Helder ajuda Papão a quitar dívida

POR GERSON NOGUEIRA

O governador Helder Barbalho anunciou ontem, nas redes sociais, a liberação de R$ 600 mil ao Paysandu, a fim de ajudar o clube a saldar dívida junto ao Torrense (Portugal) pelo jogador Kéffel e livrar-se do transfer ban da Fifa, imposto desde 30 de junho. Graças a isso, será possível contratar jogadores na atual janela de transferências, fortalecendo o time na disputa da Série B.

“Acabei de falar com a presidente do Banpará e vamos aumentar em R$ 600 mil o patrocínio de R$ 4,4 milhões, totalizando R$ 5 milhões. É o que o clube precisa para pagar a dívida na Fifa. Esta é uma ação que estamos fazendo para ajudar o Paysandu, para colaborar com o futebol paraense e para que nossos times possam representar muito bem o Estado do Pará”, disse o governador em mensagem dirigida ao torcedor bicolor. 

Trata-se de um gesto de extrema sensibilidade do governador num momento delicado da vida financeira do PSC, confirmando sua preocupação com o sucesso dos clubes que representam nacionalmente o Pará. Vale dizer que o PSC – juntamente com o Remo – já recebe anualmente o valor de R$ 4,4 milhões em patrocínios do Banpará. A quantia liberada ontem amplia esse valor para R$ 5 milhões.

Nenhum outro governo estadual no Brasil se equipara ao do Pará em termos de ações diretas em prol do futebol profissional. Helder, conhecido pela veia de desportista, foi informado das dificuldades enfrentadas pelo clube para sanar a dívida junto à Fifa e decidiu ajudar.

Por coincidência, a ajuda vem de um governante que chegou a ser alvo de uma campanha infame, movida por oportunistas e políticos de quinta categoria, com a insinuação falsa de que o clube não estaria recebendo verbas do governo. Uma calúnia que chegou a ser disseminada nas redes sociais através de fake news explorando o fato de que Helder torce pelo Remo, o que o governador nunca escondeu.   

A verdade é que os dois maiores clubes do Estado têm sido ajudados com verbas de patrocínio absolutamente iguais, renovadas todos os anos. 

Aliás, auxílio que não faltou nem mesmo durante a pandemia que assolou o Brasil e o Pará nos anos de 2020 e 2021. É uma política de governo executada com base na importância que o futebol tem para o povo paraense. 

Jaderson cotado para voltar à meiúca do Leão

Depois de vários jogos fora do time titular, entrando apenas no decorrer das partidas, o volante Jaderson deve voltar ao meio-de-campo do Remo na partida deste sábado (16) contra o Botafogo-SP, no Mangueirão.

Principal jogador da campanha que garantiu o acesso da Série C para a B no ano passado, Jader perdeu espaço na concorrida meia-cancha azulina após sofrer grave lesão na cabeça durante o clássico Re-Pa do turno.

Um choque na cabeça em disputa de bola com o zagueiro Novillo, do PSC, deixou o volante fora de combate por mais de 30 dias. Voltou na partida contra o Athletic, em São João del Rei (MG), mas não como titular.

Apesar da boa atuação naquele jogo, ele foi pouco utilizado pelo técnico Antônio Oliveira desde que se recuperou plenamente. É lançado no 2º tempo, como contra a Ferroviária e o América-MG, e às vezes nem isso – ficou de fora do confronto com o Goiás.

Para a partida com o Botafogo, Jaderson virou opção preferencial porque Pavani está lesionado. A tendência é que o volante faça companhia a Caio Vinícius e Cantillo, atuando tanto na marcação quanto nas ações de transição ofensiva.

Jaderson é um caso raro de meio-campista que conduz a bola de um campo a outro, com intensidade e capacidade de auxiliar o ataque com finalizações e lançamentos. Não há outro volante com suas características no elenco do Remo, e talvez por isso sua presença sempre é benéfica para o time.

Improvisações desnecessários afetam entrosamento

Manter o entrosamento de um time em meio à vertiginosa sucessão de jogos da Série B é um desafio permanente. Jogadores entram e saem, por lesões, suspensões ou deficiência técnica, o que não permite ajustar adequadamente os sistemas de jogo.

O PSC tem sofrido com isso desde o começo da Série B, quando o time foi castigado pelo pequeno intervalo entre jogos de quatro competições simultâneas, pagando um alto preço por isso.

Agora, com elenco reforçado desde a última janela de transferências, o técnico Claudinei Oliveira tem conseguido bons resultados, chegando a sustentar uma invencibilidade de nove partidas, que foi quebrada na segunda-feira (11) diante do Vila Nova.

Ocorre que algumas apresentações do PSC, principalmente como mandante, têm sido comprometidas por improvisações desnecessárias. A lateral-direita, por exemplo, vem sendo ocupada pelo zagueiro Luan Freitas.

Diante do Vila, essa experiência não foi bem sucedida. Luan vai bem defensivamente, mas o time sofreu com a falta de agressividade pelo lado direito. Tímido na pressão inicial sobre a defesa adversária, o PSC só foi mais presente quando Edilson foi lançado no 2º tempo.

