Parazão em ritmo de definições

POR GERSON NOGUEIRA

Com times mesclados, para poupar atletas em meio à maratona das últimas semanas, a dupla Re-Pa vai para a última rodada da 1ª fase com missões relativamente tranquilas. O PSC recebe o Castanhal no Mangueirão e o Remo encara o Cametá no Parque do Bacurau. Os seis jogos acontecem às 15h30 de domingo e a emoção fica por conta da definição de classificados e rebaixados.

No Papão, que completa domingo 39 dias de atividades ininterruptas – desde 22 de janeiro até 2 de março –, há a necessidade de poupar os jogadores mais utilizados até agora. A última folga ocorreu no dia 21 de janeiro. Ao longo desse período, foram 28 sessões de treinamento, 10 jogos e quatro viagens.

Sob o comando do técnico Luizinho Lopes foram quatro partidas, com dois empates (Manaus, Remo) e duas vitórias (Independente, Manaus), com visível melhoria de rendimento. Mas, para permanecer no processo evolutivo, é necessário preservar peças, o que pode fazer com que os reservas tenham chance diante do Castanhal.

O ataque deve trazer alterações, como a participação de Pedro Delvalle na frente, a entrada de Marlon como meia-atacante e a escalação de Juninho no meio. Titular em todos os jogos, o atacante Rossi pode ser poupado.

A equipe interiorana está invicta, em 4º lugar na classificação com 13 pontos, mostrando atitude vencedora e com atuações satisfatórias dentro e fora de casa. O jogo com o PSC é um teste para o time de Jairo Nascimento, que busca garantir um lugar entre os quatro primeiros colocados.

Líder e consolidado na primeira colocação, o Remo visita o Parque do Bacurau com um time igualmente modificado. Felipe Vizeu, que se lesionou contra o GAS, está descartado e será substituído por Ytalo. Os demais homens de ataque devem ser Dodô e Maxwell (ou Gabriel Martins).

No meio-campo, os titulares Jaderson e Pavani tendem a ser mantidos, mas Pedro Castro deve entrar ao longo da partida. Na defesa, Alvariño pode ser escalado, assim como Reinaldo e Lucão. Alan Rodriguez na ala esquerda. Na direita, Kadu e Marcelinho disputam a vaga.    

Quatro times sob ameaça de rebaixamento

Independente, São Francisco, Santa Rosa e Cametá entram na rodada decisiva com muito a perder. Todos ainda correm risco de rebaixamento à Segunda Divisão paraense. A situação mais delicada é a do Galo Elétrico. Com 5 pontos, precisa derrotar Capitão Poço para escapar à degola, e tem chances de conquistar uma vaga nas quartas de final.

O São Francisco, com 6 pontos, desafia o Santa Rosa, que tem 7 pontos e está em oitavo lugar na classificação. É uma briga que deve proporcionar um jogo emocionante, pois a vitória é o objetivo de ambos.

O Cametá, com 6 pontos e em nono lugar, teme ser rebaixado e sonha com a classificação. O adversário é o Remo, mas a expectativa na cidade é de um grande público para empurrar o Mapará em busca da vitória.

A Tuna, com 8 pontos e na sétima posição, tem a tarefa teoricamente mais tranquila: recebe o rebaixado Caeté no estádio do Souza, buscando melhorar sua colocação – pode alcançar Águia (5º, 11 pontos) e Capitão Poço (6º, 10 pontos).

No estádio Diogão, o Bragantino (3º colocado, 14 pontos) recebe o Águia, buscando alcançar a segunda posição, em caso de tropeço do PSC. Já o combalido Águia busca acima de tudo se recompor da goleada histórica (8 a 0) diante do Fluminense, na Copa do Brasil.  

Bola na Torre

Giuseppe Tommaso comanda a atração, com a participação de Liane Coelho e deste escriba de Baião. Em pauta, os resultados da rodada final da 1ª fase do Parazão. O Bola na Torre começa às 21h30 deste domingo, na RBATV. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.

Botafogo mantém aposta na escola portuguesa

Simpático e animado, Renato Manoel Paiva foi apresentado na sexta-feira, 28, como o novo técnico do Botafogo, encerrando um suspense que já durava quase dois meses. Nesse período, o Alvinegro perdeu duas taças (Supercopa Rei e Recopa Sul-Americana) e foi vexatoriamente eliminado do Campeonato Carioca.

As conquistas que encantaram a torcida em 2024 – Libertadores e Campeonato Brasileiro – foram rapidamente obscurecidas pelas pífias atuações de um time que perdeu jogadores importantes e ainda não encontrou o eixo na nova temporada. Paiva é o 4º português a assumir o time, desde 2023, depois de Luís Castro, Bruno Lage e Artur Jorge.

Renato Paiva tem passagens pelo Benfica, Bahia e Toluca. Foi bem no clube encarnado, mas teve desempenho discreto no Bahia. É um técnico experiente, representante da escola portuguesa, mas a contratação gera uma pergunta óbvia: se era para trazer Paiva, por que John Textor demorou tanto tempo para tomar a decisão? 

(Coluna publicada na edição do Bola de sábado/domingo, 01/02)

Considerações sobre “Um Completo Desconhecido”

Por Isabela Boscov.

