Rock na madrugada – Led Zeppelin, “Trampled Under Foot”

Canção do lendário álbum Phisical Graffiti, “Trampled Under Foot” (Humilhado aos teus pés) foi executada ao vivo apenas semanas depois de seu lançamento, em versão ampliada pelos solos endiabrados de Jimmy Page e John Bonham e luxuosa presença de John Paul Jones no baixo. Isso aconteceu no grandioso show de Earl’s Cout, em Londres, no ano da graça de 1975. No vídeo acima, é possível flagrar o Led Zeppelin em todo o seu esplendor, fazendo total justiça à fama de “gigantes caminhando sobre a Terra”, como afirma o célebre livro de Mick Wall sobre o quarteto.

Quem ouve um clássico como “Trampled Under Foot”, definitivo e atemporal, talvez não faça ideia do real tamanho do Led Zeppelin na metade da década de 1970. Simplesmente não havia nada mais pesado e criativo na cena roqueira pós-Beatles do que o som do grupo, cuja obra foi toda construída a partir de ideias e experimentações de Page, seu fundador, cérebro e líder incontestável.

No vídeo acima, a versão de estúdio de “Trampled Under Foot”, incluída em Physical Graffiti, sexto álbum de estúdio do Led, lançado em 24 de fevereiro de 1975, como álbum duplo. Foi o primeiro disco da banda editado pela Swan Song Records, a gravadora criada por Jimmy Page. Physical representa a maturidade musical de Page e seus comparsas, descortinando vários estilos e reafirmando a forte influência do blues americano.

Papão perde a 4ª partida seguida e permanece na lanterna da Série B

Em jogo tumultuado pela não marcação de um pênalti para o Paysandu no 2º tempo, o CRB conquistou a vitória por 2 a 0, no estádio Rei Pelé em Maceió, neste sábado (30) à tarde. A partida teve tempos distintos. No primeiro, o CRB teve mais a bola, mas o PSC foi mais agudo e perigoso. Os bicolores inverteram as coisas na etapa final, ficando com a bola, mas o Galo foi letal, marcando dois gols.

Apesar de o CRB ter ficado com até 71% de posse de bola, o PSC foi mais objetivo e perigoso. Criou três boas chances. A primeira foi com Garcez, que recebeu o passe livre de marcação na intermediária ofensiva, conduziu e chutou forte, de direita.

Aos 26′, o CRB ameaçou com Matheus Ribeiro num chute forte de esquerda para boa defesa de Gabriel Mesquita. Logo depois, o Papão esteve perto de abrir o placar. Após rebote da defesa, Marcelinho acertou um disparo forte, que passou próximo à trave direita de Matheus Albino. Três minutos depois, Diogo Oliveira foi lançado e chutou em cima de Albino, que espalmou para escanteio.

No último lance da primeira etapa, o lateral Reverson disparou um foguete e Matheus Albino espalmou meio no susto. A bola foi nos pés de Diogo Oliveira e saiu pela linha de fundo.

O CRB começou o 2º tempo com duas mudanças – Douglas Baggio e Weverton saíram para as entradas de Belmonte e Léo Campos. Em excelente jogada iniciada por Higor Meritão, aos 3 minutos, Thiaguinho recebeu passe na área, livrou-se da marcação de Reverson e bateu no canto direito do gol de Gabriel Mesquita. CRB 1 a 0.

Um minuto depois, Thiaguinho perdeu outra excelente oportunidade. Aos 15′, o PSC pressionou com Marcelinho, que chutou à esquerda do gol. Instantes depois, Léo Campos recuou mal e Diogo Oliveira chegou rápido no lance para desviar com muito perigo.

Marcelinho saiu para a entrada de Edinho, que não jogava há 11 meses. Depois, o técnico Claudinei Oliveira substituiu Marlon e Edílson por Vinni Faria e Bryan. Eduardo Barroca trocou Facundo Barceló e Danielzinho por Mikael e Kaliel.