Com especialista na função disponível no banco, a improvisação de um zagueiro fica difícil de entender e explicar ao torcedor. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 14)

Papão tropeça nos próprios erros

POR GERSON NOGUEIRA

A impressionante série invicta de nove jogos do Papão chegou ao fim na segunda-feira (11) à noite, na Curuzu, sem que os 13 mil torcedores presentes conseguissem entender a estratégia usada diante do Vila Nova-GO. Por 90 minutos, a equipe de Claudinei Oliveira se mostrou tímida, confusa nas tentativas de ataque e sérias fragilidades defensivas.

Antes de abrir o placar, aos 26 minutos do 2º tempo, em golaço de João Vieira, o Vila Nova já era superior na quantidade de ações de ataque. Inicialmente, o visitante explorava o contra-ataque, mas aos poucos, percebendo que a marcação não era tão firme, passou a ter imposição com até cinco jogadores indo à frente.

Curiosamente, o PSC aceitou as condições de jogo propostas pelo Vila Nova e passou a ter problemas para conter os avanços do time goiano, sempre mais compactado e organizado. Dodô e Ruan Ribeiro perderam chances dentro da área alviceleste.

Para justificar o baixo rendimento, o técnico Claudinei Oliveira chegou até a alegar que a forte chuva afetou a produção de seus jogadores, como se o time paraense não estivesse acostumado a jogar sob torós como o que desabou na segunda-feira à noite. Não pegou bem.

O fato é que, com Ronaldo Henrique, Leandro Vilela e Denner, o meio-campo repetiu velhos problemas, como a falta de jogadas de infiltração e criatividade na troca de passes. Com nenhum criativo no setor de armação, o time usou e abusou dos cruzamentos inúteis na área adversária.

Foi uma atitude individual que gerou o melhor momento do Papão na primeira etapa. Diogo Oliveira saiu da área e enganou a marcação. Viu Denner se infiltrando pela esquerda e deu uma assistência perfeita. Pena que o meia retardou o chute e foi bloqueado pela zaga na pequena área.

Veio a segunda etapa e começaram as mudanças, mas sem alterar o comportamento da equipe. Até saiu o gol, em cruzamento que Garcez desviou de cabeça, mas Leandro Vilela foi flagrado em impedimento.

Aí veio o erro fatal que gerou o gol do Vila. André Luís foi lançado em profundidade e teve liberdade e nenhuma marcação para chegar até a área, onde cruzou para João Vieira. O volante pegou de primeira, quase um voleio, sem chances para Gabriel Mesquita, aos 26 minutos.

O Papão tentou buscar a igualdade, mas a pressa e a falta de inspiração prejudicaram as tentativas. No fim, em meio à desarrumação da equipe, Diogo Oliveira e Edilson se desentenderam e quase brigaram.  

A campanha de Claudinei continua excelente, mas a pontuação do PSC sofre os efeitos do início terrível sob o comando de Luizinho Lopes. É preciso voltar a vencer para sair da zona de rebaixamento. (Foto: Jorge Luís Totti/Ascom PSC)

Pressão sobre a arbitragem pode gerar mais prejuízo

Durante o jogo contra o Vila Nova, a torcida atirou objetos no gramado, fato registrado pela arbitragem. Pior foi a pressão exercida pelo executivo de futebol Carlos Frontini sobre o árbitro Jonathan Benkenstein Pinheiro, com reclamações e xingamentos pelos minutos de acréscimo no 2º tempo. Esse tipo de comportamento quase sempre busca dar satisfação ao torcedor e desviar o foco das falhas do próprio time.

Uma atitude sempre equivocada, que pode ter efeito contrário ao desejado, e desnecessária porque obviamente pressionar árbitros depois do jogo não muda o placar. Como o PSC é reincidente em ações contra a arbitragem, o gesto de Frontini pode vir a provocar uma punição grave. Contra a Ferroviária, ele agiu do mesmo modo e foi citado na súmula.

E o mais surpreendente do episódio é que o árbitro não teve rigorosamente qualquer influência no resultado final. A anulação do gol de Garcez foi correta, pois Leandro Vilela estava impedido quando tocou na bola. Aliás, se alguém poderia se queixar era o Vila Nova, cujo segundo gol foi mal anulado pela arbitragem.

Atacante arruma as malas e artilheiro volta ao time

Quase três meses depois de ser contratado, o atacante Felipe Vizeu encerrou ontem o ciclo no Remo, assinando a rescisão de contrato. Maior salário do elenco e grande decepção do pacote de contratações azulinas, o jogador não conseguiu manter regularidade e fracassou na missão de fazer gols. Só marcou três vezes e, por isso, virou alvo das críticas da torcida.

Depois de boa temporada pelo Criciúma em 2024, fazendo dupla de ataque com Pedro Rocha, Vizeu não teve o mesmo rendimento do companheiro. Seguidas lesões aumentaram o desgaste junto aos torcedores e encurtaram a passagem do ex-rubro-negro pelo Evandro Almeida.

