O maior clássico do mundo

POR GERSON NOGUEIRA

Em quantidade de jogos disputados não tem pra ninguém. O clássico Re-Pa é recordista mundial, com 777 partidas – 268 vitórias azulinas, 245 bicolores e 263 empates. No Brasil, ninguém chega perto dessa marca numérica impressionante. No mundo, seguramente, poucos rivalizam em emoção e engajamento das torcidas.

A paixão das torcidas faz com que o clássico comece bem antes do pontapé inicial. Mostra-se vivo nas discussões, palpites e gozações, despertando as reações mais diversas dentro das famílias e dos locais de trabalho.

Pode-se dizer que o Re-Pa é traço indissociável da alma paraense. É o que há de mais representativo da legítima manifestação popular, que envolve gente de todas as classes socioeconômicas, idades, ideologias e crenças.

Tudo isso vai entrar em campo na noite desta quarta-feira (7), no estádio Jornalista Edgar Proença, para a primeira partida da decisão do Campeonato Paraense. Os rivais vivem situações opostas. Um está no G4 e o outro no Z4 da Série B do Campeonato Brasileiro.

Ambos se classificaram com méritos para esta final, mas, após a interrupção do Parazão, ocorreram mudanças significativas nas duas equipes. O Remo trocou de técnico e cresceu de rendimento. O Paysandu regrediu e não conseguiu acertar o passo no Brasileiro.  

Para o confronto de hoje, o Papão vem com baixas importantes, mas o atacante Rossi está confirmado na escalação. Apesar de estar sem vencer há nove partidas, não perde para o rival também há nove jogos.

Sem conquistar o Parazão desde 2022, o Leão tem como principal arma o atacante Pedro Rocha, artilheiro da Série B com 4 gols. O técnico Daniel Paulista não deverá mexer no time que se mantém invicto na Série B. (Foto: Jorge Luís Totti/Ascom PSC)

Um recordista em narrações do Re-Pa

A jornada esportiva de hoje na Rádio Clube do Pará também é especial. Quem narra o clássico 777 é o bragantino Cláudio Guimarães, um recordista de participações no Re-Pa. A liderança é absoluta: são nada menos que 219 na vitoriosa carreira.

Um fabuloso jogo de acertos na semifinal épica

Depois desse Internazionale x Barcelona precisaremos redefinir o significado do termo espetacular. Semifinal da Liga dos Campeões com maior quantidade de gols marcados – no placar agregado, 13 gols –, o clássico europeu valeu cada minuto de atenção.

Esperava-se um jogaço depois da partida de ida, em Barcelona, quando a partida terminou 3 a 3, mas o que se viu ontem, no estádio Giuseppe Meazza, extrapolou todas as expectativas. O tempo normal reprisou o placar de 3 a 3 e na prorrogação a Inter garantiu a vitória.

É preciso, porém, observar o grau de emoção proporcionado ao fã de futebol pela escalada do placar. A Inter venceu o 1º tempo por 2 a 0, jogando muito, com duas intervenções precisas de Lautaro Martinez, com um gol e o pênalti sofrido (e validado pelo VAR).

Ocorre que o Barça não se rende facilmente e, a partir da troca alucinante de passes por Lamine Yamal, Raphinha e Olmo, foi buscar o resultado, com dois golaços. E, a 10 minutos do final, Raphinha recebeu na área, chutou e aproveitou o rebote para virar o placar.

Silêncio da torcida italiana. Parecia o fim do sonho. Só que o zagueiro Acerbi garantiu novo empate, provocando a prorrogação eletrizante. Logo no início do tempo extra, Frattesi assegurou a vitória após brilhante jogada de Marcus Thuram.  

Com méritos, a Inter está na grande final – o adversário sai hoje do confronto entre PSG x Arsenal. O Barça perdeu, mas proporcionou momentos mágicos pelos pés dos craques Lamine e Raphinha, contribuindo generosamente para a mais espetacular semifinal da Liga.

