
“Os Estados Unidos não são os campeões da liberdade que fingem ser, mas sim os principais causadores da opressão e da miséria dos povos do mundo.”
– Che Guevara, ONU, 1964.
Robert Redford teve a carreira e vida que quis

Por André Forastieri
A beleza e classe de Robert Redford nos distraem da dimensão de sua contribuição ao cinema – e à sociedade. Ninguém em Hollywood estrelou tantos filmes bons durante os anos 70, a grande era do cinema autoral americano. Já desde 1969, como Sundance Kid, até “O Cavaleiro Elétrico”.
Tudo isso foi antes dele começar a dirigir e produzir. Mas não só “dirigiu e produziu”. Correu riscos em filmes que não facilitavam, com temas desafiadores. Seja “Gente como a Gente” ou os políticos “Rebelião em Milagro”, “A Marcha” ou “Os Diários da Motocicleta”.
Sucessos como “Golpe de Mestre” e thrillers políticos densos como “Três Dias do Condor”, “O Candidato” e “Todos os Homens do Presidente” também foram antes dele criar em 1981 a matriz de todos os festivais independentes do planeta: Sundance.
Em retrospecto lembramos como era versátil; ambíguo no drama, faísca na comédia; frequentemente passeando entre gêneros no mesmo papel. Mas você pode rir à vontade em “Descalços no Parque”.
Dois serão sempre lembrados por fãs de quadrinhos. Encarnou um vilão sibilante no melhor filme da Marvel, Alexander Pierce em “O Soldado Invernal”. E seu “Jeremiah Johnson” inspirou uma das mais cultuadas HQs de faroeste, “Ken Parker”, de Berardi e Milazzo.
Difícil pensar em algum astro que tenha se permitido tanta independência, certamente nenhum perto de sua popularidade. Redford deu a cara pra bater pelos direitos dos imigrantes, pela causa LGBT, pelo ambientalismo. Um deus dourado, se deixou enrugar feito couro, enfeiar feito um qualquer. Velho, abraçou o que ator nenhum aceita, o silêncio, no inesquecível “Até o Fim”, já em 2013.
Não se fazem nem se farão mais astros como Robert Redford.

POR GERSON NOGUEIRA
A situação já era desesperadora antes da partida de ontem contra o Novorizontino. Depois da derrota, por 1 a 0, o quadro ficou praticamente irreversível: o PSC está com o passaporte carimbado para o rebaixamento à Série C. Com 22 pontos, na lanterna da competição e a 8 pontos do primeiro time fora do Z4, a desesperança entra em cena.
Um sintoma disso foi a reação do torcedor na Curuzu. Normalmente agressivo diante de resultados negativos, a derrota não provocou maiores protestos, como se já fosse esperada. Prevalece a consciência de que não há mais o que fazer.
O jogo começou até simpático para o PSC. Leandro Vilela teve uma boa chance, em seguida Reverson teve outra. Mas, aos 11 minutos, a casa quase caiu. Em cochilada geral da defesa, Nathan Fogaça teve o gol escancarado, mas bateu em cima de Thiago Heleno e a bola saiu.
Havia equilíbrio nas disputas de meio-campo, mas o Novorizontino era mais organizado e objetivo nas ações ofensivas, com Matheus Frizzo, Rômulo e Fogaça impondo grande movimentação.
Veio a 2ª etapa e o PSC começou melhor, pressionando um pouco mais. Denner e Marlon buscavam aproximação com Garcez e Diogo Oliveira, mas a falta de pontaria voltou a prevalecer. Denner errou, Diogo se atrapalhou na área e o time gastava energia com cruzamentos inúteis.
Aos 30’, finalmente, a bola foi parar no fundo do barbante. Garcez recebeu livre, passou pela zaga e bateu rasteiro. A torcida ainda festejava quando o VAR anulou o lance por impedimento do camisa 10.
A frustração com o gol invalidado fez a galera silenciar e o time esfriar. Continuou lançando bolas na área, mas a zaga do Novorizontino prevalecia sempre. Aí, aos 43’, veio o castigo: em cobrança de escanteio, Donato desviou de cabeça, sem qualquer chance para Matheus Nogueira.

Foi a 11ª partida sem vitórias, consolidando o time na lanterna, a oito pontos do primeiro time fora do Z4. Márcio Fernandes tentou tirar o coelho da cartola, usando três laterais – como fazia Claudinei –, mas não funcionou. Para piorar, Diogo Oliveira não acertou mais o pé.
Em meio às lamentações de praxe, Márcio Fernandes surgiu com uma avaliação equivocada quanto ao resultado do jogo. Achou que o PSC merecia vencer e viu até pênalti que não aconteceu.
