No Dia das Bruxas, PSC toma virada e está matematicamente rebaixado à Série C

Em jogo válido pela 35ª rodada da Série B, o Atlético-GO derrotou o Paysandu por 2 a 1, de virada, nesta sexta-feira (31) à noite, em Goiânia, decretando oficialmente o rebaixamento do time paraense à Série C. Com 27 pontos, ocupando a lanterna do campeonato, o PSC completou sua 18ª derrota em 35 rodadas de Série B. A situação já estava desenhada há várias rodadas, mas a nova derrota confirma matematicamente a queda para a Terceira Divisão nacional.

O Papão saiu na frente com um gol de Maurício Garcez, de cabeça, aos 45 minutos. Quatro minutos aantes, Anderson Leite havia marcado aproveitando rebote do goleiro em penalidade máxima cobrada por Garcez. O lance foi revisado e o volante bicolor estava adiantado, o que causou a anulação do gol.

Após sofrer o gol, o Atlético partiu para a reação, embora errando sempre nas finalizações. Empurrado pela torcida, insistiu com os cruzamentos na área, até que, aos 15 minutos do 2º tempo, veio o empate. O meia Robert finalizou de longe, Matheus Nogueira defendeu parcialmente e Lelê aproveitou o rebote para igualar o marcador.

Animado, o Atlético foi em busca da virada, mas o PSC quase chegou ao segundo gol, aos 22 minutos, em chute forte de Pedro Henrique, defendido pelo goleiro Paulo Vítor. Aos 26′, Garcez aproveitou cruzamento da direita e cabeceou com extremo perigo. A bola desviou no travessão e saiu.

Depois dos sustos, o time goiano retomou a ofensiva e chegou à vitória em jogada pela direita com Robert, aos 31′. Ele entrou na área, fintou Ramon Vinícius e chutou cruzado. A bola desviou no zagueiro Maurício antes de entrar. Atlético 2 a 1.

O próximo jogo do PSC será contra o líder Coritiba, domingo, em Belém.

Rock na madrugada – Lô Borges & Samuel Rosa, “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”

Vou logo avisando que este é um Rock na Madrugada diferente. Trata-se de uma homenagem esperançosa a Lô Borges, o eterno garoto do Clube da Esquina, que está hospitalizado em estado grave. Ele pertence à trupe de músicos que criou um movimento único em talento na história da música brasileira. Em meio a várias joias do repertório, “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” desponta também como um atestado da mineiridade roqueira.

A balada irresistível, lançada em 1972 no mítico disco “Clube da Esquina”, ganha aqui uma interpretação moderna, temperada por elementos do rock clássico, a começar pelas guitarras em destaque absoluto, com direito a um solo sensacional de Samuel. Duas gerações de músicos mineiros unidas por um elo natural: a fina sensibilidade para criar e esculpir belas canções.

O vídeo é de uma apresentação ao vivo em Belo Horizonte, que gerou o álbum “Samuel Rosa & Lô Borges Ao Vivo no Cine Theatro Brasil”, há 10 anos. Doca Rolim é o terceiro músico pilotando guitarra neste registro inspirado de “Um Girassol…”, que expõe a conexão das Gerais com os Beatles. Abaixo, a inspirada letra de Lô:

Vento solar e estrelas do mar
A terra azul da cor do seu vestido
Vento solar e estrelas do mar
Você ainda quer morar comigo

Se eu cantar, não chore não
É só poesia
Eu só preciso ter você
Por mais um dia
Ainda gosto de dançar
Bom dia
Como vai você?

Sol, girassol, verde, vento solar
Você ainda quer morar comigo
Vento solar e estrelas do mar
Um girassol da cor de seu cabelo

Se eu morrer, não chore não
É só a lua
É seu vestido cor de maravilha nua
Ainda moro nesta mesma rua
Como vai você?
Você vem?
Ou será que é tarde demais?

O meu pensamento tem a cor de seu vestido
Ou um girassol que tem a cor de seu cabelo?

Os degraus do rebaixamento

POR GERSON NOGUEIRA

Poucos times cumpriram com tanto esmero o manual do rebaixamento como o Paysandu nesta edição da Série B do Campeonato Brasileiro. Desde as primeiras rodadas, o time mergulhou nas posições inferiores da classificação. Seguiu errante ao longo da disputa, trocou duas vezes de treinador, perdeu parte da janela final de transferências e se isolou na lanterna a partir da 5ª rodada do returno.

Em resumo, o Papão galgou todos os degraus do rebaixamento, ficando fora de combate a pelo menos 10 rodadas do fim do campeonato. As possibilidades matemáticas até existiam, mas a realidade de campo desmentiu qualquer projeção otimista.

Hoje à noite (19h), contra o Atlético Goianiense, na capital goiana, o PSC encara a 35ª rodada da competição já sem chances de salvação. O time não escaparia da queda nem que triunfasse nas quatro partidas que restam – chegaria, no máximo, a 39 pontos. A linha mínima de corte é 42 pontos.

A sinfonia de erros resultou na despedida melancólica em quatro capítulos, sendo que o primeiro se realiza hoje. Coube a Márcio Fernandes a missão indigesta de tentar operar um milagre. No ano passado, ele foi contratado e conseguiu deter o processo de queda, deixando o PSC bem posicionado.

Os problemas de planejamento e gestão têm sido exaustivamente debatidos. Há consenso de que foram determinantes para o rebaixamento, na medida em que implicaram na formação de um elenco desqualificado e abaixo das exigências de uma competição tão difícil e seletiva.

Para tentar obter um resultado que dignifique o clube, Márcio Fernandes escala um time modificado no meio-campo, com a inclusão de Pedro Henrique e Anderson Leite, que foram utilizados na etapa final diante do Avaí. A defesa terá a mesma formação do jogo passado.

A única boa notícia é o retorno de Maurício Garcez, artilheiro (6 gols) e principal jogador da equipe. Ele não enfrentou o Avaí por força de restrição contratual. Fez muita falta.

Marlon e Denilson completam o ataque. Se precisar alterar o time no 2º tempo, Márcio Fernandes terá poucas opções. O enxugamento promovido pela diretoria, que já desligou oito atletas, reduziu para 20 jogadores o grupo relacionado para o jogo em Goiânia.

