Campanha bem-sucedida para ricos pagarem mais impostos é tratada como “ataque”: começou a ladainha de que o “nós contra eles” divide o Brasil.
Governo Lula embarcou em uma campanha dura, mas respeitou os limites. Foi o suficiente para mídia corporativa e parte da classe política pedirem moderação. Foto: Ricardo Stuckert / PR
Por João Filho – Intercept_Brasil
Dominado pelo Centrão e pelo bolsonarismo — leia-se direita e extrema-direita — o Congresso segue empenhado em continuar sabotando o governo. O objetivo é claro: fazer Lula sangrar até o final do mandato e abrir um caminho eleitoral para a candidatura de Tarcísio de Freitas. Os presidentes da Câmara e do Senado rasgaram um acordo com o governo e, na calada da noite, lideraram a derrubada do decreto que aumentava o IOF — um imposto para os mais ricos.
A manobra foi flagrantemente inconstitucional. A Câmara, em acordo com o presidente do Senado, lançou mão do PDL (Projeto de Decreto Legislativo) para anular o decreto presidencial que garantiu o aumento do imposto. O PDL é um instrumento para ser usado exclusivamente quando o Executivo usurpa a competência do Legislativo, o que não foi o caso. O governo tem a prerrogativa de aumentar a alíquota de imposto.
Nunca o parlamento teve tanto poder. Com a chave do cofre nas mãos — leia-se orçamento secreto — os congressistas da oposição, que são ampla maioria, sentem-se à vontade para fazer o que quiser com o governo. É uma espécie de parlamentarismo informal. O velho jogo da governabilidade do Executivo não existe mais. Lula divide o governo com partidos e não ganha apoio deles no Congresso.
Trata-se de uma sabotagem sobretudo à democracia, o que não chega a ser novidade, afinal de contas estamos falando de um grupo formado essencialmente por golpistas e simpatizantes de golpistas.
Acuado e de mãos atadas, o governo decidiu reagir em duas frentes: a jurídica, acionando o STF para reverter a derrubada do decreto; e a política, levando um debate sobre justiça tributária para a opinião pública.
Antes mesmo do governo entrar com a ação no STF, Ciro Nogueira, que foi um dos articuladores da derrubada do decreto, lançou uma ameaça velada: “Se recorrer ao STF, vai ser pior para o país”.
E não foi só a oposição que se indignou, a grande imprensa também correu para proteger os ricos de pagarem mais impostos. O governo passou a ser acusado por aumentar a tensão política, como se recorrer ao judiciário diante de uma flagrante inconstitucionalidade não fosse absolutamente legítimo.
No campo político, governistas passaram a compartilhar vídeos gerados por inteligência artificial que chamam o Congresso Nacional de “inimigo do povo” e apelidam o presidente da Câmara de “Hugo Nem Se Importa”.
A campanha foi um sucesso nas redes sociais, animando a militância e furando a bolha das esquerdas. Foram críticas duras, incisivas, mas dentro dos limites que se espera do embate político dentro de uma democracia. Nos vídeos não há golpes abaixo da cintura, baixarias, ameaças ou ataques pessoais.
Mas não foi assim que oposicionistas e os bonitões da grande imprensa encararam. Iniciou-se um chororô — ou “mimimi” como eles gostam de falar — desproporcional, como se o parlamento e a democracia estivessem sendo vítimas de ataques virulentos.
A reação soa como piada, já que caminhamos para quase uma década de violência massiva por parte do bolsonarismo contra os poderes constituídos. Os vídeos compartilhados nesta semana são brincadeira de criança perto da virulência das mamadeiras de piroca dos golpistas. A reação afetada da imprensa e dos bolsonaristas é o cúmulo do ridículo.
A defesa dos ricos e a possibilidade de eleger o queridinho Tarcísio de Freitas fez a imprensa se alinhar quase que inteiramente aos golpistas. Editoriais e colunistões têm se dedicado a criticar a reação do governo, que até então andava meio cabisbaixo, sem um mote político e parecia fadado a caminhar para o fracasso eleitoral em 2026. Isso mudou e a imprensa que quer eleger Tarcísio não gostou.