Enquanto Vizeu arruma as malas, o atacante Pedro Rocha volta ao time na partida deste sábado (16h), no estádio Jornalista Edgar Proença, contra o Botafogo-SP, pela 22ª rodada da Série B. Suspenso após ser expulso contra a Ferroviária, o artilheiro reforça a ofensiva azulina em jogo fundamental para tentar voltar ao G4.

Rocha tem 10 gols marcados e lidera a tábua de goleadores da Série B, três gols à frente de Carlão e Anselmo Ramon, ambos com 7. Um dos grandes destaques da campanha do Leão, o camisa 32 não balança as redes desde o jogo com o Goiás, na 19ª rodada.  

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 13)

Outro picareta do time “Deus + Pátria + Família”

Bolsonarista, fascista, financiador do golpe contra Dilma, adversário do Governo Lula, opositor do Farmácia Popular e dos programas sociais do governo federal: Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, é preso por falsificação e fraudes junto à Secretaria da Fazenda de São Paulo, em operação conduzida pelo Ministério Público de SP. Aliado do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas, o empresário já declarou que programas sociais de governos do PT “atrapalham os negócios”.

Efeito Lula: CadÚnico concentra 80% dos empregos formais criados no país

O mercado de trabalho brasileiro manteve trajetória positiva no primeiro semestre de 2025, com um saldo de 1.222.591 empregos com carteira assinada, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Um recorte realizado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), a partir do cruzamento com o Cadastro Único para Programas Sociais do governo Lula (CadÚnico), mostrou que 977.690 dessas vagas, 80% do total, foram ocupadas por pessoas em situação de vulnerabilidade social identificadas pela base de dados federal. 

Os dados desmontam a narrativa da extrema direita de que beneficiários de programas sociais não têm interesse em ingressar no mercado de trabalho. O CadÚnico é a principal ferramenta para seleção de beneficiários de programas como o Bolsa Família, Tarifa Social de Energia Elétrica e Benefício de Prestação Continuada (BPC). Sua abrangência permite mapear o perfil socioeconômico das famílias e direcionar políticas públicas de forma mais assertiva.

O levantamento revelou crescimento expressivo da participação feminina entre os contratados. Entre os inscritos no CadÚnico, as mulheres representaram 52,9% do saldo de empregos e 55,5% das admissões, com 2.737.997 contratações formais no semestre. Os homens, por sua vez, registraram 44,5% das admissões (2.196.442).

Esse protagonismo também se manteve entre os beneficiários do Bolsa Família, que somaram 711.987 vagas líquidas no período, correspondendo a 58,2% do saldo geral de empregos do país.

Dentro desse grupo, as mulheres foram responsáveis por 55,5% das vagas líquidas e 59,7% das admissões (1.410.133 contratações), frente a 40,3% dos homens (951.292).

Segundo o MDS, os números refletem a atuação de programas que associam proteção de renda, qualificação profissional e estímulo à formalização, como o Acredita no Primeiro Passo, instituído em 2024. Voltada a pessoas inscritas no CadÚnico, a iniciativa tem como foco grupos historicamente mais vulneráveis: mulheres, jovens, negros, pessoas com deficiência e comunidades tradicionais e ribeirinhas.

Rock na madrugada – Bad Company, “Rock’n’Roll Fantasy”

Com o grande Paul Rodgers nos vocais, este é um registro ao vivo de um clássico do Bad Company, com a formação original praticamente completa no palco: Mick Ralphs na guitarra solo; Howard Leese, guitarra base; Lynn Sorensen no baixo e Simon Kirke na bateria. O show foi um dos muitos comemorativos de reunião da banda e aconteceu na Wembley Arena, em Londres, em 2013.

Reconhecido como uma das melhores vozes do rock, elogiado publicamente por Jimmy Page e Freddie Mercury, Paul Rodgers foi a mola propulsora do Bad Company desde a fundação em 1973, conseguindo fazer com que a banda produzisse pelo menos quatro discos excelentes e sobrevivesse por mais tempo aos muitos conflitos internos.

O estilo básico de formação com duas guitarras, bateria e baixo foi mantido na década dourada do Bad Company, mas, a partir de 1984, Rodgers partiu para experiências com outros músicos, como o efêmero The Firm, com Jimmy Page, Chris Slade e Tony Franklin.

Outra parceria marcante de Paul Rodgers foi com o Queen, entre 2004 e 2009, com duas turnês mundiais e um álbum de estúdio, “The Cosmos Rocks”. Apesar do relativo êxito comercial, a experiência terminou em 2009 por decisão de Rodgers.  

“Rock’n’Roll Fantasy” é do disco Desolation Angels, de 1979. Sob a liderança de Rodgers, o Bad Company viveu seu auge entre 1973 e 1980, emplacando vários sucessos nas paradas dos EUA e Reino Unido. Curiosamente, passou para a história como uma espécie de dinossauro do rock, quase esquecido depois dos anos 90.

Michael Geoffrey Ralphs foi o instrumentista que moldou o som do Bad. Além da guitarra marcante, compôs em parceria com Rodgers vários dos hits da banda. Foi fundador também de outro grande grupo inglês, o Mott the Hoople. Morreu em 25 de junho deste ano. Outro músico fundador do Bad Company, o baixista Raymond ‘Boz’ Burrell, morreu em 2006. Tanto Burrell quanto Ralphs passaram primeiro pela usina criativa do King Crimson, de Robert Fripp.

