Rock na madrugada – Supertramp, “It’s Raining Again”

A morte de Rick Davies, um dos pais do Supertramp, consternou a cena roqueira mundial e também marcou um resgate da obra da banda, uma das mais bem-sucedidas no rock progressivo e no chamado soft rock dos anos 70-80. Nascido em Swindon em 1944, Davies era músico desde que ouviu “Drummin’ Man”, de Gene Krupa, passando a treinar como baterista e depois como tecladista. Fundador, vocalista e compositor do Supertramp, ele morreu aos 81 anos. 

Davies, que compôs hits como “Goodbye Stranger” e “Bloody Well Right“, foi diagnosticado com mieloma múltiplo, em 2015. O diagnóstico e a necessidade de tratamento forçaram o cancelamento de uma turnê da banda pela Europa ainda naquele ano.

O Supertramp nasceu de uma ideia original de Davies para recrutar músicos. Em meados de 1969, ele publicou um anúncio na revista Melody Maker em busca de integrantes para a banda que tinha em mente criar. Por uma feliz coincidência, Roger Hodgson foi um dos primeiros a responder e acabou recrutado. Após curta fase com o nome de Daddy, o grupo virou Supertramp (algo como supervagabundo), já com Davies e Hodgson como cabeças pensantes.

Além de Hodgson e Davies, o Supertramp teve Richard Palmer como primeiro guitarrista, mas se destacou pelas letras, visto que a dupla principal era boa na produção de estúdio e harmonizações vocais – um dos pontos altos do grupo -, mas não sabia escrever.

O poder de influência do milionário holandês Stanley ‘Sam’ August Miesegaes, fã e amigo pessoal de Davies, foi fundamental para que o Supertramp conquistasse espaço em uma grande gravadora (AM Records) apesar do começo de carreira pouco auspicioso.

A partir de 1974, o Supertramp conquistou o mundo, superando limites a cada novo álbum. Em 1979, auge do grupo, o disco Breakfast in America, vendeu mais de 30 milhões de cópias em todo o mundo e ganhou dois Grammy quando o Grammy ainda era levado a sério. 

O álbum incluía sucessos como “The Logical Song”, “Take the Long Way Home” e a faixa-título. Davies era o único membro original que ainda estava na banda. Cansado das brigas, Hodgson saiu em 1983 para seguir carreira solo.

“It’s Raining Again” (Está chovendo de novo) é uma canção do álbum Famous Last Words 1982), o último com participação de Hodgson. Foi o single de trabalho do disco e alcançou o primeiro lugar uma vez na Billboard Hot 100, além de entrar no top 10 em vários países europeus e latinos. O clip da música também conquistou prêmios. Como curiosidade, o final incorpora trecho da canção infantil “It’s Raining, It’s Pouring” .

Olhe para o céu

Um animal incomum se aproxima

Por André Forastieri

Dava para prever o assassinato de Charlie Kirk? Claro que não. Mesmo com atentados contra políticos acontecendo regularmente nos EUA, inclusive contra Donald Trump. Mesmo que toda semana presencie um novo atentado à bala numa escola americana, com uma regularidade desesperadora.

É previsível depois de sua morte o acirramento da violência nos EUA – da verbal à institucional? Cartas marcadas. A extrema direita agora tem um mártir. Estranho seria o contrário.

Alguns eventos são absolutamente inesperados e não há cenário racional que os inclua. Mesmo que alguns especialistas alertem sobre chances reais deles acontecerem. Nós, pessoas comuns, não conseguimos encaixa-los no nosso horizonte de possibilidades.

Foi o caso do ataque da Al-Qaeda em 11 de setembro de 2001. Era previsível uma reação dura de fundamentalistas às ações americanas no Oriente Médio? Sim. Já tinha até acontecido um atentado anterior em Nova York.

Mas quem imaginaria que o World Trade Center viria abaixo ao vivo, para todo o planeta? Aquele céu azul, os aviões se espatifando, impossível desviar o olhar.

Caídas as torres, os anos seguintes seguiram roteiro fácil. Já a partir do dia 12, quando as bolsas de valores reabriram e subiram vertiginosamente as ações dos fabricantes de armas. De lá para frente, o Oriente Médio se tornou tristemente previsível – até 7 de outubro de 2023.

É impossível você planejar para aquilo que é impossível de prever. É o tal do “Cisne Negro”, título do livro do Nassim Nicholas Taleb: o evento raríssimo que ninguém prevê. Mas pode acontecer, sim.

É estatisticamente inútil você se preocupar com esses momentos de mudança. Não dá para se proteger do estatisticamente próximo de zero. Nem se agarrar à chance deles se materializarem, caso positivos.

Bom lembrar que nem todo evento raríssimo é tragédia, catástrofe ou apocalipse. É só isso: raríssimo.

Na imensa maioria das situações, acontece o que é mais provável acontecer. Dá a lógica. Pro bem e pro mal. É péssima estratégia e até beócio contar com esses eventos um-em-um-milhão.

Naturalmente cada ser humano se acha especialíssimo e somos todos especialistas em auto-engano. Por isso as pessoas apostam na loteria – “alguém vai ganhar – pode ser eu!”. É como aquele fumante que você conhece, que adora contar a história do tia-avó de 93 anos de idade, até hoje baforando feito chaminé.

Como diferenciar o altamente provável do altamente improvável, e os vários matizes de cinza entre eles? Fatos ajudam, mas não é uma ciência exata.

Ninguém está a salvo de um Cisne Negro. Geralmente você e eu nos safamos de boa. Esses animais incomuns não costumam bater as asas pro nosso lado.

