Desembargador que deu domiciliar a assassino de petista segue Bolsonaro e já atacou STF

Um dia após a decisão do júri popular, o desembargador Gamaliel Seme Scaff, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), determinou que Jorge Guaranho, condenado a 20 anos de prisão pelo assassinato do tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda, em 2022, cumpra a pena em prisão domiciliar com monitoramento por tornozeleira eletrônica.

Scaff, que acatou o pedido da defesa de Guaranho, justificou sua decisão citando o estado de saúde do condenado. “Assim, ao que parece, o paciente continua muito debilitado e com dificuldade para se deslocar em razão da enfermidade e das lesões que o acometem, logo, por ora, chega-se à ilação de que sua prisão domiciliar não colocará em risco a sociedade ou o cumprimento da lei penal”, escreveu o magistrado ao conceder o habeas corpus. Ele também mencionou a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) como base para sua decisão.

Em 2022, saiu em defesa do blogueiro picareta Oswaldo Eustáquio, comentando uma matéria do site de extrema-direita Jornal da Cidade Online sobre Sandra Terenna, mulher do sujeito. Esse portal bolsonarista usou perfis apócrifos para agredir políticos e magistrados, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal.

Eustáquio é investigado nos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos e já foi preso três vezes por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo. Defendeu a tentativa de golpe de Estado perpetrada por Jair Bolsonaro e seus capangas. Está foragido na Espanha. As autoridades locais deram início ao processo de extradição.

“Esse moço não é, nem nunca foi o modelo de jornalista que admiramos e respeitamos. Aqui no Paraná (ele é paranaense), fez publicações desrespeitosas e injustas em relação ao TJPR e nossos juízes”, escreveu Scaff.

“Porém, isso não faz com que concordemos com o que está acontecendo porque cria-se um precedente perigosíssimo na medida em que hoje é um ‘Eustáquio’ que ninguém gosta, mas amanhã pode ser você. Portanto, deixamos aqui o nosso repúdio a essa violência de modelo venezuelano-chavista praticada em nossa boa terra“.

Ainda atacou o STF: “Que o STF aplique a este homem a Lei de Proteção aos Animais já que o está tratando como um, mas faça cessar essa vingança privativa, inadmissível numa sociedade que busca evitar a barbárie.”

O assassinato de Marcelo Arruda ocorreu em 9 de julho de 2022, meses antes da eleição presidencial, e se tornou um dos episódios mais violentos da campanha eleitoral.

Segundo a investigação, Jorge Guaranho foi duas vezes ao salão onde ocorria a festa de Arruda, sem conhecê-lo pessoalmente. Na primeira, passou de carro em frente ao local com o som alto, tocando músicas em apoio ao então presidente Jair Bolsonaro, adversário político de Lula e do PT. O gesto gerou uma discussão rápida, durante a qual Arruda jogou terra no veículo de Guaranho.

Após o desentendimento, Guaranho foi embora, deixou esposa e filho em casa e voltou ao salão armado, disparando três tiros contra Arruda. Mesmo ferido por dois disparos, o guarda municipal conseguiu revidar e atirar seis vezes contra Guaranho, atingindo-o na cabeça. Arruda morreu na madrugada do dia seguinte, enquanto Guaranho sobreviveu, mas com sequelas.

Câmeras de segurança registraram parte da ação, que reforçou a tese da acusação de que o crime teve motivação política.

A frase do dia

“Escandaloso! O desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná Gamaliel Seme Scaff transferiu o bolsonarista Jorge Guaranho para prisão domiciliar. Deu habeas corpus um dia depois do Tribunal do Júri de Curitiba condenar o assassino de Marcelo Arruda por homicídio qualificado”.

Joaquim de Carvalho, jornalista

Golpistas não são coitadinhos nem merecem anistia

Ou condenamos exemplarmente quem ameaça extinguir a democracia ou estaremos fadados a viver à mercê de futuros golpistas.

