ONGs, advogados e empresários ajudam golpistas foragidos do 8 de janeiro

Demitido de agência de turismo chefiada por brasileiros após reportagem do Intercept, Josiel Gomes de Macedo disse que segue “amparado”. Entenda como funciona essa rede de apoio internacional.

Do Intercept_Brasil

A vida livre e impune na Argentina do bolsonarista Josiel Gomes de Macedo, condenado a 16 anos e meio de prisão depois de incendiar um carro da Polícia Legislativa no ataque a Brasília e comprar equipamentos militares para golpistas do 8 de Janeiro, não seria a mesma sem o apoio de empresários, advogados e políticos brasileiros.

Fugitivos como Josiel usufruem dos privilégios de uma rede que proporciona assistência jurídica, espaço em veículos de comunicação de amplo alcance e apoio de empresários que não se constrangem em manter condenados pelo Supremo Tribunal Federal em seu quadro de funcionários – como é o caso do bolsonarista que localizamos na Argentina.

Mesmo cientes de que Josiel é foragido da justiça do Brasil, os irmãos Rodrigo e Paula Bitencourt mantiveram Josiel como um dos vendedores da Bitentour, agência de turismo que tem duas lojas e diversos pontos de venda na região central de Buenos Aires.

Após a publicação da primeira reportagem desta série, Josiel participou de um programa de televisão da emissora VV8 TV, de Valinhos, no interior de São Paulo, e afirmou que foi demitido – além de fazer ameaças à reportagem: “Vão atrás de você”.

A dona da empresa, que também tem sede em Uruguaiana, cidade do Rio Grande do Sul na fronteira com a Argentina e o Uruguai, confirmou ao Intercept Brasil que sabia da condição de foragido de Josiel. Na conversa no escritório da agência, em Buenos Aires, Paula ainda disse que não via problema algum em contratar um condenado por golpe de estado para trabalhar.

“Não tenho nada a ver com o que a pessoa fez, com o mundo dela, com a vida dela. Aqui ela só trabalha”, declarou. Após o Intercept insistir no questionamento sobre o fato de um condenado pelo 8 de Janeiro estar empregado na agência, ela reafirmou que isso não era problema da empresa.

No primeiro contato que tive com Josiel, em uma movimentada rua perto da Casa Rosada e rodeada de policiais argentinos, ele mesmo admitiu que seus patrões no “exílio” – como chama equivocadamente sua situação na Argentina, visto que não recebeu asilo no país – sabiam de sua situação. “Eles são Bolsonaro na veia?”, perguntei. “Sim, sim, eles são mais da direita”, respondeu o foragido.

O caso de Josiel não é isolado. Além dele, de acordo com relatos obtidos pelo Intercept, outros brasileiros foragidos na Argentina – dois deles que inclusive morariam na mesma casa que Josiel – podem estar escondidos no país vizinho em condições similares: contando com o apoio de uma rede de empresários e advogados de extrema direita com ramificações internacionais.

“ISSO AQUI É TURISMO, NÃO É POLÍTICA”

Josiel Gomes de Macedo foi condenado à prisão e está foragido desde junho de 2024, quando quebrou sua tornozeleira eletrônica. O Supremo Tribunal Federal disse ao Intercept que seu paradeiro é “desconhecido”. Mas nós o encontramos no centro de Buenos Aires, trabalhando para uma agência de viagens chefiada por brasileiros. 

Ao chegar na Bitentour, no dia 27 de fevereiro, procurei Rodrigo, um dos sócios do negócio, mas fui recebido por sua irmã, Paula.

A conversa já começou de maneira tensa. Mesmo hesitando em responder objetivamente às perguntas da reportagem, Paula confirmou que Josiel trabalhava na Bitentour, mas negou qualquer responsabilidade pela situação.

“Se é bandido, se não é bandido, se fez ou não fez alguma coisa, eu não sou responsável”, afirmou Paula. Apesar de tentar minimizar a situação, ela confirmou que Josiel trabalhava todos os dias no local, vestindo o uniforme da agência e divulgando o trabalho em suas redes sociais.