O técnico diz acreditar que a salvação ainda é possível, o que colide com a dura realidade da competição. Por fim, prometeu que o Papão vai lutar com dignidade até o fim, na disputa dos 30 pontos que restam, o que é praticamente jogar a toalha. (Foto 1: Mauro Ângelo/Diário; foto 2: Jorge Luís Totti/Ascom PSC)
Leão tem desafio de superação no Rio
Contra o Volta Redonda, hoje à noite (21h30), no Rio de Janeiro, o Remo terá que se superar em relação às baixas importantes e à ausência de técnico à beira do gramado. O artilheiro Pedro Rocha e o lateral Sávio são os principais desfalques do time.
Fora de casa, sob o comando de Antônio Oliveira, o Remo venceu três jogos e empatou quatro. Por coincidência, a última derrota foi contra o Atlético-PR, quando o time foi dirigido interinamente pelo auxiliar Flávio Garcia, que estará novamente no comando hoje.
Guto Ferreira, cuja contratação foi anunciada na segunda-feira à noite, já acompanha a delegação e certamente vai orientar o time, mas conhece muito pouco do elenco azulino. Sua presença será importante a partir da rodada 29, contra o CRB, em Belém.
Para continuar sonhando com o acesso, o Remo precisa voltar a vencer. Diante do Voltaço, adversário que está ameaçado de rebaixamento, há uma boa possibilidade, desde que o Leão jogue de forma organizada e objetiva no aproveitamento dos contra-ataques.
Nico Ferreira ou Janderson. Sai daí o substituto de Pedro Rocha para a partida desta noite. Na lateral esquerda, a mudança é mais simples: entra Alan Rodríguez. O meio-campo deve continuar com Caio Vinícius e Jaderson. Panagiotis, que estreou bem, pode entrar.
Eleição na FPF terá aclamação inédita
No fechamento do prazo de inscrição de chapas para eleições da entidade, nesta segunda-feira (22), apenas a candidatura de Ricardo Gluck Paul foi oficializada para a eleição na FPF. Portanto, ele será aclamado presidente para mais um mandato, a partir de 26 de julho de 2026.
O colégio eleitoral de 137 membros validou a candidatura única, com apoio integral, algo inédito na entidade. O artigo 13 do estatuto prevê a aclamação em casos assim. Para Ricardo, a adesão total reflete a consolidação de uma gestão marcada pela pacificação e pelo equilíbrio administrativo.
A nova diretoria tem, entre os vices, Hélio Paes Júnior (Helinho), primeiro ex-atleta profissional a ocupar o posto, além de representantes de ligas, como Ricardo Oliveira, e de clubes, como Sandcley Monteiro – que representará o futebol do oeste do Pará. Outro vice será o advogado Emerson Dias.
Outra presença importante na vice-presidência é de Danielle Pina de Almeida, diretora do Centro da Juventude (Ceju). É a primeira vez que uma mulher alcança representatividade na cúpula da FPF.
(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 24)

Restam 10 rodadas para o PSC na Série B e, para escapar à queda, o time precisaria vencer oito partidas. Um quadro quase irreversível em relação à permanência na competição. A derrota para o Novorizontino por 1 a 0 nesta terça-feira (23), na Curuzu, praticamente carimbou o passaporte para a Série C. O desempenho da equipe foi tecnicamente ruim, com poucas chances de gol criadas e falhas terríveis na defesa – uma delas originou o único gol da noite, já no apagar das luzes.
Logo no minuto inicial, o PSC perdeu boa chance com Leandro Vilela. Depois disso, o Novorizontino assumiu o controle e perdeu boas oportunidades em erros dos zagueiros do Papão. Mateus Frizzo arriscou, mas Matheus Nogueira defendeu. Aos 11 minutos, a chance mais clara: Nathan Fogaça recebeu livre e sem goleiro, mas o chute foi salvo por Thiago Heleno em cima da linha.
Além das trapalhadas defensivas, o PSC tinha dificuldades para conectar meio e ataque. Enquanto isso, Oyama, Rômulo e Bruno José também fizeram arremates perigosos, mas sem acertar o alvo. Pelo lado bicolor, Diogo Oliveira e Garcez também pressionavam, mas a zaga do Novorizontino levou a melhor.
No 2º tempo, o técnico Enderson Moreira fez mexidas que tornaram o Novorizontino errático e sem a mesma organização inicial. O Paysandu iniciou melhor e Denner teve oportunidade, mas bateu para fora. Aos 30 minutos, Garcez recebeu livre, passou pela zaga e bateu rasteiro. O gol fez a torcida vibrar na Curuzu, mas o VAR acusou o impedimento do camisa 10. O jogo seguiu equilibrado, até que, aos 43 minutos, em cobrança de escanteio, o zagueiro Rafael Donato desviou de cabeça para o fundo do barbante, sem chances para Matheus Nogueira.

