Nova derrota em casa deixa Papão à beira do rebaixamento

Restam 10 rodadas para o PSC na Série B e, para escapar à queda, o time precisaria vencer oito partidas. Um quadro quase irreversível em relação à permanência na competição. A derrota para o Novorizontino por 1 a 0 nesta terça-feira (23), na Curuzu, praticamente carimbou o passaporte para a Série C. O desempenho da equipe foi tecnicamente ruim, com poucas chances de gol criadas e falhas terríveis na defesa – uma delas originou o único gol da noite, já no apagar das luzes.

Logo no minuto inicial, o PSC perdeu boa chance com Leandro Vilela. Depois disso, o Novorizontino assumiu o controle e perdeu boas oportunidades em erros dos zagueiros do Papão. Mateus Frizzo arriscou, mas Matheus Nogueira defendeu. Aos 11 minutos, a chance mais clara: Nathan Fogaça recebeu livre e sem goleiro, mas o chute foi salvo por Thiago Heleno em cima da linha.

Além das trapalhadas defensivas, o PSC tinha dificuldades para conectar meio e ataque. Enquanto isso, Oyama, Rômulo e Bruno José também fizeram arremates perigosos, mas sem acertar o alvo. Pelo lado bicolor, Diogo Oliveira e Garcez também pressionavam, mas a zaga do Novorizontino levou a melhor.

No 2º tempo, o técnico Enderson Moreira fez mexidas que tornaram o Novorizontino errático e sem a mesma organização inicial. O Paysandu iniciou melhor e Denner teve oportunidade, mas bateu para fora. Aos 30 minutos, Garcez recebeu livre, passou pela zaga e bateu rasteiro. O gol fez a torcida vibrar na Curuzu, mas o VAR acusou o impedimento do camisa 10. O jogo seguiu equilibrado, até que, aos 43 minutos, em cobrança de escanteio, o zagueiro Rafael Donato desviou de cabeça para o fundo do barbante, sem chances para Matheus Nogueira.

Foi a 11ª partida do PSC sem vitória. O time é o lanterna com 22 pontos, cinco pontos atrás do penúltimo colocado (Volta Redonda) e oito do América-MG, primeiro fora do Z4, sendo que ambos ainda irão jogar nesta rodada. O Novorizontino é o 4º colocado com 46 pontos. A próxima partida do PSC será domingo, 28, contra o Criciúma, às 16h, no estádio Heriberto Hülse.

(Fotos: Ascom/Novorizontino)

Na ONU, Lula restitui a verdade histórica e desafia diplomacia falida sobre a Palestina

Por Edward Magrono DCM

A maioria dos pronunciamentos diplomáticos costuma ser entediante: acumulam fórmulas gastas, agradam aos ouvintes, mas raramente iluminam. São discursos sem graça e desnecessários. Poucos contêm alguma verdade; menos ainda revelam sinceridade. Há, no entanto, aqueles que, assim que ditos, escapam ao instante e se instalam na história.

Transbordam do espaço restrito em que foram proferidos, ultrapassam a rigidez e a formalidade da diplomacia e se insinuam como murmúrios subterrâneos que desvelam verdades sufocadas.

Palavras há muito afogadas pelo poder encontram passagem nos interstícios do discurso e se apresentam à humanidade, lembrando-nos de que o convívio internacional deve ser regido pelo respeito e que a política pode, com delicadeza e verdade, preservar os laços afetivos que nos unem a todos.

O discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, proferido há poucas horas na sede da ONU em Nova York, durante a Conferência Internacional de Alto Nível para a Solução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, pertence a essa categoria rara.

Não foi simples registro protocolar entre tantos, mas gesto de humanidade que devolve à cena internacional a possibilidade da justiça, num tempo em que convenções e fórmulas esgotadas parecem obscurecer a sensibilidade.

A fala de Lula iniciou-se com uma lembrança necessária, que atribui ao Brasil uma responsabilidade histórica no tema dos dois estados na Palestina: o papel do diplomata brasileiro Osvaldo Aranha na sessão de 1947 que aprovou o plano de partilha.

Ao trazer esse episódio à memória, o presidente não se deteve em orgulho nacional, mas expôs a distância entre o projeto de dois estados e a permanência de apenas um, sustentado por privilégios militares e políticos, enquanto o outro permanece privado de sua própria existência. Essa evocação não foi ornamento: foi denúncia de uma ferida antiga, ainda aberta, incapaz de cicatrizar.

