Nos braços do Fenômeno Azul

POR GERSON NOGUEIRA

O Remo embarcou ontem à tarde para o giro de dois jogos decisivos na Série C, contra Novorizontino e Avaí, e a delegação sentiu de perto todo o calor da massa torcedora. Centenas de torcedores compareceram ao estádio Banpará Baenão para incentivar os jogadores na saída para o aeroporto. Foi uma pequena demonstração do entusiasmo da torcida com a excelente campanha da equipe no Brasileiro, cotada para conquistar o acesso.

A torcida merece um destaque especial na participação do Remo no campeonato, em total conexão com a trajetória do time. Levantamento divulgado ontem mostra que o Leão é o líder de arrecadação da Série B 2025, reflexo natural da forte presença da torcida nas arquibancadas.

Com renda bruta de R$ 12,6 milhões nas 18 partidas como mandante, o Remo ocupa com folga o topo do ranking financeiro da competição, impondo R$ 3 milhões de vantagem sobre o segundo colocado, Coritiba, que arrecadou R$ 9,7 milhões.  

Em renda líquida, a liderança também é remista, com R$ 7,01 milhões. O Athletico-PR, 2º colocado, faturou R$ 5,35 milhões. Como o Leão terá ainda mais um jogo em Belém, contra o Goiás, fechando participação na Série B, é provável que os números atuais sejam amplamente superados com novo recorde de público e renda.

A média de faturamento por partida é de R$ 704 mil, a mais alta entre todos os 20 clubes da Segunda Divisão. Tanto no estádio Jornalista Edgar Proença (Mangueirão) quanto no Banpará Baenão, a torcida foi presença constante e festiva. É um processo de mão dupla: a boa fase do time em campo entusiasma e estimula a torcida a comparecer aos jogos.  

Nenhuma surpresa para quem acompanha o comportamento da torcida azulina ao longo dos anos. Mesmo nos momentos mais dramáticos da história do clube, a torcida nunca negou apoio e presença vibrante nos estádios.  

O ranking dos 10 jogos de maior presença de público tem nada menos que seis participações do Remo: duas no clássico Re-Pa e outras quatro em jogos como mandante no Mangueirão. O Leão é também o 2º colocado em média de público, 19,8 mil, logo abaixo do Coritiba, que tem 21,1 mil.

Nas redes sociais, esse domínio da torcida também se manifesta. O Remo registrou o segundo maior saldo do mês, segundo o Ibope Repucom, com 80 mil novas inscrições nos perfis do clube na internet. No ranking geral de clubes, o Remo é o 24º colocado, com 1,9 milhão de inscritos. (Fotos: Raul Martins/Ascom CR e Claudia Santos)

Garotada da base ganha chances na reta final

Os clubes paraenses só costumam aproveitar jogadores da base quando não têm mais qualquer ambição dentro de um campeonato. Sempre foi desse jeito e o que ocorre atualmente no PSC confirma a prática. Sem nenhuma aspiração dentro da Série B, surge a possibilidade de ser lançado um time repleto de garotos da base nos três últimos jogos da competição.

Para o primeiro compromisso, contra o Coritiba, domingo (10), o técnico interino Ignácio Neto deve aproveitar vários jogadores formados no clube, principalmente da equipe que faz excelente campanha na Copa do Brasil Sub-20 – está nas quartas de final do torneio.

Um jogador oriundo da base já é titular absoluto desde o jogo contra o Atlético-GO: o volante Pedro Henrique, que mostrou desempenho superior aos demais meio-campistas do time. Aliás, custou a ser notado, levando em conta o nível técnico dos titulares ao longo do campeonato.

Em função da dispensa de 11 atletas, o técnico Ignácio Neto tem dificuldades para montar o time para enfrentar o líder da Série B. Surge então a chance concreta de aproveitamento da garotada.  

Pará leva ouro no ADCC Brazilian Nationals

Com apoio do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel), o atleta paraense Eike Fernandez, 14 anos, brilhou no ADCC Brazilian Nationals 2025, uma das competições mais prestigiadas do grappling mundial. Ele conquistou a medalha de ouro na categoria Pesadíssimo, colocando o Pará no topo do pódio.

O torneio, realizado nos dias 1º e 2 de novembro, no Centro Esportivo JD Morada do Sol Rei Pelé, em Indaiatuba (SP), reuniu centenas de atletas de várias idades e regiões do Brasil.

Considerado um dos eventos mais importantes do calendário do grappling, o ADCC (Abu Dhabi Combat Club) é reconhecido internacionalmente por revelar grandes talentos da luta agarrada, modalidade que combina técnicas de jiu-jitsu, wrestling e submission.

O Governo do Pará continua fortalecendo o esporte em todo o Estado com programas de incentivo e apoio direto a mais de 1.500 atletas, em diversas modalidades, do esporte de base ao alto rendimento, garantindo condições para que os talentos paraenses tenham destaque nacional e internacional.

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 07)

Qualidade no meio é fundamental

POR GERSON NOGUEIRA

O meio-de-campo é a alma de todo time de futebol. Quando as coisas estão desarrumadas por ali quase nada dá certo em campo. O Remo se reabilitou dentro da Série B desde que a meia-cancha voltou a funcionar satisfatoriamente. Nesse sentido, o meia Panagiotis foi peça decisiva para dar organização e qualidade ao setor.