Foi a 11ª partida do PSC sem vitória. O time é o lanterna com 22 pontos, cinco pontos atrás do penúltimo colocado (Volta Redonda) e oito do América-MG, primeiro fora do Z4, sendo que ambos ainda irão jogar nesta rodada. O Novorizontino é o 4º colocado com 46 pontos. A próxima partida do PSC será domingo, 28, contra o Criciúma, às 16h, no estádio Heriberto Hülse.
(Fotos: Ascom/Novorizontino)

Por Edward Magro – no DCM
A maioria dos pronunciamentos diplomáticos costuma ser entediante: acumulam fórmulas gastas, agradam aos ouvintes, mas raramente iluminam. São discursos sem graça e desnecessários. Poucos contêm alguma verdade; menos ainda revelam sinceridade. Há, no entanto, aqueles que, assim que ditos, escapam ao instante e se instalam na história.
Transbordam do espaço restrito em que foram proferidos, ultrapassam a rigidez e a formalidade da diplomacia e se insinuam como murmúrios subterrâneos que desvelam verdades sufocadas.
Palavras há muito afogadas pelo poder encontram passagem nos interstícios do discurso e se apresentam à humanidade, lembrando-nos de que o convívio internacional deve ser regido pelo respeito e que a política pode, com delicadeza e verdade, preservar os laços afetivos que nos unem a todos.
O discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, proferido há poucas horas na sede da ONU em Nova York, durante a Conferência Internacional de Alto Nível para a Solução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, pertence a essa categoria rara.
Não foi simples registro protocolar entre tantos, mas gesto de humanidade que devolve à cena internacional a possibilidade da justiça, num tempo em que convenções e fórmulas esgotadas parecem obscurecer a sensibilidade.
A fala de Lula iniciou-se com uma lembrança necessária, que atribui ao Brasil uma responsabilidade histórica no tema dos dois estados na Palestina: o papel do diplomata brasileiro Osvaldo Aranha na sessão de 1947 que aprovou o plano de partilha.
Ao trazer esse episódio à memória, o presidente não se deteve em orgulho nacional, mas expôs a distância entre o projeto de dois estados e a permanência de apenas um, sustentado por privilégios militares e políticos, enquanto o outro permanece privado de sua própria existência. Essa evocação não foi ornamento: foi denúncia de uma ferida antiga, ainda aberta, incapaz de cicatrizar.
Em seguida, o presidente abordou um ponto decisivo para a sobrevivência da ONU: o poder de veto. Não o apresentou como mero mecanismo burocrático, mas como uma arma funcional de paralisia ética, capaz de corroer o multilateralismo em sua essência.
Criada para impedir a repetição dos horrores da Segunda Guerra Mundial, a organização tornou-se refém de um artifício que permite à violência perpetuar-se sob a aparência de legitimidade. Lula recordou, com firmeza serena, que esse veto não bloqueia apenas resoluções: compromete a própria razão de ser da instituição.
Lula lembrou que é o poder de veto — embora não tenha citado, referia-se possivelmente aos Estados Unidos, à França e ao Reino Unido — que, até hoje, inviabilizou todas as tentativas de solução para a criação do Estado Palestino.
Nesse ponto, de gravidade extrema, Lula retomou a definição clássica de Estado — território, população, governo — e a transladou para a realidade palestina. Cada um desses pilares tem sido minuciosamente erodido. O território se reduz sob o avanço de assentamentos ilegais; a população é expulsa, deslocada ou exterminada em processos que ele nomeou, sem hesitação, como limpeza étnica; o governo é fragilizado, privado de autoridade efetiva.
Nesse momento, o discurso ultrapassou o plano estritamente político e se converteu em testemunho, quase ato de registro histórico, ao adotar a palavra que muitos evitam: genocídio.
A coerência do gesto se evidenciou quando anunciou que o Brasil passaria a integrar o processo iniciado pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça. Não foi adesão ideológica, mas fidelidade a princípios jurídicos e morais.
A condenação ao terrorismo do Hamas esteve presente, clara e firme, mas Lula soube distinguir entre o repúdio a tais atos e a recusa em aceitar a justificativa de massacres sistemáticos contra a população civil. Nenhum argumento pode sustentar o assassinato de milhares de crianças, a destruição de quase todos os lares palestinos, o uso da fome como instrumento de guerra.
