POR GERSON NOGUEIRA
Quando alguém escrever um dia sobre a campanha do Remo na Série B 2025 precisará reservar um capítulo especial para a participação dos jogadores estrangeiros. Reforços como os uruguaios Diego Hernández e Nico Ferreira e o grego Panagiotis tiveram papel importantíssimo na recuperação do time no 2º turno, após um período de oscilação que quase afastou o time da briga pelo acesso.
Além deles, jogadores como o colombiano Cantillo, o português João Pedro, o uruguaio Tassano e o paraguaio Allan Rodríguez são reservas, mas mostram utilidade quando têm que substituir titulares. O argentino Alvariño chegou a jogar no início da Série B, mas foi cedido ao Amazonas.
Quando Guto Ferreira assumiu, o Remo estava na 12ª colocação, a sete pontos do G4 e em queda, após derrotas para Atlético-GO e Volta Redonda. Sua entrada em cena foi fulminante. Entre a 29ª e a 34ª rodadas, o time desembestou e passou a vencer, com a volúpia que parecia perdida.
A atual situação do Remo, estabilizado no G4 com 57 pontos – mesma pontuação da vice-líder Chapecoense –, não é produto do acaso. E os gringos têm muito a ver com a ascensão meteórica, contribuindo com raça e bom futebol para manter vivo o sonho do acesso.
Nico Ferreira e Diego Hernández, depois de um período opaco, brilharam justamente contra o CRB. Vitória por 4 a 2 na estreia de Guto Ferreira. Na rodada seguinte, contra o Operário-PR, fora de casa, o técnico escalou de cara o meia Panagiotis Tachtsidis como titular.
Com um passe diferenciado e forte sentido de coletividade, Panagiotis ganhou em definitivo a condição de titular, crescendo de rendimento nos jogos seguintes, até fazer sua melhor exibição contra o Cuiabá, quando marcou o primeiro gol com a camisa azulina.
O uruguaio Tassano não apareceu tanto quanto os demais, mas jogou o Re-Pa e entrou nos minutos finais contra o Athlético-PR, além de ser titular contra o PSC e o Athletic. João Pedro, oriundo da Guiné-Bissau e com nacionalidade portuguesa, marcou o terceiro gol contra o Cuiabá.
Talvez o maior destaque da legião estrangeira, Hernández, que chegou a ser usado como meia por Antônio Oliveira, só mostrou seu valor com Guto Ferreira. Além de bater a falta que garantiu a vitória no Re-Pa, pontificou com outro golaço diante do Athletic e se destacou em Cuiabá. É o líder em gols de falta na competição – três até o momento.
Resumo da ópera: o Remo até contratou bem nas janelas de transferência, mas quase pôs tudo a perder nas mãos de um despreparado. Foi salvo por um técnico que soube extrair o melhor do elenco e da legião estrangeira, que até sua chegada não havia deslanchado.
As dúvidas quanto à pontuação do acesso
É possível garantir presença na Série A com menos de 64 pontos, mas continua a ser a contagem mais segura. Alguns sites de probabilidades matemáticas apontam que 63 é o número mágico para o acesso. Há, porém, dúvidas crescentes sobre o que as rodadas finais da Série B podem determinar quanto à subida dos times.
Com 57 pontos, o Remo precisa de duas vitórias para chegar aos 63. Caso arranque mais um empate, fecha nos 64 e fica garantido na Primeira Divisão. É possível também subir com menos, como ocorreu em 2022 (Bahia, 62), 2020 (Cuiabá, 61), 2019 (Atlético-GO, 62), 2018 (Goiás, 60), 2016 (Bahia, 63) e 2014 (Avaí, 62).
Nas quatro rodadas finais, o Remo terá dois jogos em casa – Chapecoense e Goiás – e dois fora, Novorizontino e Avaí. São plenas as condições de obter os pontos necessários para o acesso. A depender do ânimo da torcida, que esgotou em questão de horas os ingressos para o jogo de domingo com a Chape, a marcha tem tudo para ser vitoriosa.
Rebaixamento com o pior desempenho em pontos
O PSC pode somar no máximo 39 pontos ao final do Campeonato Brasileiro. Para isso, terá que vencer os quatro jogos que restam – contra Atlético-GO, Coritiba, Amazonas e Athletic. Nem mesmo se conseguisse realizar essa façanha, não há garantia de salvação. O limite mínimo para evitar a queda é de 43 pontos, podendo chegar a 42 pontos.
De toda sorte, esta já é disparadamente a pior campanha do Papão na Série B. Em 2006, o rebaixamento veio com 44 pontos (17º). Em 2013, o time caiu com 40 pontos (18º). Em 2018, por ocasião da última queda, o PSC encerrou participação com 43 pontos (17º).
Desta vez, o time bicolor vai cair para a Série C ostentando a menor pontuação de sua história na Série B, correndo o sério risco de terminar a competição na lanterna, onde se encontra há 11 rodadas.
O jogo com o Atlético-GO tem ainda uma coincidência cruel. Foi diante do time goiano que o Papão foi rebaixado da última vez, com uma goleada vexatória em plena Curuzu, por 5 a 2. Agora, uma vitória goiana decreta matematicamente o rebaixamento bicolor.
(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 29)