Questionada outra vez sobre a gravidade de empregar um foragido da Justiça brasileira, Paula respondeu: “isso aqui é turismo, não é política”. “Já anotei vocês, tirei foto sua e não é para publicar nada em relação à minha empresa”, informou.

“Ele não tem nada a ver comigo, é só um funcionário. Ele não pode trabalhar até pagar a dívida? O que tem a ver? Qual o problema? Vai na polícia”, ela me disse. “A minha política é dar emprego para quem quer trabalhar. Vou contratar qualquer pessoa que pedir emprego”, completou.

A partir disso, Paula disse que a reportagem estava “sendo convidada a sair” da agência. Em seguida, quando viu a fotógrafa Anita Pouchard Serra, colaboradora do Intercept, fazendo fotografias do lado de fora da loja, tentou tirar o equipamento da mão da profissional e ameaçou chamar a polícia.

“NÃO VOU FICAR DESEMPARADO”

A demissão de Josiel, anunciada por ele mesmo na VV8 TV, não interrompeu o fluxo de apoio. Pelo contrário, ele afirmou durante a entrevista que segue “amparado”. A onda de ataques à reportagem provou que, de fato, ele está. 

Logo na manhã de sexta-feira, 14, um dos primeiros pilares dessa estrutura, a de comunicação, começou a funcionar. Menos de 24 horas após a publicação da reportagem, a emissora VV8TV e a rádio Auriverde Brasil, ambas do interior de São Paulo, veicularam discursos violentos em defesa de Josiel.

A VV8 TV é uma TV comunitária do empresário Odair Paes Junior, mais conhecido como Juninho da Seap – referência a uma escola de futebol em Valinhos. A emissora, que se define como a única “100% de direita” e foi lançada em janeiro de 2016, é usada para ecoar a face mais radical e golpista do bolsonarismo. A programação é transmitida no canal 8 da Claro TV.

“Preparem-se para uma revolução conservadora”, declarou Juninho em uma notícia publicada no site da VV8. Ele chegou a se lançar como pré-candidato a prefeito pelo PL em 2024, mas o plano não deu certo.

Já a rádio Auriverde Brasil, que também fez ataques à reportagem do Intercept, é uma ex-retransmissora da Jovem Pan de Bauru, em São Paulo, que ganhou alcance nacional nos últimos anos ao se transformar em porta-voz do bolsonarismo. O próprio Jair Bolsonaro costuma conceder entrevistas rotineiramente à emissora, que possui mais de 2 milhões de inscritos no YouTube.

A rádio pertence à família Dare, cujo patriarca, Airton Antonio Dare, faleceu em 2011. A família fundou o Grupo Bauruense, presente em três estados e atuante na área de infraestrutura.

Embora tenha sido fundada em 1966, a programação de extrema direita da rádio se consolidou durante os governos de Michel Temer e Bolsonaro. O atual diretor, sócio e principal apresentador da emissora é Alexandre Pittoli, mestre de cerimônias que é próximo da família Bolsonaro e de políticos bolsonaristas. O locutor disse que a reportagem do Intercept lhe despertava “instintos primitivos”.

Contatada pelo Intercept, a VV8 negou que tenha praticado ameaça e alegou que dá voz a todos os brasileiros. Além disso, defendeu que há uma tentativa de intimidação contra brasileiros na Argentina. 

Já a AuriVerde Brasil respondeu ao e-mail da reportagem durante uma transmissão ao vivo na última terça-feira, 18. Alexandre Pittoli reiterou que a matéria do Intercept desperta nele “instintos primitivos” e sugeriu que ele mesmo fosse processado. “Caso você não tenha gostado do que eu fiz, existem ferramentas para que isso seja questionado”, declarou.

Em relação aos questionamentos feitos via e-mail pelo Intercept, Pittoli negou que a AuriVerde tenha prestado auxílio a foragidos. Ele reconheceu apenas que a empresa de mídia solicitou doações para uma organização que apoia familiares desses brasileiros foragidos.