Em seguida, o presidente abordou um ponto decisivo para a sobrevivência da ONU: o poder de veto. Não o apresentou como mero mecanismo burocrático, mas como uma arma funcional de paralisia ética, capaz de corroer o multilateralismo em sua essência.

Criada para impedir a repetição dos horrores da Segunda Guerra Mundial, a organização tornou-se refém de um artifício que permite à violência perpetuar-se sob a aparência de legitimidade. Lula recordou, com firmeza serena, que esse veto não bloqueia apenas resoluções: compromete a própria razão de ser da instituição.

Lula lembrou que é o poder de veto — embora não tenha citado, referia-se possivelmente aos Estados Unidos, à França e ao Reino Unido — que, até hoje, inviabilizou todas as tentativas de solução para a criação do Estado Palestino.

Nesse ponto, de gravidade extrema, Lula retomou a definição clássica de Estado — território, população, governo — e a transladou para a realidade palestina. Cada um desses pilares tem sido minuciosamente erodido. O território se reduz sob o avanço de assentamentos ilegais; a população é expulsa, deslocada ou exterminada em processos que ele nomeou, sem hesitação, como limpeza étnica; o governo é fragilizado, privado de autoridade efetiva.

Nesse momento, o discurso ultrapassou o plano estritamente político e se converteu em testemunho, quase ato de registro histórico, ao adotar a palavra que muitos evitam: genocídio.

A coerência do gesto se evidenciou quando anunciou que o Brasil passaria a integrar o processo iniciado pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça. Não foi adesão ideológica, mas fidelidade a princípios jurídicos e morais.

A condenação ao terrorismo do Hamas esteve presente, clara e firme, mas Lula soube distinguir entre o repúdio a tais atos e a recusa em aceitar a justificativa de massacres sistemáticos contra a população civil. Nenhum argumento pode sustentar o assassinato de milhares de crianças, a destruição de quase todos os lares palestinos, o uso da fome como instrumento de guerra.

Entre as passagens mais comoventes, uma frase iluminou-se pela singeleza e pela força da imagem da fragilidade humana: “A fome não aflige apenas o corpo, ela estilhaça a alma.” Nela, a fome deixa de ser estatística, número ou abstração; torna-se ferida íntima, ruptura espiritual. É nesse instante que a fala transcende a denúncia e alcança a compaixão, devolvendo ao debate internacional uma proximidade que os discursos habituais há muito perderam.

O desfecho voltou-se para o horizonte da coexistência. Israel e Palestina, lembrou o presidente, têm ambos o direito de existir. Sem um Estado palestino, não haverá paz, mas apenas a repetição de uma violência desigual que enfraquece a credibilidade da comunidade internacional.

Essa lembrança adquire peso particular no presente contexto: nos últimos dias, Canadá, Reino Unido, Austrália, Portugal, França, Bélgica, Luxemburgo, San Marino e Malta reconheceram formalmente o Estado da Palestina, somando-se a uma maioria já expressiva de países-membros da ONU. Cada nova adesão reforça o gesto de 2010, quando o Brasil se antecipou e acolheu oficialmente a soberania palestina.

Cada uma dessas adesões recentes carrega a marca da incisiva fala de Lula, proferida em 8 de fevereiro de 2024, durante entrevista coletiva após a Cúpula da União Africana, em Adis Abeba, Etiópia: “O que está acontecendo na Faixa de Gaza não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando Hitler resolveu matar os judeus.”

Foi ali que o mundo recebeu o choque de realidade que desnuda a limpeza étnica em curso na Palestina e, em particular, o genocídio palestino em Gaza.

Ao propor a criação de um órgão inspirado no comitê que acompanhou o fim do apartheid sul-africano, Lula converteu experiência histórica em projeto de futuro. Foi como afirmar que, se um regime de opressão pôde ser derrubado pela persistência da solidariedade internacional, também a Palestina poderá ver nascer seu Estado por meio de vigilância contínua e compromisso partilhado.

Na conclusão, o presidente brasileiro ofereceu mais que um discurso: deixou uma convocação serena. Sua fala recorda que o multilateralismo só terá sentido se ousar enfrentar os crimes mais evidentes do nosso tempo. Do contrário, permanecerá condenado a ser uma assembleia estéril, incapaz de proteger aqueles para os quais foi criada.

O que fica, após a escuta ou leitura desse pronunciamento, é a convicção de que ainda é possível falar de política com clareza, ternura e rigor. Não houve ali exaltação vazia, nem retórica inflada: houve uma voz que, mesmo cercada de formalidades diplomáticas, ousou restituir à cena internacional um pouco da humanidade que tantas vezes lhe falta.

