
POR GERSON NOGUEIRA
Arthur Lee é um daqueles cantores, guitarristas e compositores marcantes do rock’n’roll dos anos 60/70 com forte presença na cena norte-americana e quase desconhecido no resto do mundo, o que inclui o mercado brasileiro. Isso não significa que sua música não mereça todas as reverências e elogios.
Carismático desbravador de sons, Lee fundou a banda Love, nos idos de 1966, em plena era da psicodelia e dos desbunde. O grupo teve carreira relativamente curta, mas cravou seu nome na história do pop com o álbum Forever Changes, de 1967.
Frequentemente comparado a Syd Barrett e Roky Erickson, o talento de Arthur Lee conquistou gente de primeira linha, como Jimi Hendrix e o próprio Barret, que costumava dizer publicamente que o Love tinha sido a principal influência para a criação do Pink Floyd.
No livro 1966 – The Year The Decade Explodes (2016), o crítico e escritor Jon Savage conta que, no segundo semestre de 1966, a revolução mundial pop deflagrada pelos Beatles parecia estar condenada à morte. “O boom do movimento britânico chegara ao fim. Os Beatles começaram o ciclo no início de 1963 e, em setembro de 1966, eles o encerraram”. Os Beatles, assim como Bob Dylan, afastaram-se dos palcos naquele ano. Dylan ainda voltaria, mas os Beatles não mais.
O Love surgiu ao mesmo tempo que The Seeds, Fugs, Velvet Underground e a cultuada Count Five (favorita do crítico Lester Bangs). Nenhuma dessas bandas seguia a métrica dos Beatles. Na prática, buscavam se distanciar, abraçando o anarquismo pop. Lee e o guitarrista Johnny Echols formavam o núcleo criativo da banda, que tinha o baterista Alban “Snoopy” Pfisterer e o baixista Ken Forssi. Para o segundo disco, chegariam o flautista Tjay Cantrelli e outro baterista, Michael Stuart.
O grupo se dissolveu em 1967, mas Arthur Lee ainda teve tempo de apadrinhar uma banda que iria fazer história: The Doors, com Jim Morrison à frente. Respeitado e com parcerias que incluíram até Jimi Hendrix, Lee seguiu na ativa até sua morte, em 2006, aos 61 anos.