A vitória da Hipnocracia e o (outro) Fim da História

“A História está se repetindo três vezes: a primeira na forma de uma tragédia, a segunda como farsa, a terceira como transe.”

Por André Forastieri

Imagem em alta resolução dos nossos dias, não? Como aquelas megascreens em zepelins, sobrevoando a Los Angeles de “Blade Runner”.

É da lavra de Jianwei Xun, professor de filosofia em Hong Kong. Algum geek comuna pode quem sabe programar um “AI Marx” para assuntar o que o velho acha do remix de sua boutade no “18 Brumário”. Desconfio que curtiria.

Jianwei Xun é o criador do termo “Hipnocracia”, que me fisgou em coluna de Assis Moreira, correspondente do “Valor”, papeando com o diplomata Pascal Lamy, ex-OMC, ambos argutos observadores das relações internacionais.

Ele apresentou o conceito em artigo assustador e visionário, publicado na revista de geopolítica e tals, “Le Grand Continent”. Francesa, mas time e pegada pan-européia.

Por exemplo, os editores enxergam que a África e Ásia e o Leste Europeu existem além de business interests. E para explicar o caso DeepSeek, produzem uma entrevistona com o Gary Marcus.

Meio sisuda às vezes a GC, mas perfeita para necessários descanso e retruque na perspectiva anglófona USA-UK. Contra o atual & anterior impérios, o velho e grande e eterno continente. Ah, o prazer do debate civilizado.

Seu francês só dá pra Asterix? Idem. Mas vai sem medo, que “Le Grand Continent” traz sempre também versões em espanhol de seus textos, às vezes italiano.

A revista é atualizada diariamente online e sai uma edição especial impressa anualmente. Essa última foi editada pelo Giuliano da Empoli, moço fino, egresso da Sciences Po, ex-secretário de cultura em Florença, romancista, autor de “Os Engenheiros do Caos”.

Jianwei Xun é filósofo mas da turma semântica & semiótica, social & media studies. Passou temporada em Dublin, o que talvez explique o acento k-punk; fácil imaginar animado papo de pub com Mark Fisher e Owen Hatherley.

O título do artigo que você deve ler é “A Hipnocracia e o Império das Fantasias”. Trecho em tradução 100% parida pelo Perplexity, como convém:

“O discurso inagural de Trump representa a “hipnocracia” em sua forma mais completa: um sistema no qual o poder já não opera através da força ou da persuasão racional, mas através da manipulação direta dos estados coletivos de consciência.

Trump não convence: induz. Não manda: encanta.

A questão que surge não é como resistir a este sistema — a resistência frontal já foi incorporada à sua lógica —, mas como desenvolver formas de lucidez dentro do transe coletivo.

Não se trata de um despertar impossível, mas de uma nova arte de sonhar lucidamente na política.

O Império está aqui. O poder já não reside em controlar corpos ou mentes, mas na capacidade de modular os estados de consciência de populações inteiras.

Para entender o que fazer, convém partir deste fato. Trump não simplesmente voltou à presidência: ele inaugurou formalmente um novo regime de realidade.

Bem-vindos à era da hipnocracia.”

Depois dela, o dilúvio? É concebível um “depois” para a hipnocracia, ou o adiado fim da História está finalmente entre nós – e só a irrealidade sobreviverá?

Jian Xun está lançando seu primeiro livro. Eu acabei de comprar e você talvez queira fazer o mesmo. Ou talvez antes, visitar seu site.

A íntegra do artigo do Jianwei Xun está aqui. Mantenho em severo espanhol este trecho que corta como bisturi:

“Los progresistas permanecen atrapados en una jaula epistemológica fatal: su incapacidad para comprender la dimensión mitopoética del poder los condena a una marginalidad estratégica perpetua….

Su crítica sigue siendo prisionera de un modelo de comunicación de la Ilustración, donde la verdad debe triunfar a través del mérito intrínseco, sin comprender que la verdad es ahora un producto estético, una experiencia colectiva generada a través de la repetición, la emoción y la sugestión.

Su racionalidad basada en la culpa se ha convertido en una prisión, un refugio autorreferencial que los aleja cada vez más de la capacidad de generar imaginarios colectivos capaces de movilizar el deseo y la creencia.”

Vexame no Baenão: Leão perde nas penalidades e é eliminado da Copa Verde

Após um empate em 1 a 1 no tempo normal com o São Raimundo (RR), o Remo perdeu na série de penalidades e está fora da Copa Verde 2025. A partida foi realizada no estádio Evandro Almeida, sem público, pois os azulinos cumpriam punição pelos incidentes ocorridos no jogo com o ABC em Natal pela Série C 2024. O técnico Rodrigo Santana, suspenso, foi substituído à beira do gramado pelo auxiliar Flávio Garcia.

A ausência do incentivo do Fenômeno Azul talvez tenha sido uma das causas da fraca atuação do time remista, que não conseguiu criar jogadas para envolver a boa marcação do São Raimundo e acabou tomando um gol ainda no primeiro tempo. Felipe bateu da entrada da área, a bola desviou em Pedro Castro e enganou o goleiro Marcelo Rangel, aos 18 minutos.

O Remo foi ao ataque, buscando o empate e acabou conseguindo na primeira tentativa pelos lados. Aos 25′, Marcelinho cruzou em direção à área e a bola tocou no braço de um defensor do São Raimundo. Adailton cobrou o pênalti e empatou a partida.

Apesar de insistir muito com jogadas na área do São Raimundo, o Leão não conseguia vencer o bloqueio defensivo. A situação piorou ainda mais quando Jaderson tomou o segundo cartão amarelo e foi expulso de campo, aos 45′.

Com um a menos no 2º tempo, o time paraense quase sofreu um gol aos 8 minutos, em cabeceio do atacante Railson. As mudanças feitas na equipe – Felipe Vizeu, Pavani e Reynaldo substituíram Ytalo, Dener (lesionado) e Adailton – não surtiram o efeito desejado.

Adailton era o atacante mais produtivo e agudo. O Remo não incomodava no ataque e o São Raimundo se tranquilizava em campo. Aos 25′, nova mudanças: saíram Maxwell e Sávio, ambos com atuações discretas, e entraram Guty e Klaus, fazendo sua estreia.

O Remo a essa altura se distribuía em campo num sistema 4-3-2, com Marcelinho, Rafael Castro, Klaus e Reynaldo na linha de defesa; Alvariño, Pavani e Pedro Castro no meio. Na frente, apenas Vizeu e Guty. O meia-atacante se movimentava bem pelo lado esquerdo e por ali o Remo criou algumas situações perigosas para o São Raimundo.

Aos 35′, Guty sofreu uma falta violenta de Bazílio, que foi expulso (já tinha o amarelo). O jogador remista teve que ser atendido fora de campo e, ao retornar, acertou um belo chute no ângulo da trave de Carlos Henrique. O goleiro saltou e desviou para escanteio. Foi a melhor jogada do Remo em toda a partida.

Apesar do esforço do time e algumas tentativas de cruzamento, o jogo terminou empatado. Nas penalidades, o São Raimundo levou a melhor por 4 a 3. Pavani e Vizeu desperdiçaram os pênaltis para o Remo. O time roraimense comemorou muito a vitória dentro do Baenão.

No ano passado, o Remo sofreu outra eliminação vexatória logo no início da temporada. Foi derrotado pelo Porto Velho, em Rondônia, na primeira fase da Copa do Brasil 2024. O Remo volta a campo no domingo (9), pelo Campeonato Paraense, enfrentando a Tuna, no Mangueirão, às 18h.

(Foto: Samara Miranda/Ascom Remo)