Em arrancada pela direita, Vinni Faria driblou dois adversários e chutou rasteiro com extremo perigo. Matheus Albino defendeu com dificuldade. Aos 47′, o VAR chamou a árbitra Edna Alves para revisar um possível pênalti em cima de Leandro Vilela. O volante disputou bola com a zaga e foi atingido na perna direita. Edna avaliou o lance e não marcou a penalidade, para revolta dos jogadores e da comissão técnica do Papão.

Logo no reinício da partida, Potker (que havia substituído Thiaguinho) lançou Dadá Belmonte na área do Papão. Ele driblou o goleiro Gabriel e deu passe para Mikael finalizar e ampliar o marcador para 2 a 0, aos 52′.

Com o resultado, o PSC segue na lanterna da competição, com 21 pontos. O CRB subiu para o 7º lugar, com 34 pontos. (Fotos: Ailton Cruz)

A verdade de Verissimo

Previsível e precioso como o pôr-do-sol, sua impossível obra refletiu quem somos – e quem sempre seremos

Por André Forastieri

Me ligam da redação sexta à tarde: Veríssimo pode morrer este fim de semana. Você escreve? Como dizer não? Sábado de manhã caí da cama com o texto pronto na cabeça. Escrevi voando e despachei pra editora, Ju Zorzato, com a seguinte recomendação: “Para só ser publicado caso ele morra. Espero que saia daqui uns dez anos.”

Uma semana depois, Veríssimo estava fora da UTI.

Porque isso aconteceu em dezembro de 2012, não agosto de 2025.

Resolvi não esperar pra fazer a homenagem; publicamos então e boa. Se fosse eu, preferia ler vivo meu próprio obituário.

Relendo o texto hoje chateia o quanto ficou de fora. Como fez seu um universo de referências gráficas da juventude, Jules Pfeiffer à frente; seu delicado existencialismo, sua gauchice, sua impossível versatilidade. O obra de Veríssimo rende um livro ou vários.

Felizmente desde então mais treze anos se passaram com Luiz Fernando por aqui. Tristemente perdermos Jaguar e Veríssimo de uma vez. Nosso Brasil que se vai, que bom que eles ficarão. E que orgulho algumas vezes ter feito companhia a ambos no expediente da revista “Caros Amigos”.

Abaixo, a homenagem de 2012 – e 2025.

A verdade de Veríssimo

Luiz Fernando Veríssimo escreveu demais. Estava por toda parte, nos cercava: em jornais, artigos em infinitas revistas, roteirizando tantos programas de televisão, desenhando cartuns e tiras, tradução disso e daquilo, toda hora um novo título nas livrarias.

Criado nos EUA e louco por jazz, escreveu como Fred Astaire dançou. Da maneira mais difícil: fazendo parecer fácil. Foi essa raridade no nosso país: um “working writer”, um cara que vive de escrever. Sua produção prodigiosa, sofisticada e acessível fez dele parte previsível da paisagem. Elemento do nosso dia-a-dia, como um pôr do sol, que, precioso, não nos encanta, por sua entediante regularidade.

Li Veríssimo a vida inteira, intermitentemente. Publicasse ele somente a cada dois anos um romance, talvez o valorizássemos mais. Teria na certa status literário diferente. Quem sabe se sentiria desafiado a mergulhar mais fundo?

Não. Sua matéria prima era o cotidiano, os momentinhos de que o caleidoscópio da vida é feito. Escrever um romance demanda arrogância. Ele os escreveu, como escreveu todo tipo de coisa. Mas só na última temporada, a maioria de encomenda, para coleções temáticas. Não era de sua natureza nem o melhor uso de seu talento, se dedicar a uma coisa só.

Era caminho já percorrido por outro Veríssimo. Seu pai Érico foi leitura obrigatório para a minha geração, tanto quanto um Jorge Amado ou Graciliano Ramos.

Contemporâneos dos nossos avós, nos transmitiam a imagem de um país rural, brutal, encantador, perdido. Érico de um sul épico, mítico, másculo. Imagine o peso de se tornar um escritor e assinar Veríssimo, sendo Luiz Fernando filho de quem foi. Pois Érico se tornou o pai do Veríssimo, que bate fácil o pai em popularidade e relevância.

