Leão tem mistério no ataque

POR GERSON NOGUEIRA

A semana que antecede o Re-Pa é tradicionalmente dedicada a acompanhar as movimentações dos times nos treinos e observar as possibilidades de escalação. O mistério aumentou nos últimos anos porque os times treinam longe dos olhos da imprensa, o que faz com que as descobertas venham na forma de frases cifradas ou declarações que indicam preferências.

Em conversa com o repórter Paulo Caxiado, da Rádio Clube, o técnico Rodrigo Santana afirmou que já tem um time ideal na cabeça. Não revelou a ninguém, mas o Re-Pa é a oportunidade para apresentar a escalação definitiva. Deve ser também a configuração mais próxima da equipe que vai disputar a Série B (sim, o Parazão é encarado como um laboratório para o Campeonato Brasileiro).   

Nas seis rodadas do Parazão, os testes prevaleceram e quase todos os jogadores do elenco foram testados, a partir do critério de condicionamento físico. Quem está em melhores condições, é escalado mais vezes. Outros entram no decorrer das partidas.

O ataque do Remo é o melhor do Campeonato Estadual, com 15 gols marcados, mas a formação muda a cada partida. Raramente, o trio ofensivo foi repetido. Os que mais atuaram até agora foram Dodô, Maxwell e Felipe Vizeu, quase sempre como titulares.

Adailton, Pedro Rocha e Ytalo entram, mas quase sempre nos 20 minutos finais. Rocha foi um dos mais acionados nas últimas partidas, depois de dois jogos de ausência por problemas particulares. Na suada vitória sobre o Santa Rosa, marcou de cabeça o único gol.

Não tem sido tão regular e efetivo como Adailton, outro reserva de luxo, mas parece fisicamente mais inteiro para encarar o Re-Pa, caso Rodrigo Santana resolva surpreender na escalação. Apesar disso, a lógica ainda aponta para a repetição do ataque com Maxwell, Vizeu e Dodô. (Foto: Samara Miranda/Ascom Remo)

Edilson pode ser alternativa para o clássico

O técnico Luizinho Lopes tem alguns problemas para resolver nas laterais do Papão para o clássico de domingo. O ponto nevrálgico da situação é o rendimento do lateral-esquerdo PK, marcado pela torcida em função das más atuações. O curioso é que ele chegou bastante valorizado após ter a sua contratação disputada pelo Remo.

Com baixo poder de marcação e presença discreta nas ações de ataque, ele tem sido alvo de muita contestação por parte da torcida. Contra o Independente, no Mangueirão, o lateral saiu sob vaias, apesar de ter feito o cruzamento para o gol de Nicolas.

Acontece que PK foi vaiado pelo conjunto da obra, e não apenas pela atuação diante do Galo Elétrico. Luizinho Lopes deve ter anotado as queixas do torcedor e é improvável que insista com um jogador marcado pela torcida. Uma alternativa simples é escalar Edilson na direita e deslocar o polivalente Bryan Borges para a esquerda.

Caso não queira fazer duas mudanças na equipe, o técnico pode optar pela simples substituição de PK por Kevyn, que foi o titular em boa parte dos jogos do PSC na Série B 2024, sem comprometer.  

Existem outros pontos a serem resolvidos na escalação do PSC, principalmente no meio-campo, que sofre com a ausência de um meia criativo, mas o funcionamento das laterais adquire papel decisivo no clássico. O apoio ao ataque e a ocupação de espaço pelos lados pode fazer toda a diferença.  

Tabela faz torcedor sentir o gostinho da Série B

A Série B só começa em abril, mas o torcedor de Remo e PSC já experimenta as emoções da competição, projetando a participação dos representantes paraenses a partir da tabela divulgada anteontem pela CBF. O Papão vai estrear em casa contra o Atlético-PR, enquanto o Leão enfrenta a Ferroviária, em S. Paulo.

O confronto direto entre os rivais terá o primeiro clássico na 13ª rodada, entre 20 e 22 de junho, e o segundo na 32ª rodada, entre 17 e 19 de outubro, após o Círio de Nazaré e a uma semana do começo da COP30.