Quando um desses chega, chega voando e instantaneamente se impõe como a nova realidade. Passa a fazer parte da História e a transforma, seja só nossa historinha pessoal ou aquela com com H maiúsculo.

O Covid surpreendeu? Nem tanto. A possibilidade de uma pandemia estava no radar dos epidemiologistas. Best-sellers foram publicados, Hollywood fez filmes sobre epidemias. Ninguém previu o tamanho do estrago, a medíocre reação institucional, a rápida reação dos pesquisadores ou os custos da quarentena.

Ano após ano, avançamos na ciência médica. Não avançamos igualmente na estrutura da saúde pública. Em muitos casos, com cortes de gastos impostos por políticas de austeridade, os países regrediram. O Brasil, apesar do SUS, tinha na sua liderança governantes anti-vacina e anti-ciência.

Pagamos caro demais.

Nunca acreditei que Bolsonaro seria preso. Vamos combinar que eu tinha muitas boas razões pra crer que ele morreria livre e impune, como tantos outros canalhas do nosso passado e presente.

Mas olhe para o céu – tem um Cisne Negro no ar.

Enquanto isso…

“Um pitbull com quem rouba desodorante, um poodle com quem destrói Brasília 2x e tenta golpe de Estado. Por falar em poodle, Fux não devia perder tempo com um desqualificado como o Renzo Gracie, uma ponte entre o ministro do STF e a extrema-direita golpista. Hoje, o ministro jiujiteiro deu um mata-leão na própria reputação”.

Guga Noblat, jornalista

Já ganhei aposta com Fux (*)

Ele nunca topou, mas perdeu e não pagou

Por Conrado Hübner Mendes

Luiz Fux é pai generoso. Ministro do STF, fez telefonemas para pedir nomeação de filha-advogada ao TJ-RJ (“É tudo que posso deixar para ela”, disse a desembargador, segundo perfil da revista Piauí). Liberou filho-advogado para exercer advocacia de parentes no STF, ramo promissor da prática jurídica atual. Não ensinada nas faculdades, a habilidade exige laço de sangue.

Luiz Fux é colega generoso. Em liminar monocrática de 2014, jamais submetida ao plenário do STF, garantiu aos juízes do Brasil um aumento salarial oficioso por meio de auxílio-moradia ilegal. Cinco anos e bilhões de reais mais tarde, já negociado aumento com o Congresso, revogou a liminar. Sem perguntar ao plenário, sozinho “matou no peito”, como fala. Herói da magistocracia.

Luiz Fux é generoso com citações de poesia. Em discurso, não desconfiou que o verso “recomeçar e só uma questão de querer, se você quer, Deus quer” talvez não fosse de Carlos Drummond de Andrade.

Luiz Fux só não é generoso com a clareza e a credibilidade de suas ideias.

Argumento é coisa séria em Estados de direito. A mais séria. É seu insumo, seu lubrificante, seu produto final. Alimenta a vida cívica e a legitimidade dos tribunais. Mas o Estado de direito também pede que os emissores de argumentos, sobretudo juízes, sejam levados a sério, tenham aparência de seriedade. Não é falácia “ad hominem”, mas exigência de ética judicial.

Seriedade e aparência de seriedade são virtudes que Luiz Fux se esmera em não cultivar. Por isso, o voto de Fux está nu.

Inútil tentar classificar Fux por tipologias doutrinárias. Inútil perguntar se foi garantista ou punitivista, dicotomia que mais confunde o debate jurídico desde a Lava Jato. Garantista seria o juiz que manda soltar e absolver. Punitivista o que manda prender e condenar. Garantista que prende e punitivista que solta causam curto-circuito no senso comum autômato. Dicotomia que o jornalismo faria bem em abandonar. Melhor ler cada caso para além do resultado e observar variações argumentativas e factuais.

Fux não é punitivista nem garantista, apenas um casuísta. Resolveu deixar isso ainda mais claro no caso criminal mais importante da história nacional. Não é que o Fux de hoje discorde do Fux de ontem ou de amanhã. Fux não concorda nem discorda, apenas salpica ornamento verbal que dê alguma liga, alguma rima.

O voto de Fux não homenageou o direito de dissentir, o valor da divergência ou do pluralismo. Não ofereceu contraponto analítico numa deliberação sincera. Fux já condenou centenas de réus por tentativa de golpe no 8 de Janeiro. Quando julga seus líderes, diz que STF não tem competência.

Chico Anysio não se inspirou em Luiz Fux para inventar Rolando Lero. Dias Gomes não o conheceu para compor Odorico Paraguaçu ou Sinhozinho Malta. Luiz Fux se fez seu próprio autor. Não saiu da ficção, mas se matriculou, voluntariamente, na escola literária de onde saiu Pedro Malasartes. É o mais jurídico que se pode dizer de seu voto.

Em 2020, fiz aposta pública com Fux. Disse que, na presidência, não pautaria uma longa lista de casos delicados à sua agenda. Casos como dos penduricalhos de juízes fluminenses (“fatos funcionais”) ou do “juiz de garantias”. Jamais pautou e perdeu. Cobrei e jamais pagou.

Luiz Fux não merece ser levado a sério pelo que diz, mas pelo que representa.

A frase do dia

“O voto de Fux foi uma aula de cinismo e irresponsabilidade. Se o STF não tem como função julgar e punir tentativas de golpe de Estado, o pior de todos os crimes, então para que ela serve? O que esse senhor está fazendo lá?”.

