Botafogo lidera ranking de público entre os times brasileiros no Mundial de Clubes

Classificado para a próxima fase do Mundial de Clubes, o Botafogo entra em campo neste sábado contra o Palmeiras, na Filadélfia, disputando as oitavas de final da competição. Com boa campanha, o Botafogo tem motivos para comemorar até o momento. Isso porque tem a melhor média de público entre os times brasileiros na competição internacional: 41.925. 

Média de público dos clubes brasileiros na Copa do Mundo:

  • Botafogo – 41.925
  • Palmeiras – 40.727
  • Flamengo – 39.908
  • Fluminense – 32.028

A estreia do Glorioso contou com 30.151 torcedores na vitória por 2 a 1 sobre o Seattle Sounders. No segundo jogo, diante do PSG, o Botafogo levou 53.699 pessoas ao estádio. Na segunda colocação do ranking de público entre os brasileiros está o Palmeiras, com média de 40.727 torcedores. O Verdão empatou com o Porto diante de 46.275 pessoas e venceu o Al Ahly com 35.179 presentes.

DESTAQUES

O Brasil é o grande destaque da fase de grupos do inédito formato do Mundial de Clubes da Fifa. A boa campanha dos clubes — seis vitórias, dois empates e classificações encaminhadas — reflete a valorização dos atletas locais aos olhos do futebol internacional. Assim, a força individual dos brasileiros ganhou mais um espaço na mídia internacional especializada nesta segunda-feira (23).

Um grupo de jornalistas do jornal “The Athletic”, da Inglaterra, elegeu os jogadores de maior destaque neste início do torneio. Na seleta lista de seis atletas, dois nomes do futebol brasileiro: Igor Jesus, do Botafogo, e Jorginho, do Flamengo.

Para o jornalista, Jeff Rueter impressiona à primeira vista por conta da questão física – principal fator observado nas duas atuações do atacante no Mundial contra fortes defensores, além do ritmo constante na participação de jogadas.

“Embora Jesus tenha 1,78 m, sua forma de jogar o torna um fardo para qualquer defensor marcar. Em seus primeiros jogos contra o Seattle Sounders” – cujo zagueiro, Jackson Ragen, tem 1,98 m – e o Paris Saint-Germain, Jesus obteve uma taxa de vitórias aéreas de 68,8% e 60% de sucesso em todos os duelos.

Nova oportunidade para Dodô

POR GERSON NOGUEIRA

O meia Dodô foi um dos primeiros reforços do Remo na temporada e chegou cercado de boas expectativas, que seis meses depois não se confirmaram. Foi contratado com base nas passagens bem-sucedidas no Atlético-MG e no Fortaleza. Suas características casavam com as carências do time azulino. Jogador habilidoso, bom condutor de bolas, articulador capaz de quebrar linhas de marcação.

Essas qualidades só foram parcialmente mostradas nos primeiros jogos do Campeonato Paraense, com destaque para a auspiciosa estreia diante do São Francisco quando marcou um golaço de fora da área. Ficou nisso.

Com atuações pouco convincentes, ele perdeu espaço no decorrer do Estadual, ainda sob o comando de Rodrigo Santana, e não recuperou a titularidade quando Daniel Paulista assumiu.

Contra o Coritiba, pela Série B, a substituição veio na etapa inicial. O time não conseguia se conectar, as transições não se completavam e ficou claro que o problema estava na baixa movimentação de Dodô. A substituição foi providencial. Ele saiu e o Remo partiu para vencer a partida.

Nas últimas rodadas, diante da perda de jogadores importantes do setor de armação (Jaderson, Régis), Dodô voltou a ser lembrado. Entrou no 2º tempo do clássico Re-Pa, sem acrescentar nada ao time, e é cotado para entrar jogando contra o Athletic, no próximo domingo.

Às voltas com a falta de alternativas para montar o meio-de-campo, o técnico Antônio Oliveira parece a fim de abrir oportunidade para Dodô mostrar seu valor. É agora ou nunca. A torcida, de maneira ampla e irrestrita, não aposta mais fichas no meia. Junto com Felipe Vizeu, ele é quase página virada desse folhetim remista.

Desempenhos abaixo da expectativa ficam mais expostos em momentos de oscilação, naturais em campeonatos difíceis como a Série B. É justamente a fase vivida pelo Remo, que nas últimas seis rodadas só venceu uma vez. A essa altura, quem não rende acaba por ser forçosamente descartado.

A necessidade de uma reação imediata força Oliveira a buscar soluções imediatas. Com isso, pode estar surgindo a última oportunidade para jogadores como Dodô e Vizeu, visto que a última janela de transferências será aberta no dia 10 de julho e o Remo vai ao mercado buscar reforços.

Copa faz explodir o ufanismo rubro-negro

Uma Copa do Mundo tem sempre um quê de apaixonante. Esta, que reúne clubes pela primeira vez, segue a tradição. A pachequice está solta, levando a gestos e opiniões absolutamente bizarras. Desde a estreia do Flamengo, batendo o assustador Espérance e depois virando sobre o poderosíssimo Chelsea, os superlativos começaram a escassear por excesso de uso.

Sim, muito além da torcida em verde-amarelo pelos quatro representantes nacionais, agiganta-se gloriosamente o ufanismo rubro-negro.

A mídia, popularmente apelidada de Flapress desde os anos 1950, cumpre com afinco o papel de louvar sempre o esquadrão da Gávea. Não importa se o time apresenta imensos lapsos criativos ou se Filipe Luís nutre algumas preferências inexplicáveis, como Danilo e Varela.

