Julgamento de golpistas honra a Democracia brasileira

POR GERSON NOGUEIRA

O julgamento da cúpula do golpe de janeiro de 2023 é, de longe, o mais importante fato político e jurídico da República em 135 anos. A simples presença no banco dos réus de um ex-presidente da República, generais, ex-ministros e militares de alta patente representa um marco histórico de imensa relevância, capaz de garantir o selo de maioridade à democracia brasileira.

O julgamento que o Supremo Tribunal Federal começa nesta terça-feira, 2, estabelece uma distância abissal em relação ao ocorrido na então democracia do mundo, que praticamente absolveu os invasores do Capitólio em Washington, insuflados ao ataque pelo então presidente dos EUA, Donald Trump, também perdoado – e que terminou por voltar ao poder, justamente por ter sido tratado com excessiva complacência pelos tribunais norte-americanos.

A sessão que julgará Bolsonaro e sua trupe adquire papel ainda mais relevante por representar um grito contra a impunidade. Significa que, no Brasil, golpistas e inimigos da democracia não serão tratados como meros punguistas e inofensivos aposentados.

São perigosos, violentos, sanguinários e capazes de repetir as mesmas ações criminosas, caso sejam beneficiados pelas benesses da Lei. O próprio Donald Trump é o exemplo vivo dos males que a impunidade pode causar.

Em Brasília ocorreu exatamente a mesma movimentação rasteira e organizada contra as instituições democráticas, com invasão, depredação e destruição dos prédios dos três poderes da República, em Brasília. Um golpe que só não se consumou por detalhes e pela firme resistência institucional dos órgãos da Justiça, do Legislativo e do Executivo.

Não faltaram orquestração e método à cruzada antidemocracia, levada a cabo por uma malta de “patriotas” induzidos por Jair Bolsonaro e seus ministros, com a anuência de boa parte da cúpula militar. Os objetivos eram claros: instaurar o caos a partir das ações violentas contra o centro do poder, a fim de derrubar um governo legitimamente eleito.

Bolsonaro e asseclas não se conformaram com a derrota nas urnas em 2022, e partiram para a insurreição. Copiaram os atos de Donald Trump, seu mentor e inspirador no campo da extrema-direita. As investigações sobre os atos golpistas do 8 de Janeiro foram minuciosas e revelam, com riqueza de detalhes e abundância de provas, todos os passos do levante fascistóide.

Inclui a documentação sobre a inaceitável trama para assassinar três autoridades da República – o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Tramaram a sério tisnar de sangue a democracia brasileira, plano frustrado (mas nem por isso menos criminoso) que justifica a denúncia e o julgamento que ora se inicia.

Por todas essas razões, a sessão de julgamento que o país passa a acompanhar pelos próximos dias significa um pacto com os princípios básicos da democracia. Respeitar o resultado de eleições é o pressuposto de qualquer regime democrático. Julgar quem se insurge contra tais princípios é obrigação de quem tem a missão de defender as leis.

Como bem afirmou o deputado Ulysses Guimarães, no histórico discurso de promulgação da Constituição Cidadã de 1988: “Temos ódio e nojo à ditadura”.

A frase do dia

“O recado é claro. Se Lula for reeleito, o Brasil ganha um governo. Se Tarcísio for eleito, o crime ganha impunidade. A esquerda quer a presidência para ajudar o povo. A extrema-direita, para livrar um criminoso. 2026 é também entre o futuro e o crime”.

Tiago Barbosa, jornalista

Novo tropeço amplia riscos

POR GERSON NOGUEIRA

O PSC poderia ter saído com um bom resultado do estádio Rei Pelé, no sábado. Chegou perto disso ao usar uma estratégia que funcionou bem no 1º tempo. A bola ficou com os donos da casa, mas as melhores chances couberam ao Papão, que acabou castigado pelos erros de finalização. Na etapa final, o CRB marcou duas vezes e garantiu a vitória.

Além do gol sofrido aos 3 minutos do 2º tempo, numa falha de marcação sobre Thiaguinho, que teve liberdade para dominar e bater para o gol, o PSC teve um problema extra: a árbitra Edna Alves não deu penalidade sobre Leandro Vilela, o que tirou a possibilidade de um empate, aos 47’.