Suas velharias mantêm o frescor do minuto. Tropecei esses dias em “Traçando Japão”, livrinho de vinte anos atrás, memórias turísticas. Delícia: perfumes do Oriente, anedotas memoráveis, alma aberta de viajante.

Incrivelmente, além do Veríssimo das vinhetas e dos causos, tivemos o privilégio de conviver com o Veríssimo cartunista. O Veríssimo das tiras, das Cobras e da Família Brasil. O Veríssimo da televisão, das Comédias da Vida Privada. O criador de personagens memoráveis, Ed Mort, Analista de Bagé, Velhinha de Taubaté.

Convivemos ainda com o personagem Veríssimo, que expunha suas fragilidades e dúvidas, sem grosseria nem exibicionismo. E aproveitamos muito o Veríssimo jornalista, observador agudo e cético mas sempre humanista, sempre transparente em suas posições.

No meio era conhecido pela generosidade. Principalmente com os colegas mais jovens, de jornalismo, literatura e cartum.

Um exemplo só: já muito famoso, escrevia de graça todo mês para a revista Caros Amigos, quando foi lançada, meio dos 90. Projeto independente, de esquerda, não tinha verba para os colaboradores.

Tenho o orgulho de ter meu nome ao lado do seu, no sumário da revista, naqueles primeiros anos. Me arrependo de nunca tê-lo procurado. Estava ao alcance de um telefonema. Ele era tímido, também fui.

A vida passou e perdi a chance. Mas o que diria a Luiz Fernando Veríssimo?

Que seu trabalho me fazia questionar como eu uso meu tempo por aqui? Que ele era uma referência única de escritor profissional no Brasil e um compasso ético pelo qual o melhor Brasil se guiou? Que era admirável como ele enfrentava as certezas de sua dúvida? Que pontuava melhor que ninguém?

Veríssimo não deixa obra-prima. Nos deu mais: sua verdade. Uma visão pungente, irônica, compromissada e muito pessoal de quem fomos e somos. E marca do gênio: de quem sempre seremos.

No balanço das horas

POR GERSON NOGUEIRA

O Remo segue esticando ao máximo a estadia do técnico Antônio Oliveira no Evandro Almeida. Perigosamente, diga-se. A contratação foi errada desde o início, pelo retrospecto ruim e os salários (e multa) proibitivos, mas a insistência em manter um técnico contestado à frente do elenco é a admissão de que o projeto do acesso foi abandonado.

Na sexta-feira, 29, ainda sob os efeitos da derrota para o Criciúma, a saída do treinador foi especulada e chegou a ser admitida por fontes do clube. No meio da tarde, porém, a situação mudou: Oliveira comandou os treinamentos e a decisão foi adiada. O valor da multa (cerca de R$ 1,2 milhão) é o provável motivo do impasse.  

De toda sorte, há quem garanta que a situação está por um fio e o técnico deve ser dispensado nos próximos dias. É provável que sim, até porque é perda de tempo insistir com um profissional que não encontra soluções táticas no elenco caro e numeroso. Nada faz crer em mudança de cenário.

Quando os dirigentes anunciaram a disposição de brigar para chegar à elite, muitos duvidaram. Os investimentos provaram que o projeto era sério e ambicioso, faltou apenas combinar com as incertezas típicas da Série B. A saída repentina do técnico Daniel Paulista sabotou os planos iniciais, obrigando o clube a buscar uma solução à altura.

A laboriosa prospecção no mercado em busca de um nome capaz de conduzir o time ao acesso mostrou-se frustrada. A partir da boa campanha inicial, a impressão era de que o Remo estava bem preparado para se consolidar na disputa, ao lado de Coritiba, Goiás e Novorizontino, os principais destaques do campeonato até então.

Não foi bem assim. A opção por Antônio Oliveira foi criticada por razões mais do que óbvias: não tinha o perfil para dar continuidade ao trabalho de Daniel Paulista.

A diretoria insistiu e o resultado é o que se vê. Em 12 jogos sob o comando de Oliveira, o Remo obteve 15 pontos e não conseguiu ingressar no G4. Chega até as bordas da zona de classificação e fica por ali, sem capacidade e força para ingressar no grupo seleto.

