O feito sem defeitos do PSC ao nocautear o então líder Criciúma por 4 a 2, no domingo (28), encantou o torcedor, fez bem à autoestima bicolor. Aliás, quem não ficaria alegre com vitória tão acachapante e, melhor ainda, inesperada? Ao mesmo tempo, o pós-jogo não trouxe nenhum tipo de euforia desmedida, mas uma saudável contenção.
É natural que o torcedor, mesmo comemorando o belíssimo triunfo, não perca de vista as imensas dificuldades que rondam o time na Série B. Foram ganhos três pontos, depois de 11 rodadas de tropeços, mas a lanterna segue em mãos bicolores, a desafiar até a mais otimista das projeções.
O que não pode ficar sem comemoração é o encaixe perfeito que o time finalmente demonstrou sob o comando de Márcio Fernandes. Com o dado ainda mais impressionante de que os acertos foram obtidos com um time completamente destroçado por oito desfalques.
Além do mérito dos jogadores que dobraram o favoritismo do Criciúma, o técnico merece aplausos. A exibição do PSC foi digna de todos os elogios. Um time vibrante e destemido, comprometido com o ataque e empenhado em acertar todas as transições, sem medos ou hesitações.
Foi a típica receita perfeita para a vitória, algo raro dentro do universo de probabilidades e incertezas de um jogo de futebol. Ao mesmo tempo, um belo exemplo da imprevisibilidade do esporte mais popular do mundo: os favoritos não ganham de véspera, ao contrário de modalidades mais cartesianas (vôlei, basquete), nas quais os melhores quase nunca perdem.
Com uma estratégia que minimizou erros e descuidos, o PSC se superou – como havia se superado no turno diante do Coritiba. A pergunta óbvia que vem junto da quinta vitória da equipe no campeonato é: por que não atuar sempre dessa forma tão contundente e encaixada?
As respostas práticas são tão difíceis de encontrar. Mas, pelas mesmas razões que o futebol é amado por oferecer mil possibilidades ao longo de 90 minutos, cabe dizer que não é possível programar sempre as condições perfeitas e necessárias para que tudo aconteça conforme o planejado.
Cada jogo é um jogo, a frase clichê vem logo à mente. E é a mais pura verdade. Nada se repete de forma igual dentro de um espaço onde 22 atletas se movimentam nas mais variadas direções, tendo a bola como objeto de atração, domínio e conquista.
A única certeza, a essa altura, é que o PSC da linda tarde de domingo em Criciúma mostrou outra vez que tem um dos melhores atacantes do campeonato: Maurício Garcez só não rende mais porque joga praticamente sozinho lá na frente. Mas, apesar disso, faz um estrago impressionante. (Fotos: Jorge Luís Totti/Ascom PSC)
Caio Vinícius: de vilão a melhor figura em campo
A diferença foi de apenas quatro dias. Na quarta-feira, em Volta Redonda, o Remo perdeu por 2 a 1 e tomou um gol no minuto final em falha clamorosa do setor defensivo. Erros de Caio Vinícius na origem do lance e de Nathan Santos na execução dentro da área. Domingo, no Mangueirão, Caio se redimiu plenamente, até com sobras. Jogou o fino da bola, deu uma assistência para gol e fechou a goleada com um chute perfeito.
Uma transformação que pode ser explicada por um simples detalhe de posicionamento. Com Luan Martins mais recuado, aparecendo até como terceiro zagueiro, Caio jogou mais avançado, arriscando-se além da linha de meio-campo.
Foi assim que participou do terceiro gol, de Nico Ferreira, e apareceu no centro do ataque para receber o passe e fazer o quarto gol.
É quase certo que o técnico Guto Ferreira tem a ver com isso, mas é inegável que os recursos técnicos do volante contribuem para que possa se renovar aos olhos do torcedor e ter uma participação mais satisfatória em defesa da organização coletiva.
Nadadora campeã azulina vai defender a seleção
Sofia Florence Rodrigues Overal, nadadora paraense de 14 anos, vai integrar a Seleção Brasileira da modalidade na Copa Pacífico 2025, prevista para o período de 10 a 16 de novembro, na cidade de Cochabamba (Bolívia). Ela foi convocada pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).
Aluna do 8º ano do Colégio Santa Catarina, Sofia é atleta do Clube do Remo desde 2021. Única representante nortista na seleção nacional, ela mantém de pé a forte tradição de remista nas piscinas. Campeoníssima em certames paraenses, regionais e nacionais, acumula feitos importantes.
Na edição de 2023 dos Jogos Escolares Brasileiros (JEBs), principal competição estudantil do país, Sofia conquistou bronze e prata, em Brasília, e prata e ouro no ano seguinte, em Recife.
Além da participação na Copa Pacífico, Sofia já está classificada para o Campeonato Brasileiro Infantil de Verão 2025, marcado para 25 a 29 de novembro, no Rio de Janeiro.
(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 30)
Na estreia do técnico Guto Ferreira, o Remo aplicou uma goleada de 4 a 2 sobre o CRB no Mangueirão, aproximando-se do G4 e fazendo renascer o projeto do acesso. A atuação foi apenas regular no 1º tempo, com erros de passe e pouca criatividade, mas a virada empolgou. Na etapa final, com contra-ataques certeiros e pontaria bem calibrada, a vitória se consolidou.
O excelente resultado, com placar que o Remo ainda não havia alcançado na competição, fez a torcida festejar muito no Mangueirão, voltando a acreditar nas possibilidades do time. Tecnicamente, foi um dos melhores desempenhos dentro de casa, fazendo lembrar os bons momentos do período sob o comando de Daniel Paulista.
Duas peças foram fundamentais no comportamento ofensivo, principalmente no 1º tempo: os uruguaios Nico Ferreira e Diego Hernández. Ambos foram participativos tanto com a bola quanto na recomposição. Hernández fez sua melhor apresentação desde a chegada ao Remo, avançando sempre em velocidade e ajudando na marcação.
O começo do confronto deixou a torcida temerosa de nova decepção. O CRB explorava os avanços do Remo, criou duas chances e colecionava escanteios. Aos 23’, Matheus Ribeiro recebeu na intermediária e disparou um chute perfeito, sem chances para Marcelo Rangel.
A reação azulina foi fulminante, apenas quatro minutos depois: Diego Hernández arriscou de longe em cobrança de falta e a bola tomou o caminho das redes. A partida ficou muito presa aos embates no meio-campo, mas o Remo foi mais aplicado e virou o placar aos 35’.
Nico Ferreira acertou um chute cruzado, que o goleiro Matheus Albino defendeu parcialmente. O rebote pegou no rosto do zagueiro Fábio Alemão e a bola morreu nas redes, para delírio do Fenômeno Azul.