Dois meias cotados para substituir Panagiotis

Panagiotis é uma das boas soluções encontradas por Guto Ferreira para qualificar o meio-de-campo do Remo. Passe qualificado e jogo verticalizado são as principais virtudes do armador grego. Desde que entrou na equipe, estabilizou a meia-cancha e contribuiu para agilizar a transição.

Antes dele, o Remo sofria com o excesso de passes errados e decisões erradas na saída para o ataque. Guto Ferreira teve o mérito de perceber as qualidades de Panagiotis e tratou de integrá-lo ao seu modelo de jogo.

Por tudo isso, a ausência do meia contra a Chapecoense é um tremendo prejuízo para o funcionamento coletivo do Remo. Ao longo desta semana, o técnico observou alternativas para a função exercida por Panagiotis.

Nathan Pescador surge como favorito para entrar como titular. Tem sido o substituto natural de Panagiotis nas partidas sob o comando de Guto. A desvantagem é que Nathan não tem profundidade de passe e nem o mesmo vigor físico para brigar pela retomada de bolas no meio.

Por outro lado, é tão técnico quanto Panagiotis e sabe articular jogadas a partir da linha central. Foi dele o passe inicial no contra-ataque que levou ao terceiro gol contra o Cuiabá, marcado pelo centroavante João Pedro.

A outra alternativa é Jaderson, segundo volante que também faz o papel de meia-armador com eficiência. Em certo sentido, oferece mais recursos defensivos que Nathan. Marca melhor e movimenta-se de uma área a outra.

Cantillo, meio-campista de estilo moderno, poderia ser considerado para entrar, mas tem contra si o longo período de inatividade, que pode comprometer o ritmo e a resistência. 

Mas, seja qual for a decisão de Guto, há a certeza de que o elenco tem alternativa de qualidade para a tarefa de armar e conduzir o time no decisivo confronto de domingo (2).

Virada épica põe o Palmeiras em sua sétima final

O futebol é capaz de surpreender com resultados tidos como impossíveis. A virada do Palmeiras sobre a LDU, ontem, parecia improvável. A aplicação do time brasileiro fez com que a ampla vantagem equatoriana começasse a ser demolida ainda no 1º tempo, com um categórico 2 a 0.

Na etapa final, quando o jogo já entrava na fase de desespero, o Palmeiras empatou no agregado, com Raphael Veiga. Instantes depois, o garoto Allan fez fila junto à linha de fundo e foi derrubado. O pênalti, convertido por Veiga, decretou o 4 a 0 e definiu a semifinal.

É verdade que a LDU teve atuação frouxa e caótica, limitando-se a rebater bolas, sem qualquer organização ofensiva. Pagou caro por avaliar que o placar de 3 a 0 era suficiente. Aliás, o cálculo errado começou na ida, quando os equatorianos tiraram o pé e deixaram de marcar mais gols.   

Com raça e determinação, o Palmeiras obteve a maior virada já vista numa semifinal de Libertadores, assegurando outra decisão brazuca no torneio. Como Botafogo x Atlético-MG em 2024, Flamengo e Palmeiras irão brigar pela Glória Eterna em novembro – a 7ª final do Verdão na competição. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 31)

Um abismo financeiro entre os rivais

POR GERSON NOGUEIRA

A possibilidade do acesso do Remo à Série A descortina uma realidade inédita na vida dos grandes rivais do futebol paraense. Se o Leão subir, abrirá um abismo financeiro superior a R$ 100 milhões em relação ao Papão, levando em conta o faturamento que a Primeira Divisão garante.

Um cálculo conservador aponta faturamento anual superior a R$ 150 milhões para um clube que chega à Série A oriundo da Série B. Se isso se confirmar, o Remo terá uma receita bruta suficiente para estabelecer pela primeira vez neste século ampla vantagem em relação ao Paysandu.

A questão aqui é financeira, quem vai faturar mais na próxima temporada. Caso permaneça na Série B, o Remo seguirá com uma receita em torno de R$ 50 milhões. Já o PSC terá menos de um terço disso na Série C, o que compromete seriamente qualquer plano de crescimento.

Ao contrário, a preocupação de dirigentes e conselheiros é com a sobrevivência do clube dentro da Terceira Divisão, com brutal redução de receita e dificuldades naturais para montar um time competitivo. É um processo de quase recomeço para um clube que esteve na Série B por duas temporadas seguidas nos últimos anos.  

Caso Pedro Rocha e seus companheiros consigam materializar os sonhos do Fenômeno Azul, o Remo chegará ao paraíso da plenitude financeira. Como nunca em sua história, terá uma receita abundante para formar um elenco de qualidade e condições para executar as obras do CT de Outeiro e a ampliação do estádio Banpará Baenão.

Além das verbas de participação, contratos de transmissão e cotas de patrocínio, o Remo terá a vantagem de entrar na 5ª fase da Copa do Brasil, com premiação correspondente. Haverá ainda o enfrentamento com grandes clubes, propiciando 19 arrecadações robustas no estádio Jornalista Edgar Proença, o Mangueirão.

Há também o dinheiro oriundo do acordo com as ligas. A LFU, com 11 clubes, distribui R$ 1,4 bilhão por ano, enquanto a Libra, com nove times (Remo e PSC inclusos), divide R$ 1,35 bilhão, montante que compreende repasses fixos e bônus por desempenho técnico e audiência.

Os valores impressionam pela abundância e, quanto à rivalidade local, representam a abertura de um espaçamento técnico só visto nos anos em que o PSC disputava a Série B e o Remo patinava na D ou sem divisão. Significará uma inflexão importante no cenário das últimas décadas.

Mangueirão na rota turística do continente

O estádio Jornalista Edgar Proença foi incluído na Rota Turística do Futebol do Mercosul, circuito que conecta os maiores estádios e museus esportivos de Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Bolívia, promovendo o futebol como patrimônio cultural e turístico.