O revés frente ao Criciúma, sétimo tropeço em casa – e injusto no aspecto técnico –, veio reforçar o retrospecto ruim e mostrou que o Remo enfrenta uma crise de afirmação quando joga em Belém, como se ficasse intimidado diante da vibrante torcida azulina. Até jogadores de papel destacado na campanha esmeram-se em perder oportunidades fáceis.

Antônio Oliveira subiu nas tamancas durante a entrevista pós-jogo diante de perguntas normais sobre o desempenho da equipe. O gesto expôs a tensão interna, revelando o peso das pressões sofridas pela comissão técnica. O fato é que o prazo de validade já expirou. (Foto: Samara Miranda/Ascom CR)

Papão faz jogo do desespero em Maceió

Com 21 pontos e ocupando a lanterna da Série B, o PSC entra em campo hoje no estádio Rei Pelé precisando desesperadamente de uma vitória para aliviar a angústia gerada por 6 jogos sem vitória. Desde que Claudinei Oliveira assumiu o comando, o time não viveu um momento tão ruim.

O avanço da competição obriga o Papão a buscar uma reação para afastar o risco de rebaixamento. Para alcançar a linha mínima de segurança para não cair, 45 pontos, é preciso somar mais 24 pontos nas próximas 15 partidas. Ou seja, o time tem que vencer oito.

Claudinei enfrenta dificuldades para montar uma equipe competitiva. Tem dois bons atacantes, Maurício Garcez e Diogo Oliveira, mas não tem quem municie adequadamente a dupla, que mantém desempenho expressivo.

Não será diferente diante do CRB, que tem 31 pontos e ocupa a 11ª posição, ainda com pretensões de acesso. O time dirigido por Barroca tem altos e baixos na competição, com alguns vacilos dentro de casa.

O problema é que o PSC começa a manifestar aquela sensação de desesperança, que surge quando os resultados negativos se acumulam. A defesa será novamente testada. Claudinei ainda não definiu se usa três zagueiros (Thalisson, Thiago Heleno e Novillo) ou abraça um esquema mais tradicional, com dois defensores.

Surpreende o fato de que o volante Carlos Eduardo e o atacante João Marcos, contratados na atual janela, não foram sequer relacionados para a partida desta tarde (16h), em Maceió. Por outro lado, o atacante Edinho volta a figurar como opção para o jogo, depois de 11 meses de inatividade causada por uma lesão grave.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro apresenta o programa a partir das 22h, neste domingo, na RBATV. Participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.   

Confusão no diálogo entre árbitro e cabine do VAR

O diálogo entre a equipe do VAR e o árbitro André Skettino (MG) deixou mais dúvidas do que certezas sobre a revisão do lance da penalidade marcada contra o Remo e que deu a vitória ao Criciúma. O árbitro de vídeo defende a tese de que a bola foi tocada pelos dois atletas, atacante e defensor, que estavam com os braços erguidos.

As imagens não são esclarecedoras, mas Skettino mostra hesitou em assinalar o pênalti. Na dúvida, preferiu botar a bola na marca da cal. 

(Coluna publicada na edição do Bola de sábado/domingo, 30/31)

Remo discute demissão, mas decide manter Antônio Oliveira no comando técnico

A diretoria do Remo decidiu inicialmente afastar o técnico Antônio Oliveira após uma sequência de quatro jogos sem vitória dentro de casa, mas terminou por manter o comandante, que inclusive comandando o treino desta sexta-feira.

O desgaste, porém, é muito acentuado na relação do treinador com a torcida, que o culpa pelo mau rendimento do time nas últimas rodadas da Série B, comprometendo o sonho do acesso.

Oliveira, de 42 anos, passou por vários clubes do futebol brasileiro, como Corinthians, Athletico-PR, Coritiba e Cuiabá. Ele foi contratado para dirigir o Remo após a saída de Daniel Paulista, que aceitou proposta do Sport-PE. Curiosamente, o último clube de Oliveira tinha sido justamente o Sport.