Nada disso afeta o processo de endeusamento. O Fla é cotado desde antes da Copa como favorito ao título, por mais temerária que fosse a previsão. Basta observar as mesas-redondas esportivas, unânimes em destacar a genialidade de Filipe Luís, jovem técnico que foi comparado por Renato Maurício Prado a ninguém menos que Rinus Michels, o holandês que inventou o conceito de futebol-total.

Ontem, o jornal O Globo amanheceu destacando em seu portal a manchete: “Após empate do Flamengo, imprensa internacional se rende a Arrascaeta”. Algo como o mundo se curva aos pés do atleta uruguaio – e em tom sério! O exagero está no fato de que Arrascaeta e seus companheiros cumpriram um jogo sofrível diante do frágil Los Angeles FC.

Nenhum jornal europeu fez referência à atuação de Arrascaeta, excelente jogador no Brasil, mas visto sempre com desconfiança até em seu país, onde não consegue ser titular absoluto da Celeste Olímpica.

A depender das previsões da bancada da mídia, o futebol bailarino do Mengo tem tudo para fazer o gigante alemão dançar miudinho. Te cuida, Bayern!

Vôlei do Pará vence Divisão Especial sub-18

O voleibol do Pará subiu no lugar mais alto do pódio na 4ª edição da Taça Brasília com os times sub-18, masculino e feminino, do Clube do Remo, campeões da divisão especial. Com apoio do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel), a equipe feminina da Tuna Luso Brasileira ganhou a prata na categoria sub-18 e bronze no sub-16.

Evento realizado de 19 a 22 de junho, no Colégio Marista de Brasília e Corjesu, a Taça Brasília de Voleibol reuniu equipes de todos o Brasil e foi organizada pela Federação de Vôlei do Distrito Federal, em parceria com o Ministério do Esporte.

Para o técnico do time masculino do Leão, Édson Wander, “o apoio do Governo foi fundamental para essa dupla conquista inédita, e invicta, para as equipes masculina e feminina do sub-18 do vôlei do Clube do Remo, e para o voleibol paraense. O Pará foi muito bem representado pelo Leão Azul”.

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 26)

A frase do dia

“Não é Lula quem está refém deste congresso direitoso e corrupto. É o Brasil.”

Cida Falabella, artista e vereadora do PSOL-BH

Uma chegada promissora

POR GERSON NOGUEIRA

O ponta, secular instituição do futebol hoje quase extinta nas modernas configurações táticas dos times, de vez em quando ressurge em grande estilo, mostrando importância e utilidade. Dizia-se antigamente que o caminho mais curto em direção ao gol passava pelas extremas. Sempre foi verdade, mas alguns insistem em mudar a métrica das coisas.

Eis que o Re-Pa de sábado restituiu a glória dos pontas na figura do novato Maurício Garcez, 28 anos, arisco ponteiro esquerdo designado por Claudinei Oliveira para segurar o lateral-direito Marcelinho em seu campo e matar na origem uma das mais letais jogadas do Remo na Série B.

A estratégia funcionou muito bem. O maranhense Garcez quase abriu o placar antes dos 15 minutos de jogo, com um cabeceio maroto tentando pegar o goleiro Marcelo Rangel no contrapé. O gol só não aconteceu porque Rangel se esticou e tocou com a ponta dos dedos.

Seria também de Garcez, ainda no 1º tempo, uma insinuante manobra na área pela esquerda. Depois de driblar um marcador, ele desferiu chute forte e rasteiro no canto direito do gol. Marcelo Rangel defendeu no susto e a defesa espanou a bola para escanteio.

Foram ações que deram ao PSC o protagonismo ofensivo no clássico, com efeito de abatimento sobre o adversário, que preferia trocar passes longe da área. Garcez rompeu com o que rotineiramente iria acontecer: um atacante avançado brigando com o lateral do Remo, mas sem aprofundar jogadas. Foi assim nos outros clássicos da temporada.

Desta vez, a combinação perfeita entre a observação do treinador e as caraterísticas do atacante resultou no principal toque de diferenciação, atrapalhando os planos do Remo de explorar o corredor lateral direito, por onde o Leão construiu mais da metade de seus gols na Série B.

Garcez havia entrado contra o Botafogo-SP, na Curuzu, jogando por apenas 20 minutos e contribuindo para a primeira vitória do Papão no campeonato. Para todos os efeitos, porém, a estreia de verdade aconteceu no clássico, diante de 45 mil pessoas presentes ao Mangueirão.

Rossi e Diogo Oliveira também foram destaques do PSC, mas coube a Garcez desempenhar um papel tático diferenciado, exibindo técnica e habilidade nos duelos individuais com os marcadores. 

E mais: a boa envergadura permite que possa aparecer centralizado na área, quando necessário. Olha, é cedo ainda para avaliações definitivas, mas a impressão deixada foi a melhor possível.

Mundial está servindo para reconhecer grandezas

Coube a um argentino, torcedor do Boca Juniors, dizer na internet uma verdade que muitos esquecem, no afã de babar ovo dos grandes times europeus e desqualificar os clubes brasileiros, principalmente o Botafogo, alvo preferencial desse esquecimento seletivo.