Na última rodada do Brasileiro, o Remo encara o Goiás, no estádio Mangueirão, e o PSC joga no interior de Minas contra o Athletic, quando as duas torcidas esperam que a situação da dupla já esteja resolvida satisfatoriamente na tabela de classificação.

Recopa: Fogão encaminha outro desperdício de taça

Com a derrota por 2 a 0 para o Racing, ontem, em Buenos Aires, o Botafogo praticamente encaminhou a perda da segunda taça importante em menos de um mês. Antes, havia sido derrotado pelo Flamengo na Supercopa Rei, disputada no Mangueirão.

Erros de marcação e posicionamento permitiram aos argentinos dois gols fáceis. Não precisaram jogar muito para vencer o esfacelado time alvinegro, que não é nem sombra daquele esquadrão campeão da América. Para reverter, no Rio, será necessário vencer por três gols de diferença. 

Tarefa possível, mas improvável. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 21)

Rock na madrugada – Bob Dylan, “All Along the Watchtower”/”Highway 61 Revisited”

Registro da Tour Europeia de Bob Dylan, em 1984, interpretando o clássico All Along the Watchtower em ritmo acelerado, na Arena Di Verona, na Itália. A excursão é uma das mais celebradas da carreira do bardo, aqui acompanhado por uma super banda formada por Mick Taylor na guitarra, Colin Allen (bateria), Ian McLagan (teclados) e Greg Sutton (baixo), reforçada por Eric Clapton, Carlos Santana e Van Morrison em alguns shows na Inglaterra.

Dylan em determinados momentos da canção dá um tempo na guitarra-ritmo, recua para o fundo do palco e fica acompanhando o sensacional solo de Mick Taylor, que anos anos havia tido passagem fulgurante pelos Rolling Stones. As imagens do vídeo são precárias, com enquadramento terrível, mas o áudio é perfeito.

Acompanhado do mesmo time de músicos, Dylan toca outro clássico, Highway 61 Revisited, durante show em Paris, em julho de 1984. A excursão é tão brilhante do ponto de vista das performances de palco que justifica o duplo registro, com ênfase no papel elegante e genial de Mick Taylor, que parece ter o dom de fazer qualquer canção ficar melhor ainda.

O disco Real Live (que imortalizou a Tour de 1984) custou a sair no Brasil. Fiquei meses enchendo o saco do pessoal da Gramophone Discos, antiga loja que ficava ali na avenida Magalhães Barata, em Belém. Naqueles tempos pré-YouTube e internet, foi uma festa quando o vinil finalmente chegou. A espera tinha valido a pena.

Alepa celebra a formatura da primeira turma do curso superior de Gestão Pública

O palco do Theatro da Paz foi o cenário escolhido para celebrar a formatura da primeira turma do curso superior de Tecnologia em Gestão Pública, ofertado pela Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), por meio da Fundação Escola do Poder Legislativo (Felepa). Cento e sete servidores da instituição receberam outorga do grau superior na cerimônia, conduzida pelo presidente da Alepa, deputado Chicão.
O curso teve início em novembro de 2022, com servidores do Poder Legislativo Estadual e de Câmaras Municipais do interior do Pará, de forma híbrida, com as modalidades presencial e Ensino à Distância.

INEDITISMO
A Alepa é pioneira em ser a mantenedora do curso superior do próprio Legislativo. Ao ser a primeira no país a investir na graduação de servidores, a Casa se torna uma referência para todo o Brasil.
“Esse é um dia histórico para a Alepa e para todos os deputados que compõem essa Casa e que sonharam conosco com a construção deste projeto inédito, em que, pela educação, se fortalecem todas as instituições democráticas dentro de uma sociedade. Com essa diretriz e com esse caminho, ousaram criar a primeira faculdade credenciada em um estado, tendo como mantenedora uma Assembleia Legislativa”, pontuou a diretora da Escola do Legislativo, Betânia Fidalgo.
No palco do teatro, os formandos representaram o orgulho de serem servidores públicos qualificados como novos tecnólogos em gestão pública. Andrea Nascimento de Souza, da Câmara de Vereadores de Tomé Açu, fez o juramento da turma, seguido da outorga do grau pelo presidente Chicão. Um a um, os formandos receberam os diplomas em mãos.