No Remo, ele comandou até agora a equipe em 12 partidas – 3 vitórias, 6 empates e 3 derrotas, todas em casa.

A campanha instável na Série B, principalmente nos jogos como mandante, tem gerado muitas críticas da torcida e o técnico esteve a pique de ser demitido depois do empate com o Botafogo-SP, no Mangueirão.

Ganhou sobrevida, a pedido do executivo Marcos Braz, mas voltou a ter sua saída especulada após a derrota para o Criciúma.

O Leão está em 6º lugar na classificação, sob ameaça de três outros times, que ainda não jogaram nesta rodada. Oliveira permanece, mantido pelo executivo Marcos Braz, mas a torcida continua a cobrar sua saída.  A conferir.

Pênalti e pé torto derrotam Leão

POR GERSON NOGUEIRA

O jogo foi decidido a partir de um típico entrechoque na área, com a bola desviando na cabeça e no braço do atacante do Criciúma e na mão do volante do Remo. Dois toques acidentais, sem intenção faltosa, mas o árbitro André Luiz Skettino (MG) foi inclemente: confirmou o pênalti, após ser chamado no VAR. Em favor dele, o fato de que estava a dois metros do lance. Em desfavor, o habitual rigor interpretativo em lances de bola na mão dentro da área.

É preciso admitir que o Remo perdeu principalmente pelo excesso de erros de finalização. O comportamento do time, principalmente no 1º tempo, foi o melhor sob o comando de Antônio Oliveira. As jogadas de infiltração finalmente aconteceram e a movimentação dos atacantes Pedro Rocha, Marrony e Matheus Davó permitiu ao Leão várias chances claras para chegar ao gol.

Pedro Rocha perdeu duas oportunidades, Marrony também bateu duas vezes com muito perigo e Davó desperdiçou a última, já no 2º tempo. Era plenamente possível, portanto, derrotar o Criciúma, que na etapa inicial apresentou uma defesa lenta e mal posicionada.

A pressão por resultado tem tido um efeito devastador sobre os atacantes do Remo, todos experientes e afeitos a cobranças dos torcedores. Rocha, artilheiro do campeonato, parece ter perdido a chama que diferencia os goleadores dos meros chutadores ocasionais.

Individualmente, aperfeiçoou o drible e os deslocamentos em velocidade. É uma evolução. Continua, porém, errando muito na hora de definir. Um exemplo disso foi o lance em que, dentro da área, fintou dois adversários dentro da área e bateu rasteiro para defesa parcial de Alisson. Livre e com o gol escancarado, podia ter refinado a finalização, mas optou pelo chute de segurança, que facilitou a intervenção do goleiro.

Marrony teve nos pés outra chance preciosa, a poucos minutos do fim do 1º tempo. Recebeu excelente passe de Davó, mas disparou em cima do goleiro e a bola escapou para escanteio. Depois, com espaço aberto à frente da área, chutou rasteiro e o goleiro desviou. A melhor opção era o chute alto, aproveitando a saída em falso de Alisson.  

Em escapada pela direita, após recuo errado de um zagueiro, Davó avançou até a área, mas finalizou rasteiro nas mãos do goleiro. Tinha o gol à disposição, mas pegou mal na bola e o Remo perdeu outro lance crucial. 

Por fim, após uma boa triangulação de Nico Ferreira, Régis e Pagani, a bola foi tocada com açúcar e afeto para Pedro Rocha, que chegou chapando e mandou por cima do gol.

Não precisa ser muito observador para perceber que a dolorosa derrota para o Criciúma não pode ser colocada na conta do contestado treinador azulino. O time teve um desempenho satisfatório e o goleiro Marcelo Rangel não fez nenhuma defesa importante.

O problema está na crônica dificuldade em aproveitar as jogadas agudas. O Remo é o time que mais perde chances claras de gol neste returno de Série B. Um pecado que às vezes é punido com extrema crueldade, como ontem à noite. O Criciúma, que rezava para o jogo acabar, terminou premiado com um pênalti polêmico a dois minutos do fim.