Lei do Esporte ultrapassa R$ 1 bilhão em 2024

O financiamento ao esporte por meio da Lei de Incentivo registrou em 2024 um marco inédito: pela primeira vez desde sua criação, a política pública superou a casa de R$ 1 bilhão em recursos captados para projetos esportivos aprovados em todo o país.

O avanço representa uma tendência de crescimento no mecanismo, que vinha operando abaixo desse patamar nos anos anteriores. Foram R$ 509,8 milhões em 2021, R$ 559,3 milhões em 2022 e R$ 985,6 milhões em 2023.

As empresas que mais investiram em 2024 foram: Vale – R$ 84,3 milhões; Grupo Itaú – R$ 62,5 milhões; Nubank – R$ 50,5 milhões; e Shell – R$ 41,2 milhões. Em termos de distribuição regional o cenário aponta para uma queda da concentração na região Sudeste nos últimos 4 anos (de 74,7% em 2021 para 68,4% em 2024).

Apesar de leve crescimento percentual nas regiões Nordeste e Centro-Oeste em relação a 2023, o Norte apresentou queda pelo 2º ano consecutivo (de 2,9% em 2022 para 1,9% em 2024). Os dados revelam que a descentralização dos recursos entre as regiões ainda é limitada.

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 07)

Com expansão da assistência no governo Lula, óbitos no território Yanomami caem 21% em 2024

Número de profissionais atuando na região ultrapassou 1,7 mil, aumento de 158% desde 2023. Os dados são do Informe 7 do Centro de Operações de Emergências Yanomami

Dados do Ministério da Saúde divulgados nesta segunda-feira, 5 de maio, apontam avanços na assistência da população Yanomami, com redução de óbitos em 2024, principalmente por causas evitáveis como malária, infecções respiratórias e desnutrição. Resultado da maior presença de profissionais de saúde, cujo número mais que dobrou, e do investimento em infraestrutura e qualificação do atendimento pelo Governo Federal, segundo o Informe 7 do Centro de Operações de Emergências (COE). 

O documento demonstra uma redução de 21% do número de óbitos na população Yanomami entre 2023 e 2024 – queda de 47% de óbitos por infecções respiratórias agudas, de 42% por malária e de 20% por desnutrição. Os óbitos evitáveis por intervenção de saúde apresentaram uma redução maior no período, de 26%. 

“Esses resultados demonstram o compromisso do Governo do presidente Lula, que decidiu envolver todos os Ministérios para cuidar da vida do povo Yanomami. Esse esforço foi feito após um período de desassistência, em que o governo anterior estimulava, inclusive, o garimpo ilegal. A ação conjunta de todo o Governo Federal garantiu o combate necessário e permitiu que os profissionais de saúde pudessem entrar em aldeias e cuidar da população. Mais que dobrou o número de profissionais de saúde dentro do território”, destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. 

O número de novos profissionais teve aumento expressivo de 158% no período – passou de 690, no início de 2023, para 1.781. Parte das 1.091 contratações foram feitas por meio da Agência Brasileira de Apoio à Gestão do Sistema Único de Saúde (AgSUS) e pela expansão do Programa Mais Médicos. Hoje, são 45 médicos da iniciativa atuando na região – dez vezes mais. As equipes atendem diretamente no território Yanomami ou na Casa de Saúde Indígena (Casai) em Boa Vista. 

Desde o início da emergência no território Yanomami, o Ministério da Saúde reabriu sete polos base fechados devido à falta de segurança das equipes de saúde por conta da presença do garimpo. Além disso, as estruturas físicas dos postos estavam destruídas. Esta ação permitiu levar saúde a 5.224 indígenas nos polos base de Kayanaú, Homoxi, Hakoma, Ajaraní, Haxiú, Xitei e Palimiú. Até abril de 2024, todas as unidades foram reabertas, o que reduziu o vazio assistencial dentro do território Yanomami. O cenário de precarização dos serviços encontrado em 2023 resultou na subnotificação de adoecimento e óbitos nos anos anteriores. 

Somente em 2024, a pasta investiu R$ 256 milhões para recuperar e melhorar a infraestrutura de estabelecimentos de saúde indígena. “Com a reabertura dos polos, as equipes de saúde puderam retornar e garantir assistência, monitoramento e vigilância. Todos os 37 polos estão abertos e funcionando”, aponta o secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba. 