A presença do Mangueirão carimba o Pará como potência esportiva, turística e cultural do continente. A escolha é um prêmio à revitalização do estádio, que permitiu sua utilização em grandes espetáculos, como jogos das Eliminatórias Sul-Americanas, desde a reinauguração em 2023.

Único estádio do Norte incluído na Rota Mercosul, o Mangueirão terá como concorrentes os principais estádios do continente, como os míticos La Bombonera (Argentina) e Centenário (Uruguai).

O circuito está vinculado à marca Visit South America, que busca valorizar o futebol como uma das expressões culturais mais fortes da identidade sul-americana. Ao distinguir o Mangueirão, a Conmebol reconhece o relevo que a arena multiuso paraense conquistou no cenário internacional.

Começa o processo de desmanche na Curuzu

Consciente da proximidade do rebaixamento, a diretoria do PSC começou a fase de desligamentos no elenco. Além de Rossi, que já estava afastado da equipe, o clube acertou as contas com os jogadores Ronaldo Henrique, Novillo, Thiago Heleno, Denner, Quintana e Dudu Vieira (já desligado).  

Com essas mudanças, o clube tenta se antecipar aos litígios que certamente irão ocorrer nos próximos meses, a exemplo do que se viu em 2024.

É um passo inevitável e necessário, pois as despesas precisam ser enxugadas o quanto antes. O desmonte já vai afetar a participação nas quatro rodadas finais. Para enfrentar o Atlético-GO, amanhã (31), em Goiânia, Márcio Fernandes terá um grupo reduzido.

Apenas 20 jogadores estarão à disposição. Entre os relacionados para o jogo, três jovens da base: Lucca, Kauã Hinkel e Pedro Henrique, que entrou contra o Avaí. O cenário lembra outras situações de “fim de festa” quando os garotos são sempre lembrados para compor elenco.

Pena que mais uma vez a utilização da prata da casa seja puramente para quebrar galho, sem obedecer a um planejamento sério e sem o menor interesse em preservar a garotada ao final da temporada.  

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 30)

O papel-chave da legião estrangeira

POR GERSON NOGUEIRA

Quando alguém escrever um dia sobre a campanha do Remo na Série B 2025 precisará reservar um capítulo especial para a participação dos jogadores estrangeiros. Reforços como os uruguaios Diego Hernández e Nico Ferreira e o grego Panagiotis tiveram papel importantíssimo na recuperação do time no 2º turno, após um período de oscilação que quase afastou o time da briga pelo acesso.

Além deles, jogadores como o colombiano Cantillo, o português João Pedro, o uruguaio Tassano e o paraguaio Allan Rodríguez são reservas, mas mostram utilidade quando têm que substituir titulares. O argentino Alvariño chegou a jogar no início da Série B, mas foi cedido ao Amazonas.  

Quando Guto Ferreira assumiu, o Remo estava na 12ª colocação, a sete pontos do G4 e em queda, após derrotas para Atlético-GO e Volta Redonda. Sua entrada em cena foi fulminante. Entre a 29ª e a 34ª rodadas, o time desembestou e passou a vencer, com a volúpia que parecia perdida.

A atual situação do Remo, estabilizado no G4 com 57 pontos – mesma pontuação da vice-líder Chapecoense –, não é produto do acaso. E os gringos têm muito a ver com a ascensão meteórica, contribuindo com raça e bom futebol para manter vivo o sonho do acesso.  

Nico Ferreira e Diego Hernández, depois de um período opaco, brilharam justamente contra o CRB. Vitória por 4 a 2 na estreia de Guto Ferreira. Na rodada seguinte, contra o Operário-PR, fora de casa, o técnico escalou de cara o meia Panagiotis Tachtsidis como titular.

Com um passe diferenciado e forte sentido de coletividade, Panagiotis ganhou em definitivo a condição de titular, crescendo de rendimento nos jogos seguintes, até fazer sua melhor exibição contra o Cuiabá, quando marcou o primeiro gol com a camisa azulina.

O uruguaio Tassano não apareceu tanto quanto os demais, mas jogou o Re-Pa e entrou nos minutos finais contra o Athlético-PR, além de ser titular contra o PSC e o Athletic. João Pedro, oriundo da Guiné-Bissau e com nacionalidade portuguesa, marcou o terceiro gol contra o Cuiabá.

Talvez o maior destaque da legião estrangeira, Hernández, que chegou a ser usado como meia por Antônio Oliveira, só mostrou seu valor com Guto Ferreira. Além de bater a falta que garantiu a vitória no Re-Pa, pontificou com outro golaço diante do Athletic e se destacou em Cuiabá. É o líder em gols de falta na competição – três até o momento.

Resumo da ópera: o Remo até contratou bem nas janelas de transferência, mas quase pôs tudo a perder nas mãos de um despreparado. Foi salvo por um técnico que soube extrair o melhor do elenco e da legião estrangeira, que até sua chegada não havia deslanchado.

As dúvidas quanto à pontuação do acesso

É possível garantir presença na Série A com menos de 64 pontos, mas continua a ser a contagem mais segura. Alguns sites de probabilidades matemáticas apontam que 63 é o número mágico para o acesso. Há, porém, dúvidas crescentes sobre o que as rodadas finais da Série B podem determinar quanto à subida dos times.

Com 57 pontos, o Remo precisa de duas vitórias para chegar aos 63. Caso arranque mais um empate, fecha nos 64 e fica garantido na Primeira Divisão. É possível também subir com menos, como ocorreu em 2022 (Bahia, 62), 2020 (Cuiabá, 61), 2019 (Atlético-GO, 62), 2018 (Goiás, 60), 2016 (Bahia, 63) e 2014 (Avaí, 62).

Nas quatro rodadas finais, o Remo terá dois jogos em casa – Chapecoense e Goiás – e dois fora, Novorizontino e Avaí. São plenas as condições de obter os pontos necessários para o acesso. A depender do ânimo da torcida, que esgotou em questão de horas os ingressos para o jogo de domingo com a Chape, a marcha tem tudo para ser vitoriosa.