O 2º tempo começou com o CRB chegando com perigo, através de Léo Campos e Crystopher. Aos 10 minutos, em boa trama iniciada por João Pedro (que havia substituído Eduardo Melo), Caio Vinícius foi acionado por Hernández e cruzou rasteiro para Nico Ferreira fazer 3 a 1.
Aos 29’, o Remo consolidou a vitória. Em contra-ataque, Janderson avançou pela esquerda e a bola foi lançada para Caio Vinícius, que bateu rasteiro, no canto esquerdo de Matheus Albino, fazendo 4 a 1. O que era um jogo equilibrado de repente virou baile.
Nos minutos finais, a defesa relaxou e Gegê passou para Breno Herculano dentro da área. O centroavante dominou e bateu cruzado, sem dar chance a Marcelo Rangel, diminuindo para o CRB.
Caio Vinícius, Hernández, Nico e Jorge foram os melhores da equipe. A vitória faz o Leão galgar temporariamente cinco posições: sai da 12ª para a 7ª posição, a cinco pontos do G4. O efeito Guto Ferreira foi decisivo para a mudança de postura do time. (Foto: Samara Miranda/Ascom CR)
Papão, o terror dos líderes, volta a sonhar
Um embate que tinha como favorito o Criciúma, líder do campeonato, terminou com a surpreendente e merecida vitória do Papão por 4 a 2. Lanterna da Série B, há 11 rodadas sem vencer, o Paysandu não se amofinou diante do Tigre e partiu para o ataque, sem medo de ser feliz.
A estratégia foi um sucesso. Com saídas pelos lados, troca de passes em velocidade e contra-ataques certeiros, o Papão equilibrou o jogo no 1º tempo, levando perigo constante à defensiva catarinense.
Jonathan Robert abriu o placar logo aos 13 minutos, em lance rápido na entrada da área, mas o PSC não se abalou. Seguiu buscando o ataque, principalmente com Maurício Garcez pela esquerda.
Não demorou muito para o time de Márcio Fernandes chegar ao empate. Garcez arrancou pela esquerda, cruzou e no rebote a bola se ofereceu para Reverson, que disparou para o fundo das redes.
A virada veio aos 40 minutos. Marlon recebeu passe e colocou a bola na área, na cabeça de Garcez, que chegou testando para o gol. No último minuto, Marcinho cruzou sob medida para Nicolas cabecear e empatar.
Marcado pelo equilíbrio, o 2º tempo começou com o Papão mais agressivo e disposto a marcar. Aos 23’, Garcez sofreu falta de Felipinho na entrada da área e Marlon cobrou a falta com perfeição, fazendo 3 a 2. Na jogada, Felipinho recebeu o cartão vermelho.
Aos 33’, no lance mais bonito da tarde, Garcez, o dono do jogo, voltou a brilhar. Recebeu passe longo de Matheus Nogueira, se livrou de um marcador e driblou o goleiro Alisson, tocando depois para as redes.
Acima das expectativas, o triunfo foi grandioso e resgata esperanças. Lembrou a goleada sobre o então líder Coritiba no 1º turno. O fato é que, a 9 rodadas do fim, o pulso ainda pulsa.
(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 29)
Isolado pela extrema direita e delirante por uma anistia impossível, Eduardo implodiu herança do pai e ruma para ser cassado e preso.
Por João Filho – Intercept_Brasil
Nós provavelmente estamos assistindo ao colapso final do bolsonarismo. A extrema direita continuará nos atormentando, claro, mas tudo leva a crer que não mais sob a liderança da família Bolsonaro.
Jair está à beira da cadeia. Eduardo enterrou sua carreira política depois de um surto nos EUA. Flávio tem perdido todas as disputas políticas no Senado. Renan e Carlos não são capazes de liderar nada, já que mal sabem atravessar a rua.
Com a inelegibilidade e a prisão do pai, Eduardo Bolsonaro tinha grandes possibilidades para assumir a liderança do bolsonarismo. Ao nepobaby do golpismo, bastava seguir seu trabalho medíocre como deputado federal e ir construindo uma candidatura à presidência com a herança eleitoral do seu pai.
Era só jogar parado, mas sua pouca inteligência o levou a mergulhar em uma cruzada internacional contra o Brasil. Se o bolsonarismo já estava agonizando, agora parece que o filho 03 de Jair está querendo fechar a tampa do caixão.
Nos seus sonhos delirantes, a aliança com Donald Trump faria o Supremo Tribunal Federal, STF, aliviar para os golpistas e ele voltar ao Brasil como herói do bolsonarismo.
Nada disso aconteceu, muito pelo contrário. O máximo que ele conseguiu foi atazanar a vida de autoridades brasileiras com a Lei Magnitsky.
No fim das contas, Eduardo entregou de mão beijada a bandeira do patriotismo para Lula usar. O presidente brasileiro, em vez de capitular, como queria o deputado, jogou duro com Trump e está se saindo muito bem. O país perdeu muito pouco com o tarifaço, e a popularidade do governo aumentou.
Agora, depois dos elogios de Trump a Lula na ONU, indicando uma aproximação dos dois presidentes, a aventura golpista de Eduardo Bolsonaro no estrangeiro caminha para o desfecho mais patético possível. Ele e o outro nepobaby do golpismo, aquela figura grotesca chamada Paulo Figueiredo, tentaram ser os heróis do bolsonarismo, mas acabaram cumprindo papel de palhaço. Se voltarem ao Brasil, podem ser presos preventivamente por coagir a Justiça brasileira.
Os dois seguem brigando com os fatos e insistem em dizer que tudo está sob controle. O elogio de Trump seria estratégico, uma maneira de fazer Lula acatar todos os seus desejos. Pura viagem, claro, mas eles não podem perder a pose. Trump está sendo pressionado pelos setores da economia dos EUA prejudicados pelo tarifaço e, agora, quer aparar as arestas com Lula. É ele quem precisa conversar com o brasileiro.
Eduardo Bolsonaro está cada vez mais isolado politicamente. Não tem apoio do presidente do seu partido nem do presidente da Câmara. Até o pai — aquele que ele considera “um ingrato do caralho” — está pedindo para ele fechar a boca. Além da denúncia por coação no STF, o deputado enfrenta processos na Câmara que podem levar à cassação do mandato.
Mesmo assim, como um Napoleão de hospício, ele acredita estar em condições de liderar o bolsonarismo. “Estou disposto a ir até às últimas consequências para conseguir a anistia ampla e irrestrita. Será vitória ou vingança, mas não haverá submissão”, disse o herói de coisa nenhuma.
