A frase do dia

“Foi complicado, não só para mim, como para os jogadores. Teve também a condição do Jaderson, que mexeu com todos nós. Tenho certeza de que ele vai vencer essa, porque é um guerreiro. Além disso, o jogo foi difícil. Tivemos as saídas de Janderson e Klaus por lesão. Apesar disso, tivemos condições de definir o jogo ainda no tempo normal, mas quis o destino que a decisão fosse para os pênaltis”.

Daniel Paulista (Remo), técnico campeão paraense de 2025

Habemus técnico! CBF confirma Carlo Ancelotti no comando da Seleção Brasileira

A frase escrita e apagada diversas vezes no espaço de dois anos pode, enfim, ser publicada: Carlo Ancelotti é, oficialmente, o novo técnico da seleção brasileira. O italiano de 65 anos, com passagens por alguns dos maiores clubes do mundo, foi anunciado pela CBF nesta segunda-feira (12). O comandante encerra uma passagem vitoriosa no comando do Real Madrid, onde trabalhava desde julho de 2021.

Ancelotti assinou contrato até o fim da Copa do Mundo de 2026. O italiano fará sua estreia na próxima Data Fifa. O Brasil enfrenta Equador, fora, e Paraguai, em casa, pelas eliminatórias; a equipe, vale lembrar, ainda não tem vaga assegurada no próximo Mundial.

A maior Seleção da história do futebol agora será liderada pelo técnico mais vitorioso do mundo. Carlo Ancelotti, sinônimo de conquistas históricas, foi anunciado nesta segunda-feira (12) pelo presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, como o novo técnico da Seleção Brasileira. Ele vai comandar o Brasil até a Copa do Mundo de 2026 e já treinará a Amarelinha nos dois próximos jogos pelas Eliminatórias diante do Equador e Paraguai, no próximo mês.

“Trazer Carlo Ancelotti para comandar o Brasil é mais do que um movimento estratégico. É uma declaração ao mundo de que estamos determinados a recuperar o lugar mais alto do pódio. Ele é o maior técnico da história e, agora, está à frente da maior seleção do planeta. Juntos, escreveremos novos capítulos gloriosos do futebol brasileiro,” afirmou Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF.

Uma lenda à altura da Canarinho Carlo Ancelotti não precisa de apresentações. Maior vencedor da Champions League, com cinco títulos, e único treinador a conquistar as cinco principais ligas europeias, o italiano acumula passagens triunfais por gigantes como Milan, Real Madrid, Chelsea, PSG e Bayern de Munique.

Além de sua brilhante carreira como técnico, Ancelotti foi um craque dentro das quatro linhas. Um meio-campista de inteligência rara, ele brilhou por clubes como Parma, Roma e Milan, conquistando duas Champions League como jogador. Seu capítulo final como atleta foi especial: um amistoso contra a própria Seleção Brasileira, em 1992. Trinta anos depois, o ícone retorna para fazer história com a Amarelinha.

O início de uma nova era

Dono de cinco estrelas em sua gloriosa camisa, o Brasil une agora sua tradição incomparável ao maior treinador de todos os tempos. Ancelotti começa sua missão já na próxima semana. Ele se reunirá com Rodrigo Caetano, coordenador geral das Seleções Masculinas, e Juan, coordenador técnico, para definir a lista larga de convocados para os confrontos contra Equador e Paraguai, no próximo mês, nas Eliminatórias da Copa do Mundo. No dia 26, no Brasil, o técnico anunciará os escolhidos.

“O impacto de Ancelotti vai além de resultados; ele é um estrategista que transforma equipes em lendas. O Brasil, com sua tradição única, e Ancelotti, com sua visão revolucionária, formarão uma parceria que vai entrar para a história”, completou Ednaldo Rodrigues.

Com a chegada de Carlo Ancelotti, o Brasil segue no caminho da excelência no futebol. Sob sua liderança, a Seleção reafirma seu compromisso com a grandeza e o desejo inabalável de conquistar o hexacampeonato.

Sua chegada interrompe um período de pouco mais de um mês da seleção sem técnico, desde a demissão de Dorival Júnior, em 28 de março, logo após goleada para a Argentina. Mais ainda: Ancelotti quebra uma escrita de quase 60 anos sem um estrangeiro na equipe nacional.

O último foi Filpo Núñez, argentino que comandou o Brasil em um amistoso contra o Uruguai, no Mineirão, quando a seleção foi representada por atletas do Palmeiras. Antes dele, também tiveram tal privilégio o uruguaio Ramón Platero (1925) e o português Joreca (1944).

O nome de Carlo Ancelotti era o preferido do presidente Ednaldo Rodrigues há pelo menos dois anos, desde meados de 2023, quando a CBF ainda tinha dúvidas sobre quem contratar para a vaga de Tite. Fernando Diniz foi contratado de maneira interina, para dividir a seleção com o Fluminense, quando chegou-se até mesmo a anunciar um acordo para que o italiano dirigisse o Brasil na Copa América de 2024.