Vladimir Safatle, filósofo, psicanalista e professor

Reforço que já estava em casa

POR GERSON NOGUEIRA

Marrony chegou com o campeonato em andamento, teve problemas físicos, perdeu espaço no ataque até para Matheus Davó, mas aos poucos vem mostrando utilidade, mesmo quando entra no decorrer das partidas. Foi o que aconteceu na partida diante do Amazonas, em Manaus. Substituiu o artilheiro Pedro Rocha no 2º tempo e teve um ótimo aproveitamento, iniciando e concluindo a jogada do terceiro gol azulino.

Com 26 anos e experiência no futebol internacional, chegou ao Evandro Almeida como opção para os lados do campo e até para atuar centralizado. A boa envergadura possibilita que atue até como centroavante, mas as características são de condução de bola em velocidade e facilidade para o drible. Pode ser candidato a formar dupla com Pedro Rocha.

No atual momento vivido pelo Remo na Série B, o equilíbrio ofensivo é uma das preocupações do técnico Antônio Oliveira. As chances de acesso dependem em boa medida da funcionalidade dos homens de frente. Eduardo Melo, Diego Hernández e João Pedro chegaram na última janela, mas ainda não decolaram, apesar de chances já concedidas.

Por ora, fica óbvio que Oliveira por enquanto não pode contar com os novatos. A comparação entre as opções existentes e as peças que deixaram o clube não vem favorecendo os reforços recentes.

A saída de Matheus Davó veio logo em seguida às negociações que tiraram Adailton e Maxwell do Baenão. O trio não era espetacular, mas rendia mais que Eduardo, João Pedro e Hernández. O caminho, portanto, está aberto para quem mostrar capacidade de definição.

Dentre os que permanecem, Marrony merece mais atenção e aproveitamento. Nos confrontos fora de casa, que constituem o ponto alto da era Antônio Oliveira, pode ser utilizado como condutor a partir do meio-de-campo, contribuindo para tornar o ataque mais eficiente.

Alto, tem condições de aparecer para duelos na área ou com aproximação pelos lados. Pedro Rocha, que já teve Janderson como parceiro de ataque, pode passar a dispor dos passes em velocidade e da movimentação de Marrony abrindo as linhas de marcação. É uma questão de entrosamento e repetição.

O fato é que, nas circunstâncias, o ex-vascaíno não pode ficar de fora de qualquer esquematização que Oliveira tenha para a linha ofensiva azulina. (Foto: Samara Miranda/Ascom CR)

Dúvidas no Papão caso Diogo não possa jogar

Os problemas físicos enfrentados pelo centroavante Diogo Oliveira, ainda em decorrência do jogo com o Volta Redonda, deixaram a torcida bicolor preocupada. A angústia é justificada. Diogo é o artilheiro do PSC na Série B, com excelente aproveitamento desde que chegou na penúltima janela de transferências. Forma dupla interessante com Maurício Garcez e, pelo menos por enquanto, não tem substituto à altura.

A perda de gols no jogo com o Volta Redonda, principalmente o lance final quando avançou com a bola dominada e chutou em cima do goleiro, ainda suscita críticas ao jogador. Foi a chamada bola do jogo. Além do erro de finalização, Diogo tomou a decisão errada, pois Garcez estava bem posicionado correndo pela esquerda e poderia ter recebido o passe.

São situações de uma partida disputada em alta voltagem, que teve consequências graves, incluindo a demissão do técnico Claudinei Oliveira, mas a irritação do torcedor não se sobrepõe ao reconhecimento pelos bons serviços prestados pelo artilheiro até o momento.

Com a chegada de Márcio Fernandes, a previsão é de que jogadores recém-contratados, como os atacantes Denilson e João Marcos, ganhem oportunidade para mostrar serviço. Apesar disso, Diogo é titular absoluto. Só não joga contra o América-MG, no sábado, se estiver lesionado.

Em comunicado postado nas redes sociais, o atacante teve o cuidado de se posicionar perante os torcedores, desculpando-se pelas falhas no jogo com o Volta Redonda. Aproveitou para lembrar que não é do tipo “fominha”, muito pelo contrário. Em várias ocasiões, demonstrou noção de jogo coletivo, acionando companheiros bem posicionados.

Por enquanto, resta a expectativa quanto à plena recuperação de Diogo e pelas decisões de Márcio Fernandes, saiu quando o atual elenco começava a ser montado, mas conhece menos da metade dos jogadores que o PSC tem hoje. Ocorreram cerca de 20 contratações nesse espaço de sete meses, entre a demissão e o retorno de Márcio. Por isso, é natural que o treinador precise de algum tempo para definir a escalação e o modelo de jogo.   

SAF botafoguense desafia serenidade do torcedor

Os atuais dilemas existenciais do Botafogo, cuja gestão SAF parece viver uma indefinição societária, atormentam principalmente a vida dos torcedores. Do ano mágico de 2024, o time caiu vertiginosamente ao nível da normalidade. Ainda um bom time para os padrões brasileiros, mas sem o brilho e o poder de decisão daquele montado por Artur Jorge.

O amigo Jota Ninos, jornalista santareno, lança um olhar sereno e racional acerca dos conflitos que rondam a alma botafoguense no momento: “Futebol é paixão. O torcedor não consegue ter a mesma fria percepção de um CEO bilionário que trata o time como um negócio”.

Dito isso, não economiza gratidão a quem mudou a história do clube. “O torcedor é grato ao empresário John Textor por resgatar o Fogão do limbo e nos levar à Glória Eterna de 2024. Mas esse mesmo torcedor não consegue entender o desmonte do clube para fazer uma campanha bizarra em 2025”.

“A torcida é passional: hoje odeia um dirigente, um técnico ou um jogador, mas no minuto seguinte a um gol ou conquista esquece tudo. A essência do futebol é a paixão. A razão nem de leve nos seduz”.   

