Parazão tem 1º grande destaque

POR GERSON NOGUEIRA

O lateral-direito Kadu foi o principal nome da estreia do Remo no Campeonato Paraense, no sábado (18), com goleada de 5 a 0 sobre o São Francisco no Mangueirão. Completamente à vontade, jogou tão bem que suscitou comparações até com um antigo ídolo azulino: Rosemiro, que defendeu o clube nos anos 70 e depois se transferiu para o Palmeiras.

A estreia no time titular do Leão representou para Kadu um rito repleto de emoção e ansiedade, mas ele resistiu bem a toda a pressão. Diante de 26 mil torcedores, jogou do mesmo jeito que costuma fazer nos treinos. Foi o primeiro ato concreto de um sonho antigo.

As primeiras jogadas ocorreram justamente pelo lado direito do ataque azulino, puxadas por Kadu, que procurou investir sobre a marcação adversária para tentar finalizações e fazer tabelas com os companheiros.

Fez um cruzamento perfeito para Maxwell logo aos 8 minutos, mas o atacante chegou atrasado. Seguiu atacando em velocidade e funcionando como um ponto de referência pelo lado direito. Os elogios do técnico Rodrigo Santana na fase de treinamentos não foram em vão.

Aos 19 anos, com bom porte físico, Kadu tem o caminho livre para evoluir na carreira, materializando planos que dividia com os companheiros de base azulina desde que era um garoto ainda.

Ao deixar o campo, aos 35 minutos do 2º tempo, já tinha participado do lance do segundo gol em tabela caprichada com Ytalo e assistência perfeita para Dodô e recebido os cumprimentos dos companheiros. Melhor ainda: os aplausos da torcida coroaram a grande apresentação.   

A comparação com Rosemiro ainda é prematura, pois Kadu precisará se consolidar, mas as histórias de ambos têm muitos pontos convergentes, principalmente quanto ao talento natural para o jogo ofensivo. (Foto: Samara Miranda/Ascom Remo)

Supercopa atrai torcedores até de outros Estados

Atração de abertura do calendário brasileiro do futebol, a Supercopa Rei será disputada por Botafogo e Flamengo, no próximo dia 2 de fevereiro, no estádio Jornalista Edgar Proença (Mangueirão), atraindo o interesse de torcedores da capital que mais ama futebol no Norte do Brasil e também de Estados vizinhos. O jogo deve ter mais de 40 mil pagantes.

Nas redes sociais, caravanas são organizadas por torcedores do Amapá, Amazonas e Maranhão, adeptos dos dois tradicionais clubes, que nos próximos dias desembarcam em Belém para acompanhar de perto a primeira competição da temporada.

É preciso ressaltar que a grande expectativa pelo clássico não arrefece o impacto dos preços no bolso do torcedor, a começar pelo valor das vagas de estacionamento (R$ 70,00 para carros e R$ 40,00 para motos). Os preços das cadeiras vão de R$ 180,00 a R$ 560,00, dependendo dos setores do estádio.

A bem da verdade, não há surpresa. A CBF manteve a tradição de carregar nos preços de suas competições. O processo de gourmetização do futebol no Brasil começa justamente pela inflação nos preços, que afugenta o torcedor-raiz dos espetáculos mais importantes.

A venda dos ingressos foi dividida em etapas e começou na segunda-feira, 20. Até ontem, os ingressos eram destinados a sócios-torcedores de Botafogo e Flamengo. A partir de hoje, começa a venda para o público em geral, tanto on-line quanto em pontos físicos em Belém.

Apesar dos preços salgados, os bilhetes devem se esgotar num tapa, como se dizia antigamente. Afinal, não é todo dia que se pode ver em Belém um confronto valendo taça entre Botafogo e Flamengo.

Maior programa de patrocínio esportivo faz 20 anos

A mais nova campanha do Bolsa Atleta comemora os 20 anos de um dos maiores programas de patrocínio esportivo do mundo, destacando o conceito “Você nasceu para vencer, o Bolsa Atleta nasceu para você” e a importância do auxílio para o esporte brasileiro.

Com atletas olímpicos e paralímpicos como Vinicius Rodrigues (atletismo paralímpico), Tamires Dias (futebol feminino), Giullia Penalber (wrestling), Eduardo Silva, o “Feijão” (basquete em cadeira de rodas), Jerusa Geber (atletismo paralímpico) e seu guia Gabriel, a campanha celebra a diversidade e a determinação dos atletas brasileiros.