Ainda na sexta-feira, 14, um post de Eugênia Assis, estudante brasileira radicada na Argentina, viralizou no X dizendo que o Intercept foi “perseguir brasileiros” na Argentina. A postagem ganhou tração quando foi replicada por políticos bolsonaristas de relevância, como o filho do ex-presidente e atual deputado federal Eduardo Bolsonaro, do PL de São Paulo, e o ex-senador Arthur Virgílio Neto, que usou termos como “Judas” para descredibilizar o trabalho jornalístico. Os dois são expoentes da defesa da anistia aos condenados do 8 de Janeiro.

Outros influenciadores de extrema direita também dão sustentação à “força-tarefa” em defesa dos criminosos. Um deles é o ex-BBB Didi Red Pill, que participou das invasões do 8 de Janeiro fazendo transmissão ao vivo, mas escapou de qualquer punição após fugir para o exterior. O policial penal David Ágape, que se autointitula jornalista investigativo, também fez ataques de baixo nível ao Intercept.

EXTREMA DIREITA FINANCIA FORAGIDOS

A proteção de foragidos do 8 de Janeiro na Argentina, no entanto, não é apenas fruto de decisões individuais – nem só uma estratégia de comunicação. Redes de apoio ligadas à extrema direita vêm fazendo campanhas para financiar a fuga e a permanência de muitos desses foragidos, garantindo dinheiro para que sobrevivam no país vizinho – e, como no caso de Josiel, ofertando trabalho em empresas comandadas por pessoas alinhadas ao bolsonarismo.

O advogado criminalista Mariel Marra, que defende réus do 8 de Janeiro no STF, chegou a afirmar, em uma entrevista publicada pelo UOL, em julho do ano passado, que o transporte e a hospedagem na Argentina de alguns fugitivos foram financiados por terceiros.

“Existe sim um grupo forte financeiramente por trás que está bancando essas fugas”, afirmou, sobre a existência de pessoas no Brasil que pagaram ônibus de foragidos para o exterior. “Tive conhecimento de pessoas que foram para lá [Argentina] e apareceu essa oferta de ônibus”, complementou.

A reportagem identificou ao menos duas ONGs e diversas campanhas online voltadas ao financiamento de brasileiros condenados por participação nos ataques golpistas.

Uma das organizações que atua na arrecadação de dinheiro para os familiares dos autointitulados “refugiados”– é o Instituto Gritos de Liberdade, uma associação privada fundada em junho de 2024 pela advogada bolsonarista Taniéli Telles de Camargo em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina.

Nas redes sociais e em seus dados de cadastro, a ONG mostra dedicação aos bolsonaristas supostamente “refugiados e exilados”, e faz diversas publicações sobre os foragidos na Argentina.

Na bio do Instagram, o instituto indica seu CNPJ para envios de transferência via PIX com objetivo de “ajuda humanitária a familiares de Presos, Exilados, Refugiados e Perseguidos Políticos”. Desde setembro de 2024, vários posts foram feitos pedindo doações, sem mencionar especificamente os foragidos na Argentina. 

Ana Caroline Sibut Stern, advogada da organização, negou que o Instituto Gritos de Liberdade faça qualquer tipo de repasses diretos a foragidos. “Temos uma contabilidade de todo o valor que o instituto arrecada e repassa, isso é bem transparente. Se for objeto de investigação da Polícia Federal, disponibilizaremos tudo”, declarou.

Os pedidos de doação costumam ser compartilhados por advogados e influencers de extrema direita, com destaque para páginas bolsonaristas mantidas por membros da comunidade brasileira no exterior, como a Direita Boston, administrada diretamente dos Estados Unidos.

Entre os grupos mais ativos nessa rede de apoio está a Associação de Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro, a Asfav, fundada em maio de 2023 pela advogada Gabriela Ritter. A organização também exibe nos destaques de seu perfil no Instagram uma chave PIX para doações em apoio à defesa de “familiares e vítimas” do 8 de Janeiro.