Entre as passagens mais comoventes, uma frase iluminou-se pela singeleza e pela força da imagem da fragilidade humana: “A fome não aflige apenas o corpo, ela estilhaça a alma.” Nela, a fome deixa de ser estatística, número ou abstração; torna-se ferida íntima, ruptura espiritual. É nesse instante que a fala transcende a denúncia e alcança a compaixão, devolvendo ao debate internacional uma proximidade que os discursos habituais há muito perderam.
O desfecho voltou-se para o horizonte da coexistência. Israel e Palestina, lembrou o presidente, têm ambos o direito de existir. Sem um Estado palestino, não haverá paz, mas apenas a repetição de uma violência desigual que enfraquece a credibilidade da comunidade internacional.
Essa lembrança adquire peso particular no presente contexto: nos últimos dias, Canadá, Reino Unido, Austrália, Portugal, França, Bélgica, Luxemburgo, San Marino e Malta reconheceram formalmente o Estado da Palestina, somando-se a uma maioria já expressiva de países-membros da ONU. Cada nova adesão reforça o gesto de 2010, quando o Brasil se antecipou e acolheu oficialmente a soberania palestina.
Cada uma dessas adesões recentes carrega a marca da incisiva fala de Lula, proferida em 8 de fevereiro de 2024, durante entrevista coletiva após a Cúpula da União Africana, em Adis Abeba, Etiópia: “O que está acontecendo na Faixa de Gaza não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando Hitler resolveu matar os judeus.”
Foi ali que o mundo recebeu o choque de realidade que desnuda a limpeza étnica em curso na Palestina e, em particular, o genocídio palestino em Gaza.
Ao propor a criação de um órgão inspirado no comitê que acompanhou o fim do apartheid sul-africano, Lula converteu experiência histórica em projeto de futuro. Foi como afirmar que, se um regime de opressão pôde ser derrubado pela persistência da solidariedade internacional, também a Palestina poderá ver nascer seu Estado por meio de vigilância contínua e compromisso partilhado.
Na conclusão, o presidente brasileiro ofereceu mais que um discurso: deixou uma convocação serena. Sua fala recorda que o multilateralismo só terá sentido se ousar enfrentar os crimes mais evidentes do nosso tempo. Do contrário, permanecerá condenado a ser uma assembleia estéril, incapaz de proteger aqueles para os quais foi criada.
O que fica, após a escuta ou leitura desse pronunciamento, é a convicção de que ainda é possível falar de política com clareza, ternura e rigor. Não houve ali exaltação vazia, nem retórica inflada: houve uma voz que, mesmo cercada de formalidades diplomáticas, ousou restituir à cena internacional um pouco da humanidade que tantas vezes lhe falta.
Tanto Israel, quanto a Palestina têm o direito de existir. Trabalhar para efetivar o Estado palestino é corrigir uma assimetria que compromete o diálogo e obstrui a paz.
— Lula (@LulaOficial)
Antes do lançamento do álbum Tattoo You, de 1981, os Rolling Stones se retiraram para ensaiar num estúdio de gravação montado na zona rural de Massachusetts, em pleno outono da Nova Inglaterra. Para manter a banda aquecida, foi programada uma apresentação surpresa em uma espelunca chamada Sir Morgan’s Cove, na cidade vizinha de Worcester, local bem parecido com os pubs vagabundos que Mick Jagger e Keith Richards frequentavam em Londres antes da fama.
Foram distribuídos 300 ingressos para um show da banda Blue Sunday And The Cockroaches (nome inventado para despistar os fãs). As entradas foram disponibilizadas para os ouvintes de uma rádio local com exigência de sigilo absoluto, mas uma emissora rival descobriu a jogada e de sacanagem vazou a informação de que os Stones apareceriam.

Na noite da apresentação, quatro mil pessoas sitiaram o Sir Morgan’s Cove, que foi forçado a abrir todas as portas para evitar uma tragédia. No dia seguinte, outras cidades de Massachusetts publicaram às pressas portarias proibindo shows de rock a fim de evitar surpresas.
Desse modo, a turnê de Tattoo You começou do jeito que a banda mais apreciava, com manchetes que colocavam os Stones junto com termos como “tumulto”, “baderna” e “proibição”. Nada mais rock’n’roll. O importante é que o público adorou e a excursão bateu todos os recordes de bilheteria em apenas quatro meses.
“Little T & A” é um dos pontos altos de um disco extremamente elogiado na discografia da banda. A canção virou um hino roqueiro e é interpretada por Keith Richards na gravação de estúdio e também nas apresentações ao vivo. Com um riff grudento criado por Keith durante as sessões do álbum Emotional Rescue, a canção foi reincorporada e virou destaque em Tattoo You com um estilo que mistura rock ‘n’ roll básico com influências rockabilly.

