Reforços pedem passagem no Leão

POR GERSON NOGUEIRA

Torna-se quase obrigatória a entrada dos principais reforços contratados pelo Remo para a temporada. No jogo de segunda-feira (3) contra Capitão Poço, é provável que o ataque sofra pelo menos duas alterações: Felipe Vizeu no comando e Pedro Rocha pelo lado esquerdo. As mudanças devem se estender à defesa, onde o argentino Ivan Alvariño pode entrar.

O técnico Rodrigo Santana defende o critério de aproveitamento dos jogadores que estão em melhor condição física. É justo. Atletas que se apresentaram a partir de janeiro têm entrado no decorrer dos jogos, enquanto os que iniciaram a preparação em dezembro são escalados como titulares desde a estreia contra o São Francisco.

As últimas apresentações, contra o Caeté e o Águia, fora de Belém, mostraram uma evolução dos jogadores que chegaram por último. Pedro Rocha, Felipe Vizeu (foto) e Adailton foram responsáveis diretos com gols e jogadas pela reação vitoriosa da equipe em Augusto Corrêa e Marabá.

Apesar de boa presença de Dodô, os demais titulares não têm atuado no mesmo nível. Ytalo e Maxwell só renderam bem na estreia, depois caíram de rendimento. Como é apenas o começo do trabalho, as oscilações são naturais e devem ser compreendidas.

No meio-de-campo, por exemplo, é urgente devolver espaço e liberdade a Jaderson, que gosta de atuar entre uma intermediária e outra, apoiando e atacando quando necessário. Nas duas últimas partidas, ele ficou zanzando entre o lado esquerdo e o meio, quase sem função.

É um jogador tecnicamente precioso para ser desperdiçado e excluído do modelo de jogo que o Remo pratica. A linha defensiva deve ganhar qualidade de passe e antecipação com Alvariño, mas a ala direita terá que ser turbinada. Kadu tem mais força ofensiva do que Marcelinho.

Tudo, no fim das contas, é questão de ajuste às necessidades do time.

(Foto: Samara Miranda/Ascom Remo)

Mangueirão vai receber mais de 45 mil torcedores

Até a quinta-feira (30) cerca de 40 mil ingressos já tinham sido vendidos para a final da Supercopa Rei em Belém, entre Botafogo e Flamengo, no próximo domingo (2). O jogo, marcado para o Estádio Estadual Jornalista Edgar Proença, começará às 16h, logo depois de um show da cantora Joelma. Esta é a 8ª edição do torneio que abre o calendário do futebol brasileiro e público previsto é superior a 45 mil espectadores.

Segundo informações do site de vendas oficial, o Bilheteria Digital, um lote extra foi disponibilizado para a torcida do Flamengo é o Leste A, tanto para arquibancada quanto para cadeira inferior, com valores de R$ 360,00 e R$ 560,00, respectivamente, mais taxa de serviço.

A organização também abriu a venda de ingressos com open bar e food para os restaurantes do estádio. Os bilhetes são individuais, salgados e concorridos: custam R$ 1.200,00 com taxa de R$ 180,00.

Quintana está longe de ser o vilão da zaga bicolor

As falhas apresentadas pela defesa do PSC nas primeiras rodadas do Parazão têm sido atribuídas a um nome apenas: o zagueiro Quintana, remanescente da Série B 2024. Com 10 gols marcados e quatro gols sofridos em três rodadas, o time passou a sofrer cobranças da torcida.

Os erros de Quintana diante do Capitão Poço e da Tuna acabaram por concentrar as queixas, tornando o defensor uma espécie de vilão neste início de temporada. Mas, apesar das atuações pouco inspiradas, Quintana não é o único responsável pelos problemas da zaga.  

O ponto de desequilíbrio talvez esteja nas falhas de marcação à frente da linha de zagueiros. Nos três jogos do PSC, o comportamento dos volantes Leandro Vilela e Matheus Vargas ficaram abaixo do esperado, fato agravado pela baixa performance do meia Giovanni.

O fato é que a pré-temporada bicolor ainda está em andamento, o que permite entender as deficiências que o time ainda apresenta.  

Com SAFs e Neymar, Brasil rivaliza com potências do futebol  

Duas SAFs estão entre as agremiações que pagam os maiores salários do futebol brasileiro. O top 5 foi definido a partir de dados divulgados na mídia esportiva. O Santos lidera a lista com a contratação de Neymar, com salário estimado em inacreditáveis R$ 6 milhões mensais.