Em maio do ano passado, a associação levou ao parlamento argentino uma comitiva formada pelos advogados Ezequiel Silveira, Carolina Siebra e Luciano Cunha para prestar auxílio aos condenados brasileiros que estão no país vizinho. Em novembro, Silveira esteve de novo na Argentina com o mesmo objetivo.

Silveira foi outro que se envolveu nos ataques coordenados ao Intercept pouco depois de a reportagem ir ao ar. A Asfav publicou um vídeo do advogado em tom exaltado, compartilhado em diversas páginas de extrema direita, distorcendo o teor da reportagem ao dizer que Josiel não é alvo de mandado de prisão na Argentina. Essa informação jamais foi publicada pelo Intercept: explicamos que o foragido é alvo de prisão no Brasil e fugiu para Argentina sem figurar na lista dos pedidos de extradição do STF.

Questionados formalmente sobre o apoio material e a prestação de consultoria jurídica foragidos da Justiça, a Asfav afirmou que “não realiza ajuda financeira a pessoas refugiadas em outros países ou com mandados de prisão, pois não somos idiotas”.

Em seguida, a organização declarou o seguinte: “Embora, promovamos, de maneira pública, conforme se verifica das redes sociais da associação, auxilio jurídico e humanitário a brasileiros refugiados fora do Brasil, vítimas da perseguição estatal”.

O auxílio a foragidos do 8 de Janeiro também é prestado por outros fugitivos. Em 2024, uma vendedora que ajudou a organizar ônibus para os atos golpistas do 8 de Janeiro foi flagrada oferecendo auxílio a outros condenados e réus que queriam fugir para a Argentina.

Em mensagens, Fátima Aparecida Pleti disse que poderia ajudar outros condenados a fazerem a “travessia com segurança” na fronteira do Brasil com o país vizinho. Ela alugou uma casa em La Plata, que  disponibilizava a outros foragidos, revelou uma reportagem do UOL.

Fátima segue com um mandado de prisão em aberto no Brasil por ter sido condenada a 17 anos de prisão por envolvimento no 8 de Janeiro. Mas, enquanto ele não é cumprido, ela, Josiel e outros condenados continuam circulando livremente e impunes em Buenos Aires, com apoio financeiro e estrutural garantido por redes e organizações que operam além das fronteiras brasileiras.

A volta da terapia do joelhaço

POR GERSON NOGUEIRA

Luis Fernando Veríssimo, mestre da crônica e do humor, deu vida a um personagem inesquecível e definitivo: o Analista de Bagé, um psicanalista controverso e anárquico, que conquista a clientela no laço e trata as neuroses mais complexas como quem amansa cavalo brabo. Tornou célebre um método infalível para aplicar os fundamentos da psicanálise em cliente homem: “a terapia do joelhaço”, aquela que dói, mas dá resultado.

Lembrei imediatamente do impagável analista ao tomar conhecimento da entrevista de Raphinha a Romário. A fim de atiçar a animosidade com os argentinos, o atacante do Barcelona mostra-se disposto a partir para a porrada, dentro e fora de campo, no clássico desta noite, em Buenos Aires.

“Porrada neles!”, diz Raphinha, embarcando na provocação de Romário, que foi à concentração da Seleção gravar entrevistas para o seu site. Romário, que nunca foi de arrumar briga em campo, está na dele, afinal quer ver o circo pegando fogo. Raphinha, porém, falou bobagem.

Provocar os argentinos desse jeito tão 5ª série é a admissão clara de que o Brasil deixou de acreditar na superioridade alardeada durante décadas. Cinco vezes campeã do mundo, a Seleção sempre se enxergou melhor que a rival, mesmo quando era evidente que não tínhamos o melhor time, nem o momento mais brilhante – como em 1986 e 2022, por exemplo.  

O lado mais problemático da declaração de guerra é que Raphinha não usou meias palavras. Foi direto ao ponto: quer ganhar na porrada. Talvez ache que é o único método capaz de garantir um triunfo do time de Dorival na casa do rival. Podia pelo menos ter disfarçado.