Já está mais do que evidente que uma anistia ampla, geral e irrestrita será impossível. Aliados de Bolsonaro já desistiram e trabalham pela possibilidade de um acordo para aprovação do PL da Dosimetria, que visa diminuir as penas dos condenados pela tentativa de golpe.
Paulinho da Força, Aécio Neves e Michel Temer são os articuladores dessa aberração que pretende pegar leve com golpista em nome de uma “pacificação” na política brasileira. As chances desse acordo sair são remotas, mas é o que o bolsonarismo tem pra hoje.
Desesperado, Jair topou a empreitada, mas Eduardo tem atacado frontalmente os parlamentares que estão costurando o acordo. Paulinho da Força, o relator do PL da Dosimetria, está sendo ameaçado publicamente: “Um conselho de amigo, muito cuidado para você não acabar sendo visto como um colaborador do regime de exceção”, escreveu no X.
Agindo como as máfias e as milícias, Eduardo chantageia mais um parlamentar brasileiro com as sanções da Lei Magnitsky. “Assim como está expresso na lei, TODO colaborador de um sancionado por violações de direitos humanos é passível das mesmas sanções”, arrematou.
As vozes da cabeça de Eduardo estão mais falantes do que nunca. Sua desconexão com a realidade é tanta que ele atacou os senadores aliados que enterraram por unanimidade a PEC da Bandidagem. Mesmo depois das manifestações nas ruas e das pesquisas indicando a alta impopularidade da proposta, Eduardo afirmou que os senadores “estão desconectados do povo”.
Nem mesmo Rogério Marinho, que foi ministro no governo do seu pai, foi poupado dos ataques: “Vocês estão desconectados do povo, embarcados na narrativa da Globo e impressionados com artista fazendo micareta na rua. Optaram por manter os poderes ilimitados da burocracia não eleita, por puro medo politiqueiro”, delirou.
Na semana passada, Valdemar Costa Neto, presidente do PL, o partido de Bolsonaro, afirmou que Eduardo “vai ajudar a matar seu pai” se lançar uma candidatura própria. Poucos dias depois, Eduardo se apresentou como candidato a presidente. “Eu sou, na impossibilidade de Jair Bolsonaro, candidato a presidente da República”, escreveu no X.
Mesmo encalacrado juridicamente e sem apoio dos seus próprios aliados, o nosso Napoleão de hospício resolveu lançar sua candidatura presidencial. O chamego de Trump com Lula deixou o rapaz atordoado. É tudo tão patético e caricato que até parece um quadro do velho Casseta & Planeta.
O Centrão, representado por Valdemar, já decidiu que a cabeça de chapa será alguém que não seja da família Bolsonaro. Eduardo tenta a todo custo reverter isso, mas sua leitura torta da realidade o fez implodir todas as possibilidades de ele próprio ser o presidenciável da extrema direita e do Centrão.
Agora, as chances de os Bolsonaros ficarem de fora de uma chapa presidencial desse campo político são grandes. O bolsonarismo como conhecemos está por um fio. Obrigado por tudo, Eduardo.
O jogo era um autêntico duelo de opostos: o líder Criciúma contra o lanterna Paysandu. O confronto no estádio Heriberto Hülse teve desfecho surpreendente. O Papão não tomou conhecimento dos donos da casa e, diante de 13 mil torcedores, goleou por 4 a 2, com direito a virada ainda no 1º tempo, graças ao perfeito funcionamento do setor ofensivo.
Maurício Garcez foi a grande figura da partida, marcando dois gols e liderando o Papão em campo. O primeiro gol foi do Criciúma, aos 13 minutos, marcado por Jonathan Robert. Ainda na etapa inicial, Reverson empatou em jogada de Garcez. Quase ao final, Marlon cruzou para Garcez, que testou para o fundo das redes, virando o placar. O Criciúma empatou no último minuto, em cabeceio de Nicolas.
Disposto a garantir a vitória, o PSC voltou para o 2º tempo com postura ainda mais ofensiva, pressionando desde os primeiros minutos. Aos 23 minutos, Garcez foi derrubado junto à área por Felipinho, que recebeu o cartão vermelho. Na cobrança da falta, Marlon bateu no canto direito de Alisson, desempatando novamente a partida.
O Criciúma se descontrolou e passou a abrir espaços para contra-ataques. Aos 33′, Garcez recebeu um passe longo do goleiro Matheus Nogueira, passou pelo zagueiro e driblou Alisson antes de tocar mansamente para o fundo das redes. Papão 4 a 2.
A vitória lembrou a goleada sobre o Coritiba no primeiro turno. Também líder na ocasião, o Coxa perdeu por 5 a 2 para os bicolores. O resultado deixa o Papão com 25 pontos, mas não o livra da lanterna. O próximo jogo será contra o Cuiabá, na quinta-feira (2), às 19h, na Curuzu.
Na estreia do técnico Guto Ferreira, o Remo quebrou o jejum de vitórias em casa, aplicando uma goleada de 4 a 2 sobre o CRB, no Mangueirão, pela 29ª rodada da Série B. O primeiro tempo foi equilibrado até sair o gol alagoano, marcado por Matheus Ribeiro em belo chute de fora da área. O lance fez o time azulino acordar, partindo para a virada, consumada com gols de Diego Hernández e Fábio Alemão (contra) ainda na etapa inicial.
No começo do 2º tempo, Nico Ferreira ampliou, aproveitando um contra-ataque armado por João Pedro. Logo depois, Caio Vinícius marcou o quarto gol, com um chute rasteiro da entrada da área após receber passe de Janderson. O CRB ainda descontou, nos minutos finais, com Breno Herculano chutando cruzado.
A vitória coloca o Remo temporariamente na 7ª posição, com 42 pontos, a cinco do Coritiba, 4º colocado. O próximo jogo será contra o Operário, em Ponta Grossa (PR), domingo (5), às 16h. (Foto: Samara Miranda/Ascom CR)
Chats apontam o ex-jogador como referência técnica em negociações de agenciamento
Por André Caramante – Lance!
Seis mortes ligadas à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), em São Paulo, entre 2021 e 2024, fizeram a Polícia Federal e a Polícia Civil paulista abrirem frentes de investigação que, segundo inquéritos e peças do Ministério Público de São Paulo e da PF, apontam para um esquema de lavagem de dinheiro por meio do agenciamento e da intermediação de jogadores profissionais de futebol. O esquema é atribuído a integrantes da facção com o apoio de policiais civis sob investigação por corrupção — grupo apelidado por investigadores de “outro PCC”.