Começou a velha ladainha de que o discurso do “nós contra eles” divide o Brasil. É uma crítica velha, surrada, que traz embutida a demonização da prática política — a mesma que criou o ambiente para o surgimento do bolsonarismo.
Durante a semana, Estadão, Folha e O Globo lançaram editoriais com duras críticas ao governo e em defesa de Hugo Motta e do Congresso. Com um título quase infantil — “Lula não gosta da iniciativa privada” — o editorial do Estadão ofereceu um prato cheio para os bolsonaristas ao ressuscitar a imagem do Lula populista e malvadão contra os ricos.
Já a Folha debochou do mote da luta de classes: “[Lula] decidiu, com a ajuda de aliados e militantes, transformar sua tentativa de elevar um imposto numa cruzada heroica contra opressores poderosos dos brasileiros desvalidos.” O editorial do O Globo partiu para o malabarismo retórico ao dizer que o aumento do imposto dos super ricos vai acabar prejudicando os mais pobres também.
Como se sabe, os editoriais são espaços de opinião dos barões da imprensa, que são super ricos, e, portanto, nada mais natural que sejam usados para defender seus próprios interesses. Mesmo assim, impressiona a cara de pau.
Absolutamente nenhum dos editoriais cogitou sequer a hipótese da derrubada do decreto de aumento do IOF ser inconstitucional. A ação é vista como inconstitucional por 10 entre 10 juristas sérios, mas na imprensa ela é tratada como legítima e necessária. O jornalismo morreu e o que prevalece é a opinião dos super ricos que comandam a imprensa corporativa.
Mas a defesa mais aguerrida e ostensiva de Hugo Motta e do Congresso foi feita no Jornal Nacional da última quinta-feira. Com uma reportagem de quase 7 minutos, o jornal deu amplo espaço para o Centrão e bolsonaristas se defenderem e chamou os vídeos divulgados pelo governo de “ataques”.
Hugo Motta e o Congresso foram tratados como vítimas de uma ofensiva violenta por parte de Lula e do governo. Assim como os editoriais dos jornalões, o Jornal Nacional também omitiu a flagrante inconstitucionalidade da ação do Congresso. Fica parecendo que só é inconstitucional quando é do interesse da Globo.
Como bem disse o jornalista Lúcio de Castro, o Jornal Nacional fez um “editorial disfarçado de matéria” jornalística em “defesa da escumalha que sequestro o Congresso”. Toda a reportagem tem um tom de indignação contra o governo, como se ele agisse sob um espírito antidemocrático. Mais uma vez estamos diante do cúmulo do ridículo. É como se até semana passada a nossa democracia vivesse na mais absoluta ordem e tranquilidade.
Vendo a escalada da tensão entre os poderes, o STF buscou a conciliação. Ignorou a flagrante inconstitucionalidade do PDL do Congresso e anulou todos os decretos, tanto o do governo, quanto o do legislativo. O ministro Alexandre de Moraes chamou o embate entre Executivo e Legislativo de “indesejável” e que ele contraria a Constituição, que prega a harmonia e independência dos Poderes.
Para mediar a paz, o STF propôs uma reunião de conciliação entre Lula e Alcolumbre, representante do Congresso. A decisão do STF é equivocada do ponto de vista jurídico, mas pode ser compreensível do ponto de vista político.
Não cabe ao tribunal fazer cálculos políticos, mas sabemos que não é assim que a coisa funciona na prática. O fato é que os decretos do governo são constitucionais, os da oposição não. Entre fazer valer a Constituição e diminuir a tensão entre os Poderes, o tribunal optou pela primeira opção. Um grave erro ao meu ver.
Em resumo: o governo está tentando resolver minimamente a disparidade tributária entre ricos e pobres. O aumento do IOF seria tímido e nem de longe resolveria essa desigualdade. Isso bastou para deflagrar um imenso chilique coletivo dos representantes dos super ricos no parlamento e na imprensa.
É uma gente que tem ganhado todas as disputas nos últimos anos e não está acostumada a perder. O governo, que até então buscava conciliar de todas as formas, resolveu reagir e botar o bonde do embate político na rua. E começou a marcar pontos com a opinião pública.