O representante do Conselho Federal de Administração, Fábio Lúcio Costa, também entregou
simbolicamente as carteiras de registro profissional a dois formandos. Os alunos Leiliane Gomes da Silva e Fábio Pacheco de Souza foram homenageados pelo melhor desempenho no curso. Já o servidor Raimundo Nonato Macedo, escolhido por aclamação pela turma, foi o orador.

Com 68 anos de idade e mais de 40 anos de trabalho na Assembleia Legislativa, ele relembrou a trajetória e as dificuldades desde o início do curso. “Não foi fácil, foi uma luta com noites em que o cansaço dificultava assistir às aulas, mas nós tínhamos um ideal – receber o certificado de nível superior”, ressaltou. “Nosso presidente nos deu uma oportunidade. Muitos, como eu, não tínhamos formação superior e não poderíamos deixar passar essa oportunidade, demos tudo de nós por esse objetivo”.

Seu Macedo, como carinhosamente é conhecido pelos corredores do Palácio Cabanagem, relembrou que estava há 42 anos sem estudar e que pensou em desistir muitas vezes. Mas ele sempre recebeu o incentivo dos colegas de turma, que o viam como um exemplo e inspiração. “Hoje, todos nós estamos aqui e agradeço a todos que nos ajudaram a não desistir e chegar até este palco para receber nossos diplomas”, concluiu o orador. O discurso emocionante foi encerrado com um abraço do presidente Chicão, com aplausos dos formandos. 
Em sua fala na cerimônia de formatura da primeira turma da Felepa, o presidente da Casa Legislativa pontuou a importância desse feito que se concretizou na noite desta terça-feira. “Essa noite é um marco para as Assembleias Legislativas do Brasil. Hoje, no Pará, nós temos a honra de,
através da Escola do Legislativo, mostrar para o país que nós estamos formando a primeira turma em gestão pública de graduação superior. A Assembleia do Estado do Pará marca na sua história um grande momento, que serve de referência para todo Brasil”, declarou Chicão.
O presidente também dispensou agradecimentos à diretora da Felepa, Betânia Fidalgo. “Com o dom de ensinar, ela é o esteio dessa Escola do Legislativo e se dedica a esse projeto inovador”, ressaltou.

O deputado Chicão lembrou ainda das dificuldades de transformar a escola em fundação. “Havia muitas dificuldades legais, inclusive para pagar os professores. Talvez os formandos não saibam, mas por muitos meses, os nossos professores cumpriram a sua missão de ensinar sem receber os
salários”, recordou. “Ter o primeiro curso superior de uma Assembleia Legislativa no Brasil mostra que seguimos no caminho certo. Outros legislativos vêm procurando saber como fizemos”, disse o deputado Chicão, ao lado dos deputados que integram a Mesa Diretora da Alepa.
“Temos que abraçar o maior número de pessoas que precisam e querem buscar conhecimento, querem fazer parte do nosso curso. Por isso, além dos nossos servidores e das Câmaras de Vereadores, damos oportunidade para outros órgãos da administração pública”, anunciou o chefe do Legislativo do Pará.
Para o presidente, ter servidores capacitados é um diferencial importante. “Neste ano, vamos ter um grande evento – a COP 30 – e teremos visibilidade para cerca de 200 países que trarão suas comitivas. Temos que estar preparados para receber a todos”, avaliou Chicão.

TECNÓLOGOS EM GESTÃO PÚBLICA
O curso faz parte do programa Forma Alepa, que capacita vereadores, assessores e gestores legislativos, e oferece formação para a coordenação de órgãos ou setores da administração pública, nos quais assumem a responsabilidade no uso de mecanismos públicos.
A Gestão Pública elabora resultados com meios políticos para solucionar seus desafios. O objetivo do Poder Legislativo, ao oferecer um curso superior, é qualificar o trabalho do servidor público, garantindo transparência e eficácia. O curso ‘Tecnologia em Gestão Pública’ tem suas ementas voltadas para o Legislativo.
O ensino médio completo é um pré-requisito para ingressar no curso superior, uma exigência da Lei nº 9.394/1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDB. A graduação da Felepa tem todas as disciplinas obrigatórias previstas nas diretrizes curriculares nacionais para o curso de Gestão Pública.

(Fotos: Ozéas Santos/Ascom Alepa)