Rebaixamento com o pior desempenho em pontos

O PSC pode somar no máximo 39 pontos ao final do Campeonato Brasileiro. Para isso, terá que vencer os quatro jogos que restam – contra Atlético-GO, Coritiba, Amazonas e Athletic. Nem mesmo se conseguisse realizar essa façanha, não há garantia de salvação. O limite mínimo para evitar a queda é de 43 pontos, podendo chegar a 42 pontos.

De toda sorte, esta já é disparadamente a pior campanha do Papão na Série B. Em 2006, o rebaixamento veio com 44 pontos (17º). Em 2013, o time caiu com 40 pontos (18º). Em 2018, por ocasião da última queda, o PSC encerrou participação com 43 pontos (17º).

Desta vez, o time bicolor vai cair para a Série C ostentando a menor pontuação de sua história na Série B, correndo o sério risco de terminar a competição na lanterna, onde se encontra há 11 rodadas.

O jogo com o Atlético-GO tem ainda uma coincidência cruel. Foi diante do time goiano que o Papão foi rebaixado da última vez, com uma goleada vexatória em plena Curuzu, por 5 a 2. Agora, uma vitória goiana decreta matematicamente o rebaixamento bicolor. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 29)

Do jeito que o povo gosta

POR GERSON NOGUEIRA

A estupenda vitória sobre o Cuiabá na sexta-feira à noite, na Arena Pantanal, deixou o acesso à Primeira Divisão mais perto dos azulinos. Com 57 pontos, o Remo pulou para a vice-liderança da Série B, encostado no líder Coritiba. Foi a sexta vitória consecutiva do time dirigido por Guto Ferreira, a segunda melhor sequência do campeonato – perde apenas para o recorde de sete vitórias do Athlético-PR.

São resultados que impressionam os adversários e encantam a torcida, que está em estado de graça e organizou uma festiva recepção ao time no aeroporto de Val-de-Cans, sábado pela manhã. A empolgação é plenamente justificada, embora nada tenha sido ganho ainda. A reta final será árdua e disputada ponto a ponto, cheia de riscos e surpresas.   

A questão é que o torcedor tem total direito de extravasar seu contentamento diante da excepcional campanha que o Remo faz. O apoio incondicional sempre houve, mas desta vez há o diferencial de que está sendo correspondido à altura. Por isso mesmo, os jogos têm sido um show de público nas arquibancadas – o 2º maior da Série B.  

Diante do atual cenário, o Remo precisa de seis pontos para ficar no limite da classificação, embora o bom senso indique a necessidade de conquistar mais pontos. Nos jogos em casa, contra adversários diretos, Chapecoense e Goiás, a conquista de duas vitórias torna-se imperiosa.

Fora de casa, contra Novorizontino e Avaí, conquistar vitórias e empates podem até levar ao título. A fase é tão auspiciosa que faz o torcedor acreditar ainda mais nas possibilidades do time, cuja arrancada passa a impressão de que finalmente a caminhada azulina pode ser exitosa.

De aspirante pouco considerado ao acesso, a série de triunfos fez o Remo pular para o 2º lugar nos cálculos da UFMG, agora com 74,6% de probabilidades, logo abaixo do líder Coritiba.

Condicionamento reforçado turbina a arrancada

O condicionamento físico nunca se mostrou tão decisivo quanto nesta fase final da Série B. O Remo é a prova viva do papel que um elenco bem preparado pode fazer. A sequência de seis vitórias, atropelando os adversários, está diretamente associada à melhoria da preparação do elenco a partir da contratação de Guto Ferreira e sua comissão técnica.

O fato é que, no início do returno, Remo ‘morria’ a partir dos 15 minutos do 2º tempo, tornando qualquer jogo uma verdadeira loteria, principalmente nas partidas em Belém, onde precisava propor o jogo e envolver o adversário.

Diego Hernández, Nico Ferreira, Marcelinho, Kayky e Janderson são exemplos da preparação imposta ao elenco que explica a arrancada vertiginosa no chamado momento certo da competição, superando adversários naturalmente combalidos no aspecto físico.

Papão perde, avança rumo à Série C e técnico critica

A entrevista que Márcio Fernandes deu após a derrota para o Avaí é mais esclarecedora sobre a situação do PSC do que tudo o que os dirigentes já falaram e é mais transparente do que o resultado do jogo. À sua maneira, o tocou em pontos cruciais da desastrosa temporada bicolor na Série B. Pela primeira vez, citou francamente a falta de planejamento e os erros nas contratações, sem se alongar sobre outras questões mais ou menos óbvias.

É claro que, além das limitações técnicas de um elenco formado aos trancos e barrancos, há o problema sempre decisivo dos atrasos de salários, capaz de derrubar sozinho qualquer campanha. Márcio não precisou mencionar isso, pois a insatisfação de alguns jogadores já extrapolou os limites do clube e chegou à justiça trabalhista – caso de Dudu Vieira.

Diante de tão farto coquetel de barbeiragens é difícil avaliar apenas as atuações do ponto de vista técnico. O certo é que o PSC cumpriu com afinco o manual do rebaixamento: cinco vitórias e impressionantes 17 derrotas em 34 rodadas. Não há esperança que resista – a não ser aquela que vem do otimismo fingido dos bajuladores – a tantos desatinos.

Márcio faz o que pode, junta peças que não combinam e, sem alternativas, aposta em jogadores que rendem pouco ou nada. O desânimo se acentua e afeta o desempenho, como na derrota frente ao Avaí, construída antes da metade do 1º tempo em falhas primárias da zaga, que levaram o técnico a admitir que uma goleada não teria sido exagerada.   

Sem seu principal jogador, Garcez, o PSC tentou buscar o empate depois que Márcio mudou todo o meio-campo. Não faltou esforço e vontade na etapa final, mas a derrota parecia decretada desde os primeiros movimentos do confronto, como ocorreu tantas vezes nesta Série B.