Do Intercept_Brasil

Parlamentares do PL levaram a mulher e um dos filhos de um dos golpistas do 8 de janeiro a Brasília, nesta semana, em uma tentativa de pressionar os presidentes da Câmara e do Senado e criar comoção pública.

Ezequiel Ferreira Luís teve a prisão decretada pelos crimes de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa armada e deterioração de patrimônio público.


Dono de uma pistola e um rifle semiautomático, ele quebrou a tornozeleira eletrônica e fugiu depois que soube que pegaria 14 anos de cadeia. Esse é o anjo que o bolsonarismo alçou à condição de símbolo da luta pela anistia.

A turma que fez carreira na política louvando o assassinato de bandidos, vejam só, agora pretende humanizá-los.  

Antes de ser levada para encontrar o novo presidente da Câmara, Hugo Motta, do Republicanos da Paraíba, a bancada bolsonarista armou um show de demagogia e hipocrisia no Salão Verde. A esposa de Ezequiel deu uma entrevista coletiva para contar as dificuldades que a condenação do marido acarretou à família. De joelhos, ela pediu “misericórdia” ao presidente da Câmara para agilizar a tramitação do PL da Anistia.

Com seis filhos para criar, o caminhoneiro é visto entre os bolsonaristas como alguém cuja história pode deflagrar uma comoção social pela anistia. Em setembro do ano passado, o líder maior da gangue golpista, Jair Bolsonaro, apareceu ao lado das seis crianças e os chamou de “órfãos de pai vivo”.

Ninguém duvida do sofrimento da mulher e dos filhos de Ezequiel. Mas ele só é um criminoso especial para quem despreza os valores democráticos. A população carcerária brasileira — a terceira maior do mundo — conta com mais de 800 mil pessoas.

Assim como a família de Ezequiel, há centenas de milhares de outras sofrendo com a prisão de seus parentes. Nunca se viu bolsonaristas preocupados com o bem estar dessas famílias. Pelo contrário, o ataque aos direitos humanos de presos é um dos pilares do pensamento reacionário.

Lembra dos “direitos humanos para humanos direitos”? Pois é, parece que os bandidos de estimação do bolsonarismo entraram na cota dos “humanos direitos”.

A grande maioria dos presos no Brasil foi condenada por tráfico de drogas e crimes contra o patrimônio — crimes que despertam os instintos mais primitivos no bolsonarista médio. O fato é que vender 10 gramas de maconha ou roubar um frango no supermercado são crimes infinitamente menos graves que a tentativa de anular o resultado das eleições e destituir o presidente eleito por meios violentos.

Perante à democracia, Ezequiel é um criminoso de alta periculosidade e deve ser tratado como tal.

Claro que é triste saber que seis crianças podem ficar até 14 anos privadas do convívio com o pai, mas essas são as regras do jogo. Ezequiel largou a família em Ji-Paraná, Rondônia, rodou mais de 2 mil quilômetros para se juntar ao acampamento golpista em Brasília e partir para os ataques do 8 de janeiro. Ele está arcando com as consequências dos seus próprios atos.

É preciso desmistificar a narrativa bolsonarista de que os golpistas do 8 de janeiro são pais, mães, vovós e vovôs que cometeram meros atos de vandalismo em um dia de fúria, movidos pelo desejo de ver o bem do Brasil.

A tese dos “coitadinhos” não é nova, mas vem ganhando adeptos até mesmo fora do círculo bolsonarista. Não é raro ver articulistas ressabiados com alguma vovózinha golpista recebendo penas de 14 anos.


O novo presidente da Câmara mal estreou no cargo e já abraçou a tese com força. “Golpe tem que ter um líder, uma pessoa estimulando, tem que ter apoio de outras instituições interessadas, e não teve isso. Ali foram vândalos, baderneiros, que queriam, com inconformidade com o resultado das eleições, demonstrar sua revolta”, afirmou Hugo Motta após a reunião com bolsonaristas e a esposa de Ezequiel.