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 11)

Fux mentiu

Por Celso Rocha de Barros

Luiz Fux condenou os golpistas pobres que denunciaram seus chefes, como Mauro Cid, e absolveu os golpistas ricos e poderosos, como Bolsonaro e Garnier. Tudo o que disse em seu voto é mentira.

Fux mentiu que o STF não é o foro adequado para julgar Jair porque ele já deixou a Presidência. Na verdade, o foro privilegiado serve, entre outras coisas, para garantir que ex-presidentes não sejam soterrados por processos em primeira instância depois de deixarem seus cargos.

Fux mentiu que Jair e seus generais não constituíram organização criminosa porque não usaram arma de fogo. Segundo o ministro, os kids pretos que tentaram matar seu companheiro de corte Alexandre de Moraes pretendiam apenas sufocá-lo com excesso de amor. Fux também parece acreditar que Jair não propôs um golpe aos chefes das Forças Armadas, mas sim ao Itamaraty e a duas professoras de ioga que estavam passando ali na hora.

Fux mentiu que o crime de golpe de Estado foi apenas um meio para a realização do crime de abolição do Estado de direito, e que, portanto, as penas não devem ser somadas. Isso pode ser verdade em alguns casos, mas não no caso de Jair: ele implementou simultaneamente a estratégia Orbán de tentar castrar institucionalmente o STF (abolição) e, sobretudo, mas não apenas, depois de perder a eleição, a estratégia Pinochet de tomar o poder violentamente (golpe). As penas devem ser somadas.

Fux mentiu sobre a tentativa de golpe ter ficado apenas em estágios preparatórios. Isso se mede pela distância entre até onde os criminosos foram e o resultado final por eles esperado. A distância é de um monossílabo, o “não” de dois comandantes militares.

Fux mentiu quando comparou o 8 de Janeiro a Junho de 2013. Entre as várias diferenças, destaco a seguinte: os black blocs foram reprimidos pela polícia, porque o secretário de segurança pública não era um ex-ministro de seu líder.

Fux mentiu sobre o diagnóstico da revista The Economist, e de seu instituto de pesquisa, a Economist Intelligence Unit (EIU), sobre o estado da democracia brasileira. Disse que a matéria de um “freelancer” (foram, na verdade, um editorial e uma capa) na revista havia exaltado o Brasil como modelo de democracia, mas que a EIU havia rebaixado a nota da democracia brasileira por restrições às redes sociais, polarização, e, sobretudo, pelo golpe tentado por Jair Bolsonaro.

Fux, a Economist achou ruim o Jair tentar um golpe e achou bom ele ser julgado. Qual o problema?

Finalmente, Fux nos pediu que ouvíssemos o relato sobre os crimes dos outros acusados sem nunca lembrar que o objetivo era instaurar Bolsonaro como ditador. Nos pediu que tratássemos os fracassos dos criminosos como provas de sua inocência.

Toda a longa digressão de Fux sobre a democracia é baseada em autores que citam Bolsonaro como um exemplo de retrocesso democrático. Fux só os citou para ajudar os golpistas a fazerem cortes de vídeo que sugerissem que o Brasil é uma ditadura, já dando, assim, sua contribuição para os golpes do futuro.

Moraes falou a verdade, Fux mentiu, mas seus votos divergem também em outros aspectos. Moraes optou por citar pouca doutrina e listar uma avalanche de provas. Fux citava autores convulsiva e ineptamente, sem nunca determinar que raciocínio específico dos autores citados livrava Jair e sua quadrilha da cadeia.

Fux, sua biografia agora é só seu voto sobre o golpe. Você é só o que traiu, o que se rendeu, o que encorajou Trump a impor mais tarifas, o que estendeu por mais alguns anos a instabilidade política que tanto mal já fez ao país, o que fortaleceu os fascistas dentro da direita brasileira.

Todos os juristas brasileiros sabem disso, inclusive os que eventualmente mentirem para você que não sabem. Aproveite a Disney.

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(*) Celso Rocha de Barros – Servidor federal, é doutor em sociologia pela Universidade de Oxford (Inglaterra) e autor de “PT, uma História”

(Publicado na Folha de S. Paulo de 10.09.2025)

Papão sem novidades no front

POR GERSON NOGUEIRA

Quem esperava uma novidade acabou se frustrando. O PSC decidiu queimar etapas e tratou de investir no que já conhecia. Contratou Márcio Fernandes, após uma busca que se estendeu a pelo menos uma dezena de técnicos. A prioridade é retomar a vida normal e perder o mínimo de tempo possível na preparação do time para os próximos jogos da Série B.

Márcio já passou pelo clube três vezes nos últimos três anos. Nas duas primeiras passagens, em 2022 e 2023, saiu chamuscado, atordoado por maus resultados e bombardeado por críticas ferozes. Da última vez, porém, saiu de forma surpreendente, pois tinha conduzido a campanha na reta final do Brasileiro 2024, saindo-se bem.

De temperamento tranquilo, fala mansa e jeito conciliador, Márcio talvez seja o nome ideal para o atual momento do clube. Havia necessidade de acalmar os ânimos, depois dos embates e conflitos de vestiário após a dolorosa derrota de virada para o Volta Redonda, na sexta-feira passada.

A saída de Claudinei Oliveira, motivada pelo desgaste das cinco derrotas consecutivas, não podia levar à contratação de um técnico de características mercuriais, do tipo que fala alto, faz bravata e bate na mesa. Nesse sentido, Márcio Fernandes se encaixa na definição buscada pela diretoria bicolor. De certo modo, lembra o estilo de Claudinei.  