Ao lado de Caio Vinícius, outro jogador fundamental no Remo das últimas sete rodadas, Panagiotis deu ao time cadência e direção, dinâmica e ritmo. De início, mostrava-se lento, por força das dificuldades naturais do processo de adaptação ao clima e ao clube.   

À medida que o condicionamento físico melhorou e foi possível jogar plenamente, Panagiotis tornou-se figura imprescindível no esquema implantado pelo técnico Guto Ferreira. Combativo e rápido na formulação de jogadas, principalmente nos lançamentos direcionados aos atacantes, ele ganhou confiança e cresceu de rendimento.

Em pouco tempo, tornou-se titular absoluto de um time que passou boa parte do campeonato carente de um jogador para fazer a articulação no meio-campo e cuidasse para que a bola chegasse com mais precisão ao ataque. Funções aparentemente simples, mas de difícil execução.

Passaram por ali vários jogadores, mas nenhum deles à altura do rendimento que Panagiotis mostrou contra Operário, Athlético-PR e Athletic e Cuiabá. Sua ausência contra a Chapecoense afetou a produção coletiva do time, apesar da boa atuação de Caio Vinícius.

O passe é o fundamento básico do jogo. Times que rifam a bola com chutões e ligações diretas têm mais dificuldade para vencer. O Remo tem se mantido invicto em momento estratégico da disputa por ter conseguido ajustar o setor de onde partem as jogadas.

Por tudo isso, a possível volta de Panagiotis contra o Novorizontino, no sábado (8), é a melhor notícia possível para os planos de Guto Ferreira. (Foto: Samara Miranda/Ascom CR)

Constrangimento, grosseria e desrespeito  

Dois técnicos mergulhados no ostracismo, que não despertam o interesse dos clubes há três anos, aproveitaram uma cerimônia pública para pagar mico e constranger o técnico Carlo Ancelotti, da Seleção Brasileira. A presepada ocorreu no 2º Fórum Brasileiro de Treinadores de Futebol (FBTF), realizado na sede da CBF, no Rio de Janeiro.

Emerson Leão e Oswaldo de Oliveira ficaram ao lado de Ancelotti e se manifestaram contra a presença de técnicos estrangeiros no futebol brasileiro. Leão disse que não “suportava” a ideia de gringos trabalhando no Brasil. Oswaldo pediu que, “quando o Ancelotti for embora”, a Seleção volte “a ter um treinador brasileiro”.

Ora, opinião todo mundo pode ter. A questão é a hora e o local de expor posicionamentos, principalmente quando grosseiros e claramente xenófobos. Leão e Oswaldo não esconderam o ressentimento em relação à escolha de Ancelotti para comandar a Seleção.

Patéticos, os dois treinadores são representativos da média dos técnicos nacionais. Desatualizados e pouco interessados em receber formação adequada, sonham com a volta de uma reserva de mercado que deixou de existir há pelo menos uma década. A forte presença de técnicos portugueses e argentinos nos clubes confirma que os tempos mudaram.

A direção do Fórum Brasileiro de Treinadores rechaçou a atitude de Leão e Oswaldo, considerada “desrespeitosa e desnecessária”. Ancelotti, por seu turno, mostrou-se tranquilo, embora tenha ficado visivelmente constrangido. Nas redes sociais e na mídia, os coices verbais da dupla foram duramente repudiados. Ainda bem.

Manifestações de intolerância a estrangeiros alimentam a xenofobia e o preconceito. Os dois patéticos treinadores esqueceram que os técnicos brasileiros também trabalham em outros países. A perda de espaço nos clubes e na Seleção não é culpa dos estrangeiros, mas da própria acomodação dos profissionais nativos.

Para o Papão, a temporada 2026 já começou

As mudanças implementadas no PSC desde a semana passada, com o afastamento de quase um time inteiro e a demissão do técnico Márcio Fernandes, representam apenas a primeira parte do processo de reformulação do futebol bicolor para 2026.

Com ações práticas, o panorama interno mudou por completo desde que Roger Aguilera anunciou a comissão de planejamento, formada por alguns “notáveis”: os vice-presidentes Márcio Tuma e Diego Moura; dois ex-presidentes, Vandick Lima e Alberto Maia, e o ex-diretor Ícaro Sereni.

As decisões adotadas tiraram o clube do imobilismo e brecaram a crise instalada na reta final da Série B. Com o rebaixamento já confirmado e em meio às cobranças da torcida, o presidente resolveu dividir o poder e convidou nomes de confiança para a missão de repensar a gestão.

Ontem, ficou praticamente definida a saída do executivo Carlos Frontini. Como ocorreu em relação ao técnico Márcio Fernandes, as demissões têm o objetivo de abrir caminho para a reconstrução.

Por conta disso, os três jogos que encerram a participação do PSC na Série B – contra Coritiba, Amazonas e Athletic – são vistos de forma pragmática: uma boa oportunidade para dar minutagem aos garotos revelados na base, sob o comando do interino Ignácio Neto.    

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 06)