Lembrou o samba de Alcione

POR GERSON NOGUEIRA

Foi um tremendo sufoco. Novamente mal, abaixo de suas possibilidades, o PSC sofreu para levar a decisão com o Porto Velho para a série de penalidades, após escapar milagrosamente da eliminação no tempo normal. O detalhe mais preocupante é que o time entrou com força máxima e, apesar disso, o rendimento foi pífio.

A vaga à 2ª fase da Copa Verde foi conquistada, de forma dramática, com uma vitória de 5 a 4 nas penalidades, mas o desempenho deixou uma impressão negativa junto ao torcedor, que compareceu em pequeno número ao estádio da Curuzu, ontem à noite.

O time rondoniense surpreendeu pela pressão que imprimiu desde os primeiros movimentos. Sem qualquer receio do dono da casa, o visitante se lançou ao ataque e, aos 3 minutos, o meia Emerson Bacas, que já atuou pelo Bragantino paraense, abriu o placar. Ele conduziu a bola até a entrada da área e bateu no canto esquerdo fora do alcance de Matheus Nogueira.

A coisa quase se complicou de vez aos 28 minutos. Em rápido contra-ataque, o Porto Velho chegou com muito perigo, mas o atacante Erivan bateu em cima do goleiro do PSC, desperdiçando a oportunidade. E só dava Locomotiva. Aos 39’, Emerson Bacas ameaçou outra vez. Meteu um belo chute na trave de Matheus Nogueira.

O PSC, que não conseguiu se impor ao longo da primeira etapa, voltou mais atento à troca de passes e saiu do marasmo. Passou a acionar os laterais e a arriscar cruzamentos mais perigosos.

Aos 10 minutos, o atacante Marlon quase empatou. Ele disparou um chute forte em direção ao gol, o goleiro Digão espalmou e a bola ia entrando. Em cima da linha, o zagueiro Maurício evitou o gol.

O esforço bicolor seria recompensado aos 30 minutos, quando o desespero já tomava conta de todos na Curuzu. Rossi aproveitou um cruzamento alto na área para desviar em direção às redes, pegando o goleiro Digão no contrapé. Dos males, o menor.

A disputa foi então para a série de penalidades. Com três defesas, Matheus Nogueira salvou a lavoura, destacando-se como herói da classificação alviceleste. Apesar do resultado, as luzes de alerta ficam ligadas. Foi o terceiro jogo ruim do PSC no campeonato, depois da sofrida vitória sobre a Tuna e a derrota frente ao Santa Rosa, domingo passado.

É bem verdade que o trabalho está no começo, mas os investimentos em reforços exigem uma resposta mais consistente em campo, principalmente contra adversários de porte técnico modesto. (Foto: Jorge Luís Totti/Ascom PSC)

Gramado não é culpado pelo mau futebol

Com a autoridade de quase ídolo bicolor, o atacante Rossi soltou os cachorros para cima das condições do gramado da Curuzu. Castigado pelas chuvas recentes, o campo apresenta alguns problemas, mas não a ponto de justificar o mau futebol do time contra o Porto Velho.

Rossi afirmou que é difícil jogar na Curuzu porque o campo está muito pesado. Chegou a sugerir, para resolver a situação, uma solução radical: a troca do gramado, avaliando que apenas ficar sem utilizar o campo não será suficiente para recuperá-lo.

A época do ano é chuvosa, o que normalmente compromete a manutenção dos gramados. Algumas vezes as imperfeições do piso influem na qualidade técnica das partidas, mas nas recentes apresentações o PSC se atrapalhou mesmo foi com a desarrumação e o excesso de erros de passe.

Sem torcida, Leão encara o São Raimundo

O tropeço contra o Capitão Poço ainda repercute entre os azulinos. A atuação confusa, repleta de erros de finalização e com sinais de insegurança defensiva, aumenta a expectativa para o jogo de hoje, às 20h, no Baenão, contra o São Raimundo (RR).

Para cumprimento da punição imposta pelo STJD no ano passado, o Remo joga de portões fechados. Sem o calor da torcida, o visitante deve se sentir mais à vontade, o que aumenta o nível de risco para os azulinos.

Depois das cinco mudanças no time que atuou contra Capitão Poço, o técnico Rodrigo Santana certamente vai mandar a campo um time que reúne os jogadores que apresentaram melhor rendimento nos quatro jogos realizados até o momento.