Ao longo das investigações sobre as mortes, a revelação de mensagens em um grupo de WhatsApp levou promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do MP-SP, e investigadores da PF a descobrir que integrantes do PCC consultavam Danilo Gabriel de Andrade (Danilo) — ex-jogador com passagens por Corinthians (campeão mundial em 2012), São Paulo, Goiás, Kashima Antlers (Japão) e Vila Nova, e que também atuou como treinador nas categorias de base do Corinthians — para avaliar tecnicamente e indicar jovens atletas que deveriam ser priorizados para abordagem e eventual agenciamento por empresas ligadas aos investigados.
Segundo as apurações e documentos, a opinião de Danilo — técnico do Sub-23 (jan/2021 a jan/2022) e do Sub-20 (jan/2022 a jun/2024) do Corinthians — era citada como referência técnica nos diálogos. À frente do Sub-20, Danilo comandou o time na conquista da Copa São Paulo de 2024. Em abril de 2023, ele dirigiu o time principal do Corinthians contra o Palmeiras, pelo Campeonato Paulista.
Não há, até aqui, indício da participação direta de Danilo nas transações de agenciamento sob apuração, nem de que os atletas citados soubessem da origem dos recursos que circularam por empresas de agenciamento conectadas aos investigados pela lavagem de parte do dinheiro da facção no futebol profissional.
O MÉTODO: “CRIVO TÉCNICO”, PROCURAÇÕES E VALORES
Fato é que ao menos um atleta formado na base do Corinthians, o meio-campista Du Queiroz, referendado por Danilo, passou a constar publicamente como representado pela FFP Agency em 2021 (segundo registros do mercado).
Os diálogos do grupo de WhatsApp “Sports! ⚽”, travados em 28 de junho de 2021, expõem a lógica de aproximação dos investigados: primeiro, a busca por uma referência institucional (“já pedimos referência pro Duílio [presidente do Corinthians entre 2021 e 2023]”) e, em seguida, a validação técnica com Danilo — à época treinador do Sub-23 do Corinthians.
Nas mensagens, Filipe de Lucca Morais Tancredi, dono da FFP Agency, relata ter falado com Danilo e afirma que o atleta discutido seria “o melhor” do time e teria “pegada do Paulinho” — referência ao meio-campista Paulinho, ídolo do Corinthians e ex-Seleção Brasileira. A citação a “Paulinho” aparece como comparação de estilo, não como identificação de pessoa ligada às tratativas, e o jogador indicado era o meio-campista Du Queiroz.
A conversa também trata de procuração e de uma pedida de “100k” frente a uma oferta de “50k”, sem que fique claro a que se referem os valores (entrada, comissão, luvas) ou a moeda.
O interlocutor de Tancredi, Rafael Maeda Pires (Japa) — apontado em investigações da Polícia Civil como integrante do PCC com atuação na zona leste de São Paulo — endossa a importância do “crivo” de Danilo (“melhor jogador que ele tem no elenco do 23”) antes de avançar.
Transcrição literal (28/6/2021) 12:20 — Filipe Tancredi: “Boa tarde meus amigos / Estamos fechando mais um jogador do Corinthians / Já pedimos referência pro Duilio, mas seria bom falar com o Danilo antes / Será que conseguimos? / Valeuuu / Boa semana pra nós” 12:24 — Japa – Rafael Ma: “Boa tarde” 12:24 — Japa – Rafael Ma: “Qual jogador é que vou falar com o Danilo” 12:25 — Filipe Tancredi: “Du Queiroz volante” 12:25 — Filipe Tancredi: “10 anos de Corinthians” 12:26 — Japa – Rafael Ma: “Ok” 12:26 — Filipe Tancredi: “O Danilo é o treinador dele” 12:26 — Japa – Rafael Ma: “Ok” 12:26 — Filipe Tancredi: “Valeu mestre 👊👊👊” 12:35 — Japa – Rafael Ma: “Como está a negociação com ele?” 12:35 — Filipe Tancredi: “Falei com Danilo agora.” 12:35 — Filipe Tancredi: “Falou que é o melhor jogador que ele tem lá no time.” 12:36 — Filipe Tancredi: “É o próximo Paulinho.” 12:37 — Filipe Tancredi: “Tá na mão, acertando valores com eles só.” 12:37 — Filipe Tancredi: “Pai pede 100k nos oferecemos 50k” [sic] 12:45 — Japa – Rafael Ma: “Por toda a procuração?” 12:46 — Filipe Tancredi: “Sim irmão 100%.” 12:46 — Japa – Rafael Ma: “O Danilo falou que é pegada do Paulinho.” 12:46 — Japa – Rafael Ma: “Melhor jogador que ele tem no elenco do 23.” Notas de edição: número de telefone suprimido por privacidade; a transcrição preserva ortografia e pontuação das mensagens originais.
13 de jul. de 2021 17:00 — Japa – Rafael Ma: [Foto] (maço de cédulas sobre uma mesa) 17:01 — Japa – Rafael Ma: “Du Queiroz tá separado” 17:01 — Filipe Tancredi: “Fechou” 17:01 — F: “Vou marcar com o pai dele hoje” 17:02 — Picanha: “Top” 17:02 — (remetente não identificado): “Assina tudo”
14 de jul. de 2021 (remetente não identificado): “Já te ligo aí” 21:34 — F: “Estamos com o pessoal aqui” 21:34 — Picanha: “Fechou” 21:34 — F: “Ja compra mais um ai agora” 21:48 — Japa – Rafael Ma: (encaminhou de Filipe Tancredi) [Foto] (camisa do Corinthians nº 37) 21:48 — J: “Tooop!”
16 de jul. de 2021 18:03 — Filipe Tancredi: [Imagem de boleto bancário] 18:03 — (anexo) Boleto_Queiroz.pdf — 1 página · 6 KB · pdf 18:03 — Filipe Tancredi: “Boa noite galera” 18:04 — Filipe Tancredi: “Tudo certo?” 18:04 — Filipe Tancredi: “Registro do Du Queiroz na CBF” 18:04 — Filipe Tancredi: “Grandes novidades pra essa semana galera”
Em 28/07/2021, Filipe Tancredi comunica ao grupo que Du Queiroz pediu uma chuteira, e se dispõe a providenciar o item “se derem o ok”. Na sequência, Picanha autoriza (“Manda chuteira”), questiona “Pagamento” e diz que retornará. Isoladamente, o fornecimento de equipamento é prática comum no ambiente do futebol e não comprova vantagem indevida; porém, no contexto do grupo — que buscava procuração e usava o crivo técnico de Danilo para priorizar atletas — o gesto funciona como aproximação relacional. O chat não esclarece se a chuteira foi de fato entregue.