Tanto Israel, quanto a Palestina têm o direito de existir. Trabalhar para efetivar o Estado palestino é corrigir uma assimetria que compromete o diálogo e obstrui a paz.

— Lula (@LulaOficial) 

Rock na madrugada – Rolling Stones, “Little T & A”

Antes do lançamento do álbum Tattoo You, de 1981, os Rolling Stones se retiraram para ensaiar num estúdio de gravação montado na zona rural de Massachusetts, em pleno outono da Nova Inglaterra. Para manter a banda aquecida, foi programada uma apresentação surpresa em uma espelunca chamada Sir Morgan’s Cove, na cidade vizinha de Worcester, local bem parecido com os pubs vagabundos que Mick Jagger e Keith Richards frequentavam em Londres antes da fama.

Foram distribuídos 300 ingressos para um show da banda Blue Sunday And The Cockroaches (nome inventado para despistar os fãs). As entradas foram disponibilizadas para os ouvintes de uma rádio local com exigência de sigilo absoluto, mas uma emissora rival descobriu a jogada e de sacanagem vazou a informação de que os Stones apareceriam.

Na noite da apresentação, quatro mil pessoas sitiaram o Sir Morgan’s Cove, que foi forçado a abrir todas as portas para evitar uma tragédia. No dia seguinte, outras cidades de Massachusetts publicaram às pressas portarias proibindo shows de rock a fim de evitar surpresas.

Desse modo, a turnê de Tattoo You começou do jeito que a banda mais apreciava, com manchetes que colocavam os Stones junto com termos como “tumulto”, “baderna” e “proibição”. Nada mais rock’n’roll. O importante é que o público adorou e a excursão bateu todos os recordes de bilheteria em apenas quatro meses.

“Little T & A” é um dos pontos altos de um disco extremamente elogiado na discografia da banda. A canção virou um hino roqueiro e é interpretada por Keith Richards na gravação de estúdio e também nas apresentações ao vivo. Com um riff grudento criado por Keith durante as sessões do álbum Emotional Rescue, a canção foi reincorporada e virou destaque em Tattoo You com um estilo que mistura rock ‘n’ roll básico com influências rockabilly

Guto Ferreira, o ‘rei do acesso’, é anunciado como novo técnico do Remo

Guto Ferreira, considerado o “rei do acesso”, é o novo técnico do Remo. A contratação foi confirmada na noite desta segunda-feira (22) pela Diretoria do clube em comunicado nas redes sociais. Guto, de 60 anos, assume o cargo no lugar de Antônio Oliveira, dispensado depois da derrota frente ao Atlético-GO, no último sábado, pela 27ª rodada da Série B. As negociações começaram no domingo (21) e só foram concluídas na noite de segunda, 22. O contrato é válido até o final desta temporada.

O último trabalho de Guto Ferreira foi no Cuiabá, onde contabilizou 26 partidas (13 vitórias, quatro empates e nove derrotas), sendo 21 pela Série B 2025. Foi vice-campeão mato-grossense. Ele irá se encontrar com a delegação do Remo no Rio de Janeiro, local do próximo jogo, diante do Volta Redonda, na quarta-feira (24). 

Experiente na competição, Guto conquistou quatro acessos por clubes diferentes: Ponte Preta (2014), Bahia (2016), Internacional (2017) e Sport (2019). Dirigiu vários outros clubes, com destaque para Chapecoense, Ceará, Coritiba e Goiás. O Remo fechou também a contratação da comissão técnica do treinador: os auxiliares Juliano, Welligton e André, e o preparador físico Cléber.

Restam 11 rodadas e o Remo precisa de 24 pontos para conseguir o acesso à Série A. O Leão é o 8º colocado, com 39 pontos. Na partida contra o Volta Redonda, nesta quarta-feira, Guto ainda não assumirá a função. O time será dirigido pelo auxiliar técnico Flávio Garcia.

A briga é por cinco pontos

POR GERSON NOGUEIRA

A conta é simples: para garantir permanência na Série B, o Remo terá que somar 44 pontos. Faltam 05 para alcançar esse limite, que é o mínimo necessário para escapar do rebaixamento. Boa parte da torcida ainda sonha com o acesso, mas a prioridade passa a ser a conquista dos pontos necessários para se garantir na competição. 