Tapeba ressalta, ainda, a construção do Centro de Referência em Saúde Indígena de Surucucu, primeiro hospital de atenção especializada em território indígena, que deve ser inaugurado em setembro. Em Boa Vista, o Ministério da Saúde também melhorou a assistência à população Yanomami com o Hospital de Retaguarda, que já começou a receber pacientes indígenas. A resolutividade de casos no território também foi ampliada com a implantação da Telessaúde, maior conectividade e energia fotovoltaica em vários polos de saúde. 

Esse conjunto de ações resultou na redução de doenças. A desnutrição grave – muito baixo peso para idade – de crianças menores de 5 anos reduziu de 24,2% em 2023 para 19,2% em 2024. Por outro lado, o número de crianças com baixo peso aumentou ligeiramente, o que indica melhora no estado nutricional dessa população com aumento do percentual de crianças com peso adequado e redução de crianças com muito baixo peso. Hoje, 50% das crianças Yanomamis estão no peso ideal. 

“A recuperação nutricional em crianças é um processo mais lento e complexo, principalmente nos casos mais graves, podendo levar anos até a normalização do peso e o fortalecimento do sistema imunológico”, pondera Weibe Tapeba. 

Malária: redução de óbitos e de diagnósticos positivos 

O informe aponta uma redução de 42% dos óbitos por malária e de 47% da letalidade (proporção de óbitos entre os casos confirmados da doença) relacionadas à doença entre 2023 e 2024. No período, houve leve aumento de 9,7% nas notificações (31.207 para 34.231 casos) em decorrência da ampliação das equipes de saúde, do fortalecimento das ações de vigilância e da intensificação do diagnóstico, inclusive com busca ativa, que resultaram em maior cobertura dos serviços e aumento na detecção e notificação dos casos. Em 2023, foram realizados 180.906 exames. Já em 2024, foram 260.251, um aumento de 44%. 

Mesmo com a ampliação, houve uma redução de quase 24% da proporção de testes positivos para a doença. Conforme o secretário Weibe Tapeba, “os dados refletem avanços importantes no acesso ao diagnóstico e à assistência, com impacto direto na redução da letalidade e na melhora da resposta ao controle da malária no território”. 

Expansão do atendimento em saúde 

O número de atendimentos por infecções respiratórias agudas (IRA) aumentou 270% com uma redução de 73% da letalidade e de 47% dos óbitos no período. Foram 24.180 atendimentos em 2024 contra 7.523 em 2023. 

Os dados do informe demonstram que, em 2024, houve aumento expressivo nos atendimentos realizados pelas principais categorias profissionais em comparação a 2023. Destaca-se o avanço dos nutricionistas, cujos atendimentos saltaram de 8.905 para 49.974 (aumento de 461%). Os atendimentos médicos cresceram 72,6%, de 26.113 para 45.072. Técnicos e auxiliares de enfermagem mantiveram o maior volume de atendimentos, com crescimento de 13,9% (de 560.447 para 638.098). Os enfermeiros registraram aumento de 28% (de 142.083 para 181.895). 

Com as ações adotadas, houve diminuição expressiva no número de admissões na Casa de Saúde Indígena (Casai), que é uma unidade de referência que presta assistência médica, hospedagem, alimentação e acompanhamento multiprofissional aos pacientes indígenas encaminhados para tratamento fora das aldeias. Este serviço funciona como uma ponte entre a atenção primária nas aldeias e os serviços especializados nos centros urbanos. Foram 2.837 admissões em 2024 contra 4.013, em 2023 – o que representa um impacto positivo da atenção primária no território. 

Imunização: aumento de 65% na aplicação de doses 

O boletim também registra aumento de 65% de doses aplicadas com as vacinas de rotina recomendadas durante a Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional Yanomami (ESPIN-Yanomami). Foram aplicadas 53.477 doses em 2024 contra 32.352 em 2023.

Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República

“Caso INSS é café pequeno comparado à Lava Jato”, diz juiz Eduardo Appio

Em entrevista, juiz destacou relatório do CNJ que apontou diversas práticas consideradas criminosas no decorrer da operação

Em entrevista à Revista Fórum, o juiz Eduardo Appio falou sobre o relatório de apoio à correição elaborado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2024, apontando o envolvimento do ex-ministro, ex-juiz e hoje senador Sergio Moro, do ex-deputado e ex-procurador da República Deltan Dallagnol e da ex-juíza federal Gabriela Hardt, em um suposto esquema de desvio de R$ 2,5 bilhões para criação de uma fundação privada.

Appio é ex-titular da 13.ª Vara Federal de Curitiba e chegou a atuar nos processos da Lava Jato, revelando condutas incorretas de Moro. Durante a entrevista, ele destacou que o relatório do CNJ “apontou a existência de inúmeras provas e indícios da prática de corrupção, peculato, organização criminosa e traição aos interesses da pátria brasileira”.

O documento foi encaminhado ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, em junho de 2024 e, desde então, há uma espera pelo parecer da PGR. 

“Desde aquele momento, nós todos, brasileiros, cidadãos comuns como eu, estamos aguardando o resultado dessas investigações. As investigações aconteceram, elas comprovaram um sistema de lavagem de dinheiro internacional, através do qual a Lava Jato se apropriou, desviou, em torno de 5 a 6 bilhões dos cofres da União”, ressalta Appio.

TRIANGULAÇÃO E REPASSE DE DINHEIRO

“Esse desvio se deu por meio de uma triangulação com a Petrobras, que encaminhou o dinheiro para os Estados Unidos. E esse dinheiro, uma parte importante dele, voltaria para criar aquela fundação em Curitiba, que teria o nome de ‘Fundação Lava Jato’, ‘Fundação Dallagnol’, não se sabe exatamente o nome, mas se sabe que era uma fundação privada, com CNPJ privado. E essa triangulação, essa lavagem monumental de bilhões, operada por esses atores, só foi freada graças à intervenção do ministro Alexandre de Moraes em 2019, que deu uma liminar [suspendendo a fundação]”, acrescentou Appio, que ressalta ter sido afastado da 13ª Vara logo após ter reportado o esquema para o CNJ.

O juiz explicou que o dinheiro veio “substancialmente” dos acordos de leniência firmados no decorrer da Lava Jato. “Eram multas astronômicas, pagas pelas construtoras, como, por exemplo, a Odebrecht, com a finalidade de poderem seguir fechando contratos e participando de licitações com o poder público”, diz Appio.

Ele acrescenta que o resultado “foi que os executivos das principais construtoras (…) saíram totalmente impunes, com uma imunidade praticamente completa”. “Foi um grande trem de alegria e de impunidade promovido pela Lava Jato de Curitiba, especialmente os executivos da Odebrecht, aqueles 78 executivos envolvidos na chamada ‘Delação do Fim do Mundo’. Todos eles saíram livres, impunes, e a empresa arcou com o pagamento dessas multas bilionárias”, afirma o juiz.   

“Esse foi o esquema, essa triangulação, essa lavagem de dinheiro internacional que se criou. É um sistema engenhoso, inteligente, mas escancaradamente criminoso e ilegal”, afirma o juiz. “É um escândalo realmente monumental”, completa.

Por fim, ele cita o caso de fraudes do INSS descoberta na última semana pela Polícia Federal e diz que esse processo é “café pequeno perto do que aconteceu na República de Curitiba”.

LIVRO “A ÁGORA E O AGORITMO”

Durante a entrevista, o juiz também falou sobre seu novo livro A Ágora e o Algoritmo, escrito com Salvio Kotter e lançado no dia 1° de maio. A obra busca discutir as principais interações entre justiça, política e tecnologia no mundo contemporâneo, e como os algoritmos e as redes sociais estão influenciando as eleições no Brasil e no mundo. 

O magistrado afirma que esse problema vem sendo discutido desde o escândalo de Steve Bannon nos Estados Unidos, quando foi descoberto que ele trabalhou com a empresa de consultoria política Oxford Analytics, no contexto do escândalo da Cambridge Analytica, para influenciar as eleições estadunidenses em 2016. 