Esse timing é coerente com a trajetória de Du Queiroz, volante formado no Corinthians (cerca de dez anos de base), promovido ao profissional em 2021. Em julho de 2023, ele foi vendido ao Zenit (Rússia) por € 6 milhões. No ano seguinte, foi emprestado ao Grêmio (fev/2024), retornou ao Zenit (dez/2024) e, em 2025, passou por empréstimo ao Sport (fev–ago/2025), antes de voltar ao Zenit e ser repassado ao Orenburg, também da Rússia, por empréstimo até junho de 2026.
Essa sequência ilustra por que o jogador já despertava apetite de agenciamento em 2021: atletas às portas do profissional tendem a se valorizar rapidamente, gerando comissões recorrentes e novas intermediações a cada movimentação — um terreno fértil para quem tenta mascarar a origem de recursos por meio de contratos e repasses entre empresas.
Em 13 de julho de 2021, o mesmo grupo “Sports! ⚽” registra foto de um maço de cédulas acompanhada da mensagem “Du Queiroz tá separado”; na sequência, surgem “Fechou”, “Vou marcar com o pai dele hoje”, “Top” e “Assina tudo” — o conteúdo sugere preparação para encontro e assinatura de documentos ligados a representação, sem detalhar finalidade, valores ou moeda, tampouco comprovar entrega de dinheiro.
Em 16 de julho de 2021, Filipe Tancredi compartilha a imagem de um boleto bancário (arquivo “Boleto_Queiroz.pdf”) e escreve “Registro do Du Queiroz na CBF”, seguido de “Grandes novidades pra essa semana”. A troca — antecedida dois dias antes por foto de camisa do Corinthians e mensagens como “estamos com o pessoal aqui” — sugere que os interlocutores tratavam de burocracia junto à CBF (Confederação Brasileira de Futebol): pagamento de taxa/registro.
Quase dois anos depois dessas mensagens, em 4 de maio de 2023, Rafael Maeda Pires, considerado por investigadores como sócio oculto da FFP Agency, foi encontrado morto, dentro de um carro, na garagem de um prédio comercial no Tatuapé, zona leste de São Paulo, com um tiro na cabeça.
Essa foi uma das seis mortes de envolvidos com o PCC que também chamou a atenção da polícia para o esquema de agenciamento de jogadores por parte de membros da facção — leia mais abaixo. Parte dos policiais sustenta a hipótese de suicídio (inclusive sob coação) de Rafael Maeda; outra linha trabalha com homicídio encomendado pela facção criminosa.
No dia 22 de junho de 2021, os interlocutores celebram Igor Formiga: circula um link do YouTube intitulado “IGOR FORMIGA – LATERAL DIREITO / CORINTHIANS”, seguido de “Mais um, galera!!”, aplausos e felicitações. Japa – Rafael Ma escreve “Toooop, irmão” e, na sequência, “Parabeeeens!!!”. O perfil F.Pfelipe Futebol agradece (“Obrigado ❤️👊”) e arremata: “7 anos de contrato”.
O diálogo indica entusiasmo por um acerto envolvendo o lateral e sugere a existência de um contrato de longa duração — sem especificar se é representação/agenciamento ou vínculo esportivo com clube. Depois, Rafael Maeda volta ao chat com três emojis de palmas, aplaudindo a “contratação” de mais um jogador do Corinthians.
Outros nove atletas profissionais foram citados nas conversas do grupo de WhatsApp da FFP Agency rastreado pela Polícia Federal e pelo Gaeco. Desses, Gustavo Scarpa (meio-campista do Atlético-MG), Caio Matheus (atacante revelado pelo São Paulo, hoje sem clube) e Felipe Negrucci (volante do São Paulo) são, de fato, representados pela FFP Agency e tiveram seus nomes debatidos para contratação quando Rafael Maeda Pires ainda tinha poder de decisão dentro da empresa. Até aqui, não há indícios de participação criminosa por parte dos atletas.
DANILO, O POLICIAL SUSPEITO E “O OUTRO PCC”
Na mesma trilha que apurou as seis mortes ligadas ao PCC (2021–2024) e o uso do agenciamento de atletas para lavar dinheiro, as quebras de sigilo telefônico pedidas pelo Gaeco e cumpridas pela PF abriram um segundo eixo de investigação: o de policiais civis sob suspeita de dar cobertura a aliados e membros da facção — o braço que investigadores chamam de “outro PCC”, em referência a policiais civis investigados por corrupção.
Entre os nomes sob escrutínio está o do investigador Marcelo Roberto Ruggieri, o “Xará”. Em arquivos digitais atribuídos a ele, peritos da Polícia Federal localizaram uma sequência de fotos com armamento longo e, em uma dessas imagens, Ruggieri aparece ao lado de Danilo Gabriel de Andrade, então jogador do Corinthians, com uma arma em punho.
Os documentos não esclarecem local, circunstância ou a regularidade do armamento, e não imputam crime a Danilo pelo simples fato de estar na foto; o registro, porém, aproxima personagens centrais das duas frentes da investigação. Os peritos descobriram que a fotografia foi feita em 2013, quando Danilo ainda era jogador do Corinthians.
Para o Gaeco e a PF, esse material visual ajuda a dimensionar as conexões entre o ambiente policial investigado e o circuito de agenciamento/valorização de atletas — o mesmo em que, anos depois, Danilo passaria a ser citado nos chats como “referência técnica” para a contratação de atletas por parte de empresas de agenciamento. A hipótese sob análise é que o “outro PCC” não atuaria apenas nas ruas, mas também na proteção e facilitação de negócios que orbitam o futebol.
GRITZBACH DENUNCIOU ESQUEMAS E ACABOU FUZILADO
A mesma perícia realizada pela PF no celular do policial Ruggieri revelou a existência de uma fotografia que ajudou a explicitar a conexão dele com o empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach — executado com dez tiros de fuzil, a mando do PCC, em 8 de novembro de 2024, no Terminal 2 do Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo.
Outra imagem, descrita no laudo, mostra Gritzbach ao lado de Ruggieri e de Robinson Granger de Moura (Molly). O documento aponta data, hora e coordenadas associadas ao arquivo, fixando o local do encontro; os peritos ressalvam que a extração traz imagens e documentos, sem diálogos que expliquem o contexto.
Ainda assim, a foto reforça a proximidade entre Xará, Gritzbach e Molly — personagens que transitaram, segundo a investigação, entre o núcleo policial sob suspeita e o circuito de negócios associado à facção.