A campanha também convida novos talentos a se inscreverem no programa, alimentando o sonho de representar o Brasil e conquistar medalhas em competições nacionais e internacionais.

Em 2023, o Bolsa Atleta contemplou 8.292 atletas, sendo 7.887 distribuídos entre as categorias olímpica/paralímpica, internacional, nacional, de base e estudantil. Esse apoio foi essencial para o desempenho histórico do Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023, onde o país conquistou 205 medalhas e ficou com o 2º lugar.

Dentre os atletas da delegação, 89,75% eram bolsistas do programa, com destaque especial para as mulheres, que superaram os homens no número total de medalhas pela primeira vez.

Nos Jogos Olímpicos de Paris, 100% dos medalhistas brasileiros já haviam se beneficiado do programa. Desde que foi criado, no primeiro governo Lula, foram concedidas 105 mil bolsas, beneficiando mais de 37 milhões de atletas.

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 22)

A saudação nazista de Musk

Tradução da manchete do jornal alemão Zeit: “Uma saudação nazista é uma saudação nazista, é uma saudação nazista.”

A dança única de Jules Feiffer

Ninguém bailou entre talentos com tanta elegância – e coração

Por André Forastieri

“As histórias da arte gráfica, literatura, filme e teatro exibem a marca de sua caneta, sempre reconhecível, sempre imprevisível.”

Quantas pessoas podem ser descritas com esta frase? Difícil pensar em alguém que não Jules Feiffer.

Está no obituário da National Public Radio. A autora é a especialista em HQ da NPR, Etelka Lehoczy. Justo. Foi na HQ e cartum que Feiffer burilou seu traço, estilo, encanto.

Aos 17 anos, começou pau pra toda obra no estúdio de Will Eisner, lenda que batiza o maior prêmio da HQ americana. Depois assumiu seu “Spirit”.

A partir de 1956, Feiffer tornou-se indissociável do recém nascido “Village Voice”, semanário central na cultura americana e global por cinco décadas.

Depois ficou famoso de verdade, com uma tira licenciada para centenas de jornais mundo afora. Rabiscos elegantes e expressivos, palavras ao ponto, sátiras sensíveis, personagens memoráveis – a “bailarina” é a favorita de muita gente.

Depois vieram as peças, os filmes, os prêmios a roldão. Sua influência foi enorme. A corda-bamba entre senso de absurdo, mordacidade e humanismo são reconhecíveis no melhor Woody Allen, outro judeu novaiorquino nascido na Depressão, para citar um só.

Os livros são muitos, para adultos e depois, crianças. Você pode comprar alguns por preço bom e encantar leitores de todas as idades, aqui mesmo.

Meu favorito é o livro que gentilmente me vendeu o camarada Marcelo Alencar, “Feiffer´s Album”, edição de 1963. Porque é balé entre seus variados talentos: mistura mini-peças, livro ilustrado, fábula, tira, cartum.

Pra quem vai começar, não tem erro “O Homem No Teto” e “Pequenos Assassinatos”. Você gibizeiro das antigas será feliz com “The Great Comic Book Heroes”, um dos primeiros e melhores livros a tratar super-heróis a sério.

Pfeiffer correu riscos criativos até o fim. Aos 85 anos, lançou sua primeira graphic novel, “Mate Minha Mãe”, noir e divertida.

O filme que todo mundo precisa assistir, e é a cara da sua época e de Feiffer, é “Carnal Knowledge”, aqui “Ânsia de Amar”, de 1971. Escrito por ele e dirigido por outro batuta da mesma turma e geração, e sensibilidade similar, Mike Nichols.

Pioneiro em tratar com franqueza o macho que só gosta de mulher para trepar e exibir, o filme arrisca ser ainda mais relevante em 2025 que na estreia, quando fez um barulho danado. Com Jack Nicholson, Ann Margret, Art Garfunkel e Candice Bergen.

A maior parte da sua obra está indisponível em português. Mesmo em inglês, muitos dos principais livros estão fora de catálogo. Só colecionador de bolsos fundos para adquirir o principal de seu trabalho.

A perda é do leitor contemporâneo. Mas bailemos, bailemos com Jules, nós que o amamos… Quem sabe voltará à moda no futuro, se e quando a delicadeza voltar a ser qualidade.