Não adianta, a essa altura, insistir no mantra de que o Remo está na briga pelo acesso. Não que seja impossível chegar lá, mas a vida é feita de prioridades e, no momento, a prioridade máxima é permanecer na Série B. Quando garantir os 44 pontos, aí o sonho do acesso pode ser retomado.

Além da dificuldade para ingressar no G4, o Remo tem agora que se preocupar com a aproximação de outras equipes. É o caso do próprio Atlético-GO, para quem perdeu sábado no Baenão.

Os rubro-negros goianos têm agora 38 pontos, seguidos por CRB e Avaí (37), Vila Nova e Operário (36). Abaixo deles, estão os times ameaçados de rebaixamento, incluindo Athletic e Ferroviária (32) e América (30).

Os muitos tropeços do Remo como mandante frearam a boa campanha inicial, facilitando a chegada e até a ultrapassagem de outros times. O Atlético-PR, que patinava no bloco intermediário, conseguiu uma sequência de cinco vitórias e já está à frente, ocupando a 5ª colocação.

A principal causa da perda de fôlego foi a saída do técnico Daniel Paulista, que aceitou proposta do Sport-PE; a segunda foi a escolha de Antônio Oliveira para substituí-lo, contra todas as previsões e alertas. Coincidência ou não, desde sua chegada, o Remo não conseguiu mais entrar no G4.

Nada garante que a demissão de Oliveira seja garantia de uma arrancada vitoriosa. Vários obstáculos surgem pelo caminho. A competição está afunilada, dividida entre a briga feroz pelo acesso e a luta desesperada contra a queda. Além disso, o novo técnico (Guto Ferreira, confirmado ontem à noite) precisará de um tempo para se adaptar e conhecer o elenco.

Somente um fato extraordinário, como uma sequência de três ou quatro vitórias, que o time nunca conseguiu na competição, podem alavancar uma arrancada rumo ao acesso. Tudo vai depender do rendimento do time já na partida de amanhã diante do Volta Redonda.

E as notícias são preocupantes. Além de jogar na casa do adversário, o Remo será comandado por um interino e tem seis baixas (Pedro Rocha, Pavani, Sávio, Régis, Marcelinho e Cantillo). O ataque, setor mais prejudicado pelos desfalques, deverá ter Janderson, João Pedro e Marrony. (Foto: Samara Miranda/Ascom CR)

Papão: no pior momento, uma crise a ser sanada

Na lanterna da Série B, com 22 pontos, o PSC ainda enfrenta um princípio de crise. Logo depois da derrota para o Goiás, no sábado, o goleiro Matheus Nogueira teve a coragem de expor a existência de problemas extracampo no PSC. Não detalhou, e nem precisava. É claro que se referia a problemas de ordem financeira e de relacionamento interno.

Cabe dissociar o descontentamento dos atletas da questão de campo. O próprio Matheus Nogueira observou que os problemas não têm qualquer influência sobre o rendimento e a entrega dos jogadores na luta para conseguir sair do Z4 da competição.

A diretoria admitiu ontem um atraso de 20 dias na parte referente ao direito de imagem dos atletas. Observou também que não ocorreram atrasos nos meses anteriores e que o problema será sanado ainda nesta semana.

Os outros problemas que “chateiam”, segundo as palavras Matheus, talvez só venham a ser conhecidos e confirmados quando o campeonato terminar. Há, porém, indícios de que a arrogância e o estrelismo de alguns estariam no epicentro do descontentamento. A conferir.

Fogão representa o continente no Top 5 mundial

O Botafogo disputou, ao lado de quatro gigantes do futebol mundial, o Prêmio de Clube do Ano 2025, organizado pela revista France Football e entregue ontem (22), em cerimônia realizada em Paris. O PSG foi o grande vencedor, pelos títulos europeu, francês e da Copa da França e como vice-campeão do Mundial de Clubes.

Ousmane Dembelé ficou com o troféu Bola de Ouro de melhor jogador, Luís Henrique ganhou o Troféu Johan Cruyff como melhor treinador e Donnarumma foi eleito o melhor goleiro, levando o Troféu Yashin. Vários jogadores brasileiros concorreram, mas não ficaram nem entre os primeiros colocados. Lamine Yamal ficou com o Troféu Kopa, de melhor sub-21.

O fato relevante é que o Botafogo foi o primeiro clube sul-americano a ser indicado para o prêmio, que começou a ser distribuído em 2021. A presença do Glorioso no Top 5 mundial deveu-se à conquista do título brasileiro e da Libertadores da América de 2024, tendo boa participação no Mundial de Clubes e derrotando o até então invicto PSG por 1 a 0.  

(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 23)