Conforme as palavras do próprio Márcio, é tempo de refletir e buscar projetar 2026 com a responsabilidade que faltou em 2025. Um passo importante é a reunião de quarta-feira, convocada pelo presidente Roger Aguilera para definir uma junta governativa, com ele no comando. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 27)

Lula e Trump se reúnem na Malásia e avançam em negociação sobre tarifaço

Encontro abriu espaço para novas rodadas de negociação, que devem prosseguir ainda hoje. Presidente brasileiro considerou a reunião “franca e construtiva”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu neste domingo, 26 de outubro, em Kuala Lumpur, na Malásia, com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para tratar das tarifas impostas às exportações brasileiras. Durante a conversa, descrita por Lula como “franca e construtiva”, os líderes discutiram caminhos para a suspensão das medidas e reforçaram o compromisso de aprofundar o diálogo econômico entre os dois países. 

“Tive uma ótima reunião com o presidente Trump na tarde deste domingo, na Malásia. Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras”, afirmou o presidente Lula nas redes sociais. 

Segundo o governo brasileiro, a imposição das tarifas ao país carece de base técnica e desconsidera o fato de que os Estados Unidos mantêm superávit na balança comercial em relação ao Brasil. No encontro com Trump, Lula renovou o pedido brasileiro de suspensão das tarifas, propondo um período de negociação. 

“O presidente Lula começou dizendo que não havia assunto proibido e renovou o pedido de suspensão das tarifas impostas à exportação brasileira durante um período de negociação, da mesma forma a aplicação da lei Magnitsky a algumas autoridades brasileiras, e disse que estava pronto a conversar”, relatou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. 

Segundo o ministro, os dois presidentes tiveram uma conversa “muito descontraída e muito alegre”, que foi aberta à imprensa por alguns minutos. O presidente Trump expressou “admiração pelo perfil da carreira política do presidente Lula, já tendo sido duas vezes presidente da República, perseguido no Brasil, provado sua inocência e vitoriosamente conquistado o terceiro mandato à frente da presidência da República”. 

Durante o diálogo, Trump afirmou admirar o Brasil, e concordou com a necessidade de um processo de revisão tarifária. “A conclusão final é de que a reunião foi muito positiva, e nós esperamos em pouco tempo agora, em algumas semanas, concluir uma negociação bilateral que trate de cada um dos setores da atual tributação americana ao Brasil”, afirmou o chanceler. 

NEGOCIAÇÕES — As negociações deverão prosseguir, ainda hoje, em Kuala Lumpur, entre ministros brasileiros e suas contrapartes dos Estados Unidos. 

DIÁLOGO — O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Rosa, também destacou o caráter franco do diálogo. “O diálogo foi franco, o presidente Lula deixou claro que a motivação utilizada pelos Estados Unidos para impor a elevação de tarifas para o restante do mundo não se aplica ao Brasil por conta do superávit da balança comercial para os Estados Unidos”, afirmou.

Rosa ressaltou ainda o papel estratégico do Brasil na região: “O Brasil tem um papel muito importante na América do Sul, por isso também nos colocamos à disposição para colaborar com os Estados Unidos nos outros temas que possam ser pertinentes.” 

LEI MAGNITSKY — Durante o encontro, Lula também citou a Lei Magnitsky, utilizada pelos Estados Unidos para impor sanções a autoridades estrangeiras. Segundo o presidente, a aplicação da lei em relação a ministros do Supremo Tribunal Federal brasileiro é “injusta”, uma vez que “respeitou-se o devido processo legal e não houve nenhuma perseguição”. 

A reunião contou também com a presença do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio; do secretário do Tesouro, Scott Bessent; e do representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer.

Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República

Após nova derrota, técnico do PSC cobra coragem e planejamento sério para 2026

Na entrevista coletiva pós-jogo, o técnico Márcio Fernandes não economizou palavras para analisar a postura do time do PSC diante do Avaí, sábado à noite, na Curuzu. Na lanterna há 12 rodadas e há 31 rodadas no Z4, o time deu mais um passo em direção ao rebaixamento.

“O momento é até difícil da gente ficar falando, mas eu não posso admitir que falte coragem para jogar, isso não dá não dá para admitir. Faltou coragem para gente no primeiro tempo, não conseguimos chegar nos jogadores e, na verdade, eu teria que trocar mais alguns jogadores, mas não dava, porque a gente já tinha trocado três jogadores [no intervalo], tínhamos que esperar alguma coisa podia acontecer. (…) Aí o que a gente fez foi colocar jogadores que pelo menos corressem mais, que lutassem mais, honrassem a camisa do Paysandu”, disse Márcio.

Com apenas 12 pontos em disputa, o time está a 10 do Athletic, 16º colocado. Situação praticamente irreversível. Para Márcio, o PSC deve começar logo o planejamento de 2026, incluindo a definição sobre sua permanência ou não no clube.

“Eu já estava pensando há muito tempo [no planejamento]. Acho que a gente tem que já estar com a cabeça e ter certeza do que a gente quer, isso eu estou falando. Se é o Márcio Fernandes que tem que ficar, nós temos que ter convicção para ele ficar. Se é o Frontini, que é o nosso executivo, que está fazendo um trabalho sensacional, tem que chamar e conversar e acertar, ou então falar: ‘Olha, muito obrigado’ e dar sequência, porque o clube não pode parar”. 

Segundo ele, o Paysandu tem que pensar grande, à altura de sua grandeza. “Independentemente da situação que vai acontecer, nós não podemos achar que acabou o mundo, nós temos que ter força para levantar, e é isso que eu peço todo dia, meu Deus, que me ajude, me dê força para levantar e vir aqui e trabalhar e dar o melhor o melhor de mim. E é isso, não posso também ficar aceitando algumas coisas que realmente às vezes acontece”, observou.

Rasgou elogios ao executivo Carlos Frontini, dizendo que se não fosse pela presença dele a situação estaria muito pior. “O Frontini contratou 10 jogadores, e vou falar com toda a certeza do mundo, se esses 10 jogadores que ele contratou, não tivessem aqui, o Paysandu já tinha caído há muito tempo, há muito tempo. É graças ainda essas contratações que a gente está lutando, com muita dificuldade, mas a gente tá lutando e a gente ainda tem a dificuldade de perder alguns que seriam muito importantes, aí as coisas ficam realmente muito difíceis”.

Sobre as queixas da torcida sobre o trabalho da diretoria interferem no desempenho em campo, o técnico admitiu que sim e reforçou a necessidade de planejamento para 2026.