“Botafogo jogava no Maracanã com Garrincha para 100 mil pessoas antes da existência do PSG. Literalmente, o PSG não existia. Está vencendo o clube grande e com história”, afirmou o perfil @amarelo12 quando a partida entre o Glorioso e os franceses estava no 2º tempo.  

Na tarde de ontem, no Rose Bowl (Pasadena), o Fogão enfrentou e eliminou o Atlético de Madrid, terceiro clube espanhol. Podia perder por três gols de diferença, mas controlou o setor defensivo no 1º tempo, mas cansou e cometeu falha que permitiu o gol do adversário.

É preciso, porém, focar na grandeza da campanha botafoguense nesta Copa. Enfiado na pior chave do torneio, o chamado “grupo da morte”, com cara de patinho feio diante do campeão e bicho-papão europeu, o Glorioso mostrou a força de campeão da América e eliminou um dos favoritos.

O descrédito é tão disseminado que muitas vezes contamina os próprios torcedores, mas o Botafogo tem a incrível capacidade de desafiar o coro dos contentes e pregar surpresas a quem insiste nas obviedades.  

Só compra quem não conhece

Abel Ferreira, famoso pelas carraspanas em repórteres e árbitros brasileiros, anda a desfilar um estilo inteiramente terno e afável na Copa do Mundo de Clubes disputada nos Estados Unidos. O lado pragmático falou mais alto e a rispidez foi deixada de lado diante da exposição pública para torcidas e imprensa do mundo inteiro.

Na estreia, diante do Porto, ele levou um cartão amarelo ao espinafrar a arbitragem. Depois disso, recolheu o galho e deixou fluir um jeitão mais simpático. Chegou mesmo a derramar lágrimas de emoção durante uma entrevista, coisa bem diferente dos coices verbais que distribui nas coletivas pós-jogo quando o seu time perde.

Aliás, no futebol brasileiro, Abel pressiona os árbitros pelo menos uma dúzia de vezes ao longo dos jogos, vociferando xingamentos, tentando intimidar sempre. É óbvio que funciona, pois ele segue impune por aqui.

Na tal entrevista lacrimejante, ele chegou a esboçar uma explicação para o jeito casca-grossa, dando a entender que é uma questão de temperamento mais explosivo. Na verdade, o perfil exibido no Mundial da Fifa prova justamente o contrário: a grosseria é controlada, sempre que convém.

A curiosidade agora é para ver como Abel irá se comportar no Brasil após este doce idílio em terras ianques.  

(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 24)

Fruto sagrado amazônico, açaí alimenta, gera renda e move a sociobioeconomia

Reportagem da série “Bio Valor: os caminhos da socioboeconomia no Pará”. Conheça detalhes da cadeia produtiva do açaí na região

Símbolo ancestral da Amazônia, o açaí é uma potência cultural, econômica e social no Pará. O fruto deixou de ser apenas um alimento tradicional para se consolidar como protagonista econômico, social e ambiental. Presente na mesa de milhares de paraenses, todos os dias, o açaí também é fonte de renda para comunidades ribeirinhas e motor do desenvolvimento regional.

A palavra açaí é originária do tupi ïwasa’i, que significa “fruto que chora”. O nome faz referência ao líquido roxo, rico em antocianina, que a fruta libera durante o preparo de sua polpa. Crescendo majoritariamente em áreas de várzea, onde os solos são alagados e ricos em nutrientes, o açaizeiro pode atingir até 30 metros de altura e desempenha papel essencial no ecossistema amazônico.

O Estado do Pará lidera, com folga, a produção do fruto no Brasil. Em 2024, foi responsável por mais de 90% do total nacional, o equivalente a 1,9 milhão de toneladas. De acordo com um estudo da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), ao longo de 36 anos, entre 1987 e 2022, a produção paraense saltou de 145,8 mil toneladas para 1,9 milhão — um aumento de mais de 1.200%.

Dados do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) registraram um crescimento expressivo das exportações do açaí paraense em 2024. De janeiro a dezembro, o valor exportado alcançou US$ 95,2 milhões, um aumento de 66,81% em relação ao mesmo período de 2023. O volume também cresceu, saltando de 15,3 mil para 25,4 mil toneladas. Os Estados Unidos foram o principal destino, com mais de US$ 50 milhões em compras, depois vieram Austrália, Japão e Holanda. Entre os produtos mais exportados estão sucos de frutas sem adição de açúcar, frutas processadas e sorvetes — com destaque para o purê de açaí, cujas exportações somaram US$ 335,9 mil.

Além de maior produtor, o Pará também se mantém como o principal estado exportador do setor, concentrando quase 60% da participação nacional. O bom desempenho se manteve em 2025. Só no primeiro trimestre, as exportações cresceram 23,46%, totalizando 31,4 milhões de dólares e 8,4 mil toneladas em volume embarcado. O estado manteve a liderança nacional.

ÁRVORE.jpg

O relatório do CIN aponta que os resultados não são apenas um indicador econômico, mas um reflexo das declarações de um novo modelo de desenvolvimento para a região, o fortalecimento de um setor que passou por um processo de industrialização, com maior valor agregado aos produtos e declarações da cultura exportadora no estado. A diversidade dos destinos que importam o produto também é destaque na análise, sinal de que o mundo está descobrindo, ou redescobrindo o valor do açaí paraense, não apenas como superalimento, mas como símbolo de sustentabilidade, biodiversidade e inovação. Exemplo concreto de como é possível gerar desenvolvimento econômico com base na floresta em pé.