Molly é concunhado do policial civil Ruggieri e, segundo relatórios sigilosos da PF, teria apresentado a Gritzbach diversos integrantes e aliados do PCC para negócios financeiros e imobiliários — entre eles Rafael Maeda (Japa), apontado como sócio oculto da FFP Agency, e Anselmo Becheli Santa Fausta (Cara Preta), liderança do tráfico apontada por MP e polícia.
Anselmo foi morto a tiros, em dezembro de 2021, ao lado de seu braço direito, Antonio Corona Neto, o Sem Sangue. Enfurecidos com o assassinato da dupla, peças importantes no fornecimento de cocaína para o PCC, integrantes da facção começaram uma investigação paralela e rastrearam quem tinha interesse em matá-los. Assim, os membros do PCC chegaram ao nome do executor da dupla, o ex-detento Noé Alves Schaum.
Após sequestrar Schaum, em janeiro de 2022, membros do PCC o interrogaram em um “tribunal do crime” e ele acabou esquartejado. Sua cabeça foi deixada em uma sacola na praça mais movimentada do bairro do Tatuapé, na zona leste de SP, perto de onde Cara Preta e Sem Sangue foram mortos, no mês anterior.
A partir das informações obtidas durante a tortura de Schaum, o PCC também descobriu que um agente penitenciário havia o contratado para matar Anselmo e Antonio.
Na sequência, tanto a polícia quanto o PCC descobriram que o empresário Gritzbach tinha ligação com o agente penitenciário e interesse em mandar matar Anselmo e Antonio. A partir daí, Gritzbach virou inimigo mortal do PCC.
O motivo: Anselmo havia investido milhões do lucro com o tráfico de drogas com Gritzbach e, durante muito tempo, foi enganado por ele sobre possíveis lucros obtidos em criptomoedas. Quando Anselmo tentou reaver sua fortuna de aproximadamente R$ 200 milhões, Gritzbach, segundo a polícia e o MP-SP, armou o plano para executá-lo. O braço direito de Anselmo, Sem Sangue, foi morto porque o acompanhava quando Schaum cometeu o atentado.
Ao perceber-se na lista de alvos da facção e, segundo investigadores, sob constante extorsão de bens por integrantes do “outro PCC” — núcleo de policiais civis sob suspeita —, Gritzbach firmou acordo de colaboração premiada com o Ministério Público de São Paulo para relatar o que sabia sobre a lavagem de dinheiro praticada pela facção.
A colaboração de Gritzbach ao MP-SP — proposta no fim de 2023 e homologada em 2024 — descreve, em linhas gerais, um circuito de lavagem que usaria o agenciamento de jogadores de futebol e outros ramos (empresa de ônibus, “banco digital”, varejo e criptoativos) para misturar recursos do tráfico com receitas lícitas.
Ao MP, Gritzbach entregou mensagens, contratos e comprovantes que, segundo os autos, apontam Rafael Maeda (Japa) como sócio oculto da agência de atletas FFP Agency, além de elos operacionais com Robinson Granger de Moura (Molly), Danilo Lima de Oliveira (Tripa) e Anselmo Becheli Santa Fausta (Cara Preta). Ele também narrou, em depoimentos e anexos, como o “outro PCC” teria exigido dinheiro e imóveis dele.
Em janeiro de 2022, após a execução do ex-detento Noé Alves Schaum, membros do PCC com atuação na zona leste de São Paulo submeteram o empresário Gritzbach a um “tribunal do crime” — chamado pelos criminosos de “tabuleiro”.
De acordo com a investigação, quem conduziu Gritzbach até o local do tribunal paralelo, também no bairro do Tatuapé, foi o policial civil Ruggieri, em parceria com Rafael Maeda, Danilo Lima de Oliveira e Cláudio Marcos de Almeida (Django).
No ambiente do “tribunal”, a pressão escalou. Em relatos que embasam a apuração, Danilo Lima — agente de jogadores investigado — foi apontado como o mais agressivo, com ameaças físicas e simulação de que Gritzbach seria esquartejado, durante uma sessão que durou horas. O objetivo era quebrar a resistência do empresário e forçar a entrega de ativos ligados à facção.
O desfecho imediato daquela noite foi o que os investigadores descrevem como uma “absolvição”: Gritzbach entregou um token (chave eletrônica) que dava acesso a R$ 27 milhões, valor que, segundo a denúncia, foi repassado a Django. Com isso, saiu vivo do julgamento interno.
Há também uma segunda versão registrada nos autos: a de que ele teria sido inocentado por falta de prova sobre participação nos homicídios de Cara Preta e Sem Sangue — tese explorada por policiais civis para, depois, extorqui-lo.
Após o “júri”, Molly acompanhou a recondução de Gritzbach ao prédio onde morava e minimizou o episódio como um “desentendimento” que seria resolvido. Na garagem do prédio onde o empresário vivia, Japa recebeu documentação e informações; naquele momento ocorreu a entrega do token de R$ 27 milhões. O tom de “acordo” explica por que Gritzbach foi libertado.
Nos meses seguintes, dois pivôs do sequestro foram encontrados mortos na zona leste: Django apareceu enforcado (jan/2022) e Japa foi achado com um tiro na cabeça — mortes que a investigação relaciona a acertos de contas internos do PCC após o duplo homicídio de Cara Preta e Sem Sangue e a “absolvição” de Gritzbach. Os registros reforçam o caráter disciplinar e letal da justiça paralela da facção.
Um aspecto central da trama é o papel do policial Ruggieri: além de participar da condução de Gritzbach ao “tribunal”, a perícia aponta vínculos pretéritos dele com Cara Preta (inclusive conversas) intermediadas por Japa; e há uma sentença judicial que o condenou por usar o cargo de investigador para emitir a 2ª via do RG do traficante.
Ruggieri — citado em documentos que também mencionam Danilo (inclusive uma foto de 2013 ao lado do ex-jogador) — foi condenado, em novembro de 2024, pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, por advocacia administrativa (usar o cargo público para defender interesse privado) por ajudar Anselmo a tirar a segunda via de seu RG.
Ao ajudar Anselmo na emissão do RG, Ruggieri o apresentou no órgão público emissor do documento como um parente que precisava do documento para viajar. A condenação foi substituída por uma multa de quatro salários mínimos, e o policial pôde recorrer da sentença.
Procurados pelo Lance!, os citados na reportagem não foram localizados. À época inicial da investigação, Igor Formiga era da FFP. Há um ano, ele é representado pela Elenko Sprts Ltda.
Em contraste com a dura realidade da tabela de classificação, Guto Ferreira assumiu oficialmente o comando técnico do Remo em clima de otimismo e confiança nos planos de acesso. Na prática, disse o que precisava ser dito. Ninguém assume um time e vai logo jogando a toalha. O fato é que ele terá 10 jogos pela frente para realizar a façanha.