No entanto, Appio destaca que agora a realidade se intensificou e “chegou num ponto em que os donos das redes sociais, não só Elon Musk, estão se sobrepondo à soberania das nossas autoridades, das nossas instituições, especialmente nesse debate desleal que está sendo feito contra o Supremo Tribunal Federal”. 

“O momento é de defendermos a soberania do nosso país, defendermos a autonomia e independência do nosso Judiciário frente à pressão desses grandes conglomerados internacionais, inclusive a The Economist, inclusive Elon Musk, e garantirmos que em dois anos, quando tivermos as eleições em 2026, tenhamos eleições limpas, leais e não contaminadas pelo poder financeiro”, afirma Appio.

Ele acrescenta que esse cenário se coloca como um “grande desafio” para o STF e para o Tribunal Superior Eleitoral, e diz “não saber” se juízes e promotores eleitorais estão preparados para esse novo universo. “Então o livro se propõe a subsidiar com argumentos teóricos um debate de natureza prática, até para convencer juízes, promotores e advogados de que a regulação das redes sociais é possível, sem que isso implique censura, sem que isso limite a liberdade de expressão”, finaliza Appio.

(Transcrito da Revista Fórum)

Coitados dos velhinhos lesados pelo INSS. Só que não.

Mas sejamos claros: os aposentados vêm sendo lesados há anos. Desde o desgoverno Bolsonaro. A diferença é que agora a pauta virou útil.

Por Fernando Castilho

A grande imprensa finalmente descobriu que os aposentados existem. E agora? O que eles comem? Como vivem? Poderiam ser tema do Globo Repórter. Tanto a mídia hegemônica quanto os sites “progressistas”, que sempre trataram os aposentados com descaso ou silêncio, agora fingem interesse. Descobriram, enfim, que esse grupo — tachado de improdutivo, acusado de “mamar nas tetas do Estado” e sobrevivendo, em sua maioria, com um salário mínimo — está sendo roubado. Como se fosse novidade.

Mas sejamos claros: os aposentados vêm sendo lesados há anos. Desde o desgoverno Bolsonaro. A diferença é que agora a pauta virou útil. Serve como munição para induzir a população desinformada a culpar Lula, mesmo que o esquema envolva, na verdade, associações fraudulentas, servidores públicos corrompidos e bancos digitais famintos por lucro fácil.

Todo mundo sabia. A imprensa sabia. Os pais, avós e tios dos próprios jornalistas que agora posam de indignados talvez também tenham sido vítimas. Eu conheço vários. Eu fui um deles — ainda durante o governo anterior. Um banco digital depositou R$ 10 mil na minha conta do Banco do Brasil como empréstimo consignado que eu jamais solicitei. Devolver esse dinheiro foi um sufoco: o banco relutava em aceitar. E o que me disseram no balcão do BB? Que funcionários do INSS vendem dados dos aposentados para essas instituições.

Agora, de repente, nos chamam de “vulneráveis”. De “coitadinhos”. Não. Não somos coitadinhos. Somos cidadãos com direitos. E exigimos respeito.

Um desses direitos — a Revisão da Vida Toda — foi conquistado em 2022, por decisão do STF. Mas em 2025, essa vitória foi anulada por uma manobra sórdida da própria Corte, baseada em dados manipulados: disseram que o impacto da medida seria de R$ 480 bilhões. A verdade? R$ 3,1 bilhões em dez anos. Alguém viu manchete sobre isso? Editorial? Alguma indignação de colunista da “grande imprensa”? Nada. Silêncio ensurdecedor. Ignoraram solenemente a anulação de um direito legítimo.

Mas agora, quando o escândalo rende cliques e pode ser usado politicamente contra o atual governo, os aposentados viram notícia?

São 102 mil aposentados que tiveram suas contribuições anteriores a 1994 simplesmente apagadas, como se nunca tivessem existido. Gente que vive com um salário mínimo!

