COP30: tudo o que será negociado e o que pode ser decidido na Conferência da ONU em Belém

Nos próximos dias, a capital do Pará, Belém, sedia a 30º edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – a chamada Conferência das Partes, ou COP30. O evento acontecerá, oficialmente, entre os dias 10 e 21 de novembro. 

A cada ano, um país recebe o encontro, que tem como principal missão buscar formas de implementar a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Esse documento foi adotado por diversos países em 1992, com a meta de estabilizar a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera.

As COPs começaram em 1995, na Alemanha. Agora, 30 anos depois, vai ser a vez de o Brasil reunir líderes de todo o mundo, em meio à floresta amazônica, em Belém.

O principal objetivo da COP é definir medidas necessárias para limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5ºC até o final deste século, acelerando a implementação do que foi negociado nas COPs anteriores, principalmente a de 2015, em Paris.

O presidente da COP30 é o embaixador André Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores. Ele explica por que as mudanças climáticas estão na pauta mundial há três décadas.

“É um processo que vai exigindo constantes aperfeiçoamentos. Além do mais, no caso da mudança do clima, houve uma grande evolução da ciência, do pensamento econômico sobre o impacto da mudança do clima. Então, as COPs anualmente aperfeiçoam esse processo e criam uma legislação e orientam os países numa direção que, antes de mais nada, é baseada na ciência”. Desde o Rio em 92, a ideia seria de que cada vez mais nós deveríamos acentuar essa responsabilidade histórica dos países envolvidos e as necessidades cidades dos países em desenvolvimento”.

Vista aérea do Parque da Cidade, que será uma das principais sedes da COP30, em Belém
28/06/2025 REUTERS/Marx Vasconcelos

Vista aérea do Parque da Cidade, que será uma das principais sedes da COP30, em Belém 28/06/2025 REUTERS/Marx Vasconcelos

São esperadas cerca de 50 mil pessoas, entre delegados dos países, negociadores, jornalistas e 15 mil representantes de movimentos sociais, que participam de debates paralelos na Cúpula dos Povos.

Os líderes dos países participantes também se encontram em Belém na cúpula de chefes de Estado da COP30, que ocorre antes da programação oficial, entre 6 e 7 de novembro. Juntos vão sinalizar compromisso político e definir o tom das negociações. Está confirmada a participação de 143 delegações dos 198 países signatários dos tratados internacionais que tratam do tema.

A programação da COP30 será dividida em dois espaços diferentes: a zona verde e a zona azul.  A chamada zona verde vai reunir sociedade civil, instituições públicas e privadas, além de líderes globais, em debates sobre o clima.

Já a zona azul vai ser o palco oficial das negociações da Cúpula de Líderes e dos pavilhões nacionais. Para a zona azul é autorizada a entrada de delegações oficiais, chefes de Estado, observadores e imprensa credenciada. É nesse ambiente que devem ser definidos os rumos das políticas climáticas internacionais. O presidente da COP30, André Lago conta que, desde 2021 as COPs têm a chamada “Agenda de Ação”, com ampla participação.

“Na agenda de ação, quem vem para a COP são os governos subnacionais, é o setor privado, é a sociedade civil, são os líderes na tecnologia, a academia e, com base nessas discussões, nós vamos mostrar que existem já imensas respostas e soluções para vários dos desafios que nós temos que enfrentar. E portanto, a agenda de ação deve dar um dinamismo extraordinário à COP e vai permitir que o setor privado, os governos subnacionais e os demais membros da sociedade civil possam contribuir de maneira incrível, porque já poderão usar de maneira muito clara o que já foi aprovado”.

Propostas da sociedade

Para os dias de debates contra a emergência climática, diversos movimentos sociais e organizações não governamentais se preparam para levar propostas, cobrar medidas e exigir o cumprimento delas. Entre as entidades, está o Observatório do Clima. A especialista em política climática da organização, Stela Herschmann, avalia que as COPs vêm avançando nas medidas para conter o avanço das mudanças climáticas, mas acredita que isso ocorre de forma lenta.  

“As COPs, que são as conferências das partes, ou seja, aqueles países que assinaram a Convenção de clima, o Protocolo de Kyoto e o Acordo de Paris, elas acontecem anualmente. Elas têm um processo de tomada de decisão que é muito lento e que a gente não tá correspondendo à velocidade da mudança que a gente tá vendo, ele tem condições de dar resposta para o problema. A ciência já mostrou o caminho, a gente tem diversos avanços que a gente pode citar como importantes para enfrentamento da crise climática, mas ainda não foram respostas de novo na velocidade que precisa com a rapidez e com o corte que a ciência indica que tem que ser feito”.

A frase do dia

“Lula chamou genocídio de genocídio e agora está chamando matança de matança. Por que às vezes é preciso dizer o óbvio”.

