Quando os gigantes acordam

POR GERSON NOGUEIRA

Acabou a brincadeira. Quem pensou que os europeus iam seguir jogando em ritmo de amistoso no Mundial de Clubes está redondamente enganado. As apresentações de Internazionale e Manchester City, contra River Plate e Juventus, respectivamente, provam que os supertimes começaram a exibir suas armas. A coisa é mesmo pra valer, e ninguém foi aos EUA a passeio.

Na quarta-feira, a Inter fez um jogaço, digno de uma vice-campeã da Europa. Atropelou o River Plate de Gallardo, embora o placar não tenha refletido a ampla superioridade. O desenvolvimento faz ações ofensivas italianas foi algo digno de aplausos. Transição veloz, com a bola nos pés de figuras como Bertoni, um beque que vira atacante em questão de segundos.   

Ágil e oportunista, Lautaro Martinez perdeu três chances claras de gol, coisa que não costuma acontecer. Botou uma bola na trave após driblar um zagueiro e dividir com outro na marca do pênalti. Um jogo sempre intenso e vibrante. Bem ao estilo italiano dos bons tempos, quando as equipes se impunham pela velocidade e força.

A missão foi mais facilitada pelo desmantelamento tático do River depois que o zagueiro foi expulso no 2º tempo. Todas as mexidas feitas no time por Gallardo resultaram infrutíferas, enquanto as mudanças na Inter se tornaram ainda mais eficazes.  

Impressionante também foi a apresentação do Manchester City diante da Juventus, ontem, em Orlando, com show da orquestra britânica dirigida por Pep Guardiola. O placar final, 5 a 2, poderia ter sido maior, caso todas as chances fossem aproveitadas.

Jérémy Daku, Bernardo Silva, Savinho e Haaland foram os protagonistas, embora seja até injusto destacar individualidades numa equipe que prima pelo coletivo. O apelido de “Tubarão” que o City conquistou na Europa não é em vão. Fica controlando o jogo, tocando de pé em pé em torno da área adversária, à espera do momento certo do bote mortal.

A Juve, com esquema surpreendentemente aberto, foi presa fácil do domínio do City, que cultiva ainda o hábito assustador de seguir martelando mesmo depois de fazer dois ou três gols. Não se acomoda nunca, quer sempre mais. Times insaciáveis são difíceis de serem enfrentados.

Os brasileiros – todos – terão imensos problemas se cruzarem com City e Inter, mas não terão vida mais tranquila se encararem a própria Juve, que também joga um futebol de alto nível.

O fato é que a Copa está cada vez mais próxima daquilo que o futebol merece ser.

Botafogo negocia aquisição de joia da base remista

Uma cria das divisões de base do Remo está prestes a levantar voo. Kadu, de 19 anos, revelação azulina nesta temporada, deve se transferir nos próximos dias para o Botafogo, que negocia seu empréstimo. Inicialmente, ele vai integrar o time sub-20 do Alvinegro, antes de ser incorporado ao elenco comandado por Renato Paiva.

Restam poucos detalhes para que o negócio se concretize. Lateral-direito promissor, ele ganhou visibilidade com boas apresentações ao longo do Campeonato Paraense 2025. Kadu participou de sete jogos na Série B, um apenas como titular. No total, foram 19 jogos com a camisa do Leão.

A estreia no time profissional do Remo ocorreu contra o São Francisco, na goleada de 5 a 0 na primeira rodada do Parazão. A ofensividade e a boa envergadura conquistaram a confiança do então técnico Rodrigo Santana e o apoio da torcida.

O sucesso garantiu a um reajuste salarial e a renovação do contrato até 2027, com multa rescisória de R$ 10 milhões. O acordo que está sendo negociado prevê que o Botafogo terá prioridade para ficar com os direitos federativos e econômicos do atleta.

A SAF do Botafogo adota como estratégia priorizar a aquisição de jovens valores para futuros negócios com o futebol internacional. Dois exemplos disso são o zagueiro Jair Cunha, titular no Mundial de Clubes, que foi contratado junto ao Santos; e Natan, atacante revelado pelo Grêmio.

Kadu deve chegar ao Botafogo por empréstimo após a Copa do Mundo de Clubes, quando se abrirá mais uma janela de transferências.

Novillo se consolida como referência defensiva

A reação do PSC dentro do Brasileiro joga luzes sobre o desempenho de atletas que até vinham atuando bem, mas não tinham reconhecimento por conta dos maus resultados da equipe. O zagueiro Ariel Novillo é um típico exemplo dessa situação.