A maior produção está em Igarapé-Miri, cidade do nordeste paraense que fica a mais de 140 quilômetros de Belém. Segundo a Prefeitura Municipal de Igarapé-Miri, o município, sozinho, respondeu por 21,7% da produção do fruto no ano passado — cerca de 422,7 mil toneladas — e movimentou mais de R$ 1,57 bilhões, reafirmando seu título de “Capital Mundial do Açaí”. Outros municípios paraenses também se destacam na produção: Cametá (8%) e Abaetetuba (5,8%) figuram entre os principais polos produtores.

Manejo sustentável, inclusão social e expansão internacional

Entre os empreendimentos de destaque está a Frutalí, fundada por Denise Acosta, empresária e diretora da marca. Denise cresceu envolvida com o “açaí grosso”, tradicionalmente preparada em sua família. Formou-se em Agronomia, e em 1999, ao lado do pai criou a empresa. O objetivo: industrializar e distribuir o produto para outras regiões do país.

DENISE ACOSTA - AÇAÍ FRUTALI (Foto - Charbel Hage Saadé Júnior).jpeg

No processo produtivo da Frutalí, a matéria prima vem de maciços naturais na Ilha do Marajó, onde uma empresa realiza extrativismo gerenciado com base em um programa sustentável planejado pela Embrapa. A colheita é manual, respeitando o difícil acesso à área de várzea e preservando a floresta. Denise explica que a empresa trabalha diretamente com comunidades locais, garantindo que uma colheita do açaí seja feita de maneira sustentável e justa. “A Frutalí implementa ações externas ao desenvolvimento dessas comunidades, como programas de capacitação e apoio à educação, que visam melhorar a qualidade de vida dos ribeirinhos. Isso inclui a promoção de práticas agrícolas sustentáveis e a valorização do conhecimento tradicional, contribuindo para a preservação da cultura local”.

A Frutalí é uma das empresas que atende o mercado internacional, exportando para países como os Estados Unidos. “A empresa adota práticas que minimizam os impactos ambientais, como a colheita cuidadosa do açaí para garantir a regeneração das palmeiras e o uso de técnicas que preservam a biodiversidade da floresta. Além disso, buscamos certificações que atestem a responsabilidade ambiental e social, garantindo que todo o processo, desde a colheita até a distribuição, seja aplicado com os princípios de desenvolvimento sustentável. Também incentivamos a reutilização de materiais e a redução de desperdícios em suas importações”, explica Denise Acosta.

Açaí se destaca pela rastreabilidade e sustentabilidade

Denise também é presidente do Sindicato das Indústrias de Frutas do Estado do Pará (Sindfrutas), e avalia o mercado produtivo do açaí como um setor em forte expansão, com destaque tanto no Brasil quanto no exterior. Embora o setor paraense já alcance padrões reconhecidos de qualidade e rastreabilidade, o presidente destaca que o grande desafio é fortalecer a união entre produtores, indústria, governo e organizações. “Essa colaboração é essencial para consolidar práticas sustentáveis e fortalecer a qualidade do nosso produto no mercado global. Juntos podemos criar um padrão que destaque o açaí do Pará como exemplo de excelência”, afirma.

Além disso, a crescente demanda global por produtos naturais e saudáveis coloca o açaí em uma posição privilegiada no mercado internacional e a COP 30 pode ser uma oportunidade para ampliar a visibilidade internacional das frutas da Amazônia e fortalecer o compromisso com a sustentabilidade na produção. “A negociação para a COP 30 é uma chance de fortalecer o mercado de açaí, pois permitirá que mostremos ao mundo a qualidade e a pureza do nosso produto. A colaboração entre produtores, órgãos governamentais e organizações não governamentais será essencial para promover práticas sustentáveis, melhorar a rastreabilidade e garantir que nossos produtos atendam aos padrões internacionais”, afirma o presidente.

Para o presidente da Fiepa e da Jornada COP+, Alex Carvalho, obtenha dados que levem à capacidade de entender melhor as cadeias produtivas no estado do Pará, e exercer um papel institucional a partir deste entendimento, tem sido um dos focos do Observatório da Indústria. “Somos grandes produtores de açaí, também de cacau, grandes produtores da criação bovina, na pecuária, mas ainda não estamos no mesmo patamar quando se olha, quando se traz o olhar para a capacidade produtiva da indústria. Então, isso nos leva a entender a cadeia do açaí como mais um caso de transformação. Transformação de um estado que não se contenta, não se contentará mais em ser meramente exportador de commodities ou exclusivamente de produtos seja matéria-prima ou semi-acabados”.

Alex Carvalho.jpeg

Carvalho destaca que essa transformação, resultado da união entre Fiepa e Sindfrutas, contribuirá com a balança comercial do nosso país, e também trará benefícios locais com um posicionamento na geração de empregos com uma escalabilidade que vai desde os empregos diretos até multiplicação exponencial de empregos indiretos. “Isso gera receita, gera riqueza, gera tributos e divisas para o nosso estado. Então, é um ciclo virtuoso que estamos diante e o açaí tende a ser um grande caso de sucesso nessa transformação. Para tanto, é necessário que as políticas públicas estejam aderentes a essa capacidade. fomentar também a industrialização, seja dando melhor acesso à compra de equipamentos, à incorporação de novas tecnologias, à automação, à transformação digital e à regularização de áreas”, explica o presidente.