O título da Champions League pelos merengues, porém, garantiu a renovação de Ancelotti com o clube e deixou a CBF exposta. Diniz saiu, Dorival Júnior foi contratado, mas os resultados não ajudaram o novo comandante a se estabelecer.

Somado a isso, a eliminação do Real Madrid na Liga dos Campeões e a perda de terreno na briga com o Barcelona pelo título espanhol deixaram Ancelotti em condição de insegurança no clube, que via a troca de comissão técnica como parte importante da renovação.

Neste cenário, a CBF – que já trabalhava com o nome do português Jorge Jesus para substituir Dorival – viu o antigo alvo ficar de repente disponível e retomou as conversas até o acerto final. O Real Madrid impôs poucos obstáculos, até por já ter Xabi Alonso, ex-Bayer Leverkusen, como substituto.

A CARREIRA DE ANCELOTTI

Meio-campista de boa técnica, Ancelotti aposentou-se em 1992 e imediatamente assumiu o cargo de auxiliar-técnico da seleção da Itália. Fez parte da equipe que levou o país ao vice-campeonato da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, em derrota nos pênaltis para o Brasil na final.

O primeiro trabalho como treinador principal foi na Reggiana, em 1995. Assumiu o Parma no ano seguinte, mudou-se para a Juventus em 1999 até iniciar, em 2001, possivelmente o ciclo mais marcante da carreira.

Entre 2001 e 2009, Ancelotti comandou uma era muito vitoriosa no Milan. Levou o clube a três finais de Champions, ganhou duas e teve a capacidade de transformar grandes estrelas em um belo time. Naquele Milan, o italiano teve Dida, Cafu, Nesta, Maldini, Pirlo, Seedorf, Rui Costa, Rivaldo, Shevchenko, Crespo e, sobretudo, Kaká, a quem fez o melhor jogador do mundo em 2007.

A carreira de Ancelotti seguiu por grandes equipes, como Chelsea e PSG, até chegar ao Real Madrid em 2013, com o objetivo de levantar a tão sonhada La Décima, maneira que os espanhóis chamavam o 10º título da Liga dos Campeões. Atingiu o feito logo na primeira temporada, em final épica contra o Atlético de Madrid lembrada até hoje pelo gol tardio de Sergio Ramos.

Ancelotti deixou o Real Madrid em 2015, assumiu o Bayern de Munique para uma passagem de pouco brilho, depois dirigiu Napoli e Everton. Quando parecia estar na descendente da carreira, recebeu o convite para retornar ao Santiago Bernabéu em 2021.

Pelas mãos do italiano, o Real conquistou mais duas vezes a Champions League e venceu todos os títulos possíveis, o que fez de Ancelotti o técnico mais vencedor da história do clube. Agora, ele ganha a chance de dirigir a maior seleção do planeta e acabar com um jejum de 24 anos sem ganhar uma Copa (a última foi 2002).

(Com informações da ESPN, Folha SP e Lance)

Campeão com todos os méritos

POR GERSON NOGUEIRA

Foi uma decisão no melhor estilo raiz. Um Re-Pa como nos velhos tempos românticos, com raça e transpiração do começo ao fim, fazendo a alegria da massa torcedora. Mais de 47 mil pessoas foram ao Mangueirão acompanhar a segunda partida da decisão de 2025. E deu Leão em jogo emocionante e equilibrado, com vitória bicolor no tempo normal por 1 a 0 e triunfo final azulino por 6 a 5 nas penalidades.

O Domingo das Mães foi também de dedicação e reverência ao clássico-rei. Por todos os recantos do Estado, o assunto preferencial era o Re-PaMa. Belém parou para acompanhar a grande final.

Quando a bola rolou, as emoções afloraram ainda mais. O PSC, que precisava da vitória, partiu com tudo para cima da zaga azulina, mas não acertou o pé. Leandro Vilela foi o primeiro a tentar, mas a bola passou longe. Pedro Rocha, o artilheiro remista na Série B, perdeu chance ainda melhor, errando na finalização, aos 10 minutos.

Entre os 16 e os 20 minutos, o Papão botou pressão, com Benitez e Vilela, mas a bola insistia em parar na zaga ou sair por cima da trave. Em resposta, Janderson foi lançado entre os zagueiros e cruzou para o cabeceio de Pedro Rocha. Matheus Nogueira saltou e evitou o gol.

Para aflição dos azulinos, Janderson foi atingido por trás e saiu lesionado aos 30’, sendo substituído por Kadu, novamente improvisado, mas tendo Marcelinho como ala avançado, um erro que já havia castigado o Remo na quarta-feira. A estratégia azulina de dobrar a presença de laterais na direita esbarrava na linha final de zagueiros do PSC, que em certos momentos tinha até cinco jogadores – Edilson, Quintana, Luan Freitas, Vilela e PK.