Resta saber se o governo terá fôlego para manter esse embate político e eleitoral até 2026 e como o consórcio pró-Tarcísio — formado por grande imprensa, Centrão e bolsonarismo — continuará reagindo. O STF colocou a bola no meio campo, zerou o placar e quer quer os dois times se entendam antes da bola rolar novamente. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.
A cultura enlatada e o Boi de vitrine: o caso do Pavulagem e a gentrificação simbólica de Belém
Por Marcelo Bastos, no Facebook
Nos últimos anos, a cidade de Belém tem assistido a um fenômeno silencioso, porém brutal: a transformação da cultura popular em produto turístico domesticado. O Arraial do Pavulagem, outrora expressão viva do povo, virou vitrine para patrocínio, palanque eleitoral e selfie de influencer. E isso não é acaso. Trata-se da velha lógica do capital engolindo o simbólico e cuspindo enfeites de plástico. Pierre Bourdieu já nos alertava: a cultura, quando perde sua autonomia e se submete aos mecanismos de distinção e mercado, deixa de ser campo de resistência para virar espaço de consagração simbólica das elites (BOURDIEU, 1983).
Não se trata aqui de negar a importância do Arraial ou sua história. Pelo contrário. Ele nasceu das ruas, da juventude, do enfrentamento à caretice cultural e ao apagamento das tradições amazônicas. Mas o que se vê hoje é um espetáculo padronizado, embalado para exportação, com roteiro aprovado por edital. O povo continua lá, mas na borda. No centro do cortejo, está a indústria do entretenimento, não mais a expressão autêntica do brincar de boi. Como dizia Adorno, “a indústria cultural não produz arte, mas mercadoria estética para o consumo conformista” (ADORNO & HORKHEIMER, 1944).
Essa gentrificação cultural — onde práticas comunitárias são apropriadas, esvaziadas de conflito e revendidas como experiência — não é exclusiva de Belém. Mas aqui ganha contornos graves. Porque se vende como “resgate da tradição”, quando na verdade mascara a exclusão. Os ribeirinhos, os negros, os trabalhadores da periferia, os mestres da cultura popular continuam sem palco, sem patrocínio e sem voz. Enquanto isso, DJs, designers de som e socialites culturais dividem a cena no Arraial gourmetizado da Cidade Velha.
A crítica não é moralista. Não se trata de dizer que cultura deve ser pura, ou que tradição não possa dialogar com o novo. Trata-se de reconhecer que há uma luta de classes simbólica em curso. Quando se retira o boi do bairro e se instala num palco cercado de tapumes com patrocinador estatal, o que se tem não é difusão cultural, é domesticação. É a conversão do sagrado em estética de evento. É a morte lenta da cultura viva.
A Escola de Frankfurt nos ensinou que a cultura de massa serve, sobretudo, para anestesiar. Ela transforma o diferente em familiar e o insubmisso em decoração. O Pavulagem, enquanto cortejo de rua, era espaço de tensão, improviso e invenção popular. Hoje, é peça de calendário oficial. Cabe na agenda do prefeito, no feed da influencer e no edital do banco estatal. Mas não cabe mais no coração do povo que dançava sem crachá, sem permissão e sem drone.
É curioso que, ao mesmo tempo em que o Arraial cresce como fenômeno midiático, outros folguedos somem. Cadê os cordões de pássaros? Cadê os bois de matriz quilombola? Cadê os mestres anônimos das margens dos igarapés? Silenciados. Porque não se enquadram na lógica do espetáculo. Porque não têm figurino Instagramável. Porque não servem à nova elite progressista que governa a cultura com sorriso de marketing e lógica de mercado.
Estamos vivendo um tempo em que a estética substitui a ética, e o aplauso substitui o pertencimento. Não basta que a cultura esteja presente — é preciso perguntar: de quem é? Quem a controla? Quem lucra? A gentrificação simbólica é isso: a ocupação dos espaços culturais populares por agentes hegemônicos, sob a retórica da valorização, mas com a prática da apropriação. E isso precisa ser denunciado.
