio de Freitas, do Republicanos, em 2026, que ocupará o espaço deixado por Jair Bolsonaro na extrema direita. 

Eles são presidentes de dois grandes partidos que formaram recentemente a Federação União Progressista. Juntas, as siglas têm cerca de 20% das cadeiras da Câmara e 16% do Senado. Até pouco tempo, faziam parte da base política do governo Lula, mas já desembarcaram e se preparam para a eleição com Tarcísio à frente. 

Há um mês, Rueda organizou um jantar com figuras importantes da direita e da extrema direita brasileira para selar um pacto em torno da candidatura presidencial de Tarcísio, que foi a principal estrela do evento. Ciro Nogueira estava lá também, claro. 

‘O Centrão e a direita já fecharam com Tarcísio. E o PCC? Vai fechar com quem?’.

Nenhum integrante da família Bolsonaro foi convidado, já que o objetivo desse movimento é justamente assumir o posto que ela ocupa hoje, ainda que de maneira velada. Enquanto Bolsonaro está preso e seus familiares agonizam politicamente, o Centrão e a direita já fecharam com Tarcísio. E o PCC? Vai fechar com quem? Será que Rueda e Ciro Nogueira sabem?

Mais uma vez, o nome da facção ronda o do governador paulista no noticiário. Primeiro, ficamos sabendo que uma empresária investigada pela Polícia Federal por suspeita de lavar dinheiro do PCC e da máfia italiana está entre seus principais doadores de campanha. 

Depois, descobrimos que um capitão da Polícia Militar, que foi preso por abrir contas bancárias para o PCC, trabalhou como seu segurança e esteve presente em pelo menos 25 comitivas de Tarcísio. Agora, temos os fiadores da campanha eleitoral dele sendo acusados de terem ligações com a facção. Até onde isso vai, governador?

Palco certo para a celebração final

POR GERSON NOGUEIRA

A diretoria do Remo acertou em cheio ao decidir pelo estádio Jornalista Edgar Proença (Mangueirão) como palco do jogo contra o Goiás, no próximo domingo (23), fechando em grande estilo a campanha na Série B, e em clima de esperança quanto ao acesso à Primeira Divisão.

A torcida azulina, que garantiu o maior volume de recursos de um clube na competição, líder absoluta em dinheiro arrecadado nas bilheterias, merecia ser prestigiada com a chance de incentivar o time no espaço adequado. O Banpará Baenão, estádio do clube, abriga apenas 14 mil espectadores. O Mangueirão recebe mais de 50 mil.

Para se ter uma ideia, ontem à tarde, horas depois de aberta a venda, cerca de 22 mil ingressos foram vendidos, assegurando a lotação máxima no Lado A, que concentra tradicionalmente o torcedor azulino. O Lado B já apresenta venda expressiva e deve esgotar nesta quarta-feira.

É absolutamente oportuno que o clube homenageie seu torcedor, convocando-o para um jogo que adquire aspectos de uma grande celebração. Obviamente, os 50 mil espectadores sonham com a vitória e o acesso. A motivação natural de quem vai a um estádio é festejar triunfos do seu time, mas o encontro no Mangueirão será bem mais que isso.

A diretoria ouviu a comissão técnica, que era favorável à manutenção do jogo no estádio Banpará Baenão. Pesou, porém, a preocupação em dar à torcida a oportunidade de ir em grande número apoiar o time em confronto tão importante. Além disso, há a lembrança de confrontos de desfecho desfavorável no Baenão – Confiança (2021) é o exemplo mais vivo. (Foto: Felipe Sacramento/CR)

Racismo agride torcida do Remo e ofende o Pará

A cultura do ódio, que assola o país há séculos e que emergiu com mais virulência nos últimos oito anos misturada ao fascismo, principalmente em Estados sulistas do Brasil, sob a tolerância de muitos, manifestou-se de forma brutal no último sábado (15) no estádio da Ressacada, em Florianópolis, por ocasião da partida entre Avaí e Remo.

Era um jogo importante e decisivo, com forte presença de famílias paraenses nas arquibancadas. Merecia um desfecho pacífico. Independentemente do resultado final e das eventuais gozações que envolvem o universo do futebol, a civilidade deveria prevalecer.

Não foi o que se viu. Uma torcedora catarinense, cujo nome até agora foi preservado, dirigiu-se a torcedores do Remo gritando insultos variados. Chegou a dizer: “Olha a tua cor…”, passando a mão no rosto para acentuar a eventual diferença de pele.

Uma inconfundível e clássica afirmação racista, acompanhada de uma saraivada de ofensas sobre condição social e origem geográfica das pessoas. São nesses momentos que se percebe da pior forma o quanto o Brasil pacífico e gentil às vezes dá lugar a um país cruel e intolerante.  

É necessário dizer que crimes desse tipo precisam ser contidos e punidos porque são reveladores de uma grave doença social. São sintomas de uma sociedade dominada por sentimentos de hostilidade em relação às diferenças e de profunda rejeição aos contrastes.

Cabe destacar a categórica reação do Clube do Remo, da Federação Paraense de Futebol e da diretoria do Avaí. Por inaceitável, a agressão merece ser denunciada e os criminosos penalizados. Se não for possível curar a paranoia racista, pelo menos serve para inibir. Que assim seja.   

Papão encara Athletic em clima de dupla despedida

O jogo contra o Athletic, no próximo domingo, será a despedida do PSC da Série B e também o adeus definitivo a um projeto equivocado, que resultou na campanha mais vexatória do clube em campeonatos brasileiros.

Para encarar o time mineiro, em São João Del Rey, o Papão terá praticamente o mesmo time que atuou nas últimas partidas, contra Coritiba e Amazonas. As exceções são Marlon e André Lima, ambos suspensos.

Há dúvida quanto a Quintana, que saiu lesionado do jogo com o Amazonas. O técnico interino Ignácio Neto deve utilizar mais jogadores do Sub-20 na relação de atletas para o jogo diante do Athletic.

Governo lança edital de seleção para “atleta pódio”

O Ministério do Esporte (MEsp) publicou na segunda-feira (17), no Diário Oficial da União, o edital de seleção para a categoria Atleta Pódio do Bolsa Atleta, referente ao ciclo 2025/2026. A categoria é a mais alta do programa e concede benefício de R$ 5.000 a R$ 16.629 mensais. Ela é destinada a atletas de alto desempenho com foco em competições internacionais. O programa é um dos maiores do mundo em patrocínio direto a atletas.

A secretária Nacional de Excelência Esportiva, Iziane Marques, destaca a importância da continuidade do programa. Ex-atleta de basquete, Iziane lembrou que o programa é um mecanismo de apoio fundamental para o esporte de alto rendimento no Brasil, pois garante condições adequadas de treinamento e participação em competições para atletas sem patrocínio.

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 19)