Porta de entrada para divulgação da biodiversidade amazônica

Esse crescimento econômico está diretamente ligado a iniciativas de impacto ambiental e social positivo. É o caso da Horta da Terra, fundado por Bruno Kato. Engenheiro eletricista formado pela UFPA, decidiu investir em um projeto voltado para a floresta. “Costumo dizer que recebi um chamado de volta. A onça rugiu e eu voltei pra casa”, relembra.

Bruno Kato, CEO e Fundador da Horta da Terra, na quinta.jpg

A Horta da Terra foi oficialmente criada em 2016 com base em um sistema de agricultura que adota práticas regenerativas avançadas, trabalhando exclusivamente com espécies amazônicas. Nesse modelo, o açaí ocupa posição estratégica. Embora já consolidado no mercado global, o fruto é utilizado como porta de entrada para divulgar outros ingredientes da região ainda pouco conhecidos. “Mostramos que a Amazônia é muito mais do que só açaí. Temos uma diversidade de plantas incríveis com propriedades funcionais e nutricionais únicas”, afirma Kato.

Com um portfólio sustentável e inovador, a Horta da Terra transforma ingredientes tradicionais da floresta em soluções modernas, utilizando a reputação do açaí para abrir caminhos para a valorização da biodiversidade amazônica. Para tornar a logística mais eficiente e reduzir as emissões de carbono, a empresa investe na desidratação dos insumos ainda na origem. “Transformar os ingredientes em pó torna o transporte mais leve, diminui o impacto ambiental e agrega valor ao produto no local de origem”, explica o empresário. Segundo Kato, o consumo consciente está crescendo rapidamente, principalmente entre os jovens, que querem saber a procedência dos produtos e seu impacto.

O crescimento do mercado também se reflete na expansão dos empreendimentos voltados ao beneficiamento do açaí. Os três últimos Censos Agropecuários mostram que o número de estabelecimentos que utilizam o fruto como matéria-prima passou de 13 mil em 1996 para mais de 81 mil em 2017, um aumento de 533%.

*(A série “Bio Valor” é uma iniciativa da Jornada COP+, liderada pela FIEPA, que traz reportagens mensais sobre histórias e informações dos principais produtos da sociobioeconomia da Amazônia Brasileira. A série está alinhada ao programa de sociobioeconomia da Jornada, que está criando uma plataforma digital que vai medir o valor desta economia no Pará. A plataforma servirá como um mapa das cadeias de produtores, associações, cooperativas e indústrias que compõem o ecossistema da sociobioeconomia do estado.

A Jornada COP+ tem o apoio da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), da Ação Pró-Amazônia, Sesi, Senai, IEL, Instituto Amazônia+21, Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). O projeto tem como co-realizadora a Hydro, patrocinadora master a Vale e patrocinadora premium a Guamá.

O Re-Pa e suas consequências

POR GERSON NOGUEIRA

Os desinformados costumam dizer que o Re-Pa é como outro jogo qualquer, valendo três pontos e sem consequências. Quem conhece o futebol paraense sabe que não é assim. O clássico tem o poder de ressuscitar equipes em baixa e afundar times em ascensão. Funciona quase sempre como um divisor de águas, principalmente dentro de uma competição seletiva e difícil como a Série B.

A vitória do PSC, sábado, causou um rebuliço monumental. O efeito mais contundente é na autoestima. Como que por milagre, os bicolores passaram a ver o time de Claudinei Oliveira como ajustado e confiável. Os azulinos condenam o Remo de Antônio Oliveira à condição de uma equipe fracassada e sem futuro.

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Os exageros são ingredientes naturais do maior clássico da Amazônia e costumam ser amplificados pela paixão do torcedor. No calor das comemorações, é normal que os bicolores se entusiasmem. Isso é futebol. É perfeitamente compreensível também que a tristeza pela derrota deixe os azulinos frustrados.

Há, porém, um terreno diferente, o da lucidez. Torcedores dos dois lados irão entender com clareza o resultado do primeiro duelo na Série B após 19 anos. A forma de atuação do PSC impressionou pela entrega e por um senso de responsabilidade a cada lance. Não foi algo novo. Nos outros três clássicos da temporada, o Papão foi sempre mais intenso e guerreiro.

A formatação do time, focada em bloquear o meio-campo, foi uma demonstração de humildade por parte de Claudinei, que mostrou respeito pela campanha do rival no Brasileiro. Ocorre que, após consolidar a marcação, o PSC dedicou-se a buscar o ataque, priorizando a transição ofensiva com Maurício Garcez. E deu certo.

O atacante conseguiu três finalizações de grande perigo e transformou-se na principal arma ofensiva da equipe, respaldado pelas participações de Marlon, Rossi e Diogo Oliveira, que substituiu Benitez logo aos 7 minutos.

No 1º tempo, através de Garcez, o PSC esteve muito perto de abrir o placar, mesmo com uma postura cautelosa quando não detinha a posse de bola. Do outro lado, o Remo desperdiçava tempo e paciência com toques improdutivos para os lados, estabelecendo 65% de posse de bola.

Após a partida, o próprio técnico Antônio Oliveira reconheceu que muitas vezes o predomínio na posse de bola é completamente inútil. Foi exatamente o que se viu sábado no Mangueirão.

Quando o confronto exigiu objetividade, o PSC mostrou sua arma. Escanteio mal vigiado pela zaga do Remo – que estava temporariamente sem Camutanga, em atendimento médico – e muito bem executado por Vinni Faria resultou em jogada aérea mortal.