Não se trata de atacar pessoas. O problema não é quem dança o boi com tênis importado. O problema é que o boi virou vitrine, não rito. Virou produto, não processo. A festa do povo virou foto de campanha. A cultura de rua virou contrato. Isso não é tradição. É pastiche. É espetáculo sob controle. É simulacro de um povo que ainda resiste, mas está sendo expulso da própria festa.
Resistir à gentrificação cultural é, hoje, um ato político. É defender que o boi volte para os becos. Que a música saia do palco e volte para os quintais. Que a tradição se reconecte com a vida real, não com o cronograma do marketing institucional. Como diria Adorno, a arte verdadeira é aquela que incomoda, que rompe, que nos tira do lugar comum. E talvez o nosso Pavulagem precise voltar a incomodar, antes que seja tarde.
Enquanto o povo ocupa o Itaú, o 1% define o futuro no Gilmarpalooza.
Do Intercept_Brasil
Enquanto a elite política, econômica e jurídica do Brasil terminava de assistir suas palestras e se encaminhar para os já notórios jantares e encontros paralelos ao Fórum de Lisboa, do outro lado do Atlântico a Faria Lima teve uma surpresa .
Pedindo taxação dos bilionários, a Frente Povo sem Medo e o Movimento dos Trabalhadores sem Teto, o MTST, ocuparam, na tarde de quinta-feira, 3, o prédio-sede do banco Itaú BBA , no bairro do Itaim, em São Paulo. Nos cartazes, lia-se “hora de bilionário pagar imposto” e “chega de mamata, tributação dos super ricos já”.
“No Brasil, tributar os super-ricos é crucial para reduzir a desigualdade . São lucros e dividendos que seguem intocados, enquanto a maioria trabalha muito e paga caro por tudo”, disse o comunicado dos movimentos.
Eles ocuparam o saguão do prédio, que não foi escolhido à toa: é o mais caro do Brasil . Foi comprado pelo banco no ano passado por R$ 1,4 bilhão. Defensores de vidraça, fiquem tranquilos: nenhum vidro foi agredido durante o ato.
Em Lisboa, o clima era outro. Juízes, desembargadores, procuradores, militares, membros do Executivo e parlamentares, devidamente cercados por lobistas, executivos e empresários discutiram “o mundo em transformação” no Fórum.
O evento, popularmente conhecido como “Gilmarpalooza” , ganhou outro apelido do jornalista Hugo Souza que considera mais preciso: “Gilmar Sutra”, dado a troca-troca despudorado entre público e privado que acontece por ali .
Na mesa de abertura, o ministro do STF Gilmar Mendes chamou a atenção para os riscos que a sociedade enfrenta diante das novas tecnologias. Ele esteve na companhia de Davi Alcolumbre e Hugo Motta, presidentes do Senado e da Câmara, respectivamente, além de outros três professores, e Beto Simonetti, presidente da OAB.
Depois, o evento prestigiou executivos responsáveis por essas mesmas tecnologias, que sentaram à mesa com seus reguladores . Tudo normal.
No mesmo dia, banqueiros discutiram “controvérsias da reforma tributária” com ministros do STJ nos palcos de Lisboa. Depois, o presidente do iFood, Diego Barreto, e a entidade de lobby que representa a empresa e outras como Uber e Amazon, a Abomitec, conversaram sobre “desafios sociais da automação e IA no mercado trabalhista” com Guilherme Caputo, ministro do Tribunal Superior do Trabalho – onde tramitam centenas de ações contra as empresas .
Mas não parou por aí. No dia seguinte, o ex-secretário de estado dos EUA, Mike Pompeo, foi responsável por uma palestra ao lado de Gilmar Mendes e do presidente do banco BTG Pactual, André Esteves, sobre as implicações econômicas da “geopolítica em subterrâneas”.
O republicano aprovou o espaço para bradar contra a China , convocando os latino-americanos para tomarem partido . “Você tem que escolher um lado, e não é entre a China e os EUA. É entre democracia liberal e liberdade ou tirania”, defendeu. “Se não defendermos os valores de dignidade humana, propriedade privada e liberdade, isso vai nos assombrar”, disse Pompeo. A fala dele, ao contrário das outras do palco principal, não foi transmitida pelo YouTube .