“Por mais que a gente venha aqui e fale que não estamos preocupados com isso, a gente está. É uma pura mentira, interfere muito né?. O torcedor escuta o que vocês [imprensa] falam. Aí os caras vêm e já com outra cabeça também, porque realmente está acontecendo. Não é mentira o que vocês estão falando, a coisa não está tão fácil assim, você encontra muitos obstáculos, muitos obstáculos para você fazer o que você quer. E é por isso que eu falo, ou a gente vai começar isso (planejamento), não quer dizer que tenha que ficar comigo não, mas tem que definir”.

Avaí vence na Curuzu e aumenta agonia do Papão

O Paysandu sofreu sua 17ª derrota na Série B 2025, neste sábado à noite, na Curuzu, aumentando a aflição da torcida enquanto o time afunda em direção ao rebaixamento. Em partida válida pela 34ª rodada da competição, o Avaí marcou dois gols no primeiro tempo, os bicolores descontaram na etapa final e chegaram a pressionar, mas não tiveram forças para conseguir o empate.

O alviceleste catarinense foi superior durante os primeiros 45 minutos. Jonathan Costa abriu o placar aos 17 minutos, testando para as redes. O segundo gol veio logo depois. Thayllon recebeu cruzamento de Marcos Vinícius, girou e marcou um golaço, aos 25′. O PSC teve chances, com Marcelinho e Wendel Jr., mas as finalizações foram parar nas mãos do goleiro César. A torcida protestou, chegando a gritar “olé” sempre que o Avaí trocava passes.

No 2º tempo, o Paysandu fez trocar no meio-campo, com a entrada de Anderson Leite, e mexeu no ataque, com Peterson substituindo Marcelinho. O time ficou mais ofensivo e pressionou nos primeiros minutos. Em rebote do goleiro César, Marlon perdeu um gol com a trave escancarada.

Aos 26′, Petterson avançou pela esquerda, fintou um marcador e chutou no ângulo esquerdo de César. Um golaço. Apesar da beleza do lance, o gol foi anulado porque houve falta na origem da jogada. Aos 29′, Petterson sofreu pênalti e Marlon converteu, recolocando o Papão na busca pelo empate. Mas, apesar da insistência, o ataque bicolor não conseguiu mais levar perigo.

Com a vitória fora de casa, o Avaí subiu para a 10ª posição, com remotas esperanças de brigar pelo acesso. O Paysandu, derrotado, segue na lanterna da competição com 27 pontos, 10 pontos atrás do primeiro time fora do Z4. O PSC volta a campo na próxima sexta-feira, 31, às 19h, para enfrentar o Atlético-GO, no estádio Antônio Accioly, em Goiânia, pela 35ª rodada.

Letal, Leão vence e cola no líder

POR GERSON NOGUEIRA

Com a dramática vitória de 3 a 1 sobre o Cuiabá, nesta sexta-feira à noite, o Remo encostou no líder Coritiba, com direito à confirmação de um recorde em suas participações em campeonatos brasileiros: esta é a maior sequência vitoriosa (seis triunfos) desde 1971.   

A partida foi disputada em ritmo forte e muitas alternâncias na busca pelo gol. O Cuiabá começou pressionando, mas o Remo foi mais objetivo. Aos 14 minutos, Hernández cobrou escanteio e Panagiotis testou para as redes, abrindo o marcador na Arena Pantanal.

Pedro Rocha quase marcou com um tiro forte de fora da área, aos 21 minutos. Aos 25’, Klaus desviou de cabeça com muito perigo, tirando tinta do travessão. Aos 27’, um susto: Carlos Alberto cabeceou no poste esquerdo do gol de Léo Lang.

O Remo sofreu um baque com a perda de Panagiotis, lesionado, aos 29’. Além do gol, o meia grego fazia uma partida impecável na distribuição de jogo e nos lançamentos para os pontas Hernández e Nico Ferreira. Foi substituído por Nathan Pescador.

Aos 42’, o segundo gol azulino: Nico recebeu passe de Pedro Rocha e disparou um chute forte no canto esquerdo do gol do Cuiabá. O Remo se impunha diante do Dourado, que se desestruturou com passes errados e tentativas inócuas de cruzamentos na área.  

Veio a etapa final e o Remo trocou Marcelinho por Pedro Costa. O time começou no ataque, com Caio Vinícius cabeceando com perigo. Aos poucos, porém, o Cuiabá assumiu as rédeas da partida, explorando a queda de rendimento do meio-campo azulino

Bolas cruzadas na área intranquilizavam a defesa do Leão, que resistiu bravamente. Até que, aos 28 minutos, Carlos Alberto aproveitou cruzamento da esquerda e diminuiu para o Dourado.

Em meio ao sufoco, o Remo conseguiu organizar um contra-ataque mortal aos 49’: foi à linha de fundo e passou para Jaderson bater rasteiro. O goleiro Guilherme Nogueira deu rebote e João Pedro, apagado até então, tocou rasteiro para sacramentar a vitória leonina.

Importantíssima vitória, com três gols de jogadores estrangeiros, fazendo o Remo chegar a 57 pontos e se aproximar ainda mais do limite de pontuação que garante acesso à Primeira Divisão.

Meta do Papão agora é escapar da lanterna

Uma vitória sobre o Avaí, neste sábado, vai mudar pouca coisa na situação do PSC na classificação da Série B, mas pode deixar o time mais perto de sair da lanterna, onde se encontra há 10 rodadas. A rigor, é a única meta que o time tem nas cinco rodadas finais do campeonato.

A essa altura, nem cabe falar em motivação, pois o objetivo é modesto demais para um clube que iniciou a Série B apostando até em brigar pelo acesso. A conquista da Copa Verde em cima do Goiás alimentou ainda mais as expectativas quanto ao desempenho no Brasileiro.

O que veio depois sufocou as esperanças e só trouxe frustração à torcida. Os muitos erros de planejamento respondem pela parte principal do drama bicolor na Série B. Questões de fundo administrativo, como atrasos de pagamentos e gratificações, também contribuíram para o desastre.