Um episódio ajuda a explicar o rompante. Em clássico recente, o conhecido açougueiro Otamendi deu uma cotovelada criminosa em Raphinha. O árbitro ignorou e o VAR fingiu não ver. É claro que a mágoa permaneceu.

Raphinha bem que podia ter se inspirado em Edson Arantes do Nascimento, cuja genialidade com a bola era comparável à competência para castigar marcadores violentos. Fez isso inúmeras vezes, com destaque para a célebre braçada no uruguaio Fontes, na Copa de 1970. Pisado pelo defensor, o Rei tratou de revidar no mesmo jogo.  

Ocorre que Pelé, mesmo dominando as manhas da várzea, não era de provocar. Sabia que, neste caso específico, o silêncio conspira a favor. Como bom mineiro, esperava o momento certo de agir.

Prometer dar porrada significa que o alvo vai entrar prevenido e em condições de se defender ou até bater primeiro. Raphinha é um jogador de habilidade, não um especialista em artes marciais. Deve humilhar driblando e fazendo gols. Fanfarronice é coisa de presepeiro.  

Daniel Paulista e a missão de reinventar o Remo

A grande novidade da retomada do Campeonato Paraense, com jogos das quartas de final marcados para o próximo fim de semana, é Daniel Paulista, técnico que o Remo contratou para substituir Rodrigo Santana. Sobre ele repousam as expectativas e as cobranças da torcida azulina, que pressionou pela saída de seu antecessor.

Daniel está no comando do elenco do Remo há nove dias. Pouco tempo para mudanças estruturais, mas suficiente para mexidas pontuais no time. A boa notícia é que, ao contrário de Rodrigo Santana, o novo técnico chegou dando logo a escalação. Nos primeiros treinos, definiu os 11 titulares.

Mesmo que venha a modificar essa configuração, o técnico parte de uma base definida. Talvez tenha sido o grande erro de Santana nesta temporada: permaneceu indeciso até o final, sem conseguir esboçar um time.  

Para a estreia de Daniel, domingo (30), contra o Santa Rosa, o Remo deve apresentar também um novo sistema. É uma reinvenção importante. Depois de quase um ano, o time deixa de lado o 3-5-2 para abraçar o 4-4-2, o que vai além de simples configuração numérica.

A partir de agora, o torcedor também precisa se acostumar a um modelo mais conservador, que abre mão da construção de saídas a partir da defesa com evolução até o ataque, que funcionou muito bem na Série C do ano passado. Em tese, o time pode ficar mais protegido defensivamente, o que combina com as características da Série B.  

Nunca um presidente da CBF teve tanto poder

Para surpresa de zero pessoas, Ednaldo Rodrigues foi eleito presidente da CBF, ontem, conquistando uma inédita aclamação para o cargo. Recebeu o apoio de todas as federações e clubes com direito a voto. Vai empalmar um poder que nenhum outro mandachuva da entidade teve até hoje. Com plena autonomia para fazer as coisas funcionarem, se for de sua vontade.

Acontece que é de conhecimento até do reino mineral que Ednaldo não tem compromisso com mudança na CBF. Muito pelo contrário. Foi eleito, com tanta unanimidade, justamente para não mudar absolutamente nada. E vai cumprir essa pauta com pompa e circunstância.

Por conveniência ou covardia pura e simples, ninguém ousa desafiar a cúpula da entidade. A blindagem não poupou nem Ronaldo Fenômeno, que se meteu a concorrer e acabou dando com a cara na porta.

Não que representasse uma disruptura, longe disso, mas era pelo uma possibilidade de alternância de poder. Seu fracasso pode ter aberto as portas para 10 anos de Ednaldo no cargo – depois do mandato atual, que vai até 2030, ele pode se reeleger por mais cinco.   

(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 25)

Lambanças jurídicas e decisões precipitadas

Por Antonio Valentim

A decisão final do STJD não permite recursos na esfera desportiva e deve servir de jurisprudência para casos dessa natureza, impedindo que no futuro competições sejam prejudicadas com decisões açodadas de tribunais regionais, que agem quase sempre influenciados por questões externas.”