Guto Ferreira, considerado o “rei do acesso”, é o novo técnico do Remo. A contratação foi confirmada na noite desta segunda-feira (22) pela Diretoria do clube em comunicado nas redes sociais. Guto, de 60 anos, assume o cargo no lugar de Antônio Oliveira, dispensado depois da derrota frente ao Atlético-GO, no último sábado, pela 27ª rodada da Série B. As negociações começaram no domingo (21) e só foram concluídas na noite de segunda, 22. O contrato é válido até o final desta temporada.
O último trabalho de Guto Ferreira foi no Cuiabá, onde contabilizou 26 partidas (13 vitórias, quatro empates e nove derrotas), sendo 21 pela Série B 2025. Foi vice-campeão mato-grossense. Ele irá se encontrar com a delegação do Remo no Rio de Janeiro, local do próximo jogo, diante do Volta Redonda, na quarta-feira (24).
Experiente na competição, Guto conquistou quatro acessos por clubes diferentes: Ponte Preta (2014), Bahia (2016), Internacional (2017) e Sport (2019). Dirigiu vários outros clubes, com destaque para Chapecoense, Ceará, Coritiba e Goiás. O Remo fechou também a contratação da comissão técnica do treinador: os auxiliares Juliano, Welligton e André, e o preparador físico Cléber.
Restam 11 rodadas e o Remo precisa de 24 pontos para conseguir o acesso à Série A. O Leão é o 8º colocado, com 39 pontos. Na partida contra o Volta Redonda, nesta quarta-feira, Guto ainda não assumirá a função. O time será dirigido pelo auxiliar técnico Flávio Garcia.

POR GERSON NOGUEIRA
A conta é simples: para garantir permanência na Série B, o Remo terá que somar 44 pontos. Faltam 05 para alcançar esse limite, que é o mínimo necessário para escapar do rebaixamento. Boa parte da torcida ainda sonha com o acesso, mas a prioridade passa a ser a conquista dos pontos necessários para se garantir na competição.
Não adianta, a essa altura, insistir no mantra de que o Remo está na briga pelo acesso. Não que seja impossível chegar lá, mas a vida é feita de prioridades e, no momento, a prioridade máxima é permanecer na Série B. Quando garantir os 44 pontos, aí o sonho do acesso pode ser retomado.
Além da dificuldade para ingressar no G4, o Remo tem agora que se preocupar com a aproximação de outras equipes. É o caso do próprio Atlético-GO, para quem perdeu sábado no Baenão.
Os rubro-negros goianos têm agora 38 pontos, seguidos por CRB e Avaí (37), Vila Nova e Operário (36). Abaixo deles, estão os times ameaçados de rebaixamento, incluindo Athletic e Ferroviária (32) e América (30).
Os muitos tropeços do Remo como mandante frearam a boa campanha inicial, facilitando a chegada e até a ultrapassagem de outros times. O Atlético-PR, que patinava no bloco intermediário, conseguiu uma sequência de cinco vitórias e já está à frente, ocupando a 5ª colocação.
A principal causa da perda de fôlego foi a saída do técnico Daniel Paulista, que aceitou proposta do Sport-PE; a segunda foi a escolha de Antônio Oliveira para substituí-lo, contra todas as previsões e alertas. Coincidência ou não, desde sua chegada, o Remo não conseguiu mais entrar no G4.
Nada garante que a demissão de Oliveira seja garantia de uma arrancada vitoriosa. Vários obstáculos surgem pelo caminho. A competição está afunilada, dividida entre a briga feroz pelo acesso e a luta desesperada contra a queda. Além disso, o novo técnico (Guto Ferreira, confirmado ontem à noite) precisará de um tempo para se adaptar e conhecer o elenco.
Somente um fato extraordinário, como uma sequência de três ou quatro vitórias, que o time nunca conseguiu na competição, podem alavancar uma arrancada rumo ao acesso. Tudo vai depender do rendimento do time já na partida de amanhã diante do Volta Redonda.
E as notícias são preocupantes. Além de jogar na casa do adversário, o Remo será comandado por um interino e tem seis baixas (Pedro Rocha, Pavani, Sávio, Régis, Marcelinho e Cantillo). O ataque, setor mais prejudicado pelos desfalques, deverá ter Janderson, João Pedro e Marrony. (Foto: Samara Miranda/Ascom CR)
Papão: no pior momento, uma crise a ser sanada
Na lanterna da Série B, com 22 pontos, o PSC ainda enfrenta um princípio de crise. Logo depois da derrota para o Goiás, no sábado, o goleiro Matheus Nogueira teve a coragem de expor a existência de problemas extracampo no PSC. Não detalhou, e nem precisava. É claro que se referia a problemas de ordem financeira e de relacionamento interno.
