Papão perde a 4ª partida seguida e permanece na lanterna da Série B

Em jogo tumultuado pela não marcação de um pênalti para o Paysandu no 2º tempo, o CRB conquistou a vitória por 2 a 0, no estádio Rei Pelé em Maceió, neste sábado (30) à tarde. A partida teve tempos distintos. No primeiro, o CRB teve mais a bola, mas o PSC foi mais agudo e perigoso. Os bicolores inverteram as coisas na etapa final, ficando com a bola, mas o Galo foi letal, marcando dois gols.

Apesar de o CRB ter ficado com até 71% de posse de bola, o PSC foi mais objetivo e perigoso. Criou três boas chances. A primeira foi com Garcez, que recebeu o passe livre de marcação na intermediária ofensiva, conduziu e chutou forte, de direita.

Aos 26′, o CRB ameaçou com Matheus Ribeiro num chute forte de esquerda para boa defesa de Gabriel Mesquita. Logo depois, o Papão esteve perto de abrir o placar. Após rebote da defesa, Marcelinho acertou um disparo forte, que passou próximo à trave direita de Matheus Albino. Três minutos depois, Diogo Oliveira foi lançado e chutou em cima de Albino, que espalmou para escanteio.

No último lance da primeira etapa, o lateral Reverson disparou um foguete e Matheus Albino espalmou meio no susto. A bola foi nos pés de Diogo Oliveira e saiu pela linha de fundo.

O CRB começou o 2º tempo com duas mudanças – Douglas Baggio e Weverton saíram para as entradas de Belmonte e Léo Campos. Em excelente jogada iniciada por Higor Meritão, aos 3 minutos, Thiaguinho recebeu passe na área, livrou-se da marcação de Reverson e bateu no canto direito do gol de Gabriel Mesquita. CRB 1 a 0.

Um minuto depois, Thiaguinho perdeu outra excelente oportunidade. Aos 15′, o PSC pressionou com Marcelinho, que chutou à esquerda do gol. Instantes depois, Léo Campos recuou mal e Diogo Oliveira chegou rápido no lance para desviar com muito perigo.

Marcelinho saiu para a entrada de Edinho, que não jogava há 11 meses. Depois, o técnico Claudinei Oliveira substituiu Marlon e Edílson por Vinni Faria e Bryan. Eduardo Barroca trocou Facundo Barceló e Danielzinho por Mikael e Kaliel.

Em arrancada pela direita, Vinni Faria driblou dois adversários e chutou rasteiro com extremo perigo. Matheus Albino defendeu com dificuldade. Aos 47′, o VAR chamou a árbitra Edna Alves para revisar um possível pênalti em cima de Leandro Vilela. O volante disputou bola com a zaga e foi atingido na perna direita. Edna avaliou o lance e não marcou a penalidade, para revolta dos jogadores e da comissão técnica do Papão.

Logo no reinício da partida, Potker (que havia substituído Thiaguinho) lançou Dadá Belmonte na área do Papão. Ele driblou o goleiro Gabriel e deu passe para Mikael finalizar e ampliar o marcador para 2 a 0, aos 52′.

Com o resultado, o PSC segue na lanterna da competição, com 21 pontos. O CRB subiu para o 7º lugar, com 34 pontos. (Fotos: Ailton Cruz)

A verdade de Verissimo

Previsível e precioso como o pôr-do-sol, sua impossível obra refletiu quem somos – e quem sempre seremos

Por André Forastieri

Me ligam da redação sexta à tarde: Veríssimo pode morrer este fim de semana. Você escreve? Como dizer não? Sábado de manhã caí da cama com o texto pronto na cabeça. Escrevi voando e despachei pra editora, Ju Zorzato, com a seguinte recomendação: “Para só ser publicado caso ele morra. Espero que saia daqui uns dez anos.”

Uma semana depois, Veríssimo estava fora da UTI.

Porque isso aconteceu em dezembro de 2012, não agosto de 2025.

Resolvi não esperar pra fazer a homenagem; publicamos então e boa. Se fosse eu, preferia ler vivo meu próprio obituário.

Relendo o texto hoje chateia o quanto ficou de fora. Como fez seu um universo de referências gráficas da juventude, Jules Pfeiffer à frente; seu delicado existencialismo, sua gauchice, sua impossível versatilidade. O obra de Veríssimo rende um livro ou vários.

Felizmente desde então mais treze anos se passaram com Luiz Fernando por aqui. Tristemente perdermos Jaguar e Veríssimo de uma vez. Nosso Brasil que se vai, que bom que eles ficarão. E que orgulho algumas vezes ter feito companhia a ambos no expediente da revista “Caros Amigos”.