Em segundo lugar, está o endividado Corinthians, que mantém – não se sabe como – o holandês Memphis Depay a um custo mensal de R$ 3 milhões, mais algumas mordomias dignas de super astro de rock.

O terceiro posto é da SAF Cruzeiro, que paga a Gabriel Barbosa um salário de R$ 2,4 milhões. No Flamengo, Gabigol recebia algo em torno de R$ 2 milhões. O clube carioca não se interessou em renovar contrato com ele e aproveitou para se livrar desse encargo monumental.

O meia Oscar, recentemente repatriado pelo S. Paulo, é o 4º maior salário do futebol brasileiro. Autor do único gol da Seleção na humilhação histórica dos 7 a 1 diante da Alemanha, Oscar ficou milionário na China. Vai ficar ainda mais rico com os R$ 2,3 milhões que ganha no Morumbis.

Por fim, fechando a régua, aparecem Paulinho, que trocou o Atlético-MG pelo Palmeiras para ganhar R$ 2 milhões, e o veterano Everton Ribeiro, que ganha o mesmo valor como atleta mais caro da SAF Bahia.

É um novo cenário que se impõe no futebol brasileiro: um grupo seleto de clubes tenta competir com potências do exterior. Até quando? 

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 31)

Rock na madrugada – Marianne Faithfull, “It’s All Over Now Baby Blue”

A história de amor, traições e conflitos entre Marianne Faithfull e os Stones influenciou algumas das grandes canções da banda, contribuindo também para definir a estética do Swinging London, segundo a revista Rolling Stone. A morte da cantora e atriz inglesa, aos 78 anos, anunciada nesta quinta-feira (30) reabre o interesse pela sua obra e pelo relacionamento nem sempre ameno com a dupla Jagger-Richards.

A carreira de Marianne não se resume à ligação com os Stones. Além de trabalhar em A Garota da Motocicleta (1968), protagonizou a adaptação cinematográfica de Hamlet, de William Shakespeare, dirigida por Tony Richardson. No filme, onde interpretou Ofélia, contracena com Anthony Hopkins e Nicol Williamson.

Faithfull despontou como cantora em 1964 ao lançar ‘As Tears Go By’, canção composta por Jagger, Richards e Andrew Loog Oldham especialmente para ela. Fez muito sucesso, atingindo o Top 10 das paradas britânicas e irlandesas. Um pouco mais tarde, os Rolling Stones gravaram a versão da faixa. Dois anos depois, começou um relacionamento com Mick Jagger, marcando o início de um dos romances mais emblemáticos da cultura pop dos anos 1960.

Passaram 4 anos juntos, período em que ela inspirou ou influenciou canções icônicas do grupo. “Sympathy for the Devil”, de 1968, foi baseada no livro O Mestre e Margarida, que ela deu de presente a Mick. “You Can’t Always Get What You Want” também teria sido inspirada nela, bem como “Wild Horses”, quando sugeriu ao então namorado o verso “Cavalos selvagens não conseguiriam me arrastar para longe”. “Sister Morphine” foi co-escrita por Marianne, embora só tenha recebido o devido crédito nos anos 90.

Em 1967, o casal viveu um dos escândalos mais ruidosos da época: a batida policial na casa de Keith Richards, em Sussex. Os tabloides londrinos exploraram a história, mas o prejuízo à sua imagem pessoal não comprometeu a relação com os Stones. Viajou ao Brasil com Jagger e Richards um ano depois, hospedando-se num sítio do interior de S. Paulo.

A ruptura definitiva ocorreu em 1970, após um aborto espontâneo. O trauma, associado ao desgaste emocional e ao envolvimento com drogas, causou um severo quadro depressivo. A virada profissional veio no final da década, quando lançou “Broken English” (1979), um álbum aclamado pela crítica, mas só fez as pazes com Jagger em 2007.

Dona de voz singular, que se adaptou muito bem ao rock melancólico e de raiz literária, Marianne construiu uma carreira musical respeitável, o que inclui o álbum Rich Kid Blues, de 1985, onde interpreta magistralmente “It’s All over Now Baby Blue(Está tudo acabado agora, Baby Blue), um clássico de Bob Dylan.