As dezenas de debates e mesas reuniram a nata do lobby corporativo, do governo, do Congresso e do Judiciário, em um arranjo cordial que torna difícil distinguir quem é quem . É onde “jabá corporativo e dinheiro público alimenta a corrupção supramagistrocrática. Onde a fome por lobby se junta à vontade de jantar”, como bem definiu o professor da USP Conrado Hubner.
Em seu artigo, Hubner chama atenção para os eventos laterais do fórum – que é onde a mágica do convescote acontece. O BTG Pactual, que teve cinco palestrantes no Fórum neste ano – e é parte em ações no STF – fez um happy hour no ano passado.
Neste, a Associação Latinoamericana de Internet , que representa Google, Meta, X, Amazon e Tiktok, também ofereceu um almoço para poucos no restaurante Adega Tia Matilde , reportou o Estadão. Não é tudo dia em que a nata do lobby possa dividir uma mesa com os juízes, ministros e políticos que julgarão suas causas e formularão sua regulação .
Embora o Gilmarpalooza seja apresentado como um evento de diálogo entre o Brasil e a Europa, na prática é um encontro de brasileiros em solo português. Dos 165 expositores, apenas 11 não eram brasileiros, em números levantados por Hubner. No total, eram 123 homens brancos, 42 mulheres brancas, duas mulheres negras e um homem negro. Nada mais distante da realidade brasileira .
O presidente da Câmara, Hugo Motta, foi convidado para a mesa de abertura do evento. Mas preciso sair pelos fundos. Enquanto ele falava placidamente sobre a reforma administrativa, aqui no Brasil crescia o coro de #Congressoinimigodopovo entoado pelos movimentos sociais em ressonância com a explosão do governo para aprovar a reforma do IR.
Motta, como nosso colunista João Filho escreveu , ligou o “modo Eduardo Cunha” e apunhalou o governo pelas costas, derrubando o aumento do IOF . Como já explicamos , a medida visava taxar o andar de cima da pirâmide social – os super ricos – para ajudar no equilíbrio das contas.
A resposta veio do PT, subindo o tom com uma campanha pela “taxação BBB”: bilionários, bancos e apostas. Deu certo . Os vídeos viralizaram. Justiça tributária que chama. A mídia corporativa, que na semana passada falou incessantemente sobre a “derrota” do governo, passou a pedir “moderação” e criticar “os ataques” ao Congresso. O que ataca?
Os movimentos sociais foram organizados para iniciar o Congresso. Um plebiscito popular foi lançado para duas pautas: a taxação dos super-ricos e o fim da escala 6×1 . Os movimentos sociais também marcaram um ato no dia 10 de julho no Masp, em São Paulo.
“Os super-ricos acumulam cada vez mais fortuna, autorizada e influência — vivem em um país feito sob medida para manter seus privilégios” , escreveu a Frente Povo sem Medo sobre a ocupação na Faria Lima.
A um oceano de distância, o Gilmarpalooza agrediu sem maiores incômodos.
O Campeonato Brasileiro da Série B é encarado pelo Remo como a oportunidade de obter a ascensão que o clube persegue no cenário nacional. Os investimentos feitos em contratações e mudanças na gestão refletem esse planejamento. A ousadia no posicionamento de mercado buscando reforços de nível de Série A é outro sinal dessa postura.
Até o momento, a campanha é das melhores. O time já frequentou o G4 e se mantém às proximidades da zona de acesso, ocupando a 5ª posição com 23 pontos. O confronto deste sábado (16h) contra o Cuiabá é mais um capítulo dessa ampla mobilização pelo sonho do acesso.
Como mandante, o Remo perdeu apenas uma vez, para o rival PSC na 13ª rodada, mas o desempenho supera outras participações em Brasileiros. No terceiro compromisso desde que assumiu o cargo, o técnico Antônio Oliveira tenta obter a segunda vitória consecutiva, tendo como principal arma um jogador que mudou a cara da partida contra o Athletic.
Jaderson, que voltou a jogar no 2º tempo em São João Del Rey, é o dínamo do time. Desde a lesão que sofreu no Re-Pa, o Remo sofreu com a falta de articulação inteligente. Além de armar jogadas, ele participa também da execução, aparecendo na área para finalizar.