60% dos posts sobre ditadura no Instagram citam ‘Ainda Estou Aqui’

Em todas as redes sociais, um quarto (23%) das conversas sobre o regime autoritário no Brasil desde junho de 2024 foi relacionado ao filme finalista do Oscar

A cerimônia do Oscar está chegando e o fenômeno Ainda Estou Aqui tem pautado discussões importantes nas redes sociais. Entre 1º de junho de 2024 e 14 de fevereiro de 2025, 60% de todos os debates no Instagram sobre ditadura militar fizeram alguma referência ao filme finalista em três categorias do prêmio mais importante da indústria cinematográfica. A rede social foi a principal escolha dos usuários na hora de usar o filme em postagens sobre seu pano de fundo político. O levantamento feito pela Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados coletou informações do Instagram, Facebook, TikTok, X e YouTube.

Depois do Instagram, o TikTok é a rede social que mais faz referência à obra na hora de falar sobre ditadura: 58% das 100 publicações mais curtidas sobre o tema nos últimos seis meses abordaram  Ainda Estou Aqui. Juntas, as postagens somaram mais de 14 milhões de interações entre curtidas, compartilhamentos, comentários e publicações salvas. No Facebook, foram 32% das conversas sobre o regime autoritário brasileiro que fizeram referência ao filme. O percentual cai para 9% no X e 7,3% no YouTube.

“O TikTok e o Instagram, redes sociais muito utilizadas pelo público jovem, são as que mais estão usando o sucesso do filme Ainda Estou Aqui para resgatar a memória do período da ditadura no Brasil. Uma época que muitos deles não viveram, mas viram retratada no filme de Walter Salles”.
Marcelo Tokarski, CEO da Nexus

Quando levado em conta os dados agregados das cinco redes sociais analisadas, um quarto (23%) das conversas coletadas sobre a ditadura no país usou o filme de Walter Salles em debates desde junho de 2024.

Instagram e Facebook

No Instagram e no Facebook, as narrativas estabelecidas entre os diferentes publicadores formaram agrupamentos chamados de clusters, onde temas comuns permanecem próximos. Os quatro clusters identificados nas duas redes foram Fernanda, Ditadura, Paiva e Cinema. Ditadura e Paiva, os dois agrupamentos que fazem conexão entre o universo do regime autoritário brasileiro e o filme, são os principais clusters no Facebook. No Instagram, eles ficam atrás apenas das narrativas focadas na atriz Fernanda Torres, que interpreta Eunice Paiva, e lidera os discursos focados no filme e nas premiações.

O agrupamento Ditadura é formado por histórias e depoimentos do período ditatorial no Brasil, resgatados depois do boom de Ainda Estou Aqui. O interesse pelos personagens da ditadura e que envolvem o universo dos personagens do filme fez com o Instagram fomentasse debates em torno da remuneração recebida pelo general José Antônio Nogueira Belham, acusado de ser um dos militares responsáveis pela morte de Rubens Paiva. Nessa mesma linha, a recriação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos pelo presidente Lula, em julho de 2024, também acendeu discussões no Facebook.

Já o cluster Paiva trata do universo da família Rubens Paiva, protagonista do filme. Dentro dessa temática, usuários do Instagram e Facebook engajaram em discussões sobre o andamento dos processos que envolvem a morte de Rubens Paiva na Justiça brasileira. A criação do Prêmio Eunice Paiva de Defesa da Democracia, no dia 8 de janeiro, também gerou discussões entre os publicadores.

TikTok

Parte da trilha sonora de Ainda Estou Aqui, as músicas “É preciso dar um jeito, meu amigo”, de Erasmo Carlos, e “Jesus Cristo”, de Roberto Carlos, marcaram presença em vídeos do TikTok durante o período analisado. Ao todo, 30% dos posts coletados na rede usaram o sucesso de Erasmo e 10% tiveram como trilha sonora a música de Roberto Carlos. Já 19% dos vídeos usaram a hashtag #DitaduraNuncaMais.

A suposta ligação entre parentes de influenciadoras e a cúpula da ditadura também ganhou a atenção dos usuários da rede social. Além disso, uma série de vídeos sobre as principais curiosidades da história de Rubens Paiva compõe os posts mais engajados do TikTok.

X e YouTube

O X e o YouTube foram as redes sociais com menor percentual de posts conectando a ditadura militar com o filme Ainda Estou Aqui. Na rede de Elon Musk, o destaque é para o posicionamento, ou falta dele, de políticos e figuras públicas diante da repercussão do filme de Walter Salles. O sucesso do longa fez ainda com que usuários resgatassem momentos emblemáticos da política brasileira como a cuspida do ex-presidente Jair Bolsonaro no busto de Rubens Paiva.

Já no YouTube, o trailer oficial do filme superou mais de 40 mil curtidas. Além disso, Canais especializados em filmes e na história do Brasil trouxeram análises da obra, destrinchando outras facetas da história da família Paiva e da ditadura. Trechos de entrevistas da atriz Fernanda Torres sobre o regime militar também tiveram alto engajamento.