Leão triunfa com gol no final

POR GERSON NOGUEIRA

Tudo fazia crer que a partida caminhava para um frustrante 0 a 0. Aí, nos acréscimos, Alvariño tocou para Felipe Vizeu, que arrancou e deu o passe perfeito para Adailton finalizar rasteiro para balançar as redes de Axel Lopes. Um gol bonito pela construção perfeita, com antevisão e execução precisa. A vitória mantém o Remo na ponta da tabela, com campanha 100% – 10 gols marcados e nenhum sofrido.

Cabe dizer que o jogo tinha até então a marca do tédio absoluto. Apenas duas jogadas chamaram atenção do torcedor. Um chute de Kukri na trave esquerda de Marcelo Rangel aos 3 minutos do 1º tempo e uma tentativa de Pavani em jogada insinuante pela esquerda, que forçou Axel a espalmar para escanteio.  

Em rara incursão pela área remista, Germano cruzou em direção à área, mas Marcelo Rangel agarrou antes de Jonata se aproximar. O Remo tinha problemas para sair jogando. Jaderson, que começou no ataque, voltou para o meio, mas o time cadenciava muito o ritmo com Pedro Castro e Pavani.

A partida se desenrolava com lentidão excessiva, com baixa intensidade e tentativas confusas de parte a parte. Lucas Silva, um dos bons valores do Águia, experimentou de fora da área aos 21 minutos. Marcelo Rangel defendeu bem.

Aos 40, o Azulão teve uma boa chance, mas não aproveitou. Jonata invadiu com a bola, abriu espaço, mas tentou cruzar e a bola bateu na zaga. Na sequência, Jeffinho chutou e foi travado.

No segundo período, o Remo reforçou o ataque com Pedro Rocha, Adailton e Felipe Vizeu, além de Kadu na ala direita. O time cresceu de rendimento nas articulações do ataque, reduzindo a quantidade de passes errados. O primeiro sinal de mudança foi uma rápida investida com Sávio, que cruzou na pequena área e Pedro Rocha quase abriu o placar.

Em seguida, após cruzamento de Sávio, Axel rebateu para o meio do gol e a bola sobrou para Dodô, que mandou no travessão. Aos 20 minutos, o camisa 31 quase conseguiu marcar. Recebeu dentro da área e finalizou perto do gol.

Finalmente, aos 46’, a mais inspirada jogada do Leão no confronto. Em três toques, a bola saiu da zaga com Alvariño, passou por Vizeu, que deu um passe perfeito para Adailton finalizar e garantir a vitória. A qualidade técnica dos três jogadores fez a diferença no desfecho da jogada.

Com o resultado, o Remo mantém a campanha invicta e volta à liderança.  

Neymar: a bola murchou, mas a fortuna aumentou

A anunciada volta de Neymar para defender o Santos soou fantasiosa inicialmente, mas os desdobramentos confirmam o fechamento do negócio. Excelente para o clube, que poderá faturar alto com a chegada do astro. Bom para ele, que precisa de um lugar onde o nível de cobrança não seja tão feroz e desconfortável para um astro que claramente prefere mais desfrutar a vida do que correr atrás de uma bola.

Quando vestir novamente a camisa do Peixe, após 12 anos, Neymar terá a exibir uma outra condição. A principal delas é no plano financeiro. É dono hoje do maior patrimônio entre os jogadores de futebol do Brasil. Aliás, é mais rico do que qualquer clube nacional. Em salários e patrocínios, ele tem a sétima maior receita anual do futebol brasileiro.

O levantamento é do site Torcedores.com, com base em quatro fontes de referência: a lista da prestigiada revista Forbes sobre os atletas mais bem pagos do mundo, o site especializado Sportico, que calcula a fortuna arrecadada por atletas de diferentes modalidades e corrige os valores pela inflação, os balanços financeiros dos clubes e o site de marketing esportivo Sports Value.

A boa carreira na Europa (Espanha e França), como jogador de primeira linha, se completou nas últimas temporadas com uma passagem pouco gloriosa na Arábia Saudita. Ao mesmo tempo em que perdia prestígio nos campos, Neymar virou um ícone global do esporte, ganhando muito dinheiro com isso. Só em 2024 embolsou R$ 6,5 bilhões.

