O jornalismo virou isso: notas de menos de dez linhas, fontes em off, com declarações que podem ter sido feitas ou não
Por Luis Nassif, no Jornal GGN
“Ministros do STF estão ‘apavorados’ com Lei Magnitsky, diz político com acesso direto”, segundo nota na coluna de Lauro Jardim. O texto, para título com tal impacto, tem apenas 46 palavras:
“Um político influente, com décadas de Parlamento nas costas e acesso direto a vários ministros do Supremo relata que os magistrados estão apavorados com a possibilidade de serem atingidos pela Lei Magnitsky: “Imagine só isso acontecer no estágio de vida deles. Ninguém quer uma coisa dessas”.
Trata-se de uma ameaça feita por uma fonte em off que pode existir ou não, pode ter acesso ou não aos ministros, pode ter imaginado ou não a reação. Ou seja, com valor jornalístico zero.
Nos últimos tempos, o jornalismo virou isso, notas de menos de dez linhas, com fontes em off, com declarações que podem ter sido feitas ou não, que podem exprimir uma percepção individual apenas.
“A semana passada em especial foi (mais uma) de intensa romaria de políticos, advogados e empresários no gabinete de Gilmar Mendes. A propósito, em alguns desses encontros, Gilmar reconhece certos excessos em decisões de Alexandre de Moraes. Mas deixa claro que não deixará de apoiá-lo”.
Ou este símbolo maior da mesmice: “’Estamos de novo nas mãos do Arthur (Lira)’” encimando o substancioso texto: “De um petista graúdo, depois de Arthur Lira ter negociado a rendição dos bolsonaristas amotinados por 30 horas no Congresso na semana passada: ‘Estamos de novo nas mãos do Arthur. Vai ser difícil o Hugo (Motta) restabelecer sua autoridade’”.
É a praga do jornalismo de impressão, de caça likes, abrindo mão de princípios jornalísticos consagrados. É da mesma natureza de uma colega de Jardim, que, dia sim, dia não, pespegava notas informando sobre o “mal estar” dos militares com toda sorte de notícias.
É a face mais primária do jornalismo declaratório. Levanta qualquer tema, por mais banal que seja, consulta um oficial, existente ou não, ou alguma fonte, que diz ter fontes junto aos militares, e pergunta o que achou do caso. A manchete invariável era: “Episódio tal causou mal-estar entre os militares”. Mas ajudava a preencher a cota de notas diária e engordar as estatísticas de like. E ajudando a viciar o leitor nos truques mais primários das redes sociais.
Portanto, não trate essas notas como jornalismo. Mas apenas como impressões colhidas pelo colunista em conversas informais, que podem ter existido ou não, com fontes reais ou imaginárias, para cumprir com a cota de notas diárias.
Até o jogo com o Botafogo-SP, no sábado, o Remo apostava tudo na busca pelo acesso. O empate – 10º na competição – frustrou a torcida e abalou convicções dentro do Baenão. Ainda em 5º lugar, com 34 pontos, o acesso continua como principal alvo, mas a prioridade imediata passa a ser a permanência na Série B. Para isso, é preciso somar mais 11 pontos.
A 16 rodadas do final, para conquistar o acesso serão necessários mais 33 pontos. Assegurar essa pontuação é tarefa que exige mentalidade vencedora e qualidade técnica. Não é o que o time de Antônio Oliveira vem demonstrando. Desde que assumiu, na 13ª rodada, o técnico tem enfrentado uma bateria de críticas por parte da torcida.
Fora de casa, o time foi razoavelmente bem, vencendo duas partidas, contra Athletic e América-MG. O problema é o baixo rendimento nos jogos disputados em Belém. Mesmo com a torcida dando um show de comparecimento e apoio, o time se comporta de forma decepcionante.
Desperdiçou até o momento 14 pontos como mandante – 2 derrotas e quatro empates. A regra não escrita do Campeonato Brasileiro ensina que nenhum time alcança o acesso perdendo tantos pontos em casa.
Diante do Botafogo, com 32 mil espectadores no estádio Jornalista Edgar Proença, o Remo voltou a decepcionar com um comportamento lento e apático ao longo do 2º tempo. Abriu o placar na etapa inicial, com Caio Vinícius, e parecia pronto a controlar as ações.