A bola foi desviada para o segundo pau, onde Diogo Oliveira usou a envergadura para saltar e tocar a bola para o fundo das redes. Um belo e decisivo gol. Apesar das 300 mudanças feitas, o Remo não conseguiu se organizar adequadamente para buscar o empate.

Vitória merecida do time que teve mais aplicação e soube explorar suas virtudes – força de marcação e intensidade nos duelos diretos – e anular os pontos fortes do adversário – os avanços pelos lados. (Foto: Jorge Luís Totti/Ascom PSC)

Claudinei usa melhor estratégia e sai vitorioso

Vencer o Re-Pa é item para engrandecer qualquer currículo. Claudinei Oliveira já pode contabilizar um triunfo no maior clássico do planeta. Usou a estratégia acertada, o time correspondeu e o triunfo aconteceu. Mais importante: ele superou as dúvidas quanto à confiabilidade do time, após 11 jogos sem vencer na Série B.  

Com a inclusão de três novos jogadores – Maurício Garcez, Thalison e Diogo Oliveira –, a equipe ganhou em qualidade e se impôs ao Remo, praticando um esquema de marcação forte nos setores centrais do campo e vigilância nas laterais. Essa estratégia funcionou bem, principalmente no 1º tempo, quando o Remo aceitou passivamente a imposição.

Na etapa final, com a mudança de postura do Remo, o confronto ficou mais equilibrado, mas foi o PSC que conseguiu chegar ao gol na cobrança de um escanteio. O lance, ensaiado, permitiu que a bola fosse desviada por Thalison para a entrada fulminante de Diogo Oliveira na pequena área.

Uma vitória que dá mais tranquilidade a Claudinei para organizar a reação do PSC na Série B. O primeiro objetivo é acumular pontuação suficiente para fugir à zona de rebaixamento.

Oliveira perdeu a chance de mostrar humildade

Ninguém gosta de perder. Antônio Oliveira estreou com derrota no clássico e aproveitou a entrevista coletiva para analisar os erros de seu time, apontando os pontos que não funcionaram. Ia muito bem nas avaliações até destacar a superioridade técnica sobre o rival.

Essa diferença pode até existir pontualmente, mas o jogo de sábado mostrou justamente o contrário. O PSC levou a melhor ao ser mais objetivo e organizado. No fundo, Oliveira talvez quisesse evidenciar a diferença entre os times na classificação da Série B, mas foi apenas deselegante.

Em resposta, Claudinei optou pela diplomacia, embora deixando uma pequena farpa a respeito da maior posse de bola dos azulinos no clássico. “Ah, teve o controle de bola, ficou com a bola, paciência, leva a bola para casa, a gente leva os três pontos, não tem problema”, disse.

Tretas que formam o cardápio de acontecimentos que envolvem o Re-Pa. Em poucos dias estarão esquecidas. Fica apenas, para a posteridade, o registro de que o Papão saiu vitorioso. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 23)

Meu amigo deu a vida por esse livro

Por Andrew Fishman – Intercept_Brasil

Meu amigo teve uma morte terrível. Um tiro de espingarda no peito, em um dia que deveria ser glorioso. Foram as últimas horas de sua última viagem de reportagem para o livro em que estava trabalhando.

Após desembarcar da lancha em Atalaia do Norte, pequena cidade na fronteira do Amazonas com o Peru, ele pegou outra lancha, dois aviões e um táxi para casa. Beijaria sua esposa, abraçaria seus gatos e se sentaria à mesa para terminar “Como salvar a Amazônia” – o culminar de quase uma década de viagens pelo Brasil.

No entanto, em vez de utilizar o subtítulo escolhido por ele, “Pergunte a quem sabe”, tivemos que alterá-lo para “Uma busca mortal por respostas”. Foi preciso alterar o curso do seu sonho.

Dom Phillips foi tirado de nós, mas o projeto mais ambicioso de sua vida continuará vivo quando for publicado em 27 de maio pela Companhia das Letras (clique aqui para pré-encomendar o seu exemplar).

lançado pouco antes do terceiro aniversário de seu assassinato ao lado do indigenista Bruno Pereira, em 5 de junho.
Tive o privilégio de ser amiga de Dom e de ser convidada por sua viúva, Alessandra Sampaio, para escrever um capítulo e fazer parte da equipe que contribuiu para a conclusão do livro então inacabado.
Sua mala, cheia de blocos de nota das suas viagens e equipamentos de reportagem, reside sob minha mesa todos os dias, como um lembrete tangível de que a missão do Dom ainda precisa ser concluída.
É sempre arriscado julgar um livro pela capa. Dom não era o estrangeiro arrogante e ingênuo que encontrou todas as respostas simples para resolver o problema mais urgente e consequente do Brasil – como é comum por aí.
O título impossivelmente ambicioso do livro não é uma proclamação, é um convite para fazer a pergunta “Como salvar a Amazônia?” e para nos unirmos em torno dessa questão antes que seja tarde demais.
Dom era específico aberto a ouvir os outros, a aprender com eles e a questionar suas próprias visões – algo que fica bastante evidente no livro. Ele sabia que grandes mudanças são permitidas e que aqueles em posição de liderança estarão ignorando quem vive na Amazônia, com medo de que qualquer mudança possa colocar em risco seu poder.
Se Dom acreditasse que não havia esperança para a Amazônia ou que “o mercado” poderia salvá-la por si só, ele não teria retornado ao Vale do Javari para aquela fatídica viagem de junho de 2022.
Em nossas conversas, geralmente sentados em cima de pranchas de standup paddle ou nas cadeiras dobráveis de madeira de algum bar, rodeados com garrafas de cerveja vazias, ele defende apaixonadamente um futuro centrado nos interesses das comunidades locais, no respeito ao valor e aos valores dos povos indígenas e na manutenção de atividades socialmente benéficas, independentemente de gerarem lucro ou não.
A vida é mais importante. Ou deveria ser.