Ao seu lado, durante a apresentação, o presidente Antônio Carlos Teixeira reforçou a convicção de que é possível chegar ao objetivo maior. Aproveitou para, sem citar nomes, reclamar de quem lança críticas ao clube com o objetivo de criar divisões internas.
Quanto ao desempenho do time nas últimas 10 rodadas, é praticamente impossível não criticar. A queda técnica foi vertiginosa. Os bons resultados obtidos fora de casa foram derrubados pelos tropeços como mandante – 20 pontos desperdiçados em Belém.
As duas últimas apresentações deixaram no torcedor a impressão de que o projeto do acesso perdeu força. Foram duas derrotas, para o Atlético-GO em Belém e para o Volta Redonda, no Rio. Mais que os resultados, assustou a performance ruim, principalmente na segunda partida.
O Remo foi facilmente dominado na maior parte do jogo por um time que está na zona de rebaixamento. Nem os desfalques de Pedro Rocha e Sávio justificam o mau comportamento e a baixa intensidade. Os erros primários de passe pareciam de um time que havia acabado de ser montado.
Para a estreia contra o CRB neste domingo (18h), no estádio Jornalista Edgar Proença, Guto Ferreira teve apenas um dia inteiro de trabalho com o elenco. Resumo da ópera: o técnico vai apostar na força da palavra para orientar o time, que terá novamente várias mudanças.
É provável que Luan Martins volte ao meio-campo, para reforçar o setor de marcação ao lado de Caio Vinícius. Na meia, Jaderson deve ser o titular. Para o ataque, o trio mais provável é Janderson ou Nico Ferreira, João Pedro (Eduardo Melo) e Diego Hernández.
Marcelinho retorna à lateral-direita e Jorge deve estrear na esquerda. Ao todo, três ou quatro mudanças para tentar fazer a equipe jogar competitivamente, recuperar a confiança e se impor ao visitante.
Em caso de vitória, o Remo pode voltar ao 7º lugar e se aproximar novamente do G4, tendo que torcer por uma combinação favorável de resultados na rodada.
Papão encara o Tigre, sensação do campeonato
O duelo promete fortes emoções na tarde deste domingo (16h). Criciúma está em êxtase com a campanha do representante da cidade no Brasileiro da Série B. Em arrancada espetacular, o Tigre pulou da vice-lanterna para a liderança do campeonato, com seis vitórias nas últimas sete rodadas e uma pegada de time que vai subir.
Sob o comando de Eduardo Baptista, que treinou o Remo em 2021, o Criciúma é um time sem estrelas, mas competitivo ao extremo, rápido nas transições e eficiente na marcação. São predicados que normalmente explicam trajetórias de destaque na Série B.
O PSC, ao contrário, vive o drama da permanência prolongada no Z4. Foram 25 rodadas na parte inferior da tabela. Além da sofrência gerada pela constante ameaça de queda, o time terá várias baixas. Perdeu Leandro Vilela, que só volta na próxima temporada.
Lesionado, o zagueiro Thiago Heleno fica mais cinco rodadas fora. O artilheiro Diogo Oliveira sentiu um problema muscular diante do Novorizontino e não viajou com a delegação. Além dele, Rossi está fora da partida por ter tomado o terceiro amarelo.
Márcio Fernandes quebra a cabeça em busca de uma escalação que seja minimamente capaz de encarar o time que é a sensação do campeonato. Deve entrar com três zagueiros novamente – Thalyson, Quintana e Maurício –, usando quatro peças no meio-campo e três atacantes.
A esperança de gols é Maurício Garcez. Atacante fundamental na ligeira fase vitoriosa sob o comando de Claudinei Oliveira, o ponta-esquerda perdeu presença ofensiva com a ausência de criação no meio-campo. Apesar de tudo, ofensivamente o PSC depende dele.
A tarde também será de reencontro. Estarão em campo pelo Criciúma alguns jogadores que deixaram o PSC recentemente. Nicolas, que saiu em baixa da Curuzu, é um dos destaques da equipe. O volante Matheus Trindade é outro ex-bicolor reforçando o Tigre. O atacante Borasi não é titular, mas sempre entra no 2º tempo.
Bola na Torre
Guilherme Guerreiro apresenta o programa, a partir das 22h, na RBATV, com participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, a participação dos times paraenses na Série B. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.
(Coluna publicada na edição do Bola de sábado/domingo, 27 e 28)
Na segunda-feira, 22, a coluna alertou para a mudança de cenário do Remo na Série B. Saía o discurso do acesso e entra em cena a necessidade de garantir permanência. O comentário se baseava na derrota para o Atlético Goianiense no sábado, em Belém, que ampliou a distância em relação ao G4. Na quarta-feira, 24, o quadro se tornou ainda mais dramático, com o revés diante do Volta Redonda.
A pífia apresentação, com direito a domínio avassalador do Voltaço por três quartos da partida, sufocando o time remista desde os primeiros minutos. Foi o chamado passeio absoluto, com muita superioridade técnica e principalmente coletiva.
O rendimento dos times poderia até confundir os mais desavisados. O Volta Redonda abraçou a luta pela vitória com uma volúpia de quem briga na parte de cima da tabela. O Remo mostrou-se opaco, apático e muito desorganizado na maior parte do tempo.
Depois de sofrer o primeiro gol logo aos 14 minutos, o time ficou ainda mais dispersivo, aceitando a pressão adversária e safando-se exclusivamente pela excelente atuação (mais uma vez) de Marcelo Rangel.
Aos 16 minutos do 2º tempo, Rangel salvou milagrosamente um cabeceio de Sanchez. A bola ainda tocou na trave e saiu. A primeira ameaça concreta do Remo ao gol do Volta Redonda só aconteceu aos 27 minutos do 2º tempo, quando Klaus desviou de cabeça, quase empatando a partida.
A essa altura, o interino Flávio Garcia já havia colocado Jaderson, Janderson, Eduardo e Diego Hernández em campo. As mudanças ajudaram o Remo a sair do encolhimento, passando a pressionar pelos lados e levando algum perigo, principalmente com Janderson e Hernández.
O Voltaço demonstrava cansaço e tinha dificuldades para conter as tentativas do ataque azulino. Aos 40’, após cruzamento de Janderson, João Pedro sofreu pênalti. O próprio João Pedro cobrou e o goleiro Jefferson Aqui espalmou. No rebote, Eduardo Melo aproveitou para empatar.
Um presente imerecido para o confuso time paraense, pois o jogo foi de ampla supremacia do Volta Redonda, que nem precisou se defender diante da lentidão dos azulinos. Só que até milagres têm sua dose de limite.