Ou seja, o presidente de uma das casas legislativas que foi invadida e destruída está dizendo abertamente que não houve tentativa de golpe e que o 8 de janeiro foi apenas um domingo no parque da família brasileira que saiu do controle.

Não se esperava nada diferente de Motta. Estamos falando de um político do Republicanos que se elegeu presidente da Câmara com o apoio de um bloco formado por partidos governistas e oposicionistas. No acordo costurado com os bolsonaristas, Motta prometeu trabalhar pela anistia aos condenados de 8 de janeiro.

O estarrecedor é saber que há ministro do governo Lula que defende a mesma ideia.

Em entrevista ao Roda Viva, o ministro da Defesa, José Múcio, abraçou a tese dos “coitadinhos”: “O que eu defendo é uma dosimetria. Eu acho que na hora que você solta um inocente ou uma pessoa que não teve um envolvimento muito grande é uma forma de você pacificar. Esse país precisa ser pacificado. Ninguém aguenta mais esse radicalismo. A gente vive atrás de culpados”, disse ele.

Perceba que o ministro chama de “radicalismo” as punições previstas em lei para os radicais que pretendem subverter a democracia. Por mais que estejamos acostumados a ver Múcio passando o pano para o golpismo das Forças Armadas, surpreende vê-lo querendo livrar da prisão os bolsonaristas que saíram das suas casas para destruir os prédios dos Três Poderes e pedir golpe militar.

Apesar de toda essa pressão, o máximo que pode acontecer será a aprovação do PL da Anistia no Congresso. Anistiar crimes contra o Estado Democrático de Direito é inequivocamente inconstitucional. E, dadas as condições materiais e a configuração do jogo atual, não há a menor possibilidade de o STF não derrubar o PL.

Os bolsonaristas têm plena ciência de que estão encampando um projeto natimorto, mas permanecerão firmes no jogo de cena até o fim. O objetivo é pautar o debate público, manter a chama da militância acesa, colocar seus quadros políticos sob os holofotes e, na melhor das hipóteses, criar um clima menos desfavorável para os líderes do golpe nos tribunais.

Os golpistas de hoje são os filhos da anistia de 1979. Ou condenamos exemplarmente quem ameaça extinguir a democracia ou estaremos fadados a viver à mercê de futuros golpistas. E não basta prender Ezequiel e outros peixes pequenos. Infelizmente, mais famílias precisarão chorar.

Jair Bolsonaro e toda a cúpula militar golpista precisam ficar presos por muitos e muitos anos. Que o país aprenda com as lições do passado.

Para consolidar a liderança

POR GERSON NOGUEIRA

O Remo volta a campo neste domingo (17h) contra o Santa Rosa, no estádio Jornalista Edgar Proença, com o objetivo de confirmar a liderança isolada no Campeonato Paraense e buscando consolidar a imagem de time mais regular do campeonato. São cinco jogos, com quatro vitórias e um empate, 15 gols marcados e apenas dois sofridos.

Em termos estatísticos, a campanha é excelente. O time só vacilou mesmo no confronto com o Capitão Poço, dentro do Mangueirão. Além do empate, o jogo foi o único no qual a defesa azulina foi vazada duas vezes. As performances nem sempre foram convincentes, mas é visível que há um processo de evolução.

As correções já foram percebidas contra a Tuna, quando o Remo se impôs e venceu por 3 a 0, mesmo sem ter atuado tão bem. O fundamental, porém, foi a evolução quanto ao entrosamento e às alternativas de jogo.

O time que antes dependia das jogadas de Dodô com Maxwell e Ytalo passou a ter variações, com o avanço dos alas Kadu e Edson Cauã/Marcelinho e os lançamentos longos a partir da zaga. Rafael Castro apareceu com destaque, acionando os companheiros de ataque. Foi assim que surgiu o gol de Adailton, fechando o triunfo sobre a Lusa.