Com essa fortuna, se quisesse adquirir o Santos, Neymar teria bala na agulha para fechar negócio, pois o clube tem valor estimado de R$ 973 milhões. Mais ainda: poderia empenhar o que recebeu ao longo da carreira e comprar de uma só vez pelo menos 10 clubes brasileiros – Bahia, Santos, Goiás, Sport, Fortaleza, Atlético-GO, Cuiabá, Ceará, Vitória e Juventude.

Na comparação com o valor dos clubes, Neymar supera com seus R$ 6,4 bilhões até clubes mais prósperos, como o Flamengo (valor estimado em R$ 5,1 bilhões), Palmeiras (R$ 4,1 bilhões), Corinthians (R$ 3,8 bilhões) e São Paulo (R$ 3 bilhões).

Em comparação com o próprio Santos, Neymar arrecadou R$ 230 milhões a mais. E só com salários e patrocínios, enquanto clubes de elite faturam com patrocínios, direitos de transmissão, bilheteria, programa de sócio torcedor, licenciamento, venda de jogadores e premiações dos campeonatos. Em resumo, o menino Ney já não é o mesmo craque de antes, mas virou um colosso financeiro no mundo do futebol. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 30)

É preciso ter raça sempre

POR GERSON NOGUEIRA

O primeiro clássico do Parazão 2025 foi mais pegado e difícil do que se esperava. Botou à prova o favoritismo do PSC, que jogava em seus domínios e ao lado da torcida, mas teve muitos problemas para superar a Tuna. Perdeu um jogador (PK, expulso) e levou um gol no 1º tempo, fatos agravados pelo temporal que deixou o gramado em condições precárias. O lado positivo é que, na etapa final, o time reagiu, obtendo a virada com raça e superação.

Muitas vezes, mais até do que se imagina, os resultados do futebol são determinados pelo grau de entrega dos times. Um esforço a mais pode significar a diferença entre tropeço e triunfo. O PSC não começou bem, tomou um gol logo aos 8 minutos, em falha de Quintana bem explorada por Lucas Paranhos. Depois, teve que superar uma expulsão logo aos 15 minutos – PK deu uma sarrafada em Jayme e foi excluído.

A falta de organização no meio-campo se espraia pelo resto da equipe, com consequências no setor ofensivo, onde Marlon, Nicolas e Rossi não eram acionados com qualidade. A chuva forte atrapalhou a troca de passes e as raras chances surgiam em escanteios e cobranças de falta.

Em desvantagem no placar e com um a menos, o time voltou para o 2º tempo com atitude renovada. Logo de cara, uma bola cruzada por Rossi tocou no braço do zagueiro Bruno Miranda. Pênalti. Bryan cobrou e empatou, levantando a torcida – 6.240 presentes.

O gol eletrizou o time do Papão, que partiu para uma reação fulminante. Tuna bobeou, Pedro Del Valle aproveitou uma bola roubada e deu uma arrancada sensacional. Entrou na área, chutou e o goleiro Lucão desviou. A bola bateu em Rossi e entrou. Ficou a dúvida se bateu no braço ou no peito, mas o árbitro confirmou o gol.  

Nos minutos finais, a Tuna tentou impor pressão, principalmente com Lukinhas, Alex Silva e Paranhos, mas errava na definição. Na única tentativa certa, com finalização de Alex, o gol saiu, mas o lance foi anulado. Arbitragem interpretou que o zagueiro Dedé interferiu na jogada.

A Tuna pecou pela desatenção no começo da segunda etapa e a falta de estratégia para explorar a vantagem numérica. Ficou atordoada com a virada, tropeçando nas próprias pernas. O PSC foi valente, buscou a vitória e teve em Rossi uma peça decisiva, com participação nos dois gols.

Invicto, Leão encara o Águia em Marabá

Com campanha 100% e ainda sem sofrer gols, o Remo desafia o Águia dentro do estádio Zinho Oliveira, em Marabá, hoje (às 20h). Um compromisso dos mais difíceis nesta fase do campeonato. O jogo com o Caeté, domingo, em Augusto Corrêa, mostrou uma equipe ainda carente de regularidade. Foi mal no 1º tempo e reagiu nos 45 minutos finais.

Para encarar o sempre aguerrido Águia, o Leão deve repetir a mesma formação das partidas anteriores. Rodrigo Santana prioriza jogadores que estão bem condicionados, deixando os reforços que chegaram em janeiro para o decorrer das partidas.