Algumas coincidências embalam os otimistas de plantão. Márcio, no ano passado, chegou na 26ª rodada e conquistou sete vitórias em 13 rodadas, números que se repetidos agora asseguram a permanência do time na Série B. O problema é que, em 2024, Márcio pegou o PSC com 27 pontos na 15ª colocação, mas agora o time tem 21 pontos e está na lanterna.

O desafio é gigantesco, embora matematicamente possível de ser superado. Como no ano passado, Márcio chegou ontem, 9 de setembro. Repetiu a mesma crença em recuperação, avaliando que existem “totais condições de conseguir mudar esse cenário”.    

Aos poucos, surgem informações sobre os técnicos que o PSC procurou e que recusaram a proposta. Marcelo Cabo, Gerson Gusmão, Evaristo Piza, Higo Magalhães, Cauan de Almeida e Umberto Louzer foram os primeiros sondados e a recusa teve a ver com o risco de rebaixamento (91%, segundo projeções). Márcio foi escolhido porque conhece o clube e parte do elenco, e foi o que se mostrou mais interessado.   

Pescador é nova aposta para melhorar a criação

O Remo tem hoje três Nathan no elenco – Camargo, Santos e Pescador. Ex-atleta do Atlético-MG, onde viveu sua melhor fase, e do Grêmio, onde não foi tão bem, Nathan Pescador chega com ambição de conquistar a titularidade no meio-campo azulino, oferecendo uma nova alternativa para Antônio Oliveira.

É provável que a estreia de Nathan Pescador seja em Goiânia, sábado, diante do Vila Nova. Terá concorrência de Panagiotis, Régis, Jaderson e Yago. Dois ainda não estrearam, dois estão no elenco há mais tempo. Dodô segue no grupo, mas nem é relacionado para os jogos.

Jogador com experiência de atuação pelos lados e apoiando o ataque, Pescador pode ser uma opção para entrar na posição que foi ocupada por Diego Hernández nos dois últimos jogos. O bom momento do time, em quinto lugar no campeonato, inspira e desafia quem está chegando.

Nathan tem treinado com os companheiros desde o dia 2 de setembro e, aos 29 anos, é uma boa aposta para entrar na equipe, oferecendo recursos técnicos que o setor de criação exige e que é uma carência antiga do Remo.

Seleção dos ‘bonzinhos’ termina em 5º lugar

Nunca a Seleção Brasileira foi dominada por tanto jogador bonzinho, o chamado assim-assim, que não brilha e não faz a diferença. Não há nenhum super craque, apenas um astro (Vini Jr.) e um monte de medianos. São pelo menos 10 ou 12 jogadores que podem ser definidos dessa forma. O problema é anterior a Carlo Ancelotti. Antecede também as passagens de Fernando Diniz e de Dorival Júnior pelo escrete.

Tite, nas campanhas para as Copas de 2018 (Rússia) e 2022 (Qatar), ainda desfrutou de alguns lampejos de Neymar como jogador de ponta. Depois, nem isso. O tempo vem se encarregando de mostrar o verdadeiro nível da atual geração. Bruno Guimarães, Paquetá, Richarlison, Caio Henrique, Andrey, Fabricio Bruno etc. etc. Complicado.

O 5º lugar nas Eliminatórias expressa bem o atual momento técnico da Seleção e do futebol no Brasil. A derrota de ontem, na altitude boliviana, não pode ser considerada, mas não esconde o fato de que alguns jogadores são muito limitados. 

A esperança em relação à Copa-2026 fica por conta dos coelhos que Ancelotti pode tirar da cartola. Não mais que isso.

Mais do mesmo: PSC contrata Márcio Fernandes em busca de um milagre na Série B

Em 2024, o PSC demitiu o técnico na 25ª rodada da Série B e contratou um novo técnico antes da 26ª rodada. A coincidência esta na escolha do profissional para a missão: o mesmo profissional: Márcio Fernandes, que fechou acordo com a diretoria no início da madrugada desta terça-feira, 09. Pela terceira vez, Márcio assume o PSC desde 2022 e novamente encara situação dramática na classificação: com apenas 21 pontos conquistados, o PSC soma quatro vitórias e é o lanterna da competição.

O time entrou em crise após perder para o Volta Redonda, na sexta-feira, somando cinco derrotas seguidas, o que levou à queda do técnico Claudinei Oliveira. A escolha de Márcio Fernandes tem, além da coincidência com o ano passado, quando evitou a queda para a Série C, a ligação dele com o clube, apesar de ter saído em meio a muitas críticas e denúncia de atraso de salários.

Márcio encontra o PSC com os piores números da Série B. O time está há oito jogos sem vencer, colecionando o maior jejum de vitórias, que só não é inferior ao próprio começo da equipe na atual edição, quando ficou 11 rodadas sem vencer. O Papão é também o pior mandante e o time que menos venceu no campeonato – quatro vezes.

Uma curiosidade: depois que deixou o PSC, no início de 2025, Márcio Fernandes só venceu duas partidas. Por outro lado, na Série B 2024, ele dirigiu o PSC em 13 rodadas e venceu 07 jogos. As estreias dele nesta temporada: derrotas para Palmeiras (estava na Inter de Limeira), Flamengo (pelo Botafogo-PB) e Vasco (pelo CSA).

O próximo compromisso será no sábado, às 16h, no Mangueirão, diante do América-MG.

Organização Médicos Sem Fronteiras alerta para o risco de limpeza ética na Cisjordânia

Equipes de MSF tem testemunhado ações ilegais do Exército e de colonos israelenses para forçar palestinos a deixar suas terras

Os palestinos da Cisjordânia estão enfrentando deslocamentos forçados em massa por conta de ataques das forças israelenses e colonos, aumentando significativamente o risco de limpeza étnica no território ocupado, alerta a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Mais do que em qualquer outro momento de seus 36 anos de história de prestação de cuidados médicos e psicológicos na Palestina, MSF é testemunha ocular de como o sofrimento causado pela ocupação israelense se normalizou.