Acontece, dirão alguns. Mas, no caso de um time que batalha para subir, o esforço é justamente para evitar que o mal aconteça. O Remo abusa do direito de errar. Foram 17 pontos desperdiçados como mandante – três derrotas e quatro empates. São tropeços que sabotam o sonho do acesso. (Foto: Mauro Ângelo/Diário do Pará)

Papo inútil com facções que não representam a torcida

Antes do confronto com o Criciúma, o executivo Marcos Braz teve a infeliz ideia de convocar representantes de facções organizadas para um encontro de pacificação no estádio Baenão. Dois erros embutidos numa decisão só: organizadas não representam o verdadeiro torcedor do clube e não é possível pensar em pacificar um ambiente que não está conflagrado.

Talvez pela experiência com as torcidas do Flamengo, clube onde atuou por décadas, Braz tenha uma visão distorcida sobre a representatividade das organizadas do Remo, que atuam há tempos disseminando violência e promovendo baderna dentro e fora dos estádios, impunemente.

Um alto dirigente não pode cometer tais equívocos, sob pena de ficar bem com grupelhos e muito mal perante o verdadeiro torcedor azulino.

Atletas “sumidos” reaparecem e confirmam nível ruim

De repente, Pedro Delvalle e Dudu Vieira reapareceram no PSC, espantando os torcedores que nem lembravam mais de suas presenças no elenco. Foram utilizados por Claudinei Oliveira nas duas últimas partidas por uma razão muito simples: o elenco está novamente reduzido e é preciso fazer reposição, diante de lesões e suspensões.

Como esperado, ambos atuaram de maneira discretíssima, o que deixa claro que de fato não deveriam mais fazer parte do elenco. Claudinei, porém, vive um drama. Não tem alternativa, pelo menos até que os contratados pós-Transfer Ban possam ser testados e aproveitados no time. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 29)

Leão se reforça e faz contas

POR GERSON NOGUEIRA

Às vésperas do confronto com o Criciúma, que pode vir a assegurar o retorno ao G4 da Série B, o Remo mostra disposição para se reforçar ainda mais neste 2º turno da competição. Anunciou o meia Yago Ferreira, formado nas divisões de base do Fluminense (como Freitas e Kayky), e acertou a contratação do atacante português João Pedro.

É possível que o clube ainda anuncie um meia de criação, função até hoje não suprida. Os armadores disponíveis no Baenão, Régis e Dodô, não suprem as necessidades do time. Régis não consegue jogar por 90 minutos e Dodô não se estabeleceu como titular ou mesmo como alternativa.

As movimentações para fortalecer o elenco coincidem com um momento de dúvidas quanto às possibilidades de brigar pelo acesso. O que já foi uma esperança real da torcida é hoje uma incerteza. Os vários tropeços dentro de casa enfraqueceram o clima de otimismo reinante.

O Remo segue bem posicionado, com 35 pontos, mas o comportamento do time não passa confiança à torcida. Boa parte desse ceticismo tem a ver com o comando técnico. Antônio Oliveira é contestado pela maioria dos torcedores em função do mau desempenho da equipe, frequentemente submetida ao domínio e à pressão dos adversários.

Todas as partidas disputadas sob o comando de Oliveira mostraram um time frágil no desenvolvimento de jogo no meio-de-campo, sem criatividade e força para se impor tecnicamente a times limitados, como Botafogo-SP e Ferroviária.  

Para aumentar a desconfiança, o ataque desperdiça muitas oportunidades, denotando falhas graves de fundamentos. Até o artilheiro Pedro Rocha tem sido alvo de críticas a esse respeito. Matheus Davó, utilizado no comando do ataque, também peca pela ineficiência.

João Pedro, 28 anos, é a nova esperança de gols. Traz boa experiência internacional (jogou na Grécia, Turquia e Portugal) para se tornar opção para disputar a função de centroavante com Davó e Eduardo Melo. É mais um gesto da diretoria no sentido de fortalecer o elenco.

