Em clássico eletrizante, Leão vence Papão com gol nos minutos finais e mantém sonho do acesso

Foi um clássico como a torcida gosta. Remo e Paysandu proporcionaram emoção e suspense no confronto nesta terça-feira (14), no Mangueirão, em jogo válido pela 32ª rodada da Série B. O placar final de 3 a 2 expressa bem o que foi a batalha entre os dois rivais. Os azulinos abriram dois gols de vantagem, com Caio Vinícius e Pedro Castro, mas recuaram e foram castigados. O Papão reagiu e chegou ao empate, com Garcez e Wendell Júnior. Mas, aos 44 minutos do 2º tempo, Diego Hernández marcou um golaço cobrando falta e garantindo o triunfo do Leão.

O Remo começou melhor e levou perigo logo aos 3 minutos, em cobrança de falta de Sávio, que passou à direita de Matheus Nogueira. Aos 10′, o Paysandu respondeu com Garcez, que escapou pela esquerda, mas adiantou muito a bola e não conseguiu finalizar. Apenas 6 minutos depois, o Leão abriu o marcador, com Caio Vinicius aproveitando um cruzamento de Nico Ferreira.

A etapa final foi eletrizante. O Remo ampliou logo aos 3 minutos, em jogada de Pedro Rocha para Pedro Castro. Aos 6′, o Paysandu diminuiu com Garcez, de cabeça. O gol empolgou os bicolores, que partiram pra cima e chegaram com muito perigo aos 10′, com Reverson.

O empate do Papão veio aos 18′. Wendel Júnior aproveitou escaramuça na pequena área. Após o gol, o time cresceu e quase virou aos 24, com Marlon, e com Carlos Eduardo, aos 35′, recebendo livre e falhando na hora de disparar o chute. Aos 37′, Wendel bateu à direita de Rangel. O próprio Wendel, dois minutos depois, finalizou em cima de Marcelo Rangel.

Aos 47′, Diego Hernandez deu números finais ao clássico. Cobrou falta com perfeição e venceu Matheus Nogueira, que ainda tocou na bola, mas não evitou o gol. Leão garantiu a vitória em 3 a 2 no Re-Pa de nº 780.

Na rodada 33, o Remo enfrenta o Athletic, sábado, 18, às 20h30, no Baenão. O Paysandu encara a Ferroviária, segunda-feira, 20, às 19h, na Fonte Luminosa.

A pergunta que não quer calar

“Quatro dias após a Rússia iniciar uma guerra na Ucrânia, a Fifa e a Uefa suspenderam a Rússia. Estamos há mais de 700 dias em um genocídio e, mesmo assim, Israel continua autorizado a participar das competições”. “Por que, por que há dois pesos e duas medidas? A Fifa e a Uefa devem suspender Israel”.

Eric Cantona

Bizarrices individuais derrubam a Seleção Brasileira em Tóquio

O Brasil até foi bem no 1º tempo, metendo 2 a 0 no aplicado time do Japão, com gols de Paulo Henrique e Martinelli. O técnico Carlo Ancelotti resolveu fazer testes e modificou a defesa, que entrou com Fabrício Bruno e Beraldo, Carlos Augusto e Paulo Henrique. Na segunda etapa, o Japão voltou melhor e Fabrício Bruno entregou duas bolas, garantindo o empate e dando emoção ao amistoso. Empolgado, o Japão lançou-se ao ataque e virou o jogo.

A virada japonesa se configurou em 19 minutos, com contribuições de Fabrício Bruno (duas falhas bisonhas no primeiro e no segundo gol) e Hugo Souza, que deixou passar a bola do terceiro gol do Japão. No finalzinho, o goleiro Hugo Souza ainda ia botando uma bola pra dentro, o que ampliaria o vexame.

Foi um verdadeiro desfile de atuações individuais horrorosas – Fabrício, Hugo, Beraldo, C. Augusto, Richarlison e o incrível Joeliton. No fim das contas, a Seleção sofreu a segunda derrota para o Japão em sua história. A primeira derrota (1 a 0) ocorreu em amistoso disputado em 2006.

O passado é uma parada

Lula, com um dos filhos no colo, D. Marisa à direita, recebem a benção de Dom Helder.

Após encontro com o Papa, Lula lembra o Círio de Nazaré

“Eu e a Janja tivemos um excelente encontro com sua Santidade, o Papa Leão XIV, no Vaticano. Conversamos sobre religião, fé, o Brasil e os imensos desafios que temos que enfrentar no mundo. Parabenizei o Santo Padre pela Exortação Apostólica Dilexi Te e a sua mensagem de que não podemos separar a fé do amor pelos mais pobres. Disse a ele que precisamos criar um amplo movimento de indignação contra a desigualdade e considero o documento uma referência, que precisa ser lido e praticado por todos. Relatei ao Papa minha relação de extrema proximidade com religiosos brasileiros como Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Hélder Câmara, Dom Luciano Mendes de Almeida, Pedro Casaldáliga e o atual presidente da CNBB, Dom Jaime Spengler. E o quanto foi importante para minha formação a convivência com as Comunidades Eclesiais de Base. Falei ao Papa sobre minha participação hoje no encontro da FAO e como em dois anos e meio tiramos pela segunda vez o Brasil do Mapa da Fome.

E, agora, estamos levando este debate para o mundo por meio da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Convidei-o a vir à COP30, considerando a importância histórica de realizarmos uma Conferência do Clima pela primeira vez no coração da Amazônia. Por conta do Jubileu, o Papa nos disse que não poderá participar, mas garantiu representação do Vaticano em Belém. Ficamos muito felizes em saber que sua Santidade pretende visitar o Brasil no momento oportuno. Será muito bem recebido, com o carinho, o acolhimento e a fé do povo brasileiro.