Em 2025, as equipes de MSF testemunharam políticas e práticas claramente projetadas para remover as pessoas de suas terras e impedir qualquer possibilidade de retorno. A organização pede à comunidade internacional e aos governos, especialmente aqueles com laços políticos, militares ou econômicos estreitos com Israel, incluindo os EUA e estados membros da União Europeia, para que apliquem pressão significativa para interromper as ações que prejudicam e deslocam palestinos à força e garantir o fim da ocupação, que é ilegal sob o Direito Internacional.

“Nos últimos anos, vimos o impacto das forças israelenses e dos colonos exercendo maior força e controle sobre o povo palestino, culminando em um genocídio em Gaza e na repressão militar e na escalada da violência dos colonos em toda a Cisjordânia”, relata Simona Onidi, coordenadora de MSF em Jenin e Tulkarem.

“Essas ações estão enraizadas no processo colonial mais amplo, onde o risco de limpeza étnica, por meio da remoção forçada de comunidades palestinas, consolidará a mudança demográfica permanente”, diz Onidi.

Táticas de deslocamento se expandem e se intensificam

O plano de assentamento E1, recentemente aprovado, dividiria completamente a Cisjordânia, bloquearia a ligação entre o norte e o sul e separaria Jerusalém Oriental do resto do território. Esta é uma das tentativas recentes mais evidentes das autoridades israelenses de liquidar qualquer perspectiva de um futuro para o povo palestino.

Operações militarizadas deslocaram milhares de pessoas

Desde o início de 2025, a operação militarizada israelense Muralha de Ferro, que está em andamento, deslocou à força cerca de 40 mil pessoas no norte da Cisjordânia, de acordo com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês). Três acampamentos de refugiados foram violentamente invadidos e esvaziados. Casas e a infraestrutura civil, incluindo escolas e centros de saúde, estão sendo demolidas, o que aumenta a probabilidade de que o deslocamento se torne permanente. Em resposta, MSF enviou equipes médicas móveis para 42 locais em Tulkarem e Jenin, inclusive para clínicas do Ministério da Saúde, e entregou itens de socorro essenciais às pessoas deslocadas.

Forças israelenses estão destruindo casas palestinas

Desde janeiro de 2023, mais de 6.450 palestinos foram deslocados devido à demolição de casas. Somente em abril e maio de 2025, MSF forneceu apoio material e de saúde mental a residentes que tiveram suas casas demolidas em 12 locais na região administrativa de Hebron. Cerca de 240 pessoas, incluindo pelo menos 97 crianças, foram deslocadas à força.

Isso representa apenas uma fração do número de demolições realizadas na Cisjordânia no mesmo período. “Esta não é a primeira demolição ou incursão que o exército israelense realizou na aldeia, mas desta vez foi a mais agressiva”, relata Warda*, membro de uma comunidade em Hebron. “Perguntamos a eles se poderíamos recuperar nossos pertences e tirar algumas coisas das casas antes que eles as demolissem, mas eles não permitiram. Eles tiraram nossas coisas de casa, passaram por cima delas com a escavadeira e as destruíram”, completa.

Violência dos colonos continua impune

Os ataques dos colonos, muitas vezes realizados com total impunidade e sob proteção do exército israelense, também estão causando níveis crescentes de deslocamento. Desde o início de 2023, quase 2.900 palestinos foram deslocados devido à violência dos colonos e às restrições de movimento que impedem os palestinos de acessar serviços essenciais.

Desde junho de 2025, a maioria dos vilarejos em Masafer Yatta enfrenta ataques diários de colonos e operações militares. Em uma pesquisa realizada entre 197 famílias na província de Hebron, MSF descobriu que as famílias que tiveram ao menos um integrante exposto à violência tinham de 2 a 3 vezes mais chances de apresentar trauma psicológico grave, com 28,1% das famílias relatando que pelo menos um membro havia sofrido violência nos últimos três meses.

Aumento das restrições de movimento bloqueiam acesso à saúde, escola e trabalho

Os palestinos na Cisjordânia também estão sujeitos a barreiras físicas projetadas para tornar a vida inviável e expulsá-los de suas terras. Isso inclui restrições de movimento, como postos de controle, que aumentaram em número, incluindo 36 novos pontos de controle apenas de dezembro de 2024 a fevereiro de 2025. Os postos de controle temporários, que podem aparecer sem previsão, também aumentaram de 116 entre outubro e dezembro de 2023 para 370 entre janeiro e abril de 2025. Essas restrições estão afetando diretamente o acesso das pessoas a cuidados de saúde, escolas, trabalho e outros serviços essenciais. Como resultado, muitos pacientes estão recorrendo às clínicas móveis de MSF em vez de tentar chegar aos hospitais, mesmo quando são necessários cuidados especializados.

Ataques à infraestrutura de água ameaçam comunidades

Os palestinos na Cisjordânia enfrentam severas limitações nos serviços básicos, incluindo a água, cujo acesso é controlado pelas autoridades israelenses. Desde maio de 2025, houve uma redução substancial no abastecimento de água por uma empresa por meio de dois principais pontos de conexão de oleodutos israelenses para a província de Hebron, o que reduziu o abastecimento público de água na região em mais de 50%, afetando quase 800 mil pessoas. Equipes de MSF também receberam relatos de colonos cortando canos de água, incluindo incidentes confirmados em agosto de 2025, como em um vilarejo no sul de Hebron Hills, onde 50% da comunidade foi afetada pela escassez de água. A necessidade nessas regiões agora é tão alta e generalizada que as atividades emergenciais de água e saneamento de MSF não são mais suficientes. Equipes de MSF entregaram 30 tanques de água para famílias no sul de Hebron Hills para ajudar a armazenar a pouca água que eles têm acesso.