Performance nas redes

Protagonista do longa, Fernanda Torres ganhou 2,12 milhões de novos seguidores no Instagram somente em janeiro, mês em que conquistou o Globo de Ouro e foi indicada ao prêmio de melhor atriz no Oscar. Até o dia 18/02, data final dessa análise, a atriz tinha 4,4 milhões de seguidores no Instagram, sendo que 54% deles chegaram só em 2025: foram 2,36 milhões de novos seguidores este ano. De junho de 2024 até fevereiro deste ano, o número de seguidores de Torres no Instagram cresceu 535%.

Já no TikTok o perfil da atriz é recente, com primeira publicação em julho de 2024. Até o dia 18/02 Fernanda Torres tinha 382 mil seguidores, 43% deles (163 mil) conquistados somente em janeiro deste ano.

Apesar de ser a atriz de Ainda Estou Aqui com maior ganho percentual de seguidores no Instagram em 2025, Selton Mello é o ator do longa mais seguido na rede, com 5,1 milhões de seguidores. Em janeiro e fevereiro, esse número cresceu 13%. A atriz Pri Helena e o ator Guilherme Silveira cresceram 46% e 41% respectivamente no período.

Ainda Estou Aqui

Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, publicado em 2015, Ainda Estou Aqui narra a prisão e desaparecimento de Rubens Paiva, pai do escritor, pelo regime militar, em 1971. O deputado com mandato cassado em 1964 é uma das principais vítimas da ditadura. O foco do longa-metragem é na história de Eunice Paiva em busca do marido e, mais tarde, pelo reconhecimento pelo Estado brasileiro de sua tortura e morte, declarada oficialmente em 1996.

Metodologia

A Nexus coletou os dados por meio das ferramentas Tagger, Stilingue e Social Blade, de social listening, entre os dias 01/06/2024 e 24/02/2025.

O problema é o câmbio

Fazenda e BC andam em cima de uma corda bamba. As pressões contra Fernando Haddad e Gabriel Galípolo podem ter um custo muito alto.

Por Luis Nassif

A bala de prata para derrubar o governo é a volatilidade do câmbio. Antecipo a conclusão, antes de expor o problema, para que sirva de alerta especialmente para os que trabalham, nesse momento, para enfraquecer o Ministro Fernando Haddad e flexibilizar a política monetária.

Está havendo uma enorme confusão nessa insistência para o Banco Central utilizar instrumentos macroprudenciais para controlar a inflação. Esses instrumentos são, por exemplo, requisitos de capital adicionais dos bancos, limites de exposição ao crédito, políticas de provisões dinâmicas etc.

Todas essas propostas partem do pressuposto que a inflação se deve ao aquecimento da demanda, o chamado hiato do produto. 

Estima-se um PIB potencial –  o nível máximo de produção que uma economia pode sustentar ao longo do tempo, utilizando plenamente seus recursos (como mão de obra, capital e tecnologia) sem gerar pressões inflacionárias. Depois, compara-se com o Produto Real. Se o Hiato do Produto (a diferença) é positiva, julga-se que a economia está aquecida e, portanto, tem que ser contida. E o caminho é o aumento da taxa Selic.

Modelo similar é o Hiato do Crédito – uma medida para saber se a expansão do crédito, não só bancário, mas também via mercado de capitais, está desviando do que seria a tendência. 

Monta-se uma equação como se a inflação pudesse ter uma calibragem fina: se aumentar a Selic em xis, haverá uma queda de y na atividade, trazendo a inflação de volta aos limites fixados pelas metas inflacionárias.

Menciona-se o Adicional Contracíclico de Capital Principal (ACCP), um instrumento que permite conter o crédito dos bancos em período de expansão e liberar em período de escassez.

Só há um engano central: o aumento da Selic não tem nada a ver com o nível de atividade, assim como o aumento da inflação. Na verdade, nem arranha.

Vamos a dois exemplos simples. Primeiro, o custo do financiamento para pessoa física.

  1. A taxa de juros média, nos financiamentos pessoais, está em 150% ao ano, ou 7,93% ao mês.
  2. Se eu adquirir um eletrodoméstico de R$1 mil, em 12 prestações, cada prestação sairá por R$132,19.
  3. Suponha que, com as medidas macroprudenciais, consiga o mesmo efeito de uma alta de 2 pontos percentuais da Selic – ao ano. A taxa anual do financiamento saltará para 152%, ou 8,01% ao mês.
  4. O valor da prestação sairá de R$ 132,19 para R$132,69 – 50 centavos. Alguém vai deixar de comprar?

Agora, o custo do financiamento de capital de giro para uma média empresa.

  1. A taxa de juros média está em 29%, ou 2,14% ao mês
  2. Um financiamento de R$ 100 mil, ao final de 6 meses sairá por R$113.578,00.
  3. Se aumentar em 2 pontos a taxa média, o empresário terá que pagar R$114.255,00, ou 0,77% a mais.
  4. Supondo que o custo financeiro corresponda a 10% do preço final do produto, haverá um aumento de 0,07% no custo de produção.

Basta um pouco de bom senso. É evidente que uma Selic de 2 dígitos desestimula investimento. Mas um aumento adicional de 50 centavos no valor de uma prestação vai desestimular o consumo? Um aumento adicional de menos de 1% no custo de fabricação de um produto vai desestimular a produção? Os consumidores vão deixar de comer mais alface ou mais feijão.

É evidente que não.