Felipe Vizeu e Pedro Rocha estão nessa condição. Ambos entraram sempre no segundo tempo, o que deve se repetir hoje. O critério de prestigiar os que chegaram primeiro faz sentido, principalmente diante da maratona que o time vai enfrentar, com três jogos em uma semana – depois do Águia, joga com Capitão Poço, na segunda-feira, 3.  

Fernando Diniz bate recorde de rejeição

As duas últimas noites foram de extrema ansiedade e agonia para os clubes que estão sem técnico no país. Tudo porque Fernando Diniz está novamente livre no mercado. Foi demitido do Cruzeiro após dois meses de trabalho. É claro que esse medo de Diniz é semeado pela zoeira das torcidas e a crescente rejeição ao “dinizismo”.

Após brilhar no Fluminense em 2023, conquistando a Libertadores, Diniz entrou em inferno astral e quase rebaixou o Tricolor à Série B no ano passado. Dispensado, assumiu o Cruzeiro, mas a fase seguiu ruim. Os maus resultados irritaram a torcida e os donos do clube.

Diniz é a prova viva de que, também no futebol, a mão que afaga é a mesma que apedreja.   

Abel dá um show de deselegância com Klopp

Abel Ferreira não desperdiça a chance de distribuir patadas verbais. É o protótipo do gajo invocado, grosseiro e estourado. Diante da presença do alemão Jürgen Klopp, que veio ao Brasil ver o Bragantino enfrentar o Palmeiras. Ele é o diretor global do grupo Red Bull e mostrou-se cortês com todos que encontrou pelo caminho. O jogo foi horroroso e terminou sem gols.

Após o jogo, Abel resolveu comparar as conquistas de Klopp como treinador – do Liverpool e do Borussia Dortmund – com os títulos que ganhou no Palmeiras, numa pinimba desnecessária e deselegante. Perdeu excelente oportunidade de se manter calado.   

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 29)

Quem quer ser um bilionário?

Nunca foi tão fácil

Por Tatiana Dias, no Intercept_Brasil

Não sei vocês, mas eu gastei bons minutos vendo as fotos dos bilionários das big tech alinhados, em traje de gala, na posse de Donald Trump. Naquela foto, mesmo que não dê para enxergar, estão bilhões e bilhões de dólares (trilhões?), assim como as vidas de bilhões e bilhões de pessoas pelo mundo. Olhei para seus rostos e sorrisos cínicos. São os sorrisos de quem está arrastando a humanidade para o colapso.

Um relatório muito oportuno da Oxfam, também lançado nesta semana, traz muitas evidências sobre o que há por trás daqueles rostos felizes. Nunca foi tão fácil ser um bilionário – para quem já chegou lá. Quanto pior o mundo, melhor para os poucos super-ricos que sentam em cima da população mundial. Foi assim na pandemia e está acontecendo de novo: de um ano para cá, surgiram 204 novos bilionários no mundo.

E eles estão enriquecendo três vezes mais rápido do que em 2023: US$ 2 milhões por dia, em média. Nesse ritmo, o planeta caminha para ter não apenas um, mas cinco trilionários em uma década. Enquanto isso, destaca o relatório, o número de pessoas que vivem na pobreza pelo mundo praticamente não mudou.

O relatório também aborda o quanto essa elite financeira é, também, herdeira do colonialismo, e ajuda a perpetuar relações de poder e desigualdade entre os países. Segundo o relatório, o 1% mais rico do Norte Global extraiu US$ 30 milhões por hora do Sul Global em 2023.

Embora essa elite financeira venda a ideia de que qualquer um pode chegar lá e o que vale é a meritocracia – um conceito repetido à exaustão por Trump –, a verdade é que o dinheiro dessas pessoas vem, em sua maioria, de heranças, corrupção, monopólios ou conexões com a realeza. Nada de novo no front.

O colonialismo digital – que se materializa na imagem dos bilionários de tecnologia alinhados a Trump – é um dos pilares dessa nova exploração colonial, aponta a Oxfam. “Ao controlar o ecossistema digital, as grandes empresas de tecnologia controlam as experiências mediadas por computador, o que lhes dá poder direto sobre os domínios político, econômico e cultural da vida”, diz o texto.

Apesar de defenderem a liberdade e o livre mercado, a verdade é que essa indústria é marcada por monopólios – basta lembrar que o Google domina 90% do setor de buscas – e vive de transformar a vida das pessoas em dinheiro, com múltiplas violações de privacidade e outros direitos no caminho. “O setor de Big Tech é fundamental para novas formas de colonialismo econômico e extrema desigualdade no século 21″, diz a Oxfam.