Concordo plenamente com a certeira percepção de Gerson Nogueira. Durante duas semanas me doeram na vista e no coração pitacos de juristas de redes sociais, numa época em que cada um se julga autoridade em tudo. No futebol, esporte que envolve cegas paixões, não é diferente.

Certo sempre esteve Carlos Alberto Domingues Castilho, que, além de decano da crônica desportiva paraense, é eminente jurista. Provocado por Guilherme Guerreiro, disse Castilho nos microfones da Rádio Clube que “O Direito não é uma ciência exata”, e por isso mesmo não eram definitivas as sentenças até então prolatadas. 

Pois bem. 

Enquanto a maioria dava como certas e definitivas as decisões do TJD local, protestamos quanto às esdrúxulas decisões, que excediam os limites do bom senso e da justiça.  A paixão é cega, e, por isso mesmo, só cego não conseguia – ou não queria – enxergar.

Por isso, faço a seguinte analogia:É estranho que noutro episódio, que envolvia o Paysandú, tudo foi solucionado da melhor forma com base no bom juízo e razoabilidade, virtudes que sempre deveriam nortear as decisões – nem sempre ocorre, porém. Naquele caso, como neste, foi levantada uma discrepância entre regulamento específico e regulamento geral, decidindo-se pela prevalência desta norma legal sobre aquela. Venceram o bom senso e o mais justo entendimento. No primeiro caso, ilustramos que a possível irregularidade foi apontada antes do início da competição, de forma que, se fosse o caso, o ilícito não se consumasse. 

Agora, num caso semelhante (divergência de normas legais), o caso foi conduzido de forma que, consumadas as “irregularidades”, esperou-se o término da primeira fase para que a equipe pretensamente prejudicada se manifestasse. Conveniência apenas? Para um peso duas medidas.

Consequências deveras prejudiciais a todos os envolvidos direta e indiretamente a tal ponto que sete das agremiações se obrigassem a pedir guarida ao STJD para que, sob melhor juízo desta corte, enfim fosse assegurada a fase decisiva da competição.Mais.Egos e paixões inconfessáveis, vivi para ver uma grande aberração: um tribunal aplicar punição pecuniária a quem, buscando seus direitos e inconformado com a decisão, ousou recorrer. Ora! A Lei permite, mas você está proibido de buscá-la. Absurdo! Qualquer cidadão, com alguma instrução, sabe que a Lei assegura a todos (pessoa física ou jurídica), observados os ritos legais, a busca de seus direitos.
Parece que a flecha direcionava-se apenas a um alvo, e não a quatro, e o Independente representava apenas um preposto; o Capitão Poço, uma peça que deveria ser sacrificada para, a partir daí, se atingir outra.
Só no âmbito do Direito desportivo é que se vê um absurdo como esse: punir quem bate à porta da Justiça pugnando pelo reparo ao direito lesado. O Clube do Remo, neste caso, não buscou o adiamento da indefinição; apenas buscou ampla defesa de seus direitos, como é lícito a todos.
Ao final, precisou-se apelar à corte superior, que, vislumbrando os prejuízos, pôs as coisas em seu devido lugar, fazendo prevalecer os resultados de campo de jogo. Óbvio, ululante! – como dizia Nelson Rodrigues. 
Concluo então que certo está o jornalista ao opinar sobre a decisão açodada (para se dizer o mínimo), influenciada por questões externas, questões estas que jamais serão reveladas, exceção rara – para não nos esquecermos – às façanhas propagadas pelo falecido contraventor Miguel Pinho.

Antonio Valentim – do Sudoeste do Paraná 

Desfalques e pressão levam Dorival a mudar meio time para enfrentar Argentina

Na véspera do clássico contra a Argentina, pelas Eliminatórias da Copa 2026, o técnico da Seleção Brasileira, Dorival Júnior, admitiu várias mudanças na equipe em relação ao time que venceu a Colômbia por 2 a 1, na última quinta-feira (20). O treinador confirmou duas alterações: Wesley entra na lateral-direita no lugar de Vanderson e Matheus Cunha ganhou a vaga de João Pedro no centro do ataque.