Quando fixa a Selic, o Banco Central mira um único alvo: a taxa de câmbio. A inflação brasileira tem uma causa central, além dos problemas ambientais: a volatilidade do câmbio. Aumentando os juros, entram mais dólares, há uma apreciação do real reduzindo os preços dos produtos comercializáveis – importados ou exportáveis.

O câmbio é essencial para o investimento produtivo externo, para as decisões de produção interna ou substituição por importados. Um câmbio estável é ponto central para qualquer tentativa de crescimento.

Há décadas venho apontando essa loucura de uma política monetária cuja variável de ajuste é o câmbio. Mas não dá para escapar da armadilha com voluntarismo.

Ocorre que o sistema de metas inflacionárias tornou-se dominante nas maiores economias. E todas elas se tornaram alvos dos grandes movimentos especulativos do capital.

Tudo é regido pelo chamado “carry trade” – uma estratégia pela qual o investidor toma emprestado em uma moeda, com uma taxa de juros mais baixa, e investe em outra moeda. Quando o investidor considera que o carry de uma moeda é baixo – isto é, está rendendo pouco -, ele tende a sair do ativo. E aí o câmbio explode.

Na grande corrida de dezembro passado, o carry brasileiro estava abaixo do carry do México e da África do Sul. Montou-se uma operação para trocar moedas, tirando investimentos do real e levando para os demais países. E aí o cartel do câmbio deitou e rolou.

O que esse fato ensina? Não adianta um país tomar uma medida de redução do carry, porque o dinheiro irá para outro país. 

A situação brasileira só se acalmou quando a Selic subiu, o carry ultrapassou o do México e África do Sul, e o BC desmontou posições de derivativos com atuações de mercado. Depois, conseguiu gradativamente normalizar o câmbio.

Nenhum país conseguirá sair sozinho dessa armadilha. As reclamações sobre o custo de carregamento do dólar são unânimes, vão do Brasil à África do Sul. Só uma ação articulada das principais economias conseguirá conter o ímpeto do dólar, ainda mais agora, sob a gestão errática de Donald Trump.

É por isso que conversas, com BCs da África do Sul, Índia e outros países, é o primeiro passo para controlar a hidra de Lerna do livre fluxo de capitais.

É importante entender que Fazenda e BC andam em cima de uma corda bamba. As pressões contra Fernando Haddad e Gabriel Galípolo podem ter um custo muito alto.

Se o BC apertar as medidas macroprudenciais, e não cuidar do carry, não segura o câmbio. E se não segurar o câmbio, a inflação vai para o espaço e acabará com qualquer possibilidade eleitoral em 2026.

Além disso, pelas regras do ACCP, a contração de crédito ocorreria só em 12 meses. Ou seja, com a economia sofrendo com a Selic em dois dígitos, viria a trombada do trancamento do crédito. E a inflação continuaria sendo sacudida pelo câmbio.

Rock na madrugada – The Beatles, “I Want You (She’s so heavy)”

POR GERSON NOGUEIRA

Nas viagens sonoras que fiz pelo universo dos Beatles, ali por volta dos 13 anos, mandando comprar os discos em Belém para ouvir na paz do casarão de meu pai-avô em Baião, eu sempre me via embatucado diante desta canção impregnada de sofisticação instrumental. A ênfase maior é na linha de baixo – Paul McCartney faz estragos do início ao fim. Mas não fica nisso. As guitarras duplicadas de George Harrison e John Lennon caminham juntas e, ao mesmo tempo, harmoniosamente separadas. Finalmente, a grandeza da canção se impõe pelos vocais afiadíssimos, marca inconfundível do grupo.

É como se os quatro fabulosos de Liverpool tivessem escolhido “I Want You (she’s so heavy)” para funcionar como uma colcha de retalhos demonstradora dos talentos de cada um. Não é apenas um grande momento dos Beatles, mas a prova definitiva de que o rock’n’roll pode ser genial, épico e atemporal.

O trecho final é arrepiante, unificando por três minutos o som de guitarras, órgão, baixo e bateria em volume crescente, dando a impressão de que poderia durar para sempre. A aula musical completa dura exatos de 7:48 minutos.

Escrita e cantada por John, a “I Want You” foi creditada à dupla Lennon-McCartney e fecha solenemente o Lado A do clássico álbum Abbey Road, de 1969. Billy Preston, que dividia o papel informal de quinto beatle com Eric Clapton, dá uma canja no órgão.

Foi a primeira música gravada para o disco, mas uma das últimas a ficar pronta. A sessão final ocorreu em 20 de agosto de 1969, provavelmente a última vez em que os quatro Beatles entraram nos estúdios da Apple para uma gravação.

Leão joga sério e passa de fase

POR GERSON NOGUEIRA

Com objetividade e bom controle das ações de meio-campo, o Remo se impôs sobre o GAS, ontem à noite, no estádio Canarinho, em Boa Vista-RR, aplicando uma goleada de 4 a 0. A vitória categórica premiou o empenho e a seriedade da equipe paraense, que entrou em campo sob pressão após a atuação ruim no empate com o PSC pelo Parazão. Na 2ª fase da Copa do Brasil, os azulinos terão o Criciúma pela frente.