Ricardo Pereira, jornalista e professor

Leão e Oswaldo pagam mico e geram constrangimento em evento com Ancelotti

O 2º Fórum Brasileiro de Treinadores de Futebol (FBTF), realizado nesta terça-feira (4) na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no Rio de Janeiro, foi marcado por falas desrespeitosas de Emerson Leão e Oswaldo de Oliveira na presença do comandante da Seleção Brasileira, Carlo Ancelotti. Os ex-treinadores se pronunciaram contra a atuação de técnicos estrangeiros no futebol brasileiro, gerando constrangimento no evento.

Primeiro foi a vez de Leão, que afirmou que “não suportava” a ideia de técnicos estrangeiros treinarem no Brasil. Depois foi de Oswaldo de Oliveira, que pediu que “quando o Ancelotti for embora, depois de ser campeão, ano que vem, que (a Seleção) volte a ter um treinador brasileiro”.

Leão foi um dos homenageados do 2º Fórum Brasileiro dos Treinadores de Futebol (FBTF), que acontece na sede da CBF. O evento não é promovido pela confederação, que apenas cedeu o espaço. Na sequência, Ancelotti ficou no palco a pedido da organização para entregar uma placa a Emerson Leão. O brasileiro brincou com o italiano (“já levei um gol dele”), e depois pegou o microfone para discursar.

Apesar do italiano ter contrato com a CBF até o final da Copa do Mundo de 2026, o comandante já sinalizou que pode continuar à frente da Seleção por mais um ciclo. E a entidade está muito satisfeita com o trabalho do técnico até aqui, o que indica que uma renovação de contrato tem boas chances de acontecer antes mesmo do Mundial.

Depois das afirmações que geraram polêmica, Oswaldo de Oliveira tentou se desculpar e afirmou que as falas que viralizaram na internet teria editadas, ficando fora de contexto. “O grande problema são as edições mal-intencionadas. Eu fiz um discurso de 12 minutos. A pergunta que me foi feita foi sobre a situação atual do treinador brasileiro, e eu sou defensor que os clubes e a Seleção tenham técnicos brasileiros”, disse Oswaldo, que assim como Emerson Leão está sem clube há quase três anos.

A CBF não recebeu bem as declarações dos ex-treinadores Emerson Leão e Oswaldo de Oliveira sobre a presença de técnicos estrangeiros no futebol brasileiro e, em especial, no comando da Seleção Brasileira. De acordo com informações apuradas, a cúpula da entidade classificou as posturas de Leão e Oswaldo como “deselegantes e desnecessárias”, especialmente pelo fato de o fórum ter sido sediado na própria sede da CBF e ter recebido total apoio logístico e estrutural da confederação. Entenda a situação.

A FBTF divulgou nota de repúdio contra o ex-treinador Oswaldo de Oliveira, em razão de declarações feitas durante o 2º Fórum Brasileiro dos Treinadores de Futebol do Brasil, realizado na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no Rio de Janeiro.

Segundo o comunicado, Oswaldo teria se manifestado de forma “desrespeitosa e desnecessária”, atingindo o técnico da Seleção Brasileira, Carlo Ancelotti, e contrariando o espírito de união e diálogo proposto pelo evento. A Federação lamentou a postura do ex-treinador e reafirmou seu respeito ao técnico italiano e à CBF.

O técnico Carlo Ancelotti marcou presença no 2º Fórum Brasileiro dos Treinadores de Futebol (FBTF), evento que discute os desafios e os rumos da profissão, nesta terça-feira (4). Durante o debate entre os profissionais, Emerson Leão e Oswaldo de Oliveira declararam que não são a favor de técnicos estrangeiros no Brasil. Nas redes sociais, os jornalistas detonaram as falas dos ex-treinadores.

Ao lado de Carlo Ancelotti, os profissionais debateram sobre maneiras de melhorar as condições de trabalho no cenário nacional. Além do treinador italiano, o coordenador executivo de Seleções Masculinas, Rodrigo Caetano, o técnico da Seleção Feminina, Arthur Elias, e a coordenadora executiva da Seleção Feminina, Cris Gambaré, também participaram da abertura do evento como convidados e fizeram breves discursos.

IMPRENSA DETONA: “CONSTRANGEDOR”

Vitor Sérgio Rodrigues, da TNT Sports, questionou quem achou legal expor o técnico da Seleção Brasileira a xenofobia em um evento recheado de ex-treinadores. Na visão do jornalista, colocaram Carlo Ancelotti em uma verdadeira furada.

Para Marcelo Courrege, a atitude de Emerson Leão foi completamente deselegante. Segundo ele, a declaração do ex-treinador realimenta um ciclo de intolerância com estrangeiros no Brasil, portanto é considerada xenofóbica.

Sérgio Xavier Filho observou: “Grande goleiro e treinador mediano. Já o ser humano… Deselegante, ultrapassado, patético. O tempo só piora a imagem de Emerson Leão. Que vergonha alheia, que vergonha…”.

Felipe Diniz completou dizendo que faltou autocrítica aos participantes, que devem ter se esquecido que, por muito tempo, os brasileiros foram treinar em outros países. De acordo com o jornalista, se os convites para assumirem novos clubes diminuíram, a culpa é exclusivamente deles. (Com informações de Lance! e Folha de S. Paulo)