A conta simples para subir é outro ponto a aumentar as cismas da torcida. São necessários 63 pontos para assegurar matematicamente a passagem à Série A. Por esse cálculo, o Leão precisará somar 28 pontos nos 15 jogos restantes – nove vitórias e um empate. Vencer passa a ser obrigação dentro e fora de casa, a fim de manter de pé o projeto de acesso. (Foto: Samara Miranda/Ascom CR)

Livre do transfer ban, Papão vai ao mercado

Depois de longa expectativa pela liberação da Fifa, o PSC finalmente vai poder se reforçar nesta última semana da janela de transferências. A pressão por reforços aumentou diante dos maus resultados obtidos pelo time nas últimas seis rodadas – três derrotas e três empates.

O time perdeu o gás proporcionado pelas nove rodadas de invencibilidade sob o comando de Claudinei Oliveira e voltou a sofrer com a insegurança diante dos adversários mesmo quando joga como mandante.

Pressionada, a diretoria prevê para os próximos dias o anúncio de dois ou três nomes para se juntar ao elenco e diminuir os problemas enfrentados pelo técnico para montar o time. O primeiro da lista é o volante Carlos Eduardo (ex-ABC), já integrado ao elenco.

Outra contratação é João Marcos (foto), atacante que defendeu a Aparecidense na Série D, marcando nove gols na temporada. Novamente em condições de registrar jogadores no Boletim Informativo Diário da CBF, o PSC busca fechar com um meia, a fim de retomar a fase vitoriosa.

As pressões e cobranças da torcida devem aumentar ao longo da semana. As vitórias do Botafogo e do Amazonas, anteontem, recolocam o time à lanterna do campeonato, aumentando os temores de rebaixamento.

Lista de Ancelotti cada vez surpreende menos

Com a reconvocação de Luiz Henrique, Paquetá e Richarlyson e a presença de novatos, como Kaio Jorge e Estêvão, a lista divulgada por Carlo Ancelotti para os jogos das Eliminatórias mostram que a Seleção tende a ficar cada vez mais com a cara dos tempos de Dorival Júnior, o que é péssima notícia para quem sonhava com um choque de gestão no escrete.

A verdade é que, na prática, Ancelotti enfrenta a dura realidade de descobrir que a safra de jogadores não é exatamente ruim, mas não tem nomes que façam a diferença. Ainda sem o entrosamento necessário, o time vai continuar a viver de espasmos individuais.

Sem Vinícius Jr., Raphinha irrompe como o principal astro do momento – o que, convenhamos, não inspira grande entusiasmo, apesar da boa fase que o atacante vive no Barcelona.   

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 27)

Papão vacila e perde a 3ª seguida

POR GERSON NOGUEIRA

O começo foi até animador – e enganoso. Logo aos 5 minutos, Diogo Oliveira quase marcou, aproveitando uma bola que bateu na trave do Operário. Apesar do entusiasmo da torcida na Curuzu, o jogo foi rolando sem grandes emoções, pois o PSC não conseguia fazer as conexões necessárias para superar o bloqueio defensivo do adversário.

Aos 28 minutos, finalmente saiu o gol. Em grande arrancada pela esquerda, Maurício Garcez viu Diogo Oliveira entrando no centro da área e deu um passe perfeito. O centroavante só escorou para as redes.

Parecia estar aberto o caminho para a vitória, mas a ilusão durou pouco. Aos 40 minutos, o volante Neto Paraíba aproveitou um cruzamento de Boschilia em cobrança de falta e desviou para o gol, antecipando-se ao goleiro Gabriel Mesquita.  

O Operário se entusiasmou com o gol e passou a insistir com avanços sobre a zaga bicolor. Gabriel Mesquita apareceu com duas boas defesas, evitando a virada do marcador ainda no primeiro tempo.

Logo no reinício da partida na segunda etapa, o Operário-PR chegou em contra-ataque rápido e Kleiton foi lançado. Sem necessidade, o goleiro Gabriel Mesquita saiu de forma atabalhoada e derrubou o atacante. Boschilia cobrou o pênalti e decretou a virada, aos 4 minutos.

O Papão tentou organizar uma reação, mas se atrapalhou com lances precipitados e chutes descalibrados. O técnico Claudinei Oliveira fez mudanças, colocando Edilson, Dudu Vieira e Benítez em campo, mas poucas oportunidades foram construídas.