Ele teria ficado animado em 2023 ao ver Marina Silva reassumir seu papel de Ministra do Meio Ambiente, depois de demonstrar que o progresso é possível, durante sua primeira passagem pela carga.

De 2003 a 2008, seu ministério introduziu políticas que reduziram o desmatamento em 84% com estratégias que incluíam melhor policiamento, financiamentos internacionais condicionados à redução da perda de florestas e o compromisso voluntário (ainda que imperfeito) de compradores estrangeiros de soja de parar de aceitar produtos de terras amazônicas recém-desmatadas.

Estes bons resultados foram a prova que Dom Prevê para concluir que as soluções mais práticas do que ideológicas poderiam superar a ganância, o preconceito, a ignorância, a pobreza e as falhas – ou omissões – políticas que estavam provocando uma crise.

Os retrocessos dramáticos durante a presidência de Jair Bolsonaro, no entanto, expuseram a fragilidade desses ganhos sem mudanças socioeconômicas mais sistêmicas – e transnacionais. E as “concessões” de Lula aos fazendeiros, petroleiros e mineradores demonstram que votar a cada quatro anos não será suficiente.

Amazônia é uma área muito extensa e produtiva de plantações de soja e fazendas de gado, que fica um pouco seca. Aqui e ali você pode ver pequenos bolsões de árvores”, escreveu Dom em uma troca de WhatsApp, em março de 2021, na qual ironizamos a cobertura jornalística simplista que via a Amazônia apenas pelas lentes de lucro do investidor estrangeiro. “Há muitas compras evangélicas. Faz calor e não chove muito além do dinheiro que cai diretamente nos bolsos dos fazendeiros.”

Brincadeiras à parte, para Dom, o agro claramente não era pop, mas ele também não tinha muita paciência para posições pouco embasadas na prática real e mais inspiradas em teorias intangíveis e defasadas ou fantasias paternalistas de uma floresta intocada, habitada apenas por heróis indígenas místicos.

A Amazônia – com mais de 29 milhões de pessoas, a maioria em cidades – é complexa, singular e surpreendente, e bem maior e mais interessante que os debates no Twitter.

Ele me contou que a maioria das pessoas que conheceu em suas inúmeras viagens está apenas tentando cuidar de suas famílias, sobrevivendo em pobreza, muitas vezes, extrema. “Quem somos nós para julgá-los por aproveitarem o que talvez seja a única oportunidade que têm pela frente para alimentar seus filhos, mesmo que seja cortando árvores para criar gado ou se juntando a garimpeiros?”, ele me disse mais de uma vez.

Esse sentimento específico pairou na minha cabeça por meses depois que Dom foi assassinado por pessoas que ele provavelmente diria que se encaixaram nessa descrição.

A ironia trágica de tudo isso é que ele estava lá naquele barco, naquele dia tentando ajudar o mundo a criar empatia por pessoas como seus agressores, e não criminalizá-las ou julgá-las. “ Se esses caras souberem o que tinha no coração do Dom, isso teria feito alguma diferença naquela manhã no rio Itacoaí?” , eu me perguntava.

Todos os habitantes da Amazônia merecem viver em segurança, com dignidade e empregos decentes que não contribuíram ativamente para a destruição das chances de seus filhos terem uma vida boa e cheia de possibilidades.

Quaisquer propostas realistas que Dom apoiaria, portanto, não podem simplesmente abolir o comércio, nem permitir que ele continue seu curso atual, que não apenas vingança o meio ambiente, mas, na verdade, empobrece ainda mais as comunidades locais.

Os lucros extraídos dali se acumularam em poucas mãos e, cada vez mais, em contas de investimento de pessoas que nunca ouviram falar de uma jararaca, pororoca ou pirapitinga.

Mas, sejam quais forem as soluções, é certo que precisaremos lutar. Nas nossas conversas, Dom me consolidou a continuar acreditando no poder do jornalismo e lutando pelo que acredita. Tanto que, sem a sua influência, é provável que, quando quiséssemos definir o Intercept Brasil em 2022, em vez de lutar para salvá-lo e torná-lo independente, eu provavelmente teria saído que fechasse.

Se você está buscando inspiração e orientação para fazer parte da solução, pode começar reservando o livro “Como salvar a Amazônia: Uma busca mortal por respostas” . Não podemos salvar Dom, mas ainda podemos salvar a Amazônia.

Claudinei exalta entrega de seus jogadores; Oliveira admite erros, mas exagera no autoelogio

Claudinei Oliveira, técnico do PSC, fez uma análise lúcida da atuação do time, destacando a capacidade de entrega do time e a busca do jogo vertical na maior parte do clássico. Analisou a opção por Maurício Garcez como o homem da transição pelo lado esquerdo, a presença de Marlon no lado direito e o posicionamento dos homens de meio-de-campo.