A classificação foi importante para exorcizar o fantasma de 2024, quando o Remo perdeu para o Porto Velho, de Rondônia. Além disso, já sob o comando de Rodrigo Santana, o Leão foi eliminado pelo S. Raimundo (RR) na abertura da Copa Verde, em Belém.

Nos primeiros movimentos ficou claro que o GAS ia apostar nas saídas rápidas, tentando impor correria. Apesar do domínio do Remo, o time de Emerson Almeida ameaçou com nada menos que quatro bolas na trave de Marcelo Rangel em tiros de média e longa distância.

O primeiro tempo foi vencido pelo Leão por 1 a 0, gol marcado por Jaderson, após uma trama que envolveu desde o ala Kadu, passando por Pavani e chegando a Pedro Rocha na esquerda. O ponta invadiu a área e deu um passe preciso para o camisa 10 desviar para o gol.

Depois do intervalo, o Remo tomou conta do jogo. Aos 10 minutos, em ataque rápido pela direita, Kadu avançou e cruzou na medida para Pedro Rocha, livre na área, finalizar para as redes, sem chances para o goleiro Matheus Melo.

Aos 13’, nasceu o terceiro gol. Após recuperação de bola na intermediária, Jaderson avançou e deu um passe rasteiro para Ytalo na pequena área. O centroavante dominou antes da marcação e chutou forte, fora do alcance do goleiro. 

Quando o GAS ainda batalhava pelo gol de honra, Adailton recebeu pela esquerda e fez uma inversão para Maxwell, que driblou um defensor e mandou no canto da trave de Matheus. Goleada confirmada.

Ainda haveria tempo para uma grande defesa de Marcelo Rangel em pênalti cobrado por Railson, aos 41′. O atacante bateu rasteiro no canto e o goleiro foi na bola e impediu o gol. (Foto: Samara Miranda/Ascom Remo)

Papão supera Manaus com goleada de 4 a 1

O PSC mantém firme o sonho de garantir o pentacampeonato da Copa Verde. Ontem, na Arena da Amazônia, goleou o Manaus por 4 a 1, de forma categórica, classificando-se para a semifinal do torneio. O começo foi movimentado, com Borasi abrindo o marcador em rápido contra-ataque. Aos 14 minutos, já estava 2 a 0: Rossi aproveitou rebote do goleiro e mandou para o fundo do barbante.  

O Manaus reagiu aos 19’. Renanzinho foi derrubado por Quintana. O próprio atacante cobrou e converteu, diminuindo para 2 a 1. A partir daí, a partida ficou equilibrada, com muitas tentativas, mas os erros predominaram nas finalizações.  

Veio a etapa final e o PSC confirmou a superioridade. O time avançou suas linhas, com Pedro Delvalle no lugar de Borasi e passou a pressionar, buscando fazer mais gols. Aos 10 minutos, Rossi levou a melhor sobre a marcação e lançou Delvalle, que tocou para as redes.

Aos 20’, Bryan Borges recebeu o segundo amarelo e foi expulso. Mas, mesmo com um homem a menos, os bicolores continuaram mandando na partida e fecharam a goleada aos 49’, com penalidade sofrida por Cavalleri e convertida por Giovanni. Atuação segura e bem encaixada do PSC.

Na semifinal, o PSC vai encarar o vencedor do confronto entre S. Raimundo-RR e Amazonas, que fazem o jogo de volta nesta quinta. Na ida, o time roraimense venceu por 2 a 0. (Foto: Jorge Luís Totti/Ascom PSC)

Fluminense faz 8 a 0 e passeia no Mangueirão

Foi fácil demais. O Fluminense encontrou facilidades para marcar 8 a 0 sobre o Águia, no estádio Jornalista Edgar Proença, ontem à noite. O placar expôs a superioridade do Tricolor e escancarou a fragilidade técnica do representante paraense, cuja defesa viveu uma noite trágica, sendo envolvida completamente pelas triangulações e infiltrações do adversário.

O primeiro tempo terminou com o placar de 4 a 0. Canobbio abriu o placar, enquanto Cano (2 vezes) e Ignacio balançaram as redes, com extrema facilidade. No 2º tempo, o paraense Paulo Baya, Jhon Arias, Everaldo e Serna fecharam a contagem.

Vitória justa e sem grande esforço. A goleada explicita o domínio absoluto imposto pelo Fluminense. Apesar da diferença de investimentos e de qualidade, assustou a desorganização do Águia, fragilizado também no aspecto psicológico, aceitando a imposição tricolor desde os primeiros minutos.

No fim das contas, um resultado humilhante para o futebol paraense.  

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 27)

Papão goleia Manaus e se classifica para semifinal da Copa Verde

O Papão goleou o Manaus na noite desta quarta-feira (26), na Arena da Amazônia, fazendo 4 a 1. A boa atuação do time paraense garantiu a classificação à semifinal da Copa Verde. Borasi, Rossi, Delvalle e Giovanni (pênalti) marcaram para o PSC, com Renanzinho (pênalti) descontando para o time amazonense.

A partida começou movimentada, com gols logo no começo. O Paysandu abriu o placar logo no Borasi em belo contra-ataque. Instantes depois, o goleiro Gustavo deu rebote e Rossi fez 2 a 0. O Manaus marcou aos 19′. Renanzinho foi derrubado por Quintana e o árbitro marcou pênalti. Na cobrança, o próprio Renanzinho fez o gol do Manaus.