O desenrolar do jogo não foi tão complicado como se imaginava. O CRB foi melhor na primeira etapa porque trocava passes com acerto e rondava sempre a área do PSC, mas era pouco objetivo. Claudinei armou o time com três atacantes, com Marlon apoiando o ataque quando necessário.

Diogo Oliveira perdeu duas chances, Marlon outra e Reverson quase abriu o placar com um míssil disparado da intermediária. Toda a boa movimentação inicial caiu por terra com o vacilo cometido no começo da segunda etapa, permitindo a vantagem ao CRB.

Ocorre que os donos da casa recuaram muito, satisfeitos com o 1 a 0 e cederam espaço para o PSC atacar à vontade. O time paraense conduzia a bola, cercava a área e apelava para cruzamentos, nenhum direcionado ao seu principal cabeceador, Diogo Oliveira.

A chance do empate veio quase aos 40’, quando um zagueiro recuou a bola para o goleiro e Diogo se antecipou, desviando a bola com perigo. Minutos depois, aconteceu o lance do pênalti. Vilela espertamente colocou o pé à frente do zagueiro Henri, recebendo um chute por trás. A árbitra não deu a infração e, depois de chamada pelo VAR, manteve a decisão.

No prosseguimento da partida, o CRB saiu em contra-ataque e Dadá Belmonte foi lançado na área por Pottker. Belmonte driblou o goleiro Gabriel e passou para Mikael finalizar, fechando o placar em 2 a 0.

São justos os protestos pela não marcação do pênalti, que poderia ter mudado a história do jogo. Cabe observar, porém, que o time foi ineficiente nas finalizações, pecado grave em competição tão equilibrada. Quando teve a bola em seu poder, a equipe não foi capaz de superar a marcação do CRB.

Depois de quatro derrotas seguidas, ocupando a lanterna com 21 pontos e distante sete pontos do primeiro time fora do Z4, o Papão entrou na chamada fase crítica da competição quanto ao risco de rebaixamento.   

Muitas apostas e raros acertos na atual janela

O Remo está contratando a rodo nesta Série B, mas trouxe vários jogadores de qualidade duvidosa. Nos últimos dias, chegaram mais dois: Yago e João Pedro. Como outras aquisições, nenhum desses atletas podem ser considerados como reforços. Por ora, Eduardo Melo, Yago, Kawan, Nathan Camargo, Pedro Costa, Kayky, Freitas e Nico Ferreira são peças de composição de elenco, quando muito.

É fato que a política de contratações sofre os efeitos das leis do mercado. A três meses do final da Série B, é natural que diminua a oferta de jogadores qualificados. Sobram opções de aposta e risco. É justamente o que tem feito o Remo investir em nomes desconhecidos, que não mostraram estar acima de peças que já estavam no elenco.

No fim de semana, circulou a informação de que o atacante Pedrinho, ex-Santos e Cuiabá, está em vias de ser anunciado. Com problemas de comportamento nos times anteriores, Pedrinho chega como alternativa para os lados do campo, onde o Remo só tem Janderson, que está lesionado.

O atacante João Pedro, que já treina no Baenão, entra na vaga aberta com a saída de Matheus Davó, negociado com o futebol israelense. 

Há a possibilidade de contratação de mais três jogadores até o fim da janela de transferências. Tudo isso em meio às muitas dúvidas quanto à permanência de Antônio Oliveira no comando técnico, sendo que o nome de Guto Ferreira vem sendo especulado no clube.

Na sexta-feira (17h), o Remo joga em Manaus contra o Amazonas, precisando vencer para manter viva a esperança de brigar pelo acesso à Primeira Divisão.

Menino Ney segue mimado e descontrolado

Neymar interpretou o seu habitual papel, ontem, na partida entre Santos e Fluminense. Considerado ainda um supercraque por alguns distraídos, algo que deixou de ser há pelo menos quatro temporadas, o atacante rolou pelo gramado queixando-se de dores e peitou o árbitro Wilton Pereira Sampaio, que deu o amarelo e amarelou no momento de aplicar o vermelho.

O jogo terminou empatado em 0 a 0, o Santos continua na zona de rebaixamento e Neymar mostra-se cada vez mais destemperado e menos útil ao time. Nervoso com a marcação, que nem é tão agressiva com ele, ofende os árbitros e faz gestos desrespeitosos em direção aos companheiros. A receita perfeita para o fiasco completo.

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 01)