Os meios de subsistência dos palestinos também estão cada vez mais ameaçados pelo cancelamento de autorizações de trabalho, restrições de movimento que bloqueiam o acesso a empregos e ataques a terras agrícolas e pastores, minando ainda mais a capacidade de prover o próprio sustento.

“Não se trata apenas de demolir nossas casas. Eles também tomam nossas terras, tentam roubar nossa renda e impossibilitam que a gente more aqui”, diz um membro da comunidade em Masafer Yatta. “Todas as pessoas aqui vivem de atividades agrícolas e de pastoreio de ovelhas. Mas os colonos nos impedem de pastorear nossas ovelhas, de modo que não podemos mais ganhar a vida se continuarmos aqui.”

As políticas de anexação de Israel na Cisjordânia ocupada constituem graves violações do Direito Internacional Humanitário e dos direitos humanos. O fim da ocupação continua sendo o único caminho para aliviar as profundas dificuldades enfrentadas pelos palestinos.

*Nome alterado para proteção.

Voo rumo ao desconhecido

POR GERSON NOGUEIRA

A demissão do técnico Claudinei Oliveira acrescentou mais um desafio ao PSC nesta Série B, além dos muitos problemas já enfrentados na competição. A contratação de um novo treinador a essa altura implica em considerar um tempo mínimo de adaptação, necessário para conhecer os jogadores e dar ao time um novo formato.   

Dos nomes especulados, nenhum desperta maior entusiasmo no torcedor. Evaristo Piza, o primeiro a ser cogitado, tem passagens fracas pelo Botafogo-PB, a última marcada pela eliminação na Série C deste ano.

Marcelo Cabo, o nome mais recente da lista, viveu bons momentos no Remo, mas acaba de virar simplesmente o herói do emocionante acesso do Santa Cruz, o que inviabiliza qualquer acerto com o Papão.

Hélio dos Anjos chegou a ser lembrado por alguns sites, mas a diretoria imediatamente desmentiu qualquer contato com o veterano treinador, hoje no Náutico. Ainda bem, pois seria uma prova de desespero e um gesto de tremendo desrespeito com o próprio PSC, depois de toda a confusão envolvendo a demissão de Hélio no ano passado.

Há lugar até para uma opção caseira. O coordenador da base, Ignácio Neto, ex-treinador da Tuna na Série D, teve seu nome analisado para o cargo. Contra essa escolha pesa, porém, o efeito junto à torcida. Passaria a ideia de que o clube está projetando a temporada 2026 e, de certa forma, jogando a toalha em relação ao rebaixamento.

O certo é que o substituto de Claudinei será anunciado nas próximas horas. Mas, seja quem for o escolhido, a missão é das mais espinhosas. Terá 13 rodadas para tentar livrar o Papão de um rebaixamento dado como provável até por gente do próprio clube. A dificuldade para encontrar um técnico tem a ver justamente com esse cenário.

Para evitar a queda, o time precisa conquistar 24 pontos (oito vitórias) até o fim do campeonato, sendo que nas 25 rodadas que disputou só conseguiu vencer quatro vezes. 

Leão vive enfim uma semana de paz

Fazia algum tempo que o Remo não vivia uma semana tão tranquila neste returno da Série B. A importante vitória sobre o Amazonas, fora de casa, além de fazer o time se reaproximar do G4, alivia momentaneamente a pressão sobre o técnico Antônio Oliveira e até sobre o próprio elenco.

A partida em Manaus foi vencida com a dose de objetividade que andava faltando. Os três pontos devolvem a confiança e a esperança da torcida no acesso. Depois de tropeços seguidos, o time foi buscar a reabilitação diante de um adversário tradicionalmente difícil dentro de seus domínios.

Outra excelente notícia para o Leão foi o resgate do goleador Pedro Rocha, que rompeu o incômodo jejum, marcando logo duas vezes. Voltou a se isolar na liderança da artilharia do campeonato. Os gols de Pedro Rocha abriram caminho para a vitória, fazendo a diferença dentro de um jogo que começou repleto de erros do time paraense.

A vitória por 3 a 1, sacramentada nos instantes finais com o gol de Marrony, dá o impulso necessário para acreditar que é possível chegar ao G4. Apesar dos problemas de criatividade no meio-de-campo, o time recuperou a pegada vencedora.  

Além da recuperação de Pedro Rocha, é importante ressaltar também a participação eficiente de Nico Ferreira, a firmeza de Klaus e a atuação de Alan Rodríguez no 2º tempo. Por outro lado, Diego Hernández e Eduardo Melo seguem devendo, sem justificar a titularidade.  

Caso Bruno Henrique, perigoso aceno à impunidade

A decisão do STJD sobre Bruno Henrique é tão estapafúrdia e sórdida que repercute até agora, uma semana depois. Ninguém entendeu o que o principal tribunal de justiça desportiva pretendeu ao aplicar a suspensão de 12 jogos (válidos exclusivamente pelo Brasileiro), abrindo brecha para recursos que podem deixar BH livre para jogar.

Não é segredo para ninguém que no Brasil as decisões dos juízes – de tribunal e de campo – normalmente se adequam aos interesses dos clubes mais poderosos. Não foi diferente desta vez.

O STJD vestiu o uniforme rubro-negro por baixo da toga e tratou de aplicar uma pena branda ao atacante Bruno Henrique, que forçou o recebimento de cartão para lucrar com apostas esportivas.