Abaixo, a homenagem de 2012 – e 2025.

A verdade de Veríssimo

Luiz Fernando Veríssimo escreveu demais. Estava por toda parte, nos cercava: em jornais, artigos em infinitas revistas, roteirizando tantos programas de televisão, desenhando cartuns e tiras, tradução disso e daquilo, toda hora um novo título nas livrarias.

Criado nos EUA e louco por jazz, escreveu como Fred Astaire dançou. Da maneira mais difícil: fazendo parecer fácil. Foi essa raridade no nosso país: um “working writer”, um cara que vive de escrever. Sua produção prodigiosa, sofisticada e acessível fez dele parte previsível da paisagem. Elemento do nosso dia-a-dia, como um pôr do sol, que, precioso, não nos encanta, por sua entediante regularidade.

Li Veríssimo a vida inteira, intermitentemente. Publicasse ele somente a cada dois anos um romance, talvez o valorizássemos mais. Teria na certa status literário diferente. Quem sabe se sentiria desafiado a mergulhar mais fundo?

Não. Sua matéria prima era o cotidiano, os momentinhos de que o caleidoscópio da vida é feito. Escrever um romance demanda arrogância. Ele os escreveu, como escreveu todo tipo de coisa. Mas só na última temporada, a maioria de encomenda, para coleções temáticas. Não era de sua natureza nem o melhor uso de seu talento, se dedicar a uma coisa só.

Era caminho já percorrido por outro Veríssimo. Seu pai Érico foi leitura obrigatório para a minha geração, tanto quanto um Jorge Amado ou Graciliano Ramos.

Contemporâneos dos nossos avós, nos transmitiam a imagem de um país rural, brutal, encantador, perdido. Érico de um sul épico, mítico, másculo. Imagine o peso de se tornar um escritor e assinar Veríssimo, sendo Luiz Fernando filho de quem foi. Pois Érico se tornou o pai do Veríssimo, que bate fácil o pai em popularidade e relevância.

Suas velharias mantêm o frescor do minuto. Tropecei esses dias em “Traçando Japão”, livrinho de vinte anos atrás, memórias turísticas. Delícia: perfumes do Oriente, anedotas memoráveis, alma aberta de viajante.

Incrivelmente, além do Veríssimo das vinhetas e dos causos, tivemos o privilégio de conviver com o Veríssimo cartunista. O Veríssimo das tiras, das Cobras e da Família Brasil. O Veríssimo da televisão, das Comédias da Vida Privada. O criador de personagens memoráveis, Ed Mort, Analista de Bagé, Velhinha de Taubaté.

Convivemos ainda com o personagem Veríssimo, que expunha suas fragilidades e dúvidas, sem grosseria nem exibicionismo. E aproveitamos muito o Veríssimo jornalista, observador agudo e cético mas sempre humanista, sempre transparente em suas posições.

No meio era conhecido pela generosidade. Principalmente com os colegas mais jovens, de jornalismo, literatura e cartum.

Um exemplo só: já muito famoso, escrevia de graça todo mês para a revista Caros Amigos, quando foi lançada, meio dos 90. Projeto independente, de esquerda, não tinha verba para os colaboradores.

Tenho o orgulho de ter meu nome ao lado do seu, no sumário da revista, naqueles primeiros anos. Me arrependo de nunca tê-lo procurado. Estava ao alcance de um telefonema. Ele era tímido, também fui.

A vida passou e perdi a chance. Mas o que diria a Luiz Fernando Veríssimo?

Que seu trabalho me fazia questionar como eu uso meu tempo por aqui? Que ele era uma referência única de escritor profissional no Brasil e um compasso ético pelo qual o melhor Brasil se guiou? Que era admirável como ele enfrentava as certezas de sua dúvida? Que pontuava melhor que ninguém?

Veríssimo não deixa obra-prima. Nos deu mais: sua verdade. Uma visão pungente, irônica, compromissada e muito pessoal de quem fomos e somos. E marca do gênio: de quem sempre seremos.

No balanço das horas

POR GERSON NOGUEIRA

O Remo segue esticando ao máximo a estadia do técnico Antônio Oliveira no Evandro Almeida. Perigosamente, diga-se. A contratação foi errada desde o início, pelo retrospecto ruim e os salários (e multa) proibitivos, mas a insistência em manter um técnico contestado à frente do elenco é a admissão de que o projeto do acesso foi abandonado.

Na sexta-feira, 29, ainda sob os efeitos da derrota para o Criciúma, a saída do treinador foi especulada e chegou a ser admitida por fontes do clube. No meio da tarde, porém, a situação mudou: Oliveira comandou os treinamentos e a decisão foi adiada. O valor da multa (cerca de R$ 1,2 milhão) é o provável motivo do impasse.  