Derrotado em casa, Papão segue na vice-lanterna da Série B

Era um jogo aguardado com ansiedade pela torcida alviceleste, pois o Paysandu tinha a chance de deixar a zona de rebaixamento em caso de uma vitória. Ocorre que atuando abaixo do esperado e com pouca presença ofensiva, o Papão acabou derrotado por 1 a 0 e perdeu a invencibilidade de nove partidas dentro da Série B. Com isso, permanece na 19ª colocação, com 21 pontos.

Os primeiros minutos deram a impressão de que o PSC dominaria a partida, mas os seguidos erros no ataque consolidaram a segurança defensiva do Vila Nova, que organizava contra-ataques perigosos. A chuva forte que caiu sobre o estádio da Curuzu esfriou a partida, mas o Vila passou a cercar a área bicolor. Aos 17 minutos, após cruzamento na área, o atacante Ruan Ribeiro perdeu uma chance clara, sozinho na pequena área. 

A chuva foi embora ainda no 1º tempo, mas o PSC seguiu jogando de forma lenta e errando muitos passes. Concentrava muito as ações no lado esquerdo, com Reverson e Garcez, mas a marcação não permitia que ambos fizessem muita coisa. Em outra chegada forte, aos 25′, Pedro Romano lançou Dodô, que chutou cruzado, levando muito perigo ao gol de Gabriel Mesquita.

A situação estava difícil e Garcez tentou cavar um pênalti aos 40′, mas a arbitragem não foi na onda. Em seguida, o próprio Garcez escorou um cruzamento de cabeça e a bola foi parar no fundo das redes, para delírio da torcida que lotava a Curuzu. O lance, porém, foi invalidado: Leandro Vilela estava impedido na origem da jogada.

O panorama não mudou no começo do 2º tempo. Apesar de buscar ir ao ataque, o PSC organizava mal as jogadas e facilitava o trabalho de marcação. Restava cruzar bolas na área, sem nenhum resultado prático. O Vila Nova se encolhia, à espera de brecha para explorar o contra-ataque.

Na melhor manobra do ataque do Papão, o meia Denner ficou livre na área, após receber passe de Diogo Oliveira, mas retardou o chute e a defesa travou a jogada.

Confuso em suas linhas, o PSC não conseguia pressionar e ainda abria espaços na defesa. Aos 26′, André Luís arrancou pela direita e deu um passe perfeito para o volante João Vieira, livre de marcação no lado esquerdo. Ele bateu de chapa e marcou um belo gol. A temida “lei do ex” puniu o Papão e deixou a Fiel enfurecida, vaiando a diretoria e atirando objetos no gramado.

O técnico Claudinei Oliveira fez mudanças (entraram Benitez, Edilson, Vinni e PK), mas o time seguiu na mesma toada. O time não se entendia e Diogo Oliveira e Edilson quase saíram no tapa. No final, o Tigre levou a melhor. A derrota quebrou a invencibilidade de nove jogos sob o comando de Claudinei.

(Foto: Jorge Luís Totti/Ascom PSC)

Desafios do calendário brasileiro: Botafogo, Galo e Flu devem ter um jogo a cada 3 dias

CBF revelou que irá apresentar uma nova proposta de organização dentro dos próximos 60 dias

O calendário do futebol brasileiro deve ganhar uma nova versão conforme revelou o presidente da CBF, Samir Xaud, nesta segunda-feira (11). A ideia é que, dentro de 60 dias, uma nova proposta seja apresentada e encaminhada para avaliação dos clubes e das federações estaduais para solucionar críticas como o excesso de jogos e o pouco tempo para treinamentos e recuperação. Na atual temporada, por exemplo, Atlético-MG, Botafogo e Fluminense, clubes que ainda estão em três frentes, podem disputar mais 34 novos até o final da temporada caso sigam em todas as competições, o que representaria uma partida a cada 3,9 dias.

O momento atual é o de afunilamento das principais competições, com as quartas de final da Copa do Brasil já definidas e a volta da Libertadores e da Copa Sul-Americana nesta semana, na fase de mata-mata. O Campeonato Brasileiro, por sua vez, se estenderá até 21 de dezembro, por conta da paralisação no meio do ano durante o período do Mundial.

Até o final da temporada ainda haverá mais três paralisações por datas Fifa, que somam um total de 27 dias de pausa – de 1 a 9 de setembro, 6 a 14 de outubro e 10 a 18 de novembro. Sendo assim, o intervalo efetivo para a disputa dos jogos até o final do ano seria de 105 dias, o que poderia significar uma partida a cada 3,1 dias para Atlético-MG, Botafogo e Fluminense. No caso do alvinegro carioca, a equipe é a única brasileira que ainda disputa as três principais competições – Brasileirão, Libertadores e Copa do Brasil. Já o Galo e o Tricolor, além das competições nacionais, também jogam a Copa Sul-Americana. Os três times ainda contam com duas partidas atrasadas no Brasileirão.