Para a partida deste domingo, diante do Santa Rosa, a preocupação do técnico Rodrigo Santana é ajustar a equipe com a utilização de um ataque diferente, provavelmente com a entrada de Adailton. O atacante é o mais regular e o principal artilheiro do time, com quatro gols.

Recuperado de lesão, Dodô está disponível, mas deve ser poupado para o Re-Pa na próxima semana. O meio-campo segue com a dupla Pavani-Jaderson, remanescente da Série C 2024.

O setor defensivo vai aos poucos se definindo, com a presença de Klaus como zagueiro de referência, tendo Ivan Alvariño e Rafael Castro como parceiros. Reinaldo, que foi utilizado duas vezes, não passou a mesma confiança dos demais e dificilmente entrará como titular.

Nas alas, Kadu é titular indiscutível na direita e Marcelinho entra na esquerda, pois Cauã saiu lesionado do clássico com a Tuna. (Foto: Samara Miranda/Ascom Remo)

Papão muda técnico, mas Juninho segue invisível

Há algo no PSC que desafia a lógica quanto a escolhas de jogadores. Nem mesmo as pífias atuações de Giovanni ajudaram Juninho a ser lembrado para ocupar a função de organizador e jogador de criação. O time sofre perrengues em campo, não evolui e deixa os atacantes órfãos lá na frente, mas o meia paraense segue no banco de reservas.

Contra o Manaus, na quinta-feira (13), pela Copa Verde, tudo indicava que Juninho seria escalado pelo técnico Luizinho Lopes, substituto de Márcio Fernandes. Mas, por alguma razão qualquer, ninguém lembrou dele.

Não é exatamente uma novidade. Juninho é sempre preterido. Os técnicos preferem sempre eleger entre os prioritários jogadores importados, provavelmente com salários maiores. Calado, humilde e pouco afeito a cobranças, ele vai ficando de lado.

Foi assim antes, com Hélio dos Anjos e Márcio Fernandes. A torcida sabia que ele deveria ser titular num time que tinha o veterano Robinho arrastando-se em campo. Não adiantou cobrar, como fizemos aqui várias vezes. A teimosia prevaleceu e Juninho continuou na suplência.

Na abertura da temporada, enfrentando a Tuna na Supercopa Grão-Pará, o PSC só ganhou qualidade quando Juninho entrou no 2º tempo em substituição a Giovanni. O técnico era Márcio Fernandes, que não levou em conta a bela atuação de Juninho e manteve a formação inicial.

Uma pena. Juninho poderia ter contribuído para dar ao PSC mais dinamismo nas ações de meio e opções para o trio de ataque – Rossi, Nicolas e Borasi. Com a chegada de Luizinho, as esperanças se renovam.

O jogo contra o Independente na segunda-feira, 17, é uma boa oportunidade para que o novo técnico conheça as qualidades de Juninho.   

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda o programa, a partir das 23h, na RBATV. Participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, a sexta rodada do Parazão. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.

Cláudio Caçapa volta para reerguer o Botafogo

Demorou muito. A direção da SAF custou a entender a importância das primeiras competições do ano, deixando o Botafogo à deriva, sem técnico e com várias perdas importantes no elenco. Artur Henrique deixou o comando. Junior Santos, Almada, Luiz Henrique e Tiquinho foram embora, enfraquecendo o time campeão continental e brasileiro.

O fiasco na Supercopa Rei em Belém foi o primeiro sinal óbvio de que algo estava fora de ordem. Depois de mais uma derrota para o Flamengo, no segundo clássico do ano, a diretoria parece ter acordado. Cláudio Caçapa, que fez bom trabalho como técnico interino em 2023, foi convocado e já assumiu o time no Campeonato Carioca. Poderia ter vindo antes.   

(Coluna publicada na edição de sábado/domingo, 15/16)