Foram enviados dezenas de e-mails e mensagens a deputados e senadores progressistas. Nenhuma resposta. Nenhuma! Para ser justo, apenas Luís Nassif (GGN) e Mauro Lopes (Fórum) ousaram tocar no tema — mas pararam por aí. Nenhuma matéria de impacto, nenhuma investigação. Um jornalista investigativo de um conhecido site de esquerda chegou a propor uma entrevista. Mas, curiosamente, recuou uma semana depois.

Enquanto isso, a Faria Lima pressiona o governo para não conceder aumento real ao salário mínimo. Cortar o pouco dos pobres pode. Mexer com os lucros dos que vivem de dividendos? Nem pensar.

Agora, uma matilha de hipócritas finge preocupação com os aposentados porque o esquema bilionário foi exposto. Um esquema que acontece há anos. Mas, claro… aposentado não serve para nada, não é? Só fica reclamando, como se tivesse direito a alguma coisa.

Pois bem. Que esta minha indignação alcance alguém com coragem e poder de ação. Que haja quem tenha disposição para esmiuçar esse escândalo, dar nome aos culpados e denunciar, alto e claro, mais essa injustiça.

Quem sabe.

  • Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, a Sangria Estancada.

As conexões do Banco Master com o escândalo do INSS

Saliente-se que um dos políticos mais citados, nas ligações com o Master, é o senador Ciro Nogueira, presidente do Partido Progressista (PP).

Por Luis Nassif

Está ficando mais clara a extensão do escândalo do INSS. Estoura no exato momento em que o Banco Master entra na linha de fogo. O Banco Master tem uma atuação significativa no segmento de crédito consignado, oferecendo produtos como o M Fácil Consignado, com agilidade na liberação de crédito com taxas de juros e condições atrativas. Essa modalidade de empréstimo é vantajosa em relação a outras linhas de crédito, sendo uma das principais frentes de atuação do banco.

Além disso, o Banco Master expandiu sua atuação com a aquisição do Will Bank, um banco digital com mais de 6 milhões de clientes, principalmente nas classes C e D. Essa estratégia reforça o foco do banco em oferecer soluções financeiras acessíveis e inovadoras para um público mais amplo. Com o BRB, o principal ativo estratégico do Master são as operações de crédito consignado, o Credcesta.

A venda de R$ 8 bilhões em ativos adquiridos pelo BRB continham parte do crédito consignado do Banco Master. Nos próximos dias, o escândalo do consignado virá se somar ao dos descontos na aposentadoria.

Saliente-se que um dos políticos mais citados, nas ligações com o Master, é o senador Ciro Nogueira, presidente do Partido Progressista (PP).

As implicações políticas do escândalo passam também pelos precatórios e envolvem o ex-presidente do Banco Central Roberto Campos Neto, Segundo informações divulgadas pela coluna Lauro Jardim, o Fundo Garantidor de Crédito enviou mais de 30 alertas para o Banco Central, quando ainda estava sob o comando de Campos Neto.

Com o Re-Pa no pensamento

POR GERSON NOGUEIRA

Não adianta muito falar em Série B neste momento. O torcedor está com o pensamento voltado para a decisão do Campeonato Paraense, que será disputada tardiamente, mas é sempre capaz de mobilizar as massas. É claro que o ideal seria que a final tivesse sido jogada antes do Brasileiro, mas as trapalhadas tribunalescas de sempre se encarregaram de paralisar o Parazão e desmembrar os jogos decisivos.

A emoção da disputa do título estadual, que quase foi arrancado de nossas torcidas, finalmente vai acontecer. Serão dois jogos de tirar o fôlego. Leão e Papão abrem espaço na tabela da Série B para se dedicar a batalhas que têm tudo para reproduzir as grandes finais da história do clássico.

O momento é mais favorável ao Remo, que está invicto e ocupando um lugar no G4 da Série B. Não quer dizer muito em termos de Re-Pa, um duelo que costuma desmentir favoritismos. São incontáveis as vezes em que um time cotado para vencer acabou frustrando expectativas.

É bem verdade que o PSC vive um momento delicado neste começo de Série B, embora já tenha conquistado duas taças – Copa Verde e Copa Grão Pará. Sem vencer há nove partidas, o time é o penúltimo colocado no Brasileiro e convive com uma constante ameaça de crise.