Além da maratona de jogos, outro fator que pode levantar preocupações principalmente para Botafogo e Fluminense, que disputaram a Copa do Mundo de Clubes no meio do ano, é o fato de os atletas dessas equipes terem seguido em atividade no mundial enquanto os demais times que não participaram da competição aproveitaram o período para dar férias aos atletas e realizar uma intertemporada.

Guilherme Soares, Performance Manager da Volt Sports Science, plataforma de saúde e serviços para atletas de futebol de elite, ressalta que além das condições físicas também há maior desgaste mental acumulado pelos atletas que seguiram para a disputa do mundial. Tais fatores, entretanto, não significariam uma perda de competitividade caso haja a adoção de uma abordagem científica que seja abrangente e multidisciplinar. “Apesar de desafiador, é totalmente possível manter um bom rendimento até dezembro ao realizar uma boa gestão da carga de treinos, jogos e do descanso, encontrando o equilíbrio físico, mental e emocional do ser humano – que vem antes do jogador”, destaca.

Entre os principais desafios apontados como comuns às equipes que ainda seguem vivas em mais de uma competição, destaca-se a gestão da carga de trabalho, de modo a garantir o máximo rendimento e a redução de lesões. “Nessa maratona de jogos, treinar bem muitas vezes significa treinar menos, mas com mais qualidade; para que haja um maior desempenho durante os jogos que estão nas fases decisivas”, pontua a Dra. Morgana Américo, fisioterapeuta das categorias de base e sócia da Sonafe (Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva).

Ela também destaca a ciência do esporte como um diferencial competitivo para o atual momento da temporada, com destaque para técnicas como crioterapia, massagens, compressão pneumática, alimentação e hidratação específicas, além da importância do sono de qualidade e de um planejamento que respeite a individualidade de cada atleta. Para saber a melhor forma de dosar a carga dos atletas, ainda podem ser utilizadas alternativas como testes para análise da produção de força de diferentes músculos, marcadores bioquímicos através da coleta do sangue e análise dos dados do sono com o auxílio da tecnologia.

Além do controle de carga e do trabalho individualizado para cada atleta, os trabalhos preventivos contra lesões também são apontados pelos especialistas como fundamentais na preparação. O profissional da Volt Sports Science destaca que, apesar das lesões fazerem parte do ambiente de alta exigência física e mental, há trabalhos para diminuir ao máximo as chances. “Sempre colocamos o atleta em condições protetivas, por isso as avaliações periódicas e monitoramento diário são cruciais no processo, pois muitas vezes o corpo nos dá sinais importantes, e quando estamos atentos a isso, temos a capacidade de evitar problemas maiores”.

“A medicina preventiva é um dos pilares centrais para sustentar a performance dos atletas nesse cenário de alta exigência física e sequência intensa de jogos. Trata-se de antecipar o problema — identificar sinais precoces de sobrecarga, desequilíbrios musculares ou fadiga antes que se tornem lesões. Hoje, o fisioterapeuta não atua apenas na reabilitação após lesão, mas na prevenção, com protocolos específicos de avaliação funcional, testes de força, flexibilidade, controle motor e estabilidade articular. Um bom exemplo prático disso é o uso do chamado PSR, um questionário sobre fadiga, dor, sono, etc., no qual conseguimos identificar como está a recuperação do atleta, e com isso adaptar o treino dele diariamente”, complementa a profissional da Sonafe.

Momento atual é o de máximo rendimento

Além da utilização da ciência e da tecnologia para garantir o melhor rendimento dos atletas, também há técnicas que possibilitam planejar a carga de trabalho para a temporada de modo que o atleta garanta o melhor rendimento somente em estágios mais avançados do ano. Trata-se de um conceito chamado periodização do treinamento, que organiza a carga física, técnica e emocional ao longo do ano, de forma estratégica, conforme explica a Dra. Morgana Américo.

“A ideia é que o atleta não esteja no seu ápice físico em fevereiro ou março, mas sim em agosto, setembro e outubro, que são meses decisivos para quem está vivo em várias competições, como Copa do Brasil, Libertadores, Sul-Americana e também o Brasileirão. Para isso, o trabalho precisa ser planejado desde o início da pré-temporada, alternando momentos de maior carga com períodos de recuperação, e ajustando continuamente a preparação conforme a resposta dos jogadores”, afirma.

“Nesse contexto, a fisiologia, a fisioterapia e a medicina têm um papel essencial. Monitorar o desgaste, prevenir lesões e ajustar cargas individualmente permite que o grupo chegue ao segundo semestre com o maior número de atletas disponíveis — e em boas condições para performar. É o que chamamos de pico de forma planejado”, complementa.

O psicopata e os moradores em situação de rua em Washington

Por Oliveiros Marques

A justificativa apresentada pelo bilionário presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para perseguir pessoas em situação de rua em Washington é a de que a criminalidade estaria aumentando na capital federal norte-americana.