Cabe dissociar o descontentamento dos atletas da questão de campo. O próprio Matheus Nogueira observou que os problemas não têm qualquer influência sobre o rendimento e a entrega dos jogadores na luta para conseguir sair do Z4 da competição.
A diretoria admitiu ontem um atraso de 20 dias na parte referente ao direito de imagem dos atletas. Observou também que não ocorreram atrasos nos meses anteriores e que o problema será sanado ainda nesta semana.
Os outros problemas que “chateiam”, segundo as palavras Matheus, talvez só venham a ser conhecidos e confirmados quando o campeonato terminar. Há, porém, indícios de que a arrogância e o estrelismo de alguns estariam no epicentro do descontentamento. A conferir.
Fogão representa o continente no Top 5 mundial
O Botafogo disputou, ao lado de quatro gigantes do futebol mundial, o Prêmio de Clube do Ano 2025, organizado pela revista France Football e entregue ontem (22), em cerimônia realizada em Paris. O PSG foi o grande vencedor, pelos títulos europeu, francês e da Copa da França e como vice-campeão do Mundial de Clubes.
Ousmane Dembelé ficou com o troféu Bola de Ouro de melhor jogador, Luís Henrique ganhou o Troféu Johan Cruyff como melhor treinador e Donnarumma foi eleito o melhor goleiro, levando o Troféu Yashin. Vários jogadores brasileiros concorreram, mas não ficaram nem entre os primeiros colocados. Lamine Yamal ficou com o Troféu Kopa, de melhor sub-21.
O fato relevante é que o Botafogo foi o primeiro clube sul-americano a ser indicado para o prêmio, que começou a ser distribuído em 2021. A presença do Glorioso no Top 5 mundial deveu-se à conquista do título brasileiro e da Libertadores da América de 2024, tendo boa participação no Mundial de Clubes e derrotando o até então invicto PSG por 1 a 0.
(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 23)

POR GERSON NOGUEIRA
Os números já não permitem projeções otimistas. Em 11 jogos, o Remo precisa de 24 pontos, no mínimo, para conquistar o acesso. Não é impossível, mas é improvável, levando em conta o futebol inconstante que o time pratica neste segundo turno. A derrota frente ao Atlético-GO, sábado à noite, fez muitos azulinos enrolarem a bandeira.
A demissão, tardia, do técnico Antônio Oliveira é um alento, mas não garante necessariamente uma recuperação capaz de levar à soma de pontos necessária. O campeonato afunilou de vez, todo jogo é uma decisão, pois quem está embaixo luta para não cair e do 10º lugar pra cima todos ainda alimentam esperanças de subir.
O pífio desempenho contra o Atlético retratou bem a fraca trajetória em casa sob o comando de Oliveira. Foram quatro derrotas em casa (PSC, Ferroviária, Criciúma e Atlético-GO) e uma terrível incapacidade de se impor como mandante.
As constantes mudanças na escalação evidenciaram mais indecisão do que experimentação, sempre com resultados aquém do esperado. Oliveira, mesmo na face mais positiva de sua passagem de três meses pelo Remo, não conseguiu passar confiança para o torcedor. Sai invicto (sete jogos) como visitante, mas sempre com atuações tecnicamente fracas.
A torcida, como sempre, costuma ter um faro para o potencial de técnicos e jogadores. Quando cisma com alguém, as coisas dificilmente se encaixam. Oliveira foi um caso clássico de rejeição à primeira vista. Com passagens ruins pelo Corinthians e Sport-PE, sua contratação sempre foi vista como temerária – e cara.
O torcedor, no fim das contas, estava certo.
(Foto: Samara Miranda/Ascom CR)
Sem inspiração, Leão fracassa diante do Fenômeno
Não foi a primeira vez. Antes, o Fenômeno Azul já havia testemunhado derrotas inesperadas, mas no Mangueirão. Na volta ao Baenão, em meio a uma imensa festa – apelidada de Inferno Azul – a expectativa era de um resultado vitorioso. Ao contrário da esperada noite de alegria, a torcida saiu do estádio decepcionada com o time.
O gol de Guilherme Romão aos 13 minutos não parecia definidor do resultado, mas o Remo atuou tão mal, sem qualquer força de reação, que o placar mínimo persistiu até o final. As três chances surgidas foram desperdiçadas, numa repetição cruel dos erros de finalização que marcam a trajetória da equipe nesta Série B.
A esperança do torcedor é imensa, mas é inegável que o caminho para o acesso ficou mais estreito. Sob novo comando, o Remo terá que somar 23 dos 33 pontos que restam em disputa. Missão quase impossível.