Lembrei que ontem tivemos uma demonstração imensa dessa fé no Círio de Nazaré e nas comemorações do Dia de Nossa Senhora de Aparecida, padroeira do Brasil. Me acompanharam no encontro com o Papa, além de Janja, os ministros Mauro Vieira, Wellington Dias e Paulo Teixeira, a senadora Ana Paula Lobato, a presidenta da Embrapa Silvia Massruhá e o embaixador do Brasil junto ao Vaticano, Everton Veira.”

Fotos: Ricardo Stuckert

A frase do dia

“Para a grande imprensa nacional, palestinos não têm famílias e os únicos reencontros que merecem atenção são os das famílias israelenses”.

César Calejon

Consagração de uma saga

POR GERSON NOGUEIRA

A participação na Série B garantiu ao Re-Pa um merecido lugar de destaque na cobertura dos canais esportivos nacionais, encantados com a grandeza das torcidas e a força da tradição centenária. Hoje à noite, no 780º capítulo da saga de rivalidade mais bonita do futebol brasileiro, a história do clássico será justificadamente reverenciada.

É um passo importante para que o país do futebol se conscientize ainda mais da importância de Remo e Paysandu no contexto dos campeonatos brasileiros. A ausência de ambos ou de um deles nas divisões de elite atrapalhou esse processo de reconhecimento. É hora de reparar essa injustiça – e isso cabe obrigatoriamente aos próprios clubes.

Tudo começa pela capacidade competitiva e pela qualidade do jogo. Na partida desta noite, no Mangueirão, bicolores e remistas entram com missões diversas. O clássico é decisivo porque o PSC precisa manter viva a chama da esperança, mesmo remota, de sobrevivência. O Remo sonha com o acesso e precisa se manter próximo ao G4.

Como ocorreu em todos os confrontos recentes, este também deve ser decidido mais nos erros do que propriamente nos acertos. Nada que deprecie a imagem do Re-Pa, afinal quase todos os clássicos no Brasil se decidem dessa forma às vezes fortuita, às vezes acidental.

A tomar por base o que ocorreu no último jogo, válido pelo primeiro turno da Série B, imagina-se um Remo mais atento e competitivo. A própria campanha e as três vitórias em sequência fazem crer nisso. Independentemente de ser um clássico, a partida representa a chance de consolidação na disputa pelo G4.

Pelo lado bicolor, com todos os problemas que atormentam o comando técnico, a batalha será igualmente por mostrar intensidade e capacidade de equilibrar as ações. Não seria surpresa se, diante desse cenário, o time adotasse um sistema conservador, fechando o meio-campo para conter a velocidade de extremas e laterais do adversário.  

Encontrar as alternativas certas para se sobrepor ao adversário é o desafio que se apresenta para os técnicos Márcio Fernandes e Guto Ferreira.

Ausências afetam o poderio dos rivais

O Remo deve manter o esquema adotado desde a chegada de Guto Ferreira, com laterais avançados e pontas bem abertos. A ausência de Marcelinho enfraquece o lado direito, principalmente na parte ofensiva, mas pela esquerda Sávio pode ganhar função tática importante, aparecendo mais adiantado caso as condições do jogo permitam.

Na frente, Pedro Rocha não é nome certo para começar, mas é provável que Nico Ferreira e Diego Hernández sejam os ponteiros, depois das boas atuações contra CRB e Athlético-PR. João Pedro pode ser mantido no centro do ataque, como referência, embora tenha tido participação discreta nos jogos em que atuou como titular.

O meio-campo segue inalterado: Nathan Camargo, Panagiotis e Caio Vinícius. Jaderson, definitivamente, passa a ser alternativa para o decorrer da partida. Ou nem isso. Contra o Athlético nem foi utilizado. O ponto forte do Remo atual é a transição rápida, explorando o contra-ataque.

No PSC, com apenas seis pontos ganhos em 36 disputados no returno, a situação é de quase desolação, mas o clássico surge como esperança de redenção final. Márcio Fernandes terá a zaga completa, com Thalisson e Maurício no centro, Edilson e Reverson nas laterais. O meio não deve sofrer mudanças – Ronaldo Henrique, André Lima e Denner.

O ataque depende de Garcez. Com ele confirmado, o esquema pode ter Marlon e Vinni Faria pelos lados. Marlon pode voltar para recompor o meio-campo, principalmente quando o time está sem a bola. A ausência de Diogo Oliveira pode determinar a entrada de Denilson, com o objetivo de explorar os cruzamentos na área.  

Alto risco na ideia de mandar jogos no Baenão  

Estourou como pequena bomba, na manhã desta segunda-feira (13), a informação de que o Remo pretende mandar no estádio Baenão todos os jogos que terá após o Re-Pa. Se isso for confirmado, o time enfrentará Athletic, Chapecoense e Goiás dentro do centenário estádio. São nove pontos importantíssimos em disputa.   

Trata-se de um recuo na proposta inicial de manter jogos no Mangueirão, onde o time turbinou a campanha pelo acesso nas primeiras rodadas, ainda sob o comando de Daniel Paulista. A maciça presença da torcida botou o Remo na liderança do ranking de público.

Abraçar o risco contido no “caldeirão” é uma ousadia que pode derrubar definitivamente as chances de acesso. Está vivo na memória de todos um episódio emblemático da história recente: a queda para a Série C em 2021.

Na última rodada, com o Baenão lotado, o time martelou, sufocou e não conseguiu superar o rebaixado Confiança. A ansiedade excessiva, combinada com a retranca do visitante, derrubaram as boas chances que o Remo tinha de permanecer na Série B. Apenas uma lembrança a ser considerada.

(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 14)