No segundo tempo, com modificações no time – Borasi foi substituído por Delvalle e Giovanni entrou no lugar de Marlon -, o Papão pressionou a defensiva do Manaus e marcou mais dois gols, com Delvalle e Giovanni, cobrando pênalti.

O Re-Pa e suas consequências

POR GERSON NOGUEIRA

Quando Remo e PSC entrarem em campo hoje, disputando em Boa Vista e Manaus partidas decisivas pela Copa do Brasil e Copa Verde, respectivamente, o Re-Pa de domingo cumprirá seu prolongamento natural. Sim, o clássico ainda não terminou, pelo menos quanto às consequências que pode ter na rodada eliminatória desta noite.

Contra o GAS, em Boa Vista (RR), às 20h30, o Leão terá que conquistar a vitória para seguir na Copa do Brasil e garantir a bonificação de R$ 1,5 milhão, mas carrega um retrospecto recente apavorante. Perdeu para o Porto Velho (RO), em 2024, revés que derrubou o técnico Ricardo Catalá.

Neste ano, em disputa com outra equipe roraimense, o São Raimundo, os azulinos foram eliminados na primeira rodada da Copa Verde, dentro do Baenão. O vexame foi atenuado pela boa campanha no Parazão, mas será imediatamente lembrado em caso de um novo tropeço.

Para agravar as coisas, a atuação no clássico frustrou a torcida azulina, que compareceu em peso ao Mangueirão. Mais do que recriminar desempenhos individuais sofríveis, o torcedor saiu criticando o técnico Rodrigo Santana, apontado como o grande responsável pela fraca performance.

O empate sofrido no minuto final agravou as coisas, deixando um gosto amargo entre os azulinos. Os mais ingênuos podem pensar que o Re-Pa não valia nada em termos de classificação. Ocorre que o clássico sempre vale muito. A história e a rivalidade entram em campo, tornando o jogo naturalmente decisivo.

A jornada de domingo deve ter consequências, boas ou ruins, na postura do Remo. O efeito positivo é que, cientes da irritação da torcida, técnico e jogadores devem redobrar esforços para superar o imprevisível GAS. Afinal, a classificação é vista como obrigatória, dada a diferença de forças e investimentos entre os dois times.  

Um insucesso pode ter o mesmo desdobramento visto no ano passado, com mudanças radicais no comando e no elenco para o resto da temporada.

Na capital amazonense, o PSC enfrenta o Manaus, precisando vencer para chegar à semifinal da Copa Verde. O jogo em Belém terminou empatado em 0 a 0, com atuação decepcionante dos bicolores.

Por força do empate arrancado no Re-Pa, com atuação razoável, principalmente quanto à marcação, o Papão tende a mostrar outra disposição no confronto desta noite. Será a quarta partida sob o comando de Luizinho Lopes, que estreou justamente diante do Manaus, na Curuzu.

O time ainda carece de mais organização, mas exibiu evolução diante do Remo, o que abre uma expectativa positiva. Mas, apesar de não enfrentar a mesma pressão que recai sobre Rodrigo Santana, Luizinho também não pode correr riscos de uma desclassificação precoce.

Afinal, o PSC é o time mais tradicional, disputa a Série B, tem ambições de brigar pelo acesso à Série A e investe alto em reforços – aliás, acaba de anunciar um novo reforço: o centroavante paraguaio Jorge Benítez. (Foto: Irene Almeida/DIÁRIO)

Águia tem desafio contra Flu em reconstrução

O favoritismo, se é que pode ser considerado, pertence ao Fluminense, campeão da Libertadores-2023 e time de Série A. Com jogadores de primeira linha, como Germán Cano e John Árias, o Tricolor joga em Belém hoje à noite (19h30), buscando consolidar um projeto de reconstrução, depois da má campanha no Brasileiro de 2024, quando chegou a ficar ameaçado de rebaixamento.

O Águia faz campanha apenas razoável no Campeonato Paraense, mas tem um histórico interessante na Copa do Brasil. No ano passado, eliminou o Coritiba, jogando em Marabá. Sob o comando de Sílvio Criciúma, a equipe busca vencer no tempo normal ou conquistar a vaga (e a premiação de R$ 1 milhão) na disputa de pênaltis.

É um confronto tecnicamente valorizado pelo excelente gramado do estádio Jornalista Edgar Proença. O público deve superar a faixa de 25 mil pagantes, visto o interesse despertado entre a grande torcida do Fluminense em Belém e o público sempre fiel ao Águia.  

Programa Bolsa Atleta bate recorde histórico

Mais um importante marco para o esporte brasileiro. Mais de 10 mil atletas se inscreveram no programa federal Bolsa Atleta, concedido pelo Ministério do Esporte. O prazo para inscrições foi encerrado na noite de segunda-feira (24), com um aumento de 38,56% em relação a 2022, quando o programa teve 7.236 inscritos, passando agora para 10.027.

O crescimento expressivo em todas as categorias do maior programa de patrocínio individual aos atletas do mundo reflete o fortalecimento do setor esportivo na gestão do presidente Lula, que impulsiona políticas públicas, como o próprio reajuste do Bolsa Atleta em 2024, após 14 anos.