De forma cruel, essas várias formas de exploração dos mais pobres acontecem ao mesmo tempo em que a indústria e seus CEOs prometem e materializam promessas de enriquecimento e ascensão social por meio da tecnologia. O Brasil já utiliza IA generativa mais do que a média mundial. O presidente do Google no Brasil, Fábio Coelho, diz que essa adesão dócil do brasileiro à IA é “inspiradora”. Eu acho extremamente preocupante.

Enquanto entubam as últimas novidades buscando extrair ao máximo de populações marcadas pela pobreza, informalidade e escolaridade baixa em países como o Brasil, essas empresas também minam qualquer possibilidade de resistência ou de imaginação de realidades alternativas.

Presos nas telas 24/7, ficamos anestesiados. Temos sempre a sensação que falta tempo, enquanto o mundo social se fragmenta, como descreve o filósofo Jonathan Frazer no excelente e deprimente livro “Terra Arrasada” (editora Ubu).

“É notável que, em um momento de perigos sem precedentes para o futuro do planeta e para a própria sobrevivência de humanos e animais, tantas pessoas optem por se confinar voluntariamente em armários digitais dissecados e concebidos por um punhado de corporações sociocidas”, ele escreve. E sentencia: “rotas para um mundo diferente não serão encontradas nas ferramentas de busca da internet”.

A juventude não tem espaço para criar e imaginar um outro futuro: no lugar disso, as possibilidades são a aceleração do sistema em curso. “A prioridade é sabotar a possibilidade de uma juventude potencialmente rebelde e, a fim de ocultar um futuro sem empregos em sem planeta, aposta-se na ficção tétrica de uma geração que aspira virar ‘influencer’, fundadora de startups, ou que de algum modo se alinha com os valores embotados do empreendedorismo”.

Com a monetização de absolutamente tudo, as redes sociais – ou melhor, as empresas dos amigos do Trump – prometem a possibilidade de riqueza, materializada pelos homens bem-sucedidos que vendem o discurso meritocrático.

“Mas a realidade da internet está em sua eficiência em canalizar os minúsculos ativos de muitos em direção à carteira de investimentos de uma elite de poucos”, sintetiza Frazen, bem antes que os bilionários hi-tech saíssem do armário abraçando o sociopata que chegou à Casa Branca.

A crise não é sobre as big tech; elas materializam a crise do capitalismo contemporâneo. “É mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo”. A célebre frase que intitula a edição brasileira de “Realismo Capitalista” (Autonomia Literária), do filósofo Mark Fisher, ajuda a explicar.

Fisher explica como o capitalismo se introjetou nos nossos inconscientes, na cultura, no modo de pensar e ver o mundo, de tal forma que se torna uma realidade quase indiscutível. Nós não construímos alternativas porque nem sequer conseguimos imaginá-las. O capitalismo engole tudo.

A maneira como o discurso ambiental foi apropriado por empresas que violam direitos indígenas para ganharem dinheiro vendendo créditos de carbono é um exemplo. Permanecer no X depois da saudação nazista de Elon Musk porque, bem, não consegue sair ou todo mundo está lá, também. O realismo capitalista faz com que fiquemos com uma sensação de derrota, como se não houvesse escapatória.

Transposto para a tecnologia, esse realismo de plataforma, como chamou o artista e pesquisador Ben Grosser, funciona mais ou menos da mesma forma. É como se não houvesse saída. O sistema é eficiente para sufocar as possibilidades alternativas, de modo que só floresçam as iniciativas que têm como fim atender às exigências do capital.

Seremos cúmplices desses homens?, perguntou nossa colunista Fabiana Moraes. Muitas pessoas não vêem saída. Não há nada de errado com elas. O sistema foi feito para que isso acontecesse. Como sair disso, então? Grosser propõe alternativas que tenham como princípio valores públicos, com escala menor e mais lentos.

Parece inviável, utópico, ingênuo? Talvez você tenha sido picado pela mosquinha do realismo capitalista. Nada de errado com você: todos nós fomos.

Normalizar o enriquecimento brutal daqueles poucos, em nome da destruição do mundo, das nossas relações e da nossa saúde mental, é que deveria ser o absurdo. Agora que os CEOs saíram do armário, fica mais fácil visualizar a quem suas plataformas estavam servindo.