É verdade que determinados índices de criminalidade têm crescido de forma expressiva em Washington, DC. Mas não é fato que esses crimes estejam ocorrendo nas ruas por causa das pessoas em situação de rua. Ao contrário: a incidência de crimes violentos nas ruas vem caindo. O que cresce, dia após dia, são os crimes políticos e diplomáticos cometidos a partir do Salão Oval – com ação direta ou cumplicidade presidencial – contra imigrantes, contra o povo palestino e contra cidadãos de diversos países, por meio de tarifas arbitrárias e injustificáveis.

No Brasil, o crime tarifário se mostra ainda mais grave, pois caracteriza uma tentativa objetiva de interferir no funcionamento das instituições democráticas para livrar da prisão um possível condenado por crimes contra o Estado Democrático de Direito.

Trump não tem qualquer autoridade legal para intervir contra pessoas em situação de rua em Washington. O governo federal, por lá, só tem jurisdição sobre prédios e áreas federais. Mas, como sabemos, isso pouco importa para _Galactus_ – ele se alimenta do descumprimento das leis e do desprezo pelos direitos humanos. Se até tocaia com agentes de imigração escondidos em caminhões ele patrocina para caçar imigrantes, imagine se alguma lei o impediria de promover uma espécie de “higienismo social” em torno de sua residência temporária, com essa tentativa de sequestrar dos espaços públicos aqueles considerados indesejáveis.

A psique de _Galactus_ parece encarar a perseguição a imigrantes -, lembremo-nos de que mais de 1.200 brasileiros já foram deportados pro Trump – e a pessoas em situação de rua como uma espécie de “faixa de Gaza” pessoal. Um teatro onde, assim como Benjamin Netanyahu faz com os palestinos, se persegue um grupo não por necessidade real, mas pelo prazer de afirmar força e domínio.

Trata-se de um padrão condizente com traços de psicopatia: ausência de empatia, ausência de remorso, manipulação sistemática. Os rompantes, as contradições e o descontrole são típicos de indivíduos com esse desvio de personalidade, que têm dificuldade em controlar impulsos e tendem a projetar a culpa no outro. Não, _Galactus_ não é um doente mental no sentido clínico; ele apresenta um transtorno de personalidade grave. Afinal, sua empatia é seletiva – reservada a interesses e pessoas que lhe convêm, como, por exemplo, Jeffrey Epstein e sua lista.

Enquanto isso…

“The Economist, El Pais, New York Times, jornais e revistas do mundo todo elogiando Lula por não se submeter a Trump, menos a nossa mídia que é vira-lata demais”.

Ricardo Pereira, professor e jornalista

A frase do dia

“O Estado genocida de Israel já matou 186 jornalistas em Gaza, mais que os 69 de toda a 2ª Guerra Mundial. A ação é planejada para ocultar crimes de lesa-humanidade, com a imprensa estrangeira proibida de ir às frentes de guerra. O regime sionista é uma cloaca dos piores bandidos”.

Breno Altman, jornalista

Nem vitória acalma torcida do Leão

POR GERSON NOGUEIRA

A vitória de 1 a 0 sobre o América-MG, sábado à tarde, em Belo Horizonte, deixou o Remo colado ao G4 da Série B, a um ponto da Chapecoense (4º colocada). Um resultado excelente, que recoloca o time paraense no pelotão dos clubes que brigam pelo acesso à Série A. Apesar disso, boa parte da torcida reagiu criticamente à apresentação da equipe.

A principal queixa dos torcedores diz respeito à falta de apetite do time para buscar marcar mais gols e obter uma vitória mais tranquila. Nem mesmo o fato de ser um jogo fora de casa atenuou as críticas à performance do time dirigido por Antônio Oliveira.

É como se o Remo tivesse atuado mal, sem convencer tecnicamente. Apesar da queda de rendimento ao longo da partida, a apresentação foi satisfatória. Na prática, o time procurou controlar as ações depois de abrir o placar logo aos 4 minutos, quando Marrony cobrou pênalti sofrido por Matheus Davó – em jogada iniciada pelo próprio Marrony.

Quatro minutos depois, o lance se repetiu e Davó foi novamente lançado por Marrony. O centroavante entrou na área, mas errou ao finalizar, tirando do goleiro e mandando a bola à direita da trave do América.

A rigor, o Remo só teve problemas em dois lances de Willian Bigode, que recebeu dentro da área e falhou nos arremates. Ainda assim, a postura do Leão foi tranquila, conseguindo neutralizar as articulações do América.  

O 2º tempo teve o América com mais posse de bola, mas criando apenas duas situações de perigo. O primeiro com Figueiredo, que bateu cruzado para grande defesa de Marcelo Rangel. Depois, uma bola na trave, aos 33 minutos, que Reynaldo conseguiu afastar a tempo.

Não foi a primeira vitória “contestada” pela torcida. Desde que Antônio Oliveira assumiu, no Re-Pa da 13ª rodada, o time tem sido frequentemente criticado. Em alguns momentos, são questionamentos cabíveis. A demora excessiva em mexer no time é de fato um problema sério.

Diante do América, com alguns jogadores visivelmente desgastados e baixa movimentação no meio-campo, Oliveira custou a lançar Jaderson e Régis. Demorou também em substituir Davó, que sumiu do jogo na etapa final.