Além disso, o comandante terá que fazer quatro mudanças “forçadas”: saem os suspensos Gabriel Magalhães e Bruno Guimarães e os lesionados Alisson e Gerson, entram Murillo, André, Bento e Joelinton, respectivamente. Questionado se Cunha, que vem em ótima temporada pelo Wolverhampton, será meio-campista ou “falso 9”, Dorival fez mistério.

“O Matheus pode fazer mais a função de atacante centralizado, alternando como Vinicius Jr., mas também pode recuar e ser um meia. Depende de como a Argentina se posicionar em campo. Vamos estar prontos para todas as situações”, analisou. Sobre Wesley, o comandante disse que pretende explorar muito as subidas do destaque do Flamengo pelo corredor direito.

Com isso, a seleção deve usar o seguinte time contra a Argentina: Bento; Wesley, Marquinhos, Murillo e Guilherme Arana; André, Joelinton e Raphinha; Vinicius Jr., Rodrygo e Matheus Cunha. Argentina x Brasil acontece nesta terça-feira (25), às 21h (de Brasília), no Monumental de Núñez, em Buenos Aires.

O Brasil, nesse momento, ocupa a quarta colocação da tabela das eliminatórias para a Copa do Mundo, com 21 pontos, enquanto os argentinos lideram com 28. Um empate já garante os atuais campeões na próxima Copa do Mundo.

  • Argentina (F) – 25/02, 21h (de Brasília) – Eliminatórias da Copa do Mundo
  • Equador (F) – 04/06, a definir – Eliminatórias da Copa do Mundo
  • Paraguai (C) – 09/06, a definir – Eliminatórias para a Copa do Mundo

Com apoio maciço de clubes e federações, Ednaldo ganha mais 5 anos na presidência da CBF

A presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) continua com Ednaldo Rodrigues, que foi reeleito nesta segunda-feira (24) por aclamação e ficará no comando da entidade até 2030. O resultado era previsto desde o ano passado, após Ednaldo ter ganho ações na Justiça que garantiram sua permanência no cargo. O mandatário não teve adversários e disputou como candidato único, contando com o apoio maciço de clubes (20 da Série A e 20 da Série B) e das 27 Federações Estaduais.

E a longevidade de Ednaldo no cargo pode ser maior ainda: a última mudança no Estatuto da CBF permitirá que Ednaldo concorra a uma nova reeleição ao final de seu próximo mandato. Caso vença, ele continuará até março de 2034. Rodrigues está no poder desde que assumiu “mandato-tampão” na Confederação com o afastamento do ex-presidente Rogério Caboclo, em 2021.

Posteriormente, ganhou sua primeira eleição em março de 2022, com mandato até março de 2026, e agora foi reeleito para seguir até 2030. Neste ano, Ronaldo Fenômeno ensaiou uma candidatura, mas acabou por desistir após não conseguir sequer ser recebido pelos clubes e federações, todos incondicionalmente fechados com a candidatura de Ednaldo.

O atual presidente, que assumiu após o afastamento de Rogério Caboclo, tem ligações fortes com o grupo de Marco Polo Del Nero, que presidiu a entidade e também deixou o cargo sob denúncias de irregularidades.

Veja os vices da gestão de Ednaldo Rodrigues:

  • Reinaldo Carneiro Bastos (SP)
  • Ednaílson Rosenha (AM)
  • Roberto Góes (AP)
  • Ricardo Lima (BA)
  • Gustavo Oliveira (ES)
  • Leomar Quintanilha (TO)
  • Rubens Angelotti (SC)
  • Gustavo Henrique (articulação da CBF em Brasília)

Cabe ressaltar que Leomar Quintanilha é o vice mais velho. Portanto, é ele que assume a presidência em caso de vacância. Também é importante salientar que nomes que outrora formaram forte oposição a Ednaldo, como Reinaldo Carneiro Bastos, agora fazem parte da situação.