Contra o Avaí, todo o peso da má campanha entra em campo junto com um time combalido mentalmente e desfalcado ao extremo. Sem sua dupla de ataque, Garcez e Diogo Oliveira, o PSC perde força e potência ofensiva. O meio-campo padece do crônico problema de ausência de criatividade.

Márcio Fernandes terá Marlon para articular jogadas ou atuar pelos lados. Os volantes, porém, são fonte de preocupação. Ronaldo Henrique, Denner, André Lima e Nicola não inspiram a mínima confiança.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro apresenta o programa a partir das 22h, na RBATV, com participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em destaque, os resultados da 34ª rodada da Série B. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.

Sonho da Série A é reação aos anos de acomodação

No meio da semana, o executivo Marcos Braz deu entrevista a um canal nacional de esportes, admitindo que os problemas estruturais são um desafio em meio ao sonho da Série A. Cenário compatível com os anos de desambição que marcam a trajetória azulina em competições nacionais.

Os três anos sem divisão e a permanência excessiva na Série C fizeram o clube introjetar um conceito de baixa pretensão, quase um complexo de inferioridade em relação a outros clubes brasileiros do mesmo porte.

A gestão de Fábio Bentes deu partida a um projeto de engrandecimento das ambições, sustentado por fortes avanços na organização. Isso criou as condições para que, sob a presidência de Antônio Carlos Teixeira, o Remo se preparasse para abraçar uma causa maior: conquistar vaga na Série A.

Essa pretensão talvez não se confirme agora, mas o simples passo nessa direção já é algo extremamente positivo. Faz com que o clube volte a pensar grande, saindo do imobilismo e da acomodação de décadas. 

(Coluna publicada na edição do Bola de sábado/domingo, 25 e 26)

A primeira das cinco decisões

POR GERSON NOGUEIRA

Uma rodada antes da impressionante sequência que ressuscitou o time na Série B, a torcida azulina viu o time ser derrotado pelo Atlético-GO em pleno Baenão. A apresentação pífia confirmou todas as críticas ao trabalho de Antônio Oliveira e obrigou o clube a finalmente tomar uma atitude, trocando o comando técnico.  

Àquela altura, chegar ao G4 parecia um sonho distante para o Remo. Os vários tropeços em casa geraram perda excessiva de pontos para quem tinha declarado o propósito de buscar o acesso à Primeira Divisão.

Guto Ferreira assumiu como última esperança de uma redenção da equipe, embora sob justificada desconfiança da torcida. Afinal, tudo o que havia sido construído no começo da competição caíra por terra na gestão de Oliveira. A larga experiência em campanhas de Série B – com quatro acessos – foi o aspecto determinante para a contratação de Guto.

As cinco vitórias obtidas desde então justificaram a escolha. O Remo retomou o sonho e passou a se destacar como um legítimo candidato ao acesso. Para resgatar esse respeito, o time teve que repetir o feito de Criciúma e Athlético-PR, que também emplacaram sequências de vitórias e dispararam na classificação.

Hoje à noite (21h35), na Arena Pantanal, Guto Ferreira e seu time voltam a ser desafiados. O Cuiabá vai tentar usar o fator casa para desbancar o Leão e se reaproximar do G4. Um adversário difícil, com defesa forte e excelente retrospecto dentro de casa, com aproveitamento de 70% como mandante.

O dado que pode contribuir para mais um resultado positivo para o Remo é o fato de que Guto Ferreira treinou e ajudou a montar o time do Cuiabá. Conhece muito bem o perfil e os segredos da equipe. Além disso, vários desfalques importantes (incluindo o artilheiro Safira) atormentam o Dourado nesta reta final de Série B.

Para manter a invencibilidade e garantir permanência no G4, o Remo terá a equipe quase completa – apenas Nathan Camargo e Sávio estão fora. A zaga volta a contar com Willian Klaus ao lado de Kayky. Do meio para frente, o Remo não tem mudanças em relação ao jogo diante do Athletic. Pedro Castro, Caio Vinícius e Panagiotis formam a linha média, combinando marcação forte e saídas rápidas ao ataque.

Na frente, o artilheiro Pedro Rocha permanece com a função de atacante centralizado, com Diego Hernández e Nico Ferreira nas pontas. Não há uma formação possível melhor do que essa. Guto Ferreira, além de ter injetado mentalidade vitoriosa na equipe, fez o que se espera de todo técnico: escolher os melhores e colocar para jogar. Simples e prático.

Dúvidas no Papão atormentam Márcio Fernandes

Apesar da boa notícia do retorno de Novillo e Thiago Heleno, o PSC continua um poço de problemas para o confronto deste sábado contra o Avaí, na Curuzu. O meio-de-campo, por exemplo, é território indefinido até agora. As atuações sofríveis de Ronaldo Henrique, André Lima e Denner obrigam o técnico Márcio Fernandes a buscar soluções no elenco.

Deve optar por Marlon como organizador, levando em conta a boa atuação no Re-Pa, mas há dúvida quanto à utilização dos volantes. Nicola volta a ter chance diante do baixo rendimento do setor de marcação, alvo de críticas até de ex-jogadores do clube, como Vanderson, que observou medo por trás das pífias apresentações dos volantes.

No ataque, porém, reside a maior encrenca a ser resolvida por Márcio Fernandes. Sem Maurício Garcez, o atacante mais importante do time, impedido de atuar por força de contrato, ele terá que apostar em Wendell, Denilson e provavelmente Marcelinho, finalmente reabilitado.

Como já não teria Diogo Oliveira, lesionado, o PSC se descaracteriza ofensivamente justo nos momentos mais delicados da campanha. Com 27 pontos, o time ambiciona pelo menos abandonar a lanterna da competição, onde está há 10 penosas rodadas.

Libertadores: sacode inesperado ameaça final brasileira

Um 3 a 0 acachapante nos primeiros 45 minutos marcou a primeira partida da semifinal entre LDU e Palmeiras, ontem à noite. Depois de eliminar Botafogo e São Paulo, o time equatoriano partiu com um apetite voraz para cima do alviverde paulista, estraçalhando a estratégia de forte marcação que Abel Ferreira costuma usar como visitante.