De maneira geral, porém, soa estranho reclamar de uma campanha de 33 pontos na Série B mais equilibrada dos últimos tempos. O Remo não pratica um futebol vistoso, mas tem se sobressaído em meio ao equilíbrio reinante. Está no mesmo nível de Coritiba e Goiás, que se revezam na liderança. É óbvio que há mérito nisso. (Foto: Samara Miranda/Ascom CR)

Tuna faz 2 a 0, mas está fora da Série D

Como em 2023, o Maranhão veio ao Souza e se deu bem. Perdeu por 2 a 0, mas comemorou a passagem à 3ª fase da Série D. A Tuna, ao contrário, teve que se contentar com uma despedida honrosa diante de sua apaixonada torcida, depois de ser fragorosamente goleada em São Luís por 4 a 1.

O jogo começou como a Tuna queria. Meteu um gol logo no primeiro minuto. Após escaramuça na área, Ronaldy abriu o placar. Era o cenário dos sonhos para o desafio de vencer por quatro gols de diferença. Ficou a impressão de que a Lusa iria fazer mais gols ainda no 1º tempo.  

Durante os 45 minutos iniciais, a Tuna se desdobrou em cruzamentos e tentativas de pressionar a defensiva maranhense, mas a falta de qualidade comprometeu a armação de jogadas, facilitando o bloqueio do MAC.

Uma chuva de verão caiu sobre o Souza e refrescou o ambiente, mas o confronto continuou pegado e indefinido. A Tuna tinha Alex Silva, Paulo Rangel e Ronaldy avançados, mas o meio-campo errava muitos passes. Inexplicavelmente, Germano e Gabriel Furtado permaneciam no banco.

Quando o técnico Inácio Neto resolveu mexer, o jogo já havia entrado no modo desespero. Gabriel entrou junto com Marlon e Emerson, mas a Tuna seguiu martelando cruzamentos sem maior perigo.

O segundo gol veio aos 44’, quando não havia mais tempo para uma reação. Em novo tumulto na área, que começou com pênalti sobre Gabriel Furtado, a bola sobrou para Paulo Rangel estufar o barbante. Germano não entrou e o meio-campo seguiu errando passes e a defesa dando chutão.

A partida terminou com um gosto de frustração para a torcida cruzmaltina. O time se despede do Brasileiro com a marca de melhor mandante, mas derrubado por uma partida infeliz e desastrosa fora de casa.

Papão lança força máxima para superar o Vila

A partida pode marcar a sonhada saída da zona de rebaixamento. Com 21 pontos, o PSC precisa da vitória para deixar a vice-lanterna da competição. O Vila Nova vive uma fase de instabilidade, tem vários desfalques e traz um novo técnico, Paulo Turra.  

O ataque que garantiu ao Papão a impressionante campanha de nove jogos de invencibilidade está confirmado para a partida: Marlon, Diogo Silva e Garcez. No meio, uma alteração. Ronaldo Henrique substitui Anderson Leite. A zaga terá Luan Freitas (foto) ao lado de Novillo e Thalison.

A Curuzu deve ter um grande público para empurrar a equipe na busca pelos três pontos. O técnico Claudinei Oliveira mantém a receita que vem garantindo a boa fase: time organizado e intenso, do começo ao fim, sem jamais abrir mão de brigar pela vitória.   

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 11)

Por trás do motim da extrema direita no Congresso

O 8 de Janeiro não acabou e não vai acabar enquanto esses canalhas não forem devidamente enquadrados pela democracia

Por João Filho – Intercept_Brasil

O que está acontecendo no Brasil é uma tentativa de golpe. Não se trata de uma nova tentativa após o fracasso do 8 de Janeiro. Não, o golpismo se tornou um processo permanente dentro da política partidária brasileira. Enquanto houver bolsonaristas com mandato, o golpe estará à espreita.

Trata-se de uma corrente política essencialmente golpista, em que a destruição do “sistema”— leia-se democracia — é um objetivo a ser alcançado a qualquer custo. Assim como o resto da extrema direita mundial neofascista que infesta o planeta, o bolsonarismo tenta impor sua vontade na base da força e da intimidação.

O que se viu nesta semana foi a Câmara e o Senado sendo sequestrados por parlamentares bolsonaristas que, revoltados com a prisão do seu principal líder, iniciaram um motim e impediram as casas de funcionar. Queriam em troca, resumidamente, a anistia para seus companheiros golpistas e a queda do juiz que está julgando seus casos.

Tudo isso enquanto o país está sob ataque político e econômico da maior potência do mundo: os Estados Unidos, que agem instigados por um parlamentar que abandonou o mandato – Eduardo Bolsonaro, do PL de São Paulo – para agitar o golpismo do exterior.

As cenas que se viram durante todo o dia têm cara, gosto e cheiro de golpe. Na terça-feira, 5, deputados bolsonaristas se acorrentaram nas mesas da Câmara, interditaram os trabalhos e passaram a madrugada lá. No dia seguinte, fizeram um cordão humano para impedir o presidente da Câmara de assumir sua cadeira.