Marcelo Rangel, poupado na segunda-feira, deve voltar ao gol. A zaga pode ter Alvariño e Lucão, mas Rafael Castro é o provável escalado no lado esquerdo. Nas alas, Marcelinho e Edson Cauã permanecem. Jaderson e Pedro Castro cuidam da meia-cancha. Pavani está suspenso.

As maiores dúvidas se localizam na linha de ataque. Pedro Rocha foi insinuante e participativo durante o tempo em que esteve em campo contra Capitão Poço. O lado ruim é que finalizou muito mal, desperdiçando pelo menos três chances claras de gol. Adailton está na boca de espera.  

O comando da ofensiva está entre Felipe Vizeu e Ytalo. Como principal reforço da temporada, Vizeu certamente será escalado. Na direita, a tendência é que Maxwell entre de cara, embora Dodô não tenha comprometido. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 06)

A frase do dia

“‘Os EUA vão tomar a Faixa de Gaza’, disse Trump, verbalizando a pior declaração já feita por um chefe de estado na história do mundo civilizado. Achei que estava ouvindo Gengis Khan falar”.

Hildegard Angel, jornalista

Mais direto, impossível

Recado da torcida do PSG, em partida do Campeonato Francês, contra as ideias nazifascistas de Donald Trump em relação à Faixa de Gaza.

Trump propõe limpeza étnica em Gaza e confirma velho plano de ocupar o território palestino

Os Estados Unidos planejam “assumir” a Faixa de Gaza e deslocar toda a sua população para outros países. É o que disse o presidente Donald Trump durante entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que sorria. “Os EUA assumirão o controle da Faixa de Gaza e faremos um trabalho lá também”, disse Trump, sem detalhar como isso ocorrerá. “Seremos os donos e responsáveis por desmantelar todas as perigosas bombas não detonadas e outras armas, nivelar o local e nos livrar dos edifícios destruídos”, afirmou, sem descartar o envio de tropas americanas. O republicano, que durante sua ascensão política criticou as longas guerras de seu país no Oriente Médio, disse ver “uma posição de propriedade a longo prazo” e que isso levará estabilidade e orgulho à região. Trump disse ter estudado o assunto de perto “durante muitos meses”. Segundo ele, todos com quem conversou, inclusive líderes do Oriente Médio, “adoram a ideia de os EUA possuírem aquele pedaço de terra, desenvolvendo e criando milhares de empregos com algo que será magnífico”. Pouco antes de receber o israelense, o presidente sugeriu que a população de Gaza se mude para outras nações vizinhas. “Por que eles iriam querer voltar? O lugar tem sido um inferno”, disse, ignorando um repórter que gritou: “Porque é a casa deles”. (CNN)

Trump sugeriu realocar a população palestina — em Gaza são mais de 2 milhões — em “lugares realmente bons e com muito dinheiro”. Disse que queria que a Jordânia e o Egito acolhessem os palestinos, dizendo que os refugiados “não têm alternativa” a não ser deixar Gaza, citando a destruição generalizada que Israel promoveu na região, sem falar diretamente sobre o conflito Israel-Hamas. Jordânia, Egito e Hamas rejeitaram imediatamente as sugestões de enviar palestinos para outros países. (Forbes)

A proposta do republicano surpreendeu o mundo político e dos direitos humanos, provocando condenações veementes. Os críticos argumentam que Trump não está apenas defendendo a limpeza étnica em Gaza, mas também propondo a aquisição de terras pela força, em violação à Carta das Nações Unidas. Abed Ayoub, diretor executivo do Comitê Árabe-Americano Antidiscriminação (ADC), disse que a proposta de Trump é “aterrorizante” e “insana”, mas que seus comentários não devem ser menosprezados. (Al Jazeera)

Porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri disse que os comentários de Trump são “ridículos e absurdos”, acrescentando que qualquer ideia desse tipo é “uma receita para criar caos e tensão na região”. “Nosso povo na Faixa de Gaza não permitirá que esses planos sejam aprovados, e o que é necessário é acabar com a ocupação e a agressão contra nosso povo, não expulsá-lo de suas terras”, acrescentou. (Haaretz)

Também ontem, o presidente americano assinou uma ordem executiva para uma revisão geral do financiamento e envolvimento dos EUA nas Nações Unidas, lançando incertezas sobre o papel de liderança do país como principal doador do organismo global. “Sempre achei que a ONU tem um potencial tremendo”, disse Trump antes da assinatura. “Não está correspondendo a esse potencial agora.” Ele também retirou os EUA do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas e deixou de financiar a agência de ajuda aos palestinos, a UNRWA. (New York Times)