Ainda assim, um erro de Nicolas na intermediária propiciou algumas chegadas perigosas do Remo, quando Sávio ainda estava em campo. Aos 30′, da entrada da área, ele chutou forte, mas Matheus Nogueira encaixou bem.

Aos 36’, uma nova blitz bicolor na área do Remo. Matheus Vargas pegou um rebote e disparou um chute rasteiro, com muito perigo. Aos 40′, Benitez pegou bola rebatida pela zaga e emendou de primeira. A bola resvalou em Kadu e saiu.

No último lance do 1º tempo, aos 48′, Pedro Rocha foi lançado na área e acertou um chute cruzado. Matheus Nogueira defendeu parcialmente e, no rebote, Vizeu tentou, mas o goleiro agarrou com segurança.

Sávio, lesionado, foi a baixa do Remo logo no início do 2º tempo. Daniel Paulista fez uma mexida que alterou a configuração da zaga. Alvariño substituiu o lateral e Marcelinho foi deslocado para o lado esquerdo enquanto Kadu ficou na direita. Alvariño passou a atuar como terceiro zagueiro.

Aos 2 minutos, Pedro Rocha teve grande chance, após ser lançado por Pedro Castro. Sem marcação, avançou até a área, mas chutou em cima do goleiro. Aos 8′, uma oportunidade ainda mais clara: Felipe Vizeu, livre, também perdeu o gol, facilitando a defesa de Matheus Nogueira.

Aos 11′, veio o castigo. Uma bola chutada da entrada área desviou no braço de Reynaldo. O árbitro inicialmente não deu, mas confirmou no VAR e Rossi cobrou o pênalti, abrindo o placar no Mangueirão.  

Na pressão para tentar o empate, Daniel Paulista substituiu Vizeu e Pavani por Adailton e Dodô. Mesmo sem organização no ataque, o Leão também achou um pênalti, aos 40’. Um chute de Adailton tocou no braço de Bryan. O próprio Adailton cobrou e Matheus Nogueira fez a defesa.

Diante do empate no placar agregado (3 a 3), o título teve que ser decidido na série de penalidades. O Remo levou a melhor por 6 a 5. Matheus Nogueira pegou o primeiro penal azulino, cobrado por Pedro Castro. Na última cobrança, Marcelo Rangel defendeu chute de Dudu Vieira e Reynaldo liquidou a fatura, garantindo a conquista do 48º título estadual.

Técnicos saem ganhando com o resultado final

Quando um campeonato termina, normalmente o técnico derrotado na final sai em situação vulnerável, cobrado pelos torcedores e sob risco de demissão. Não é exatamente o caso de Luizinho Lopes no PSC. Pelo comportamento do time nas duas partidas finais do Parazão, o treinador sai fortalecido, com o trabalho reconhecido pela torcida bicolor.

Apesar da má campanha da equipe na Série B, com apenas dois pontos ganhos e nenhuma vitória, o técnico ganhou uma sobrevida, mostrando que o time não é tão fraco quanto muitos avaliam. Obviamente, terá que reagir rápido no Brasileiro para não perder o voto de confiança do torcedor.

Nos clássicos, o PSC conseguiu equilibrar as ações em nível competitivo com o rival. Na partida de ontem, teve chances de definir, mas acabou falhando no velho problema das finalizações. Compensou, porém, a ausência de vida criativa no meio com a disposição redobrada de seus volantes Martínez, Vilela e Matheus Vargas.

O discurso de superação foi plenamente correspondido em campo. O que foi alardeado antes do jogo acabou se materializando na partida. O Remo optou por um sistema menos exposto. Buscava atrair o adversário para sair em contra-ataque. Quase deu certo, mas as falhas individuais não permitiram o aproveitamento das chances.  

Daniel Paulista, ao contrário de Luizinho, parecia mais confiante na qualidade técnica de seu time. Sabia que raça e entrega eram fundamentais, mas baseou sua estratégia no entrosamento de seus jogadores. O grande problema foi a ausência de Jaderson, jogador que dinamiza a saída de bola do Remo e atua entre uma intermediária e outra.

Para piorar, perdeu Sávio e Janderson muito cedo, sendo obrigado a improvisar Kadu na frente. Demorou a lançar Adailton, que poderia ter entrado já no intervalo, mas acertou ao posicionar Alvariño ao lado de Reynaldo e Klaus, que também saiu contundido.

Com o título paraense, o Remo de Daniel tende a evoluir ainda mais na Série B, embalado pelo entusiasmo do Fenômeno Azul. O próximo compromisso já acontece na quarta-feira, às 19h, no estádio Mangueirão, contra o Vila Nova, campeão goiano.

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 12)