Repentinamente, baixou as linhas e permitiu os avanços do visitante. Exatamente como nos últimos jogos, incluindo a derrota para a Ferroviária, por 2 a 0. Quando faz o gol, o time recua e entrega a bola ao adversário.
Pois mal começou o 2º tempo e o desastre se desenhou. Aos 4 minutos, depois de uma saída errada de Reynaldo, o Botafogo chegou com perigo pela esquerda. Jefferson Nem superou a marcação de Camutanga, avançou com a bola até a entrada da área e deu um chute rasteiro no canto esquerdo do gol de Marcelo Rangel. Um belo gol para igualar o placar.
Desorganizado, o Remo esboçou uma reação com as entradas de Diego Hernández, Freitas e Régis, que substituíram Nico Ferreira, Jaderson e Caio Vinícius, mas o que estava ruim ficou pior: a zaga se abriu ainda mais.
A única oportunidade criada pelo Remo foi aos 36’, com Diego Hernández, que chutou forte para uma defesa difícil de Victor Souza. Depois disso, o time exibiu um desgaste físico assustador e passou a ser dominado pelo Botafogo, que teve ainda duas chances para marcar.
A pífia atuação gerou um tsunami de críticas a Oliveira, que balança no cargo, e deu ao Leão a pouca lisonjeira condição de time que mais empatou na Série B. (Foto: Samara Miranda/Ascom CR)
Chape supera Papão, que permanece na zona
O jogo transcorria razoavelmente bem para o PSC, que marcava bem e tentava pressionar com Garcez pela esquerda. O empate se manteve por 19 minutos. Foi quando a Chapecoense, mais efetiva e consistente, abriu o placar, após cruzamento de Mailton para finalização de Walter Clar.
O Papão manteve suas linhas recuadas e conseguiu uma boa oportunidade, aos 31′, com Luan Freitas, que deu um cabeceio forte e superou o goleiro Léo Vieira. A bola só não entrou porque Bruno Leonardo salvou em cima da linha. Aos 37′, Marlon cruzou e Benitez desviou por cima do gol.
No 2º tempo, a Chape voltou mais empolgada e botou pressão logo de cara com Marcinho finalizando com perigo. Aos 10 minutos, o ala Walter Clar voltou a pontificar, aproveitando a liberdade dentro da área para acertar um disparo cruzado, sem chances para Gabriel Mesquita.
Diogo Oliveira, que foi poupado no 1º tempo, substituiu Benitez e deu nova movimentação ao ataque. Cabeceou com perigo, aos 21’. Em seguida, o PSC teve seu melhor momento, com duas chances dentro da área. Anderson Leite e Garcez chutaram e a bola bateu na zaga. Em novo rebote, Garcez finalizou fraco nos braços de Rafael Santos.
As várias mudanças efetuadas por Claudinei Oliveira injetaram força, mas nenhuma inspiração visível. Delvalle, Marcelinho, Ronaldo Henrique e Edilson pouco acrescentaram à atuação da equipe.
No final da partida, a Chape podia ter ampliado a vantagem. O rápido Mailton acertou uma bola no travessão. Neto Pessoa meteu a cabeça e o goleiro do PSC foi buscar na gaveta. No acréscimo, Walter Clar finalizou da pequena área, mas Gabriel evitou o gol.
Vasco renasce com chinelada no Peixe de Neymar
Uma goleada improvável aconteceu ontem à tarde no Morumbi, em São Paulo. O Santos, comandado por Neymar, foi atropelado pelo Vasco de Fernando Diniz, por 6 a 0. O 1º tempo foi equilibrado, com vitória vascaína por 1 a 0. O barraco desabou mesmo no início da segunda etapa.
Antes dos 10 minutos, o Vasco já vencia por 4 a 0. Em consequência do desespero do Peixe, a goleada se consolidou com mais dois gols. Coutinho marcou dois gols e foi o craque da partida. Neymar passou em branco, de novo. É a contagem mais elástica em 98 anos de história entre os times.
(Coluna publicadana edição do Bola desta segunda-feira, 18)