É um jogador taticamente precioso e tecnicamente sem substituto no elenco azulino. O retorno dele representa um sopro de qualidade no meio-campo, com consequências positivas para os jogadores de lado – Janderson e Pedro Rocha – e para as ações pelo centro do ataque.
A única dúvida paira sobre a linha à frente dos zagueiros. Luan Martins, titular desde o Re-Pa, não mostra a força de combate exigida de um primeiro volante e a zaga fica exposta, como no gol do Athletic.
Oliveira teve uma semana para testar alternativas, caso Caio Vinícius não possa atuar plenamente. Em situação normal, o titular absoluto da cabeça-de-área é Caio Vinícius, que pode até reaparecer na equipe.
Para seguir no pelotão de cima, perto ou dentro do G4, o Remo precisa vencer. Terá para isso o apoio maciço do Fenômeno Azul, a torcida que lidera o ranking de público da Série B.
(Foto: Samara Miranda/Ascom Remo)
Fluminense dribla zebra saudita e avança
O roteiro reservado ao Fluminense no Mundial de Clubes era o de mero coadjuvante, sem lugar entre os gigantes europeus da competição. Com uma campanha empolgante, cujo ponto alto foi a vitória sobre a Inter de Milão nas oitavas, o Tricolor carioca fulminou todas as previsões.
Na sexta-feira, a vítima foi o Al Hilal, zebra saudita que assombrou a Copa ao derrotar o Manchester City de Pep Guardiola. Sem a badalação dos demais times, o Flu chega à semifinal pelos pés de um herói piauiense.
Hércules, que havia fechado o caixão da Inter, fez o mesmo com o Al Hilal. Determinado e raçudo, ele saiu do banco para resolver a parada em momento delicado do confronto. Um predestinado.
Grandes conquistas precisam de heróis, de preferência sem os véus da fama ou as ilusões do marketing. Hércules simboliza o próprio Fluminense, que precisou avançar por seus próprios méritos, sem jamais merecer a babação de ovo que a mídia brasileira deu a outros clubes.
A tarde de sexta-feira unificou a torcida brasileira, de maneira quase unânime, em torno do Flu. Algo raro no país que adora secar. Será assim na contra o Chelsea, que passou pelo Palmeiras sem exibir futebol confiável. Renato (ou Renight) tem boas chances de se consagrar ainda mais.
Bola na Torre
Guilherme Guerreiro apresenta o programa, às 23h, na RBATV, com participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em destaque, a 15ª rodada da Série B. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.
Papão tenta ampliar a sequência vitoriosa
O Avaí é o adversário do Papão neste sábado (19h30), em Florianópolis, oferecendo as dificuldades normais de quem enfrenta times catarinenses dentro de seus domínios. Claudinei Oliveira, comandante bicolor, conhece bem o ambiente, pois dirigiu o Avaí em duas oportunidades.
Talvez seja esta a chave para derrotar o dono da casa e ampliar a sequência de vitórias iniciada contra o Botafogo-SP. Com 13 pontos, posicionado na incômoda 19ª colocação, o Papão tem pressa para sair da zona maldita.
Para isso, não pode se contentar em vencer apenas na Curuzu. É preciso que o time mostre solidez também como visitante. Sem a presença de Rossi e Garcez, Claudinei vai manter o meio-campo que funcionou contra a Ferroviária e o ataque que tem Diogo Oliveira como referência.
Possibilidades de vitória existem, mas um empate não seria totalmente ruim. Acumular pontos é parte do esforço de avançar na competição.
(Coluna publicada na edição do Bola de sábado/domingo, 05/06)
“A campanha bem sucedida, correta e focada que expõe Hugo Motta, a escória do ‘centrão’, a extrema-direita, Davi Alcolumbre et caterva como sabotadores do erário, do equilíbrio fiscal e do financiamento de políticas públicas que mitigam as injustiças sociais atingiu o alvo. Tem de seguir, queiram ou não queiram os ‘juízes’. Somos madeira de lei que cupim não rói”.