O maior salto foi registrado na categoria Atleta Estudantil, que cresceu 210,28% no período. Em 2022, apenas 282 jovens estavam inscritos, contra 875 neste ano. Entre os atletas de base o crescimento foi de 39,94%.

A categoria Atleta Nacional também apresentou um aumento significativo – de 5.065 inscritos em 2022, saltou para 6.813 em 2025. Os atletas olímpicos, paralímpicos e surdolímpicos registraram uma evolução expressiva de 80,52%, indo de 267 para 482 inscritos. Na categoria de atletas internacionais, houve um crescimento de 58,92%. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 26)

A frase do dia

“Se um norte-americano fosse a outro país conspirar contra os EUA seria preso ao voltar para casa. Por traição. Pois Eduardo Bolsonaro, nos states, faz exatamente isso. Contra o Brasil”.

Lula Falcão, jornalista

Bolsa Atleta 2025 quebra recorde histórico com mais de 10 mil inscritos

O Bolsa Atleta registrou mais um marco para o esporte brasileiro. Mais de 10 mil atletas se inscreveram no programa do governo federal, concedido pelo Ministério do Esporte. O prazo para inscrições foi encerrado na noite desta segunda-feira (24). Esse recorde representa um aumento de 38,56% em relação a 2022, quando o programa contava com 7.236 inscritos, passando para 10.027 registros em 2025.

O crescimento expressivo em todas as categorias do maior programa de patrocínio individual aos atletas do mundo reflete o fortalecimento do setor esportivo na gestão do presidente Lula, que vem impulsionando políticas públicas, como o próprio reajuste do Bolsa Atleta realizado em 2024, após 14 anos, incentivos ao esporte e maior adesão de jovens e atletas de alto rendimento ao programa.

“O aumento expressivo do número de inscrições reflete uma nova fase para o esporte brasileiro. Eles mostram não apenas o fortalecimento do Bolsa Atleta, mas também o impacto positivo que ele tem na vida de milhares de esportistas do nosso país”, disse o ministro do Esporte André Fufuca.

Investimentos no esporte de base
O maior salto foi registrado na categoria Atleta Estudantil, que teve um aumento impressionante de 210,28% no período. Em 2022, apenas 282 jovens estavam inscritos, enquanto em 2025 esse número saltou para 875. Entre os atletas de base o crescimento foi de 39,94%.

Para Fufuca, os dados demonstram os investimentos feitos pelo governo federal na formação de novos esportistas. “É um esforço contínuo para garantir que nossos talentos tenham condições de competir no mais alto nível, por meio do Bolsa Atleta, da LIE, do Revelar Talentos, entre outros. Estamos no caminho certo para nos consolidar como uma potência esportiva”, completou o ministro.

A secretaria de Excelência Esportiva, Iziane Marques, ressalta que as políticas públicas voltadas para o esporte, como os projetos sociais impulsionados pela Lei de Incentivo ao Esporte e por fomento do MEsp contribuem de maneira significativa para o crescimento de atletas inscritos nas categorias Estudantil e de Base. “Esse crescimento mostra que a cadeia esportiva está funcionando, todo fomento em crianças e adolescentes, ampliando o acesso deles ao esporte, seja por projetos sociais ou pelos clubes, são mais possibilidades de se formar atletas. Então o crescimento da base mostra de fato que o trabalho está sendo feito e neste edital tivemos um crescimento significativo”, enfatiza.

A categoria Atleta Nacional, que engloba esportistas que disputam competições no país, também apresentou um aumento significativo. De 5.065 inscritos em 2022, o número chegou a 6.813 em 2025, um crescimento de 34,52%.

Além disso, os Atletas Olímpicos, Paralímpicos e Surdolímpicos também registraram uma evolução expressiva de 80,52%, passando de 267 para 482 inscritos. Na categoria de atletas internacionais, que competem fora do Brasil, houve um crescimento de 58,92% desde 2022.

Programa
Criado em 2005, na primeira gestão do presidente Lula, o programa tem por objetivo que os bolsistas de alto desempenho se dediquem, com exclusividade e tranquilidade, ao treinamento e a competições locais, sul-americanas, pan-americanas, mundiais, olímpicas e paralímpicas. Os repasses mensais variam de R$410 (base) a R$16 mil para atletas da categoria Pódio. 

(Assessoria de Comunicação – Ministério do Esporte)

A bola pune, a bola pune…

Por Antonio Valentim

O treineiro disse bem sobre o rival, que entendia o que era Re-Pa, por isso entrou focado no jogo. Sete jogadores experientes para jogar o maior clássico do mundo. Sendo assim, por que colocou um novato – o Alan Rodriguez – na fogueira? E o pior: não o sacou do time no intervalo?

Ah se não fosse o excelente Marcelo Rangel!

Deveria ter lançado o Adailton desde o início do segundo tempo. Saudades do tempo em que a torcida, enxergando a realidade, exigia mudanças no time em vez de ficar fazendo mosaicos e outras firulas inúteis.

(Antonio Valentim – do sudoeste do Paraná)

Empate com sabor de vitória

POR GERSON NOGUEIRA

O futebol tem caprichos fascinantes. Por vias acidentais, um dos mais questionados jogadores do PSC na temporada saiu do Mangueirão como herói. Giovanni deu o chute que resultou no empate com sabor de vitória, obtido já nos acréscimos. O Remo havia feito 1 a 0 e parecia ter o jogo sob controle, mas Re-Pa sempre pode ser surpreendente.