Em consequência da má fase, o executivo de futebol Felipe Albuquerque foi demitido ontem. Havia a especulação de que o técnico Luizinho Lopes também poderia sair, mas a proximidade das finais do Parazão adiou essa decisão. Afinal, o time não poderia entrar na briga pelo título sem comandante.

Caso consiga levantar o título, o PSC certamente ganhará musculatura emocional e técnica para se recuperar na Série B. O Remo, ao contrário, em caso de revés, poderia comprometer a excelente trajetória na competição.

O fato é que, sob o comando de Daniel Paulista, o time azulino ganhou solidez e entrosamento, como raras vezes mostrou em início de Campeonato Brasileiro. O mais impressionante é que os resultados chegaram após somente oito jogos sob o comando do novo técnico.

A capacidade competitiva é inquestionável, a partir da execução de um sistema até conservador, de forte marcação e saídas rápidas. Contribui muito para a evolução o acerto nas contratações e a recuperação de jogadores que começaram mal, como o lateral Marcelinho.

Outro aspecto a destacar é a aplicação tática dos jogadores e a mentalidade vitoriosa. O Remo de Daniel Paulista não desiste do jogo nem mesmo em situações claramente desfavoráveis, como no confronto com o Criciúma, quando perdia por 1 a 0 e ficou com um jogador a menos (Maxwell se lesionou) nos 15 minutos finais.  

No PSC, os lampejos de lucidez técnica vistos contra Atlético-PR e CRB são insuficientes para apagar os resultados ruins. A maratona de jogos, as longas viagens e a baixa produção de jogadores importantes, como o lateral Bryan Borges, ajudam a explicar a situação difícil.

O ponto fascinante da história é que o retrospecto cai por terra quando a rivalidade histórica entra em cena nos clássicos finais do Parazão.

Insulto racista gera prisão em flagrante na Série B

O meia-atacante boliviano Miguelito, do América-MG, foi preso em flagrante na cidade de Ponta Grossa-PR após ser acusado de injúria racial pelo atacante Allano, do Operário. Depois de prestar depoimento e negar a prática racista, ele foi liberado ontem à tarde.

Em sua defesa, disse que usou uma expressão em espanhol que foi confundida com “preto cagão”. O caso vai prosseguir e Miguelito será processado. Há também o testemunho de Jacy, capitão do Operário.

Jogadores dos países vizinhos do Brasil têm uma visão diferente e deturpada em relação ao crime de racismo. Colômbia, Equador, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia têm leis excessivamente frouxas em relação a ofensas de natureza racista, tanto de atletas como de torcedores.

Um exemplo recente ajuda a explicar o problema: a ridícula e agressiva frase do presidente da Conmebol, o paraguaio Alejandro Domínguez, que comentou a possibilidade de afastamento dos times brasileiros de competições continentais como protesto contra o racismo, comparando o Brasil à macaca Chita do Tarzan. Se o manda-chuva teve a pachorra de se manifestar desse modo, imagine a arraia miúda…

Allano se pronunciou em nota, reafirmando que foi insultado por Miguelito: “Não vou me calar. Não por mim apenas, mas por todos os que já passaram por isso e por aqueles que ainda lutam para que esse tipo de violência acabe de vez. O futebol, como a sociedade, precisa dizer basta ao racismo. Precisamos de justiça, responsabilidade e, sobretudo, empatia”.

Racismo é crime nojento, abjeto e inaceitável. Só a rigorosa aplicação da lei pode reduzir essa prática criminosa no ambiente do futebol. Que a prisão de Miguelito sirva de exemplo, aqui e lá fora. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 06)

A frase do dia

“A mídia corporativa priorizar uma fantasia sobre sanção a Alexandre de Moraes em detrimento da viagem real de Lula à Rússia e à China para fortalecer o Sul Global é indicativo do subterrâneo moral e geopolítico onde se enfiou essa panfletagem ideológica camuflada de jornalismo”.

Tiago Barbosa, jornalista