De toda sorte, há quem garanta que a situação está por um fio e o técnico deve ser dispensado nos próximos dias. É provável que sim, até porque é perda de tempo insistir com um profissional que não encontra soluções táticas no elenco caro e numeroso. Nada faz crer em mudança de cenário.

Quando os dirigentes anunciaram a disposição de brigar para chegar à elite, muitos duvidaram. Os investimentos provaram que o projeto era sério e ambicioso, faltou apenas combinar com as incertezas típicas da Série B. A saída repentina do técnico Daniel Paulista sabotou os planos iniciais, obrigando o clube a buscar uma solução à altura.

A laboriosa prospecção no mercado em busca de um nome capaz de conduzir o time ao acesso mostrou-se frustrada. A partir da boa campanha inicial, a impressão era de que o Remo estava bem preparado para se consolidar na disputa, ao lado de Coritiba, Goiás e Novorizontino, os principais destaques do campeonato até então.

Não foi bem assim. A opção por Antônio Oliveira foi criticada por razões mais do que óbvias: não tinha o perfil para dar continuidade ao trabalho de Daniel Paulista.

A diretoria insistiu e o resultado é o que se vê. Em 12 jogos sob o comando de Oliveira, o Remo obteve 15 pontos e não conseguiu ingressar no G4. Chega até as bordas da zona de classificação e fica por ali, sem capacidade e força para ingressar no grupo seleto.

O revés frente ao Criciúma, sétimo tropeço em casa – e injusto no aspecto técnico –, veio reforçar o retrospecto ruim e mostrou que o Remo enfrenta uma crise de afirmação quando joga em Belém, como se ficasse intimidado diante da vibrante torcida azulina. Até jogadores de papel destacado na campanha esmeram-se em perder oportunidades fáceis.

Antônio Oliveira subiu nas tamancas durante a entrevista pós-jogo diante de perguntas normais sobre o desempenho da equipe. O gesto expôs a tensão interna, revelando o peso das pressões sofridas pela comissão técnica. O fato é que o prazo de validade já expirou. (Foto: Samara Miranda/Ascom CR)

Papão faz jogo do desespero em Maceió

Com 21 pontos e ocupando a lanterna da Série B, o PSC entra em campo hoje no estádio Rei Pelé precisando desesperadamente de uma vitória para aliviar a angústia gerada por 6 jogos sem vitória. Desde que Claudinei Oliveira assumiu o comando, o time não viveu um momento tão ruim.

O avanço da competição obriga o Papão a buscar uma reação para afastar o risco de rebaixamento. Para alcançar a linha mínima de segurança para não cair, 45 pontos, é preciso somar mais 24 pontos nas próximas 15 partidas. Ou seja, o time tem que vencer oito.

Claudinei enfrenta dificuldades para montar uma equipe competitiva. Tem dois bons atacantes, Maurício Garcez e Diogo Oliveira, mas não tem quem municie adequadamente a dupla, que mantém desempenho expressivo.

Não será diferente diante do CRB, que tem 31 pontos e ocupa a 11ª posição, ainda com pretensões de acesso. O time dirigido por Barroca tem altos e baixos na competição, com alguns vacilos dentro de casa.

O problema é que o PSC começa a manifestar aquela sensação de desesperança, que surge quando os resultados negativos se acumulam. A defesa será novamente testada. Claudinei ainda não definiu se usa três zagueiros (Thalisson, Thiago Heleno e Novillo) ou abraça um esquema mais tradicional, com dois defensores.

Surpreende o fato de que o volante Carlos Eduardo e o atacante João Marcos, contratados na atual janela, não foram sequer relacionados para a partida desta tarde (16h), em Maceió. Por outro lado, o atacante Edinho volta a figurar como opção para o jogo, depois de 11 meses de inatividade causada por uma lesão grave.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro apresenta o programa a partir das 22h, neste domingo, na RBATV. Participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.   

Confusão no diálogo entre árbitro e cabine do VAR

O diálogo entre a equipe do VAR e o árbitro André Skettino (MG) deixou mais dúvidas do que certezas sobre a revisão do lance da penalidade marcada contra o Remo e que deu a vitória ao Criciúma. O árbitro de vídeo defende a tese de que a bola foi tocada pelos dois atletas, atacante e defensor, que estavam com os braços erguidos.

As imagens não são esclarecedoras, mas Skettino mostra hesitou em assinalar o pênalti. Na dúvida, preferiu botar a bola na marca da cal. 

(Coluna publicada na edição do Bola de sábado/domingo, 30/31)