O relatório da Oxfam mostra que a estratégia está dando muito certo.

Por que devemos chamá-lo de fascista

Estratégia de Trump é desmantelar a democracia, perseguir os estrangeiros, insuflar o nacionalismo. Como Hitler e Mussolini

Por Eugênio Bucci (*)

Donald Trump é fascista? Há quem diga que não devemos qualificá-lo dessa forma. A cientista política Wendy Brown, por exemplo, acha que o autoritarismo que tem crescido no nosso tempo é de outra natureza. Em 2022, numa entrevista para o site Nueva Sociedad, ela apontou distinções entre a ditadura de Benito Mussolini e os regimes atuais de extrema direita. Segundo ela, as autocracias do século 21 “nascem da racionalidade neoliberal” e se diferenciam do fascismo clássico por serem “autoritárias no âmbito político e libertárias nos assuntos da vida civil e pessoal”.
Eu não discordo de Wendy Brown. Existem autocratas na atualidade que não ligam a mínima para temas como casamento gay. Se alguns são machistas furibundos, e Donald Trump é um deles, outros não adotam o moralismo misógino do velho Duce. Existem até líderes de extrema direita que são lésbicas declaradas.
As dessemelhanças não param aí. O fascismo de cem anos atrás era mais estatizante que o autoritarismo ultraliberal que aí está. Era mais “trabalhista” também. Mussolini posava de defensor do operariado e, na Alemanha, o partido de Adolf Hitler até tinha “socialista” no nome: Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. Bem sabemos que ambos dizimaram os sindicalistas de todos os tipos, mas, ao menos no início, fingiam representar os pobres. Não por acaso, Getúlio Vargas, vulgo “pai dos pobres”, foi buscar na Carta del Lavoro da Itália fascista a inspiração para a sua Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Ora, Trump não quer nada com os sindicatos, promove unicamente a causa capitalista e convence as massas: hoje, os serviçais mais espoliados se definem como “empreendedores”, não mais como trabalhadores. Aparentemente, portanto, não teria nada em comum com Hitler ou Mussolini.
Se formos além das aparências, porém, veremos que Trump tem um pé, ou mesmo dois, no fascismo mais descarado. Sua estratégia é desmantelar a democracia para destroçar os direitos sociais, abandonar os mais frágeis no deserto, perseguir os estrangeiros, insuflar o nacionalismo e autorizar toda forma de acumulação de capital em seus territórios. Como Hitler e Mussolini.
Em 1995, o pensador italiano Umberto Eco escreveu para a revista The New York Review of Books um ensaio intitulado Ur-Fascism. Eco não tinha em mente o fascismo histórico, mas um regime totalitário que seria atemporal, o “fascismo eterno”, que ele descreveu em 14 traços característicos.O primeiro desses traços é o elogio de um passado glorioso da pátria, um passado inventado. Trump, com seu Make America Great Again, ou, simplesmente, Maga, cumpre o figurino. O segundo traço é a recusa da modernidade e do iluminismo, com forte repúdio ao intelectualismo. Vêm em seguida o irracionalismo, abastecido pelas teorias da conspiração, o discurso do “nós” contra “eles”, o racismo (ou o ódio aos imigrantes), o apelo aos ressentimentos das classes médias frustradas, o nacionalismo exacerbado, a exploração do sentimento de humilhação e a construção de um clima de guerra permanente. O décimo traço do “fascismo eterno” consiste no desprezo pelos mais fracos, seguido pela educação para o heroísmo: todo mundo deve querer morrer pelo regime. A fi-xação em objetos fálicos, como armas, é outra característica, bem própria do “machismo” (esse é o vocábulo usado por Umberto Eco). Depois, temos o populismo exacerbado. O traço de número 14 é o discurso tosco, primário, que repele raciocínios complexos e a razão crítica.
Deu para reconhecer o trumpismo? Ou você quer mais? Outro estudioso que pode ajudar é Jason Stanley. No livro Como Funciona o Fascismo, ele enumera características essenciais (algumas coincidem com as de Umberto Eco): o passado mítico, a propaganda como fonte da verdade, o anti-intelectualismo, o senso de irrealidade, a predileção por soluções hierarquizantes, a cultura de vitimização (sobretudo do líder), o apelo constante à lei e à ordem, a ansiedade sexual (desejos reprimidos à flor das mucosas), a obsessão pela pátria (“America first”, “Brasil acima de tudo” ou “Deutschland über alles”) e a desarticulação da união e do bem-estar público. Os fascistas geram instabilidade, produzem tumultos e arruaças (como o 6 de janeiro de 2021 nos Estados Unidos e o 8 de janeiro de 2023 no Brasil), enquanto prometem disciplinar a sociedade por meio da autoridade violenta.
Num artigo de 1951 (A teoria freudiana e o padrão da propaganda fascista), o filósofo Theodor Adorno mostrou que a comunicação do fascismo “tem de mobilizar processos irracionais, inconscientes e regressivos”. É o que o trumpismo fez e faz com as big techs.
Sim, é preciso chamar Trump de fascista. Ele restaura e impulsiona o fascismo. Numa das solenidades de sua posse, na segunda-feira, Elon Musk subiu ao palco e fez uma saudação nazista. Duas vezes. Foi um “Heil, Trump” aloprado. Na véspera, num comício informal em Washington, Steve Bannon fez o mes-mo gesto para cumprimentar os representantes da AfD alemã. Duas vezes. Valei-nos, democracia.