Foi o mesmo que conceder um habeas-corpus para futuras falcatruas. O caso, que ainda não transitou na Justiça Comum, fica ainda mais acintoso na comparação com as suspensões pesadas impostas a Eduardo Bauermann e Alef Manga, obrigados a ficar um ano afastados dos gramados.

O que Manga e Bauermann fizeram para merecer pena tão superior à de Bruno Henrique? Talvez o fato de ser um jogador de “outro patamar” justifique a benevolência da Corte para com o atacante rubro-negro.     

Rock (ainda) é coisa de pele 

Iggy Pop, Green Day e Bad Religion restituem a glória e a majestade do gênero musical mais rebelde. Evoé!

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 08)

Leão reabre as portas da esperança

POR GERSON NOGUEIRA

A parte inicial do jogo desta sexta-feira em Manaus mostrou uma realidade complicada para o Remo, que não construía jogadas e tinha dificuldades em reter a bola. O Amazonas dominava as ações e só não criava maiores problemas devido às limitações individuais da equipe. Nesse cenário de dificuldades, coube então ao artilheiro Pedro Rocha o papel de comandar a importante vitória, que recoloca o Leão na briga direta por um lugar no G4.

Quando o Amazonas estava mais perto de abrir o placar, o goleador abriu o placar em cobrança perfeita, colocando a bola longe do alcance do goleiro do Amazonas. O lance mostra a evolução de Pedro Rocha, que amplia seu repertório, agora também cobrando faltas.

Ainda assim, o Amazonas se beneficiava da má escalação do Remo, que entrou com Diego Hernández na armação, função que não conseguiu desempenhar. Bem melhor que ele foi Nico Ferreira, que descolou um passe caprichado para Pedro Rocha driblar o goleiro e marcar 2 a 0 no começo do 2º tempo.

Com Régis, Pavani e Alan Rodríguez na equipe, a etapa final do Remo foi bem mais organizada e objetiva. O Amazonas seguiu com a posse de bola, mas sem maior objetividade, errando quase todas as tentativas de ataque. Chegou ao gol num cochilo dos zagueiros do Remo, que permitiram a Luan cabecear quase de peixinho e diminuir para a Onça Pintada.

A partida estava quase no fim e o fantasma de um gol do empate voltou a rondar corações e mentes do lado remista. O segundo gol do Amazonas quase aconteceu, mas Marcelo Rangel estava bem colocado para defender um arremate perigoso no canto direito.

Em meio à tentativa de pressão do Amazonas, o Remo saiu em contra-ataque e Marrony tocou a bola para Nico Ferreira. O meia-atacante devolveu com um passe perfeito, que o atacante aproveitou com categoria, encobrindo o goleiro para marcar o terceiro gol azulino.

Uma vitória importante para reabrir as esperanças de acesso, apesar da atuação instável no 1º tempo em função de uma escalação equivocada. Eduardo Melo não tem estofo para ser titular no ataque e Marrony não pode ser suplente na equipe. Da mesma forma, Hernández de meia é uma heresia. Apesar de tudo, o Leão venceu, e isso é o que importa. (Foto: Raul Martins)

Papão recua, toma virada e perde o técnico

A prática é tão antiga quanto infeliz. Abrir vantagem e recuar constitui a melhor receita para a derrota. Foi exatamente o que aconteceu com o PSC, nesta sexta-feira à noite, no Mangueirão. Depois de fazer 1 a 0 na metade do 1º tempo, o time acomodou-se no campo de defesa e deixou a bola com o Volta Redonda, não sem antes desperdiçar duas boas chances para ampliar o marcador.

Na etapa final, com mudanças no meio-campo, reforçando a marcação com a entrada de Dudu Vieira e colocando Vinni Faria para ajudar na recomposição, Claudinei Oliveira parecia disposto a manter a vantagem, sem correr maiores riscos.

Abriu mão de impor o jogo ofensivo, mesmo tendo colocado Rossi em campo. É verdade que o atacante não encontrou espaço para jogar. Errou quase todas as tentativas de participação e não ajudou na construção de jogadas para a dupla Garcez-Diogo Oliveira.

No melhor momento do Papão no 2º tempo, Diogo ganhou uma disputa aérea no meio-campo e arrancou com a bola dominada em direção à área do Volta Redonda. Ficou cara a cara com o goleiro Jefferson Paulino, mas errou na finalização, permitindo a defesa parcial.

Minutos depois, o Voltaço cercou a área e Mateus Lucas perdeu duas oportunidades seguidas. Nem esses sustos fizeram o Papão acordar no jogo. O time seguiu espanando bolas para o lado e tentando administrar uma partida que não estava mais sob seu controle.

Aos 45’, veio o castigo. Um cruzamento no segundo pau alcançou Gabriel Pinheiro, que desviou de cabeça e empatou o jogo. O pesadelo se consumou 3 minutos depois: atordoado pelo empate, o PSC afrouxou a marcação e Raí avançou e chutou rasteiro no canto esquerdo. O goleiro pulou atrasado e a bola entrou.

Sob o efeito da decepção da torcida, a diretoria decidiu demitir ainda no estádio o técnico Claudinei Oliveira. Não foi a medida mais justa. De todos os responsáveis pela horrorosa campanha do PSC, Claudinei é certamente o menos culpado.

O fato é que, a cada novo tropeço, o Papão se isola mais na lanterna e vê se consumar o pior cenário possível: a Série C é logo ali.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda o programa, a partir das 22h, na tela da RBATV. Presenças de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião, analisando a participação dos times paraenses na 25ª rodada da Série B. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado. 

(Coluna publicada na edição do Bola de sábado/domingo, 06/07)