As boas atuações que ele enfileira desde que foi lançado como titular pelo ex-técnico Luizinho Lopes constituíam exceção no festival de instabilidade que castigava a equipe até a 12ª rodada da Série B.

Cabe observar também que Novillo sofreu com o longo período de adaptação desde a chegada ao clube, situação agravada por uma contusão no tendão de aquiles e uma concussão cerebral na final do Parazão.  

A segurança nos desarmes e a facilidade para o jogo aéreo são as principais virtudes do beque argentino de 27 anos, que agora sob o comando de Claudinei Oliveira é peça fundamental no xadrez defensivo do Papão. Tornou-se referência e liderança. Virou o xerife da zaga bicolor. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 27)

STF decide que as plataformas digitais são responsáveis por posts de usuários

Por 8 votos a 3, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (26) que as plataformas que operam as redes sociais devem ser responsabilizadas diretamente pelas postagens ilegais feitas por seus usuários.

Após seis sessões seguidas para julgar o caso, a Corte decidiu pela inconstitucionalidade do Artigo 19 do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014), norma que estabeleceu os direitos e deveres para o uso da internet no Brasil.

O dispositivo estabelecia que, “com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura”, as plataformas só poderiam ser responsabilizadas pelas postagens de seus usuários se, após ordem judicial, não tomarem providências para retirar o conteúdo ilegal.

Dessa forma, antes da decisão do STF, as big techs não respondiam civilmente pelos conteúdos ilegais, como postagens antidemocráticas, mensagens com discurso de ódio e ofensas pessoais, entre outras.

Com o final do julgamento, a Corte aprovou uma tese jurídica, que contém as regras que as plataformas deverão seguir para retirar as postagens. O texto final definiu que o Artigo 19 não protege os direitos fundamentais e a democracia. Além disso, enquanto não for aprovada nova lei sobre a questão, os provedores estarão sujeitos à responsabilização civil pelas postagens de usuários.

Pela decisão, as plataformas devem retirar os seguintes tipos de conteúdo ilegais após notificação extrajudicial:

  • Atos antidemocráticos;
  • Terrorismo;
  • Induzimento ao suicídio e automutilação;
  • Incitação à discriminação por raça, religião, identidade de gênero, condutas homofóbicas e transfóbicas;
  • Crimes contra a mulher e conteúdos que propagam ódio contra a mulher;
  • Pornografia infantil;
  • Tráfico de pessoas. 

VOTOS DOS MINISTROS

O último voto sobre a questão foi proferido na sessão desta quinta pelo ministro Nunes Marques, que votou contra a responsabilização direta das redes. O ministro defendeu que a responsabilização direta deve ser criada pelo Congresso. Segundo Nunes, a liberdade de expressão é clausula pétrea da Constituição e deve ser protegida. Dessa forma, a responsabilidade pela publicação de conteúdos é de quem causou o dano, ou seja, o usuário.

“A liberdade de expressão é pedra fundamental para necessária troca de ideias, que geram o desenvolvimento da sociedade, isto é, apenas por meio do debate livre de ideias, o indivíduo e a sociedade poderão se desenvolver em todos os campos do conhecimento humano”, afirmou.

Nas sessões anteriores, os ministros Flávio Dino,  Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Cármen Lúcia se manifestaram pela responsabilização. Os ministros André Mendonça e Edson Fachin votaram pela manutenção das atuais regras que impedem a responsabilização direta das redes.

Carmen Lúcia avaliou que houve uma transformação tecnológica desde 2014, quando a lei foi sancionada, e as plataformas viraram “donas das informações”. Segundo a ministra, as plataformas têm algoritmos que “não são transparentes”. 

Para Moraes, as big techs impõem seu modelo de negócio “agressivo”, sem respeitar as leis do Brasil, e não podem ser uma “terra sem lei”. No entendimento de Dino, o provedor de aplicações de internet poderá ser responsabilizado civilmente pelos danos decorrentes de conteúdos gerados por terceiros.

Gilmar Mendes considerou que o Artigo 19 é “ultrapassado” e que a regulamentação das redes sociais não representa ameaça à liberdade de expressão.

Cristiano Zanin votou pela inconstitucionalidade do artigo e afirmou que o dispositivo não é adequado para proteger os direitos fundamentais e impõe aos usuários o ônus de acionar o Judiciário em caso de postagens ofensivas e ilegais.

Os ministros Luiz Fux e Dias Toffoli votaram para permitir a exclusão de postagens ilegais por meio de notificações extrajudiciais, ou seja, pelos próprios atingidos, sem decisão judicial prévia.