A deputada Júlia Zanatta, do PL de Santa Catarina, teve a coragem de levar o seu bebê recém-nascido para usá-lo como “escudo”, segundo suas próprias palavras. Já o deputado Paulo Bilynskyj, do PL de SP — aquele delegado cuja namorada se suicidou em circunstâncias muito mal explicadas — agrediu um jornalista na frente das câmeras.

Durante o empurra-empurra proporcionado pelos bolsonaristas, Nikolas Ferreira, do PL de Minas Gerais, golpista que só ele, inventou que foi agredido por uma deputada petista de apenas 49 quilos. Foi mais um daqueles shows de horror que só o bolsonarismo pode proporcionar. É tudo patético, cafona, ridículo, mas perigosamente golpista.

A ação foi instigada pelos nepo babies do golpismo, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, que ajudaram a direcionar os amotinados. Eles participaram ativamente do motim, fazendo ameaças aos presidentes da Câmara e do Senado.

Atuando como porta-vozes de Trump, esses vira-latas do imperialismo colocaram sobre a mesa a carta da Lei Magnitsky. Traduzindo: ou faz o que a gente manda, ou papai Trump vai ferrar com a vida financeira de vocês. A ameaça foi replicada por outros parlamentares.

Depois de muita negociação com os líderes partidários e o presidente da Câmara, Hugo Motta, do Republicanos da Paraíba, os bolsonaristas aceitaram encerrar o motim. Os valentes retrocederam quando foram avisados que teriam os mandatos suspensos por 6 meses caso não saíssem.

Mas, depois de 30 horas enfiando a faca no pescoço do refém e jurando que só sairiam dali se suas exigências fossem cumpridas, os golpistas não poderiam terminar o sequestro por baixo. Eles precisavam dar uma resposta para o seu público e sair dali com pose de vitoriosos. Decidiram, então, apelar para a especialidade da casa: meter o louco.

Enquanto Motta retomava os trabalhos, bolsonaristas comemoraram de maneira efusiva, como se tivessem ganho a batalha do dia. O líder do PL, Sóstenes Torres, anunciou pomposamente aos jornalistas que o motim havia sido interrompido após um acordo feito entre o presidente da Câmara e os líderes partidários.

Segundo ele, Motta garantiu as exigências dos bolsonaristas: a votação do impeachment de Moraes, do fim do foro privilegiado e da anistia aos golpistas. “Vencemos!”, gritavam os bolsonaristas ao lado de Sóstenes durante a coletiva.

Armou-se um grande teatro para encobrir o fracasso do sequestro. Políticos e militantes bolsonaristas festejaram nas redes sociais um acordo de mentirinha. No dia seguinte, tanto Motta quanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, do União Brasil do Amapá, e lideranças partidárias negaram ter feito tal acordo.

Espancado pela realidade dos fatos, Sóstenes teve de dizer o oposto do que havia dito antes: não houve acordo. Não foi a metamorfose de um maluco beleza, mas apenas um golpista sendo golpista. “Não fui correto no privado, mas faço questão de vir em público e te pedir perdão”, confessou o cara que mentiu deliberadamente para manter uma narrativa vitoriosa.

Poucas horas depois, ele estava cantando vitória de novo em uma live com o nepo baby Figueiredo. É esse o nível da desfaçatez. O senador Magno Malta, do PL do Espírito Santo, que era um dos rebeldes mais entusiasmados, abraçou Alcolumbre e também pediu desculpas pelo o que fizera. Todos se borrando de medo de perder o mandato. Até a bravura dessa gente é fake.

Eles perderam essa batalha, mas não vão parar de ameaçar a democracia. Lembre-se: enquanto houver bolsonarismo haverá golpismo. O PL está estudando espalhar os motins pelas câmaras municipais das principais cidades do país. Certamente, não terão coragem para tal, mas a ameaça já está na mesa.

Eles precisam manter a pose de guerreiros revolucionários. Ainda mais agora que contam com o apoio de Trump, o homem que tem o exército mais poderoso do mundo à sua disposição. Não é à toa que os filhos de Bolsonaro ficam lembrando das bombas atômicas dos EUA. As ameaças do governo americano se tornaram quase diárias e estão coordenadas com as ações golpistas internas do bolsonarismo.

Muitos ainda não se deram conta de que o golpismo é o estado de espírito permanente desta turma. Muitos na imprensa estão dispostos a enxergar alguma legitimidade nessas ações do bolsonarismo.

Houve quem teve a ousadia de comparar o motim golpista desta semana com obstruções legítimas feitas por parlamentares de esquerda no passado. É como se a motivação golpista da obstrução desta semana fosse apenas um mero detalhe. É com esse tipo de falsa equivalência que os ataques à democracia vão sendo relativizados e naturalizados.

Motta e Alcolumbre já sinalizaram que não vão compactuar com o golpismo bolsonarista. Resta saber se agirão com o rigor necessário para punir os sequestradores das casas que presidem.

Ou as principais lideranças do motim são punidas, ou teremos que lidar com novas ações golpistas no futuro. Não há alternativa. O 8 de Janeiro não acabou e não vai acabar enquanto esses canalhas não forem devidamente enquadrados pela democracia.