Para não cair, Papão precisa de reação milagrosa
O 1º tempo diante do Goiás, sábado, foi uma das melhores atuações do PSC desde a goleada sobre o Coritiba. Márcio Fernandes usou o sistema 3-4-3, posicionando os alas Edilson e Bryan sempre próximos à área adversária quando o time tinha a posse de bola. Deu certo. Ficou faltando apenas o gol.
As chances apareceram. Logo no começo, Garcez acertou um tiro na trave esquerda de Tadeu. Depois, desviou com perigo no canto. Os contra-ataques deixaram a defensiva do Goiás em apuros e a marcação alta complicou a transição adversária. Só a atuação de Rossi não empolgava. Burocrático, parece ainda fora da forma ideal.
Na etapa final, o PSC cansou. É um dos maiores problemas da campanha, desde a era Luizinho Lopes, quando o PSC disputava quatro competições simultaneamente. Com Márcio Fernandes, o problema permanece e causa danos, afinal condicionamento físico faz toda a diferença.
Apesar do cansaço, o PSC ainda teve uma boa chance em arremate da entrada da área, mas as trocas não funcionaram. Edinho entrou desconectado das ações de ataque, Marlon e Ramon Vinícius não acrescentaram nada ao funcionamento do meio-campo. Matheus Nogueira, destaque do Papão no jogo, se virava para impedir o gol do Goiás.
As mudanças de Vagner Mancini no desfalcado Goiás (oito baixas) deram mais certo. Wellington, Esli García e Jean Carlos tornaram o ataque esmeraldino mais ágil e perigoso. Em jogada brilhante de Juninho, aos 41 minutos, a bola ficou com Jean Carlos dentro da área. O chute saiu rasteiro, no canto, sem chances para Matheus Nogueira.
Um castigo. O empate seria mais justo pelo equilíbrio do 1º tempo. Após a partida, Matheus Nogueira, o melhor em campo, citou problemas extracampo e situações “que chateiam”. Fica claro que, além dos problemas técnicos, há insatisfação interna, o que torna tudo mais difícil.
(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 22)
A mobilização digital, que envolveu artistas, entidades da sociedade civil e usuários comuns, pressionou parlamentares e expôs divisões internas tanto na esquerda quanto na direita.

A aprovação da PEC da Blindagem pela Câmara, na última terça-feira, gerou forte reação nas redes sociais e levou deputados de diferentes partidos a recuarem e até pedirem desculpas pelo voto favorável. A mobilização digital, que envolveu artistas, entidades da sociedade civil e usuários comuns, pressionou parlamentares e expôs divisões internas tanto na esquerda quanto na direita.
A deputada Silvye Alves (União-GO) anunciou que deixará o partido após admitir que mudou seu voto sob pressão. Ela contou que inicialmente foi contra a PEC, mas recebeu ligações de “pessoas influentes” ameaçando retaliações. “Eu fui covarde, cedi à pressão”, disse em vídeo nas redes sociais, pedindo desculpas aos eleitores.
Merlong Solano (PT-PI) também justificou o apoio, afirmando que tentou viabilizar pautas como a isenção do Imposto de Renda e a taxação dos super-ricos. Porém, reconheceu que a estratégia fracassou e assinou, junto com Pedro Campos (PSB-PE), mandado de segurança no STF para anular a votação.
Pedro Campos admitiu erro de cálculo político. Disse que o campo progressista tentou negociar mudanças para barrar a anistia e suavizar pontos polêmicos, mas acabou derrotado tanto na PEC quanto na votação da anistia.
Outro a recuar foi Thiago de Joaldo (PP-SE), que afirmou ter refletido após críticas de especialistas e eleitores. “Reconheço que falhei, peço desculpas e trabalharei para corrigir”, declarou.
Levantamento da consultoria Bites mostra que a PEC gerou 1,6 milhão de menções desde terça-feira, com a esquerda dominando o debate on-line. Apesar disso, a repercussão ficou restrita ao campo político, sem atingir de forma ampla quem não acompanha o tema. A mobilização, porém, ajudou a consolidar oposição ao projeto no Senado, inclusive entre parlamentares de direita, segundo André Eler, diretor-adjunto da Bites.
Artistas como Anitta e Caetano Veloso também aderiram à campanha contra a PEC. Caetano chegou a chamar a proposta de “PEC da Bandidagem” e defendeu manifestações populares.
Dados da consultoria Arquimedes apontam que 89% dos perfis engajados no debate eram ligados ao campo progressista. Outros 4% eram de direita não bolsonarista, como simpatizantes do MBL, críticos ao texto. Já perfis bolsonaristas, que representaram 7%, buscaram justificar o acordo para aprovar a anistia.