Luís Roberto Barroso diz que a ordem judicial é necessária para a remoção somente de postagens de crimes contra a honra (calúnia, difamação e injúria”). Nos demais casos, como publicações antidemocráticas e terrorismo, por exemplo, a notificação extrajudicial é suficiente para a remoção de conteúdo, mas cabe às redes o dever de cuidado para avaliar as mensagens em desacordo com as políticas de publicação.

CASOS JULGADOS

O STF julgou dois casos concretos que envolvem o Marco Civil da Internet e que chegaram à Corte por meio de recursos. Na ação relatada pelo ministro Dias Toffoli, o tribunal julga a validade da regra que exige ordem judicial prévia para responsabilização dos provedores por atos ilícitos. O caso trata de um recurso do Facebook para derrubar decisão judicial que condenou a plataforma por danos morais pela criação de perfil falso de um usuário.

No processo relatado pelo ministro Luiz Fux, o STF discute se uma empresa que hospeda um site na internet deve fiscalizar conteúdos ofensivos e retirá-los do ar sem intervenção judicial. O recurso foi protocolado pelo Google.

A frase do dia

“Brasil, com 210 milhões de habitantes, terá 531 deputados. EUA, com 340 milhões, têm 435”.

Guga Chacra, jornalista

Botafogo lidera ranking de público entre os times brasileiros no Mundial de Clubes

Classificado para a próxima fase do Mundial de Clubes, o Botafogo entra em campo neste sábado contra o Palmeiras, na Filadélfia, disputando as oitavas de final da competição. Com boa campanha, o Botafogo tem motivos para comemorar até o momento. Isso porque tem a melhor média de público entre os times brasileiros na competição internacional: 41.925. 

Média de público dos clubes brasileiros na Copa do Mundo:

  • Botafogo – 41.925
  • Palmeiras – 40.727
  • Flamengo – 39.908
  • Fluminense – 32.028

A estreia do Glorioso contou com 30.151 torcedores na vitória por 2 a 1 sobre o Seattle Sounders. No segundo jogo, diante do PSG, o Botafogo levou 53.699 pessoas ao estádio. Na segunda colocação do ranking de público entre os brasileiros está o Palmeiras, com média de 40.727 torcedores. O Verdão empatou com o Porto diante de 46.275 pessoas e venceu o Al Ahly com 35.179 presentes.

DESTAQUES

O Brasil é o grande destaque da fase de grupos do inédito formato do Mundial de Clubes da Fifa. A boa campanha dos clubes — seis vitórias, dois empates e classificações encaminhadas — reflete a valorização dos atletas locais aos olhos do futebol internacional. Assim, a força individual dos brasileiros ganhou mais um espaço na mídia internacional especializada nesta segunda-feira (23).

Um grupo de jornalistas do jornal “The Athletic”, da Inglaterra, elegeu os jogadores de maior destaque neste início do torneio. Na seleta lista de seis atletas, dois nomes do futebol brasileiro: Igor Jesus, do Botafogo, e Jorginho, do Flamengo.

Para o jornalista, Jeff Rueter impressiona à primeira vista por conta da questão física – principal fator observado nas duas atuações do atacante no Mundial contra fortes defensores, além do ritmo constante na participação de jogadas.

“Embora Jesus tenha 1,78 m, sua forma de jogar o torna um fardo para qualquer defensor marcar. Em seus primeiros jogos contra o Seattle Sounders” – cujo zagueiro, Jackson Ragen, tem 1,98 m – e o Paris Saint-Germain, Jesus obteve uma taxa de vitórias aéreas de 68,8% e 60% de sucesso em todos os duelos.

Nova oportunidade para Dodô

POR GERSON NOGUEIRA

O meia Dodô foi um dos primeiros reforços do Remo na temporada e chegou cercado de boas expectativas, que seis meses depois não se confirmaram. Foi contratado com base nas passagens bem-sucedidas no Atlético-MG e no Fortaleza. Suas características casavam com as carências do time azulino. Jogador habilidoso, bom condutor de bolas, articulador capaz de quebrar linhas de marcação.

Essas qualidades só foram parcialmente mostradas nos primeiros jogos do Campeonato Paraense, com destaque para a auspiciosa estreia diante do São Francisco quando marcou um golaço de fora da área. Ficou nisso.

Com atuações pouco convincentes, ele perdeu espaço no decorrer do Estadual, ainda sob o comando de Rodrigo Santana, e não recuperou a titularidade quando Daniel Paulista assumiu.