Transcrito do Meio

Alta da inflação de alimentos sob Bolsonaro foi três vezes maior que no governo Lula

No último ano da gestão Bolsonaro a inflação chegou a quase 12%, já na gestão Lula não ultrapassou 4,5%

Os indicadores oficiais de inflação no Brasil mostram que a inscrição do boné usados por deputados apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não faz jus ao registrado em seus quatro anos de governo. De 2019 a 2022 o aumento do preço de alimentos no país superou a média geral da inflação em 3 dos 4 anos e nunca ficou abaixo dos 6%. No último ano sob Bolsonaro, chegou a quase 12%.
Na abertura do ano Legislativo nesta segunda-feira (3), bolsonaristas usaram na Câmara boné com a inscrição “Comida barata novamente. Bolsonaro 2026”. A ação visava explorar a crise da elevação do preço dos alimentos no governo Lula e se contrapor ao uso por governistas de um boné azul com os dizeres “O Brasil é dos brasileiros”.

A chamada “guerra dos bonés” mobilizou ministros e o próprio presidente Lula, que postou foto nas redes sociais usando o adereço, que seria ideia do seu novo ministro da Secretaria de Comunicação, o marqueteiro Sidônio Palmeira.

Após bolsonaristas terem ido ao plenário da Câmara com o boné relativo aos alimentos, o novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), também foi às redes sociais dizer que, para ele, boné serve para proteger a cabeça do sol, não para resolver os problemas do país.

De acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, indicador oficial de inflação do Brasil) e o INPC (o primeiro indicador abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos; o segundo, de 1 a 5 mínimos), o grupo de Alimentos e Bebidas registrou inflação acima de 6% em 2019, enquanto os índices gerais não ultrapassaram 4,5%.

O maior vilão naquele ano foram as carnes.

A inflação de alimentos superou 14,% em 2020, ano da declaração da pandemia mundial de Covid-19 e do início das políticas de isolamento social –o indicador foi puxado, principalmente, pelas altas de arroz, óleo de soja e batata.

Em abril de 2022 o Ministério da Saúde declarou o fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional. A inflação de alimentos e bebidas terminou aquele ano em quase 12% nos dois indicadores, contra 6% da inflação geral. Daquela vez, o que pesou mais foram as altas de cebola, batata e leite longa vida.

“Não tem comparação o governo Bolsonaro com o governo Lula, o governo Bolsonaro enfrentou uma pandemia e o agro segurou o PIB brasileiro”, disse o deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).

Questionado sobre as razões de mesmo antes da pandemia e em 2022 os alimentos terem registrado expressiva alta, afirmou que, em sua visão, foram períodos melhores do que os vistos agora.

Lula teve como mote de campanha a promessa de que as famílias poderiam voltar a comer picanha e tomar uma “cervejinha” nos fins de semana. Em 2023, os preços das carnes registraram queda de janeiro a setembro, mas voltaram a subir a partir de setembro daquele ano.

Apesar disso, o IPCA e o INPC de alimentos e bebidas fecharam o primeiro ano de Lula 3 em 1,03% e 0,33%, respectivamente, bem abaixo dos indicadores gerais da inflação, que ficaram em 3,71% (INPC) e 4,62% (IPCA).

Já 2024 o preço dos alimentos voltou a subir fortemente, em especial carnes, café e leite longa vida, o que empurrou o tema para a mesa presidencial, que cobrou de seus ministros medidas para barateamento dos produtos.

A inflação dos alimentos no segundo ano de Lula 3 superou o primeiro ano de Bolsonaro, que já registrava alta expressiva. O IPCA registrou 7,69% contra 6,37% de 2019. O INPC, 7,6% contra 6,84% do primeiro ano da gestão Bolsonaro.

Como a Folha de S.Paulo mostrou, o patamar elevado dos preços dos alimentos ofusca o impacto do aumento da renda e, assim, trava uma recuperação mais consistente do poder de compra dos brasileiros.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) postou na terça-feira (4) um vídeo vestindo um boné azul com a inscrição “o Brasil é dos brasileiros” e entrou na “batalha dos bonés” travada entre governistas e políticos da oposição. A postagem foi feita um dia depois da sessão do Congresso em que aliados de Lula e oposicionistas utilizaram bonés para passar recados, marcar território e provocar seus adversários.