E os cálculos já começaram

POR GERSON NOGUEIRA

Todo ano é assim. À medida que o campeonato avança, começam os cálculos e projeções sobre acesso, permanência e rebaixamento. O torcedor passa a não ter mais sossego, ansioso pelas expectativas de sucesso e pelo natural temor do fracasso.

Desde que a competição começa as perguntas sobre as chances de êxito se repetem, mas com o tempo passam a dividir espaço com as dúvidas em relação à permanência. O Remo teve um excelente início, com 11 jogos de invencibilidade, mas enfrenta problemas para manter o ritmo.

O PSC iniciou mal, com 11 partidas sem vencer e viu-se obrigado a trocar de comando. Apesar de tardia, a providência deu certo. Sob o comando de Claudinei Oliveira, o time não perdeu mais. Ocorre que o acúmulo de resultados ruins no começo mantém o time na parte baixa da tabela.

Os matemáticos mapeiam e projetam as chances de cada equipe. Naquele que é considerado o mais competitivo campeonato dos últimos anos, os representantes paraenses ocupam posições opostas. O Remo continua com chances de acesso, 22,6%, mas já desfrutou de números melhores (46%).

Na lista de cotados para subir, o Leão é hoje o sétimo, atrás de Goiás (87%), Coritiba (86,3%), Novorizontino (55,6%), Chapecoense (54,8%), Criciúma (24,6%) e Avaí (24,5%). Cuiabá é o 8º, com 21,5%.

Invicto há 9 partidas e ainda na vice-lanterna, o PSC tem 51,38% de chances de queda. É o 3º time mais ameaçado, à frente apenas de América-MG, com 54%, e Botafogo-SP, com 77,5%. Fica atrás de Volta Redonda (40%), Atlético-GO (30,2%, Ferroviária (23,8%) e Athletic (23,8%).  

Os especialistas baseiam suas projeções não apenas na pontuação e na colocação, mas no desempenho e na evolução de cada time. Por essa linha de raciocínio, o PSC tende a melhorar sua performance, desde que melhore o rendimento como mandante, enquanto o Bota de SP já está condenado, com o pior saldo da competição e nove derrotas.

Por outro lado, o América-MG tem tradição de boas campanhas na Série B, o que faz crer que ainda pode se recuperar. Algumas situações inesperadas servem para mudar a cotação dos times. É o caso da Ferroviária, que, ao vencer o Remo em Belém após seis rodadas sem vencer, viu cair de 39,4% para 23,8% as chances de queda.  

Um detalhe serve de consolo para quem vai mal na classificação: é muito curta a distância entre os times do G4 e do Z4. Apenas 12 pontos separam o último da zona de acesso (33 pontos) do primeiro da zona de queda (21).  

Impressiona ainda a vantagem do líder Goiás sobre o lanterna: 18 pontos. Os dois últimos colocados, PSC e Amazonas, ostentam as maiores pontuações na história da Série B, com 21 e 20 pontos, respectivamente. A baixa diferença permite alimentar sonhos. Nem tudo (ainda) está perdido. (Foto: Samara Miranda/Ascom CR)

Criatividade é palavra de ordem no Leão

Enfrentar o desesperado América, sábado, em Belo Horizonte, é um desafio e tanto para o Remo de Antônio Oliveira. É ao mesmo tempo a chance de se reaproximar do G4 e a possibilidade de dar uma resposta ao torcedor, ainda chateado com a pífia apresentação contra a Ferroviária.

Os planos de uma vitória passam necessariamente pelo setor de criação, onde repousam no momento as principais limitações do time. Sem um meia que seja capaz de articular jogadas, o Remo se tornou previsível demais, sujeito ao domínio de times que se preparam para marcar.

Contra a Ferroviária, ficou patente a diferença de qualidade no meio entre as duas equipes. De um lado, Fabrício Daniel, organizador e responsável pelos passes para os gols do time visitante. Do lado azulino, um vazio tremendo, com excesso de volantes e nenhum jogador criativo.

Em BH, Antônio Oliveira já poderá contar com Régis, único meia de ofício existente no elenco. Em situação normal, deveria entrar de cara, pois Dodô não consegue armar e Jaderson e Cantillo, apesar de hábeis, são volantes.

Fazer o dever de casa é item obrigatório

Desde que Givanildo Oliveira conquistou a Série B 2001 comandando o PSC, nenhum torcedor bicolor esquece as lições deixadas pelo técnico pernambucano: campeonatos são ganhos a partir das vitórias em casa. A atual edição da Série B confirma essa máxima.

Mesmo dono de expressiva invencibilidade, o Papão vai muito mal quanto ao mando de campo, posicionando-se como o mais fraco anfitrião da Série B. Em nove partidas disputadas em Belém, o time ganhou apenas duas, empatou quatro e perdeu três. Somou apenas 10 pontos.

É um quantitativo preocupante. Caso mantivesse essa média no 2º turno, com apenas duas vitórias em casa, o time de Claudinei Oliveira estaria irremediavelmente rebaixado. O caminho óbvio é mostrar força dentro da Curuzu, derrotando o máximo de adversários.

Essa postura tem que começar pelo Vila Nova, na próxima segunda-feira. O time deve manter a escalação que Claudinei vem utilizando, sem mudanças no ataque e com um meio-de-campo que compensa a falta de criatividade com um apetite excepcional para marcar.

No setor defensivo, a novidade pode ser Edilson, que entrou nos minutos finais contra o Atlético-PR e deu a assistência salvadora para o gol de Diogo Oliveira, empatando a partida. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 06)