A Libertadores pode ter, de repente, uma final inesperada. A decisão entre times brasileiros, prevista como quase certa, corre o risco de ter um penetra improvável. A LDU, treinada pelo brasileiro Tiago Nunes, mostra disposição para ir em busca do troféu e vem para o jogo de volta com uma gigantesca vantagem de três gols.  

Foram momentos vexatórios para o Palmeiras, que não costuma perder na competição. Villamil, um meia boliviano bom de bola e quase desconhecido, triturou o esquema defensivo montado por Abel e contribuiu para colocar a LDU em vantagem desde os primeiros minutos.

O placar de 3 a 0, imposto nos primeiros 45 minutos, só não virou um desastre maior porque a LDU preferiu administrar a vantagem no 2º tempo, evitando correr atrás do quarto gol. O Palmeiras ficou fazendo o que sabe: botar bolas na área para Flaco Lopez e Vítor Roque, mas não deu certo.

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 24)

Caminhos e atalhos para o acesso

POR GERSON NOGUEIRA

Dentre os times que lutam pelo acesso à Série A, coube ao Remo e ao Goiás a pior combinação possível de adversários nas cinco rodadas finais. Na quarta posição, com 54 pontos, o Leão vai enfrentar quatro adversários diretos: Cuiabá (8º), Chapecoense (2º), Novorizontino (5º) e Goiás (6º). O menos cotado é o Avaí, hoje na 11ª posição e fora da briga.

As dificuldades podem, porém, funcionar como fator de motivação e comprometimento para os azulinos. Quanto maior o desafio, mais determinada deve ser a postura em campo. Por outro lado, uma rota menos trabalhosa, com times da parte inferior da tabela, poderia causar desconcentração ou até relaxamento.

Caso consiga se inserir no G4 definitivo, ao final da competição, o Remo terá superado uma das caminhadas mais difíceis rumo ao acesso. Basta observar o que a tabela reserva aos demais candidatos ao acesso.

O líder Coritiba (57 pontos) tem a trajetória menos difícil. Jogará contra Volta Redonda (17º), CRB (9º), Paysandu (20º), Athletic (16º) e Amazonas (19º), sem precisar duelar com nenhum adversário direto.   

A Chapecoense, vice-líder (54 pontos), vai enfrentar Operário (13º), Remo (4º), América-MG (14º), Volta Redonda (17º) e Atlético-GO (10º). Em tese, três de seus adversários estão em posições inferiores. Na realidade, são times desesperados em busca da salvação nas últimas rodadas.

Na terceira colocação, o Criciúma (54 pontos) tem um caminho razoavelmente perigoso. Pega Goiás, Ferroviária, Atlético-GO, Botafogo e Cuiabá. Dois confrontos diretos – Goiás e Cuiabá –, um time do meio da tabela (Atlético-GO) e dois em queda livre.

O Novorizontino, 5º (54), encara Botafogo, América-MG, Remo, Goiás e CRB. Um roteiro de risco médio, com direito a dois enfrentamentos com times da parte de cima. Além de buscar superar os adversários, o Novorizontino luta contra a sina de morrer na praia, como em 2024.

O Goiás, que está em 6º lugar (52) e já esteve na liderança, tem a rota mais terrível de todas: Criciúma, Athlético-PR, Cuiabá, Novorizontino e Remo. Cinco confrontos diretos, com direito a jogo final em Belém, provavelmente diante da massa azulina no Mangueirão.

O Athlético-PR, 7º (50), terá Amazonas, Goiás, Volta Redonda, Ferroviária e América. Sem dúvida, uma caminhada mais amena, embora o Furacão tenha perdido fôlego nas últimas rodadas. Já o Cuiabá, 8º com 50 pontos, encara Remo, Amazonas, Goiás, América e Criciúma.

O grau de dificuldades na rota de cada time é determinante para as chances de acesso. Mas, além dos fatores campo/torcida, deve-se levar em conta também o peso das arbitragens e das mala$ que atravessam o país de ponta a ponta a esta altura do campeonato.  

Leão reforça a zaga para encarar o Dourado

O zagueiro Willian Klaus é a novidade na defesa do Remo para o confronto de amanhã (21h35) com o Cuiabá, na Arena Pantanal. Titular da zaga, Klaus está fora desde que se contundiu no jogo com o Athlético-PR, no Baenão. De estilo sóbrio, tem se destacado nesta Série B pela mobilidade e a boa participação no jogo aéreo.

Ele volta ao time para jogar ao lado do jovem Kayky, que ganhou espaço após ser reabilitado por Guto Ferreira. A preferência do treinador pela dupla é fácil de explicar: o setor fica mais protegido porque ambos têm facilidade para a antecipação e rapidez na recuperação.

A antiga dupla, Klaus e Reynaldo, se desfez em função das lesões que afastaram os dois neste returno da Série B. Kayky, que havia caído em desgraça em função de erros ainda na era Antônio Oliveira, recuperou prestígio com atuações convincentes contra Athlético e PSC.  

Papão tem desafio extra: jogar sem o melhor do time

Para cumprir o penoso ritual das partidas finais da Série B, o PSC recebe o Avaí neste sábado (25), na Curuzu, com um sério problema na escalação. O técnico Márcio Fernandes terá que arranjar um substituto para Maurício Garcez, principal jogador do time, que não vai jogar por força de contrato – é vinculado ao clube catarinense.

Garcez, além de ser um dos artilheiros da equipe (6 gols), é o atacante mais qualificado, com capacidade para jogar pelos lados e ímpeto para ações centralizadas. Sem ele, o Papão também não terá o centroavante Diogo Oliveira, que continua em recuperação.

Para substituir Garcez, Márcio deve escalar Wendell Jr. centralizado, tendo Marlon e Marcelinho pelos lados do ataque. O meio-campo, porém, continua prejudicado pelo baixo rendimento dos volantes Ronaldo Henrique e André Lima e sem sinais de criatividade por parte de Denner.

Além desses problemas, o técnico precisa ajustar a zaga e pode utilizar Lucca, caso Thiago Heleno não esteja apto. O jovem zagueiro, oriundo da base alviceleste, entrou nos minutos finais contra a Ferroviária. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 23)