Apenas 10 minutos depois, um erro de Caio Vinícius na saída para o ataque ocasionou o gol da vitória do Volta Redonda. Vitinho lançou bola na área, Sanchez desviou para o centro da zaga e Matheus Lucas marcou. Diga-se, não foi o primeiro erro de passe do Remo, nem de Caio Vinícius. Longe disso. (Foto: Luís Carlos/Ascom CR)
Os imensos desafios do novo comandante
A derrota no Raulino de Oliveira, sob o olhar preocupado do técnico Guto Ferreira, fez o Remo despencar para o 12º lugar na tabela, sua pior posição no campeonato. Com 39 pontos, fica a 7 pontos do último colocado no G4, o Novorizontino, que tem 46 pontos.
É uma posição desconfortável para quem nutriu ambições de acesso e perigosa para quem não pode nem flertar com a ideia de rebaixamento, ainda improvável. Guto Ferreira terá um desafio imenso pela frente.
Diante do CRB, domingo, o Remo terá ainda mais baixas do que tinha diante do Voltaço. Além de continuar sem Pedro Rocha, Sávio e Marcelinho e Pavani, não terá Marrony (suspenso) e Reynaldo, lesionado.
Mais do que peças, Guto terá que se virar nos 30 para dar ao time um mínimo de organização e repertório de jogadas. Nas últimas partidas, o Remo pareceu um bando sem rumo, distribuído de forma espaçada em campo e pouco agressivo quando tem a bola.
Sem dúvida, é o pior momento da equipe na competição, demonstrando certo esgotamento técnico em função das poucas opções que o elenco oferece. Talvez a única notícia animadora seja o retorno do volante Cantillo, que ficou de fora por seis rodadas.
Papão tenta juntar os cacos para enfrentar o Tigre
Com várias ausências no time para o confronto de domingo diante do Criciúma, em Santa Catarina, o técnico Márcio Fernandes terá que contar com jogadores que ainda não tinham sido escalados. Quintana, zagueiro barrado desde a chegada de Claudinei Oliveira, pode reaparecer, em substituição a Thiago Heleno, contundido.
O meio-de-campo é, porém, o setor mais problemático. A perda mais significativa é a de Leandro Vilela, que deve ficar afastado dos gramados por nove meses. Sem ele, Márcio precisará escolher dois volantes entre Ronaldo Henrique, Dudu Vieira, Martinez, Nicola e André Lima – nenhum titular absoluto desde sua chegada.
Para a armação, Denner deve ser o escolhido, pois Ramon Vinícius não mostrou qualidades para assumir a titularidade. Outro problema reside no ataque, onde o centroavante Diogo Oliveira pode desfalcar a equipe. Rossi é outra possível baixa. Denilson e Marcelinho são as alternativas.
(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 26)
Com uma atuação desastrosa em boa parte do jogo, o Remo perdeu para o Volta Redonda, na noite desta quarta-feira (24), no estádio Raulino de Oliveira, por 2 a 1, e se afastou ainda mais do G4 da Série B. Em partida válida pela 28ª rodada, o time paraense foi completamente dominado na primeira etapa, desde que tomou o gol logo aos 14 minutos.
Organizado e intenso, o Volta Redonda nem parecia o time que ocupa a vice-lanterna do Campeonato Brasileiro. Encarou o Remo com determinação em busca da vitória, ocupando espaços e atacando constantemente. Além do gol inicial, marcado por Vitinho em chute rasteiro (a bola desviou em Reynaldo e enganou Marcelo Rangel), o Voltaço criou mais duas grandes chances para ampliar, com Thallyson e Sanchez.
Depois do intervalo, o técnico interino Flávio Garcia fez duas mudanças – Jaderson e Janderson substituindo Nico Ferreira e Nathan Pescador – e o Remo tentou equilibrar as ações, mas o ritmo imposto pelo Voltaço continuava muito forte, explorando as subidas pelos lados e deixando a defensiva azulina sob constante perigo.
Aos 16 minutos, quase saiu o segundo gol: Jhonny foi à linha de fundo pelo lado direito e cruzou no segundo pau para a entrada fulminante de Sanchez, melhor jogador em campo. O ala esquerdo cabeceou e Marcelo Rangel fez defesa sensacional. A bola ainda tocou na trave e desviou na cabeça do goleiro.
O Remo só foi conseguir sair do encolhimento defensivo com a entrada de Diego Hernández (substituiu Pedro Castro), que entrou pela esquerda, fazendo dobra com o lateral Alan Rodríguez. Com Janderson aberto pela direita, o time finalmente conseguiu ameaçar a meta de Jefferson Aquino. Em cruzamento de Janderson, aos 27′, o zagueiro Klaus cabeceou no canto direito. Jefferson tocou com a ponta dos dedos para evitar o empate.
Hernández seguiu insistindo com avanços e cruzamentos para João Pedro e Eduardo Melo, que havia substituído Marrony. Até que, aos 42′, em arrancada de Janderson pela esquerda a bola foi cruzada para João Pedro na área. Quando ia dominar a bola, o centroavante foi derrubado por Igor Moraes. Na cobrança do pênalti, ele chutou mal e o goleiro Jefferson espalmou. No rebote, Eduardo Melo finalizou para as redes, empatando a partida.
Pela primeira vez no jogo, o Remo por alguns minutos teve o controle da situação, com espaço até para buscar a virada. Mas, aos 51′, veio o momento mais emocionante do jogo. Na tentativa final do Voltaço, Vitinho recuperou a bola após erro de passe do volante Caio Vinícius e fez uma inversão alta para a esquerda. Quase sobre a linha de fundo, Sanchez escorou para o centro da área, onde Matheus Lucas apareceu para desviar e desempatar a partida.
Foi o 10º ponto conquistado pelo Voltaço sobre os times paraenses na competição – três vitórias e um empate. Com o resultado, o time do Rio chegou a 30 pontos, deixando a vice-lanterna e pulando para a 17ª colocação.
Já o Remo despencou para a 10ª posição, com 39 pontos, aumentando a distância para o G-4, completando a sequência negativa iniciada com a derrota em casa para o Atlético-GO. Domingo, 28, o Leão recebe o CRB no Mangueirão, às 18h, na estreia do técnico Guto Ferreira.
“Tem que tomar muita mamadeira de piroca com cloroquina para acreditar que Trump elogiar Lula na ONU foi ruim para o presidente brasileiro. Que gente limitada essa que cai no papo dos limitadíssimos Paulo Milk Shake Figueiredo e Dudu Chapa de Hambúrguer Bolsonaro”.