Contra o Coritiba, pela Série B, a substituição veio na etapa inicial. O time não conseguia se conectar, as transições não se completavam e ficou claro que o problema estava na baixa movimentação de Dodô. A substituição foi providencial. Ele saiu e o Remo partiu para vencer a partida.

Nas últimas rodadas, diante da perda de jogadores importantes do setor de armação (Jaderson, Régis), Dodô voltou a ser lembrado. Entrou no 2º tempo do clássico Re-Pa, sem acrescentar nada ao time, e é cotado para entrar jogando contra o Athletic, no próximo domingo.

Às voltas com a falta de alternativas para montar o meio-de-campo, o técnico Antônio Oliveira parece a fim de abrir oportunidade para Dodô mostrar seu valor. É agora ou nunca. A torcida, de maneira ampla e irrestrita, não aposta mais fichas no meia. Junto com Felipe Vizeu, ele é quase página virada desse folhetim remista.

Desempenhos abaixo da expectativa ficam mais expostos em momentos de oscilação, naturais em campeonatos difíceis como a Série B. É justamente a fase vivida pelo Remo, que nas últimas seis rodadas só venceu uma vez. A essa altura, quem não rende acaba por ser forçosamente descartado.

A necessidade de uma reação imediata força Oliveira a buscar soluções imediatas. Com isso, pode estar surgindo a última oportunidade para jogadores como Dodô e Vizeu, visto que a última janela de transferências será aberta no dia 10 de julho e o Remo vai ao mercado buscar reforços.

Copa faz explodir o ufanismo rubro-negro

Uma Copa do Mundo tem sempre um quê de apaixonante. Esta, que reúne clubes pela primeira vez, segue a tradição. A pachequice está solta, levando a gestos e opiniões absolutamente bizarras. Desde a estreia do Flamengo, batendo o assustador Espérance e depois virando sobre o poderosíssimo Chelsea, os superlativos começaram a escassear por excesso de uso.

Sim, muito além da torcida em verde-amarelo pelos quatro representantes nacionais, agiganta-se gloriosamente o ufanismo rubro-negro.

A mídia, popularmente apelidada de Flapress desde os anos 1950, cumpre com afinco o papel de louvar sempre o esquadrão da Gávea. Não importa se o time apresenta imensos lapsos criativos ou se Filipe Luís nutre algumas preferências inexplicáveis, como Danilo e Varela.

Nada disso afeta o processo de endeusamento. O Fla é cotado desde antes da Copa como favorito ao título, por mais temerária que fosse a previsão. Basta observar as mesas-redondas esportivas, unânimes em destacar a genialidade de Filipe Luís, jovem técnico que foi comparado por Renato Maurício Prado a ninguém menos que Rinus Michels, o holandês que inventou o conceito de futebol-total.

Ontem, o jornal O Globo amanheceu destacando em seu portal a manchete: “Após empate do Flamengo, imprensa internacional se rende a Arrascaeta”. Algo como o mundo se curva aos pés do atleta uruguaio – e em tom sério! O exagero está no fato de que Arrascaeta e seus companheiros cumpriram um jogo sofrível diante do frágil Los Angeles FC.

Nenhum jornal europeu fez referência à atuação de Arrascaeta, excelente jogador no Brasil, mas visto sempre com desconfiança até em seu país, onde não consegue ser titular absoluto da Celeste Olímpica.

A depender das previsões da bancada da mídia, o futebol bailarino do Mengo tem tudo para fazer o gigante alemão dançar miudinho. Te cuida, Bayern!

Vôlei do Pará vence Divisão Especial sub-18

O voleibol do Pará subiu no lugar mais alto do pódio na 4ª edição da Taça Brasília com os times sub-18, masculino e feminino, do Clube do Remo, campeões da divisão especial. Com apoio do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel), a equipe feminina da Tuna Luso Brasileira ganhou a prata na categoria sub-18 e bronze no sub-16.

Evento realizado de 19 a 22 de junho, no Colégio Marista de Brasília e Corjesu, a Taça Brasília de Voleibol reuniu equipes de todos o Brasil e foi organizada pela Federação de Vôlei do Distrito Federal, em parceria com o Ministério do Esporte.

Para o técnico do time masculino do Leão, Édson Wander, “o apoio do Governo foi fundamental para essa dupla conquista inédita, e invicta, para as equipes masculina e feminina do sub-18 do vôlei do Clube do Remo, e para o voleibol paraense. O Pará foi muito bem representado pelo Leão Azul”.

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 26)