A pressão da torcida chegou ao ponto máximo após a derrota para o Atlético-GO, no sábado à noite, e a diretoria do Remo não teve outra saída a não ser demitir o técnico Antônio Oliveira, que dirigiu o time por 15 rodadas na Série B, com 40% de aproveitamento. A saída dele era especulada desde a derrota para o Criciúma e se intensificou com o revés frente aos goianos, resultado que diminuiu as chances de acesso da equipe.
Em reunião na manhã deste domingo (21), por determinação da diretoria, o executivo de futebol Marcos Braz acertou a saída de Oliveira. Nas redes sociais, a repercussão do afastamento veio acompanhada de críticas à diretoria por ter demorado a tomar a decisão. Os maus resultados em casa prejudicaram a campanha azulina desde a chegada do técnico português. Invicto fora de casa há sete jogos, Oliveira usava o fato como argumento para defender seu trabalho.
Depois do vexame de sábado, Oliveira elogiou os jogadores e pediu paciência ao torcedor. “Eles são um grupo fantástico, não é fácil gerir um grupo de 40 jogadores, mas nesse aspecto a torcida do Remo pode ficar descansada, pois tem um grupo exemplar. Pena que os jogos em casa estão sendo o nosso calcanhar de Aquiles. Mas ainda temos 11 jogos, temos tempo, estamos fazendo um campeonato fantástico e ainda temos 33 pontos para disputar”, avaliou.
Na nota em que anunciou a saída de Antônio Oliveira, a diretoria informa que se dedica agora a buscar um novo comandante. Maurício Barbieri, especulado quando Daniel Paulista saiu, volta a ser cogitado, assim como Umberto Louzer e Guto Ferreira.
O que começou em clima de festa terminou em frustração, na noite deste sábado (20), no estádio Baenão. O Remo perdeu para o Atlético-GO, por 1 a 0, em jogo válido pela 27ª rodada do Brasileiro, deixando escapar a chance de se aproximar do G4. O resultado irritou a torcida que lotava o estádio e gerou muitas vaias e críticas ao técnico Antônio Oliveira e aos jogadores.
A partida começou em alta intensidade, mas o time goiano levou mais perigo nas finalizações. Logo aos 13 minutos, o Atlético chegou ao gol. Em contra-ataque certeiro, Guilherme Romão mandou para as redes, aproveitando o rebote de um chute de Lelê na trave.

O gol abalou o time azulino, que perdeu o meia Régis aos 26 minutos, por lesão. O empate quase aconteceu aos 31 minutos, em chute forte de Sávio. Logo depois, Marrony teve grande chance após boa troca de passes no ataque, mas finalizou mal.
Na segunda etapa, o Remo veio mais organizado e buscando o gol. Pedro Rocha ameaçou em jogada individual, mas o goleiro Paulo Vítor defendeu. O Atlético ameaçava em contragolpes, sempre puxados por Lelê. Em dois momentos, o VAR entrou em cena para analisar a possibilidade de pênaltis, mas as infrações não se confirmaram.
Entre as mudanças processadas pelo técnico Antônio Oliveira, chamou atenção a estreia do grego Panagiotis, mas o Remo não conseguia transformar em gols o amplo domínio. Erros de passe e falta de inspiração nas jogadas irritavam ainda mais a torcida que lotou o estádio (14 mil espectadores). Alan Rodríguez substituiu Sávio e Marcelinho entrou no lugar de Nathan Santos.
Já no desespero, o Remo impôs pressão, mas a zaga atleticana conseguiu se safar. O time remista saiu vaiado de campo, bem como a comissão técnica. O resultado mantém temporariamente o Remo em 7º lugar, com 39 pontos, mais distante do G4 e dos planos de acesso. A próxima apresentação do Remo será na quarta-feira, 24, diante do Volta Redonda, no Rio de Janeiro.
Muito contestado pelos maus resultados em jogos como mandante, o técnico Antônio Oliveira pediu calma ao torcedor, argumentando que nada está perdido. Admitiu a apatia inicial da equipe, que só reagiu após tomar o gol, mas lamentou a perda de boas chances, com Marrony e Sávio. “Infelizmente não conseguimos marcar. O adversário baixou as linhas, explorou transições e foi eficaz”, disse o treinador.
Ele afirmou que não falta empenho ao time e pediu equilíbrio na análise do atual momento. “Entendo a emoção da derrota, mas sei que tenho um elenco comprometido, que luta e acredita. Vamos continuar unidos para buscar os pontos necessários e manter o Remo vivo na disputa pelo acesso”, observou Oliveira, que segue com a cabeça a prêmio.
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