Nas viagens sonoras que fiz pelo universo dos Beatles, ali por volta dos 13 anos, mandando comprar os discos em Belém para ouvir na paz do casarão de meu pai-avô em Baião, eu sempre me via embatucado diante desta canção impregnada de sofisticação instrumental. A ênfase maior é na linha de baixo – Paul McCartney faz estragos do início ao fim. Mas não fica nisso. As guitarras duplicadas de George Harrison e John Lennon caminham juntas e, ao mesmo tempo, harmoniosamente separadas. Finalmente, a grandeza da canção se impõe pelos vocais afiadíssimos, marca inconfundível do grupo.
É como se os quatro fabulosos de Liverpool tivessem escolhido “I Want You (she’s so heavy)” para funcionar como uma colcha de retalhos demonstradora dos talentos de cada um. Não é apenas um grande momento dos Beatles, mas a prova definitiva de que o rock’n’roll pode ser genial, épico e atemporal.
O trecho final é arrepiante, unificando por três minutos o som de guitarras, órgão, baixo e bateria em volume crescente, dando a impressão de que poderia durar para sempre. A aula musical completa dura exatos de 7:48 minutos.
Escrita e cantada por John, a “I Want You” foi creditada à dupla Lennon-McCartney e fecha solenemente o Lado A do clássico álbum Abbey Road, de 1969. Billy Preston, que dividia o papel informal de quinto beatle com Eric Clapton, dá uma canja no órgão.
Foi a primeira música gravada para o disco, mas uma das últimas a ficar pronta. A sessão final ocorreu em 20 de agosto de 1969, provavelmente a última vez em que os quatro Beatles entraram nos estúdios da Apple para uma gravação.
Com objetividade e bom controle das ações de meio-campo, o Remo se impôs sobre o GAS, ontem à noite, no estádio Canarinho, em Boa Vista-RR, aplicando uma goleada de 4 a 0. A vitória categórica premiou o empenho e a seriedade da equipe paraense, que entrou em campo sob pressão após a atuação ruim no empate com o PSC pelo Parazão. Na 2ª fase da Copa do Brasil, os azulinos terão o Criciúma pela frente.
A classificação foi importante para exorcizar o fantasma de 2024, quando o Remo perdeu para o Porto Velho, de Rondônia. Além disso, já sob o comando de Rodrigo Santana, o Leão foi eliminado pelo S. Raimundo (RR) na abertura da Copa Verde, em Belém.
Nos primeiros movimentos ficou claro que o GAS ia apostar nas saídas rápidas, tentando impor correria. Apesar do domínio do Remo, o time de Emerson Almeida ameaçou com nada menos que quatro bolas na trave de Marcelo Rangel em tiros de média e longa distância.
O primeiro tempo foi vencido pelo Leão por 1 a 0, gol marcado por Jaderson, após uma trama que envolveu desde o ala Kadu, passando por Pavani e chegando a Pedro Rocha na esquerda. O ponta invadiu a área e deu um passe preciso para o camisa 10 desviar para o gol.
Depois do intervalo, o Remo tomou conta do jogo. Aos 10 minutos, em ataque rápido pela direita, Kadu avançou e cruzou na medida para Pedro Rocha, livre na área, finalizar para as redes, sem chances para o goleiro Matheus Melo.
Aos 13’, nasceu o terceiro gol. Após recuperação de bola na intermediária, Jaderson avançou e deu um passe rasteiro para Ytalo na pequena área. O centroavante dominou antes da marcação e chutou forte, fora do alcance do goleiro.
Quando o GAS ainda batalhava pelo gol de honra, Adailton recebeu pela esquerda e fez uma inversão para Maxwell, que driblou um defensor e mandou no canto da trave de Matheus. Goleada confirmada.
Ainda haveria tempo para uma grande defesa de Marcelo Rangel em pênalti cobrado por Railson, aos 41′. O atacante bateu rasteiro no canto e o goleiro foi na bola e impediu o gol. (Foto: Samara Miranda/Ascom Remo)
Papão supera Manaus com goleada de 4 a 1
O PSC mantém firme o sonho de garantir o pentacampeonato da Copa Verde. Ontem, na Arena da Amazônia, goleou o Manaus por 4 a 1, de forma categórica, classificando-se para a semifinal do torneio. O começo foi movimentado, com Borasi abrindo o marcador em rápido contra-ataque. Aos 14 minutos, já estava 2 a 0: Rossi aproveitou rebote do goleiro e mandou para o fundo do barbante.
O Manaus reagiu aos 19’. Renanzinho foi derrubado por Quintana. O próprio atacante cobrou e converteu, diminuindo para 2 a 1. A partir daí, a partida ficou equilibrada, com muitas tentativas, mas os erros predominaram nas finalizações.
Veio a etapa final e o PSC confirmou a superioridade. O time avançou suas linhas, com Pedro Delvalle no lugar de Borasi e passou a pressionar, buscando fazer mais gols. Aos 10 minutos, Rossi levou a melhor sobre a marcação e lançou Delvalle, que tocou para as redes.
Aos 20’, Bryan Borges recebeu o segundo amarelo e foi expulso. Mas, mesmo com um homem a menos, os bicolores continuaram mandando na partida e fecharam a goleada aos 49’, com penalidade sofrida por Cavalleri e convertida por Giovanni. Atuação segura e bem encaixada do PSC.
Na semifinal, o PSC vai encarar o vencedor do confronto entre S. Raimundo-RR e Amazonas, que fazem o jogo de volta nesta quinta. Na ida, o time roraimense venceu por 2 a 0. (Foto: Jorge Luís Totti/Ascom PSC)
Fluminense faz 8 a 0 e passeia no Mangueirão
Foi fácil demais. O Fluminense encontrou facilidades para marcar 8 a 0 sobre o Águia, no estádio Jornalista Edgar Proença, ontem à noite. O placar expôs a superioridade do Tricolor e escancarou a fragilidade técnica do representante paraense, cuja defesa viveu uma noite trágica, sendo envolvida completamente pelas triangulações e infiltrações do adversário.
O primeiro tempo terminou com o placar de 4 a 0. Canobbio abriu o placar, enquanto Cano (2 vezes) e Ignacio balançaram as redes, com extrema facilidade. No 2º tempo, o paraense Paulo Baya, Jhon Arias, Everaldo e Serna fecharam a contagem.
Vitória justa e sem grande esforço. A goleada explicita o domínio absoluto imposto pelo Fluminense. Apesar da diferença de investimentos e de qualidade, assustou a desorganização do Águia, fragilizado também no aspecto psicológico, aceitando a imposição tricolor desde os primeiros minutos.
No fim das contas, um resultado humilhante para o futebol paraense.
(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 27)