Do lado remista, o técnico Antônio Oliveira reconheceu a falta de intensidade da equipe, os erros provocados pelo excesso de passes laterais e a posse de bola (65%) improdutiva. Explicou a substituição de Marcelinho por Pedro Costa e a ausência de Camutanga (estava em atendimento à beira do campo) no lance que culminou com o único gol do Re-Pa.

Em clássico intenso, Papão vence e deixa a lanterna da Série B

Um gol aos 26 minutos do 2º tempo, marcado por Diogo Oliveira, deu ao Paysandu a vitória no clássico 779, disputado no sábado à noite no estádio Jornalista Edgar Proença pela 13ª rodada da Série B. O PSC foi a 10 pontos e ficou na 18ª colocação na classificação. Com o resultado, o time de Claudinei Oliveira contabiliza a segunda vitória seguida e deixou a lanterna da competição. O Remo ocupa a 8ª posição, com 20 pontos.

Com o Mangueirão lotado, mais de 46 mil espectadores, o PSC foi superior em boa parte do jogo na primeira etapa. Mostrou mais intensidade e busca pelo gol, ao contrário do rival, que exagerou na lentidão e na troca de passes sem objetividade. Com forte bloqueio no meio-campo, o Papão neutralizou as tentativas azulinas, que custou a ameaçar no ataque.

Garcez deu a primeira investida na área, com uma finalização que assustou o goleiro Marcelo Rangel aos 7 minutos. Aos 13′, o mesmo Garcez cabeceou de cima para baixo e quase abriu o placar. Marcelo Rangel espalmou com a ponta dos dedos.

O primeiro ataque mais encaixado do Leão ocorreu aos 23′, quando Janderson fez boa jogada individual na direita, driblou Novillo, mas chutou por cima. Em seguida, Matheus Vargas bateu de fora da área no canto esquerdo do gol de Marcelo Rangel, que defendeu bem.

A grande chance do Leão no 1º tempo veio aos 35′. Pedro Rocha recebeu belo passe de Sávio dentro da grande área, mas chutou rasteiro e errou o alvo. A última oportunidade do Papão foi aos 44′: Garcez passou por Marcelinho e finalizou em cima de Marcelo Rangel. O goleiro defendeu parcialmente e a zaga afastou a bola.

O Remo tinha dificuldades para se impor ofensivamente porque as jogadas pelos lados, principal trunfo da equipe no campeonato, foram bem vigiadas pelo PSC. Marcelinho na direita e Sávio na esquerda tiveram muita dificuldade para avançar. Como o meio-campo estava entregue a três volantes – Luan Martins, Pedro Castro e Pavani -, o time ficava sem alternativa para se lançar à frente. Pedro Rocha e Adailton ficaram muito isolados.

O PSC, ao contrário, era mais organizado. Explorava um jogo mais vertical e saía rápido em ações com Marlon e Reverson. Rossi ajudava na armação e Garcez se tornou o homem da transição ofensiva, pressionando pelo lado esquerdo, com Diogo Oliveira mais centralizado.

O 2º tempo começou mais intenso, com o Remo posicionando-se no ataque. O volante Luan Martins recebeu de Janderson e testou para fora logo aos 2 minutos. Aos 6 e 7 minutos, o PSC se manteve no campo de ataque, obtendo dois escanteios seguidos.

Aos 12′, Pedro Rocha passou por Leandro Vilela e chutou colocado, assustando o goleiro Gabriel Mesquita. Janderson aproveitou uma brecha na marcação, mas o goleiro agarrou a finalização. Depois disso, começaram as substituições, desfigurando um pouco as formações em campo.

Aos 24′, o centroavante Diogo Oliveira entrou na área e foi travado na hora do chute pelo zagueiro Camutanga, que se lesionou no lance. Com menos um na zaga, o Remo não conseguiu conter o escanteio cobrado por Garcez. A bola foi desviada para o segundo pau e Diogo Oliveira saltou sem marcação, desviando de cabeça para o fundo do barbante.

A resposta remista surgiu três minutos depois. Felipe Vizeu mandou um chute colocado, mas a bola saiu pela linha de fundo. Aos 35′, dois lances agudos na área do PSC: Mateus Davó cabeceou para uma grande defesa de Gabriel. No rebote, Marrony também arriscou, mas o goleiro defendeu bem. Em lance confuso na área, os jogadores do Remo reclamaram de pênalti, mas o árbitro mandou o lance seguir, após revisão do VAR.

Aos 40′, ataque do Leão, com Davó cabeceando após disputa na pequena área. Nos acréscimos, o estreante Vinni Faria se livrou da marcação e disparou, mas a bola passou longe.

O clássico teve 38.154 pagantes. Com 7.390 gratuidades, o público total chegou a 45.554. A renda bruta foi de R$ 1.759.785,00. As despesas somaram R$ 621.018,69. A renda líquida ficou em R$ 1.138.766,31.

No Lado A (Remo), o público foi de 20.068 pagantes, com 3.702 gratuidades e total de 23.770. Renda de R$ 936.765,00 No Lado B (Paysandu), o público pagante foi de 18.086 – com 3.688 gratuidades, o público total foi de 21.744, com renda bruta de R$ 823.020,00 e líquida de R$ 608.942,17. Como mandante, o Remo arcou com todas as despesas do clássico.

Na 14ª rodada, o Remo visitará o Athletic no próximo domingo (29), em Juiz de Fora (MG), às 16h. O Paysandu recebe a Ferroviária (SP) na segunda-feira, dia 30, às 19h, no estádio da Curuzu.