*
JORNALISTA, É PROFESSOR DA ECA-USP 

Valeu pelo bom 2º tempo

POR GERSON NOGUEIRA

A goleada parecia improvável quando acabou o primeiro tempo, ontem, em Augusto Corrêa. O Remo havia passado maus pedaços nos 45 minutos iniciais. Marcelo Rangel defendeu dois chutes perigosos da entrada da área e a defesa mostrou fragilidade para conter o apenas esforçado ataque do Caeté. Tímido nas ações ofensivas, o Leão só levou perigo nos acréscimos. Dodô bateu falta e a bola foi no travessão do goleiro Léo.

O técnico Rodrigo Santana demonstrou incômodo com a atuação confusa do time, que não conseguia executar corretamente a saída rumo ao ataque. A marcação forte do Caeté, com Roger e Popó, neutralizava todas as tentativas azulinas. Dener, Jaderson e Pavani se atrapalhavam sempre que trocavam passes curtos.

Sem articulação, o ataque sofria de solidão e os alas pouco produziam porque o Caeté fechava os corredores laterais. Com as arquibancadas do estádio Estrelão lotadas de azulinos, o time nem podia alegar estranheza como visitante – afinal, o Caeté também jogava fora de seus domínios.

Depois que Ângelo e Negueba ameaçaram com disparos perigosos, bem defendidos por Marcelo Rangel, os temores azulinos se ampliaram. O Caeté adiantava a marcação e encontrava espaços para manobrar sobre o setor defensivo do Leão. Só aos 46 minutos o ataque deu o ar da graça. Dener avançou em contragolpe rápido e foi derrubado junto à área. Dodô fez bela cobrança, mas a bola bateu no travessão.  

Veio a segunda etapa, com mudanças na equipe. Pedro Rocha substituiu Maxwell e passou a pressionar de forma aguda pelo lado esquerdo. Deu certo, principalmente porque o Caeté mexeu de uma só vez no meio-campo, trocando Popó, Diego e Talisson por Marcos, Kadu e Túlio.

Sem a mesma pegada no meio, o Caeté recuou suas linhas e o Remo cresceu, invertendo o panorama do início da partida. A mudança de panorama começou aos 17 minutos. Depois de um escanteio, a bola ficou viva na área até Dener tocar para o fundo do barbante.

Três minutos depois, Rocha tocou de cabeça para fazer o segundo gol, após cruzamento de Dodô. O lance foi validado após revisão do VAR.

O Remo seguia melhor, não encontrava muita resistência nos avanços e passou a ocupar o campo de defesa do Caeté. Rodrigo Santana substituiu Ytalo por Felipe Vizeu, Kadu por Marcelinho e Jaderson por Adailton.

Logo em seguida, Vizeu e Pedro Rocha desperdiçaram oportunidades claras para ampliar. O domínio azulino era amplo, até no aspecto físico. Aos 40’, lançado por Pavani, Rocha foi derrubado quando se preparava para finalizar na área. O pênalti foi marcado e Adailton fez 3 a 0.

Deu tempo ainda de sair o quarto gol. Cruzamento alto na área, bola rebatida e