Nos minutos finais, a pressão bicolor se acentuou, mas a falta de qualidade comprometeu todas as tentativas. A melhor situação de gol foi desperdiçada por Thalisson, que pegou rebote do goleiro Elias e chutou para fora.

A revolta do torcedor ao final da partida se concentrou nos jogadores Marlon e Edilson, mas se estendeu também ao técnico Claudinei Oliveira e à diretoria do clube. Com o resultado, o PSC completa seis jogos sem vencer e três derrotas consecutivas, permanecendo perigosamente na vice-lanterna da Série B, com 21 pontos.

Inofensivo no ataque, Leão fica no empate  

O Remo trouxe um ponto da partida com o então líder do campeonato, em Curitiba, mas desfrutou de condições favoráveis para ir em busca da vitória. Com um jogador a mais durante o 2º tempo, faltou outra vez apetite ofensivo e qualidade na articulação de jogadas.  

A partida foi movimentada ao longo dos primeiros 45 minutos, com presença mais forte do Coritiba no ataque. Empurrado por 35 mil torcedores, o Coxa buscava vencer para manter a liderança – acabou superado pelo Goiás, que venceu o América-MG.

Apesar de manter o equilíbrio defensivo, o Remo tinha dificuldades para chegar à área adversária. A principal chance coube ao Coritiba. Lucas Ronier avançou pela esquerda e bateu forte em direção ao gol. Marcelo Rangel defendeu parcialmente e Reynaldo afastou a bola com os ombros.

Dono das ações, o Coxa insistia com pontadas pelos lados, mas esbarrava na resistência da zaga azulina, com Klaus e Reynaldo. No Remo, o melhor lance foi uma chance perdida com Marcelinho.

No começo da etapa final, Lucas Ronier chegou a mandar uma bola no travessão. Aos 13 minutos, o goleiro Pedro Morisco acertou cotovelada em Caio Vinícius e o árbitro deu pênalti e expulsou o goleiro, mas o VAR revisou o lance, manteve o cartão vermelho, mas anulou a penalidade.

Logo em seguida, nova confusão. Desta vez, envolvendo Matheus Davó, que chegou a ser expulso após falta sobre um jogador do Coxa. O VAR entrou em cena de novo e corrigiu a decisão, anulando a expulsão.

Impactado pelas decisões da arbitragem e do VAR, o jogo ficou truncado, mas o Remo mostrou-se incapaz de sair em busca do gol. Limitava-se a marcar em seu campo, mesmo com 11 jogadores contra 10 do Coritiba.

Nos minutos finais, com o Coritiba saindo em desespero para buscar a vitória, o Remo não conseguiu encaixar um ataque sequer. As mudanças no time – Régis entrou no meio e Eduardo Melo na frente – não fizeram qualquer diferença. O time parecia querer mesmo o empate.

Nos instantes finais, nova escaramuça envolvendo o VAR. O árbitro apontou pênalti quando a bola tocou no braço de Klaus, mas o árbitro de vídeo desfez novamente a decisão e o jogo se encerrou de forma frustrante para o Coxa e pouco satisfatório para o Leão.

Técnico não aparece e Braz detona arbitragem

Para espanto geral, após a partida no Couto Pereira, o técnico Antônio Oliveira não deu as caras na entrevista coletiva. Quem apareceu foi o executivo de futebol Marcos Braz. A presença inusitada deu a impressão de que haveria o anúncio da demissão do treinador, mas Braz só queria espaço para detonar a arbitragem do jogo.

Braz demonstrou irritação com as interrupções do VAR. Segundo ele, foram intervenções que prejudicaram o jogo. Reclamou principalmente da revisão da penalidade no lance entre Pedro Morisco e Caio Vinícius. No final, pediu desculpas pela ausência de Oliveira na entrevista.

Apesar de tudo, graças à interferência do VAR, o Remo escapou da marcação injusta de uma penalidade nos minutos finais da partida.   

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 25)

O incrível caso do deputado “perseguido” que vive articulando ações contra o próprio país