Na primeira etapa, o PSC começou mais ajustado, mas o Remo levou mais perigo em chutes de Dodô e Kadu, aos 6 e 8 minutos. Pedro Rocha teve boa chance aos 11’, mas furou na hora de finalizar. O equilíbrio foi retomado pelos bicolores, mais ajustados nas ações de meio-campo.

O Remo exagerava nos erros, principalmente com Pavani, que insistia em sair driblando à frente da grande área. Houve um princípio de escaramuça aos 30 minutos, envolvendo Pavani, Nicolas e Marcelo Rangel, todos amarelados pelo árbitro.

Nos instantes finais, dois bons ataques. Nicolas cabeceou com perigo, aos 37’. O Remo chegou trocando passes, aos 40’, mas, no momento de definir, Alan Rodriguez furou na pequena área.

Pelo que foi apresentado até ali, a melhor lembrança do clássico era o bonito espetáculo dos mosaicos nas arquibancadas. Um desafio de criatividade que encantou o público que lotava o Mangueirão.

O jogo recomeçou e as chances foram aparecendo. Matheus Vargas acertou um chute forte e colocado, que Marcelo Rangel espalmou para escanteio. Instantes depois, Borasi cruzou na área e Rossi chegou chutando no canto esquerdo. Rangel estava lá novamente, evitando o gol.

A reação azulina começou com a entrada de Adailton, que deu duas arrancadas e incendiou o jogo. Aos 19’. Sávio cruzou na área e a bola resvalou no travessão, assustando o goleiro Matheus Nogueira. Aos 31’, Jaderson encontrou espaço na zaga bicolor e lançou Felipe Vizeu. O goleiro chegou atrasado e derrubou o centroavante.

Na cobrança, Adailton mandou um chute forte, aos 34’, alcançando a liderança na artilharia, com 4 gols. O triunfo azulino parecia encaminhado. O Remo estava melhor, atacava mais e a torcida fazia festa. De repente, aproveitando o recuo excessivo da marcação azulina, o PSC avançou e começou a botar pressão. Não criava chances claras, mas incomodava.

Até que, aos 49’, já com Juninho e Giovanni ajudando na articulação, surgiu o empate. Giovanni resolveu arriscar da entrada da área e a bola entrou, após desviar no peito de Rafael Castro.

Resultado justo para um jogo que entregou emoção apenas no final.

Luizinho acertou na busca de compactação

Na terceira apresentação sob o comando de Luizinho Lopes, o PSC entrou com uma alteração no meio. Leandro Vilela e Matheus Vargas continuaram na marcação e Marlon entrou para estabelecer a conexão com o ataque. Não funcionou no aspecto ofensivo, mas deu mais compactação ao setor, que em boa parte do jogo foi superior ao do adversário.

Algumas escapadas com Marlon pela área central ajudaram o time a ir à frente pelos lados, principalmente com Bryan e Rossi na direita. Quando Marlon se aproximava de ambos, as jogadas fluíam bem e o PSC levava incômodo à última linha do Remo.

Apesar disso, o time continuou com em crise ofensiva, pois Nicolas e Borasi participavam menos do que poderiam. As chances surgiram na reta final do 1º tempo, em bolas cruzadas na área, embora sem maior perigo.

Depois do intervalo, Matheus Vargas passou a ocupar a intermediária do Remo e teve duas boas oportunidades. Marlon corria entre as linhas azulinas, buscando abrir espaço para os laterais e auxiliando Rossi, o atacante que mais recuava para buscar jogo.

Antes do gol do Remo, o PSC teve um predomínio de quase 15 minutos. Quando Adailton e Pedro Castro entraram, o jogo mudou e a marcação bicolor entrou em pane, permitindo seguidos ataques do Remo. Foi nesse período, entre os 30 e 40 minutos, que os azulinos prevaleceram.

No prejuízo, Luizinho criou coragem para lançar Juninho e Giovanni. Deu sorte. Mesmo em lance fortuito, o empate veio e a torcida saiu feliz.

Erro na escalação e recuo excessivo no final 

A entrada do paraguaio Alan Rodriguez foi precipitada. O rendimento do jovem lateral no 1º tempo foi errático, comprometendo todas as movimentações no lado esquerdo. Nervoso, não acertava passes e perdeu uma grande chance após cruzamento de Dodô.

Pior foi a demora em substituir Alan, que só saiu do jogo aos 30 minutos do 2º tempo, para a entrada de Marcelinho. O time se reconfigurou e, com a vibração despertada pelas arrancadas de Adailton, chegou a dominar a partida depois dos 25 minutos.

Ocorre que logo depois do gol (de pênalti), aos 34’, o Remo resolveu baixar as linhas, esperando o PSC em seu campo. Esse movimento não incluía a recuperação da bola para explorar contra-ataques. A zaga só rebatia bolas e entregava sempre os rebotes.

O empate no final soou como castigo, mas nasceu em consequência do espaço que o próprio Remo concedeu. A atuação expôs desajustes, dificuldades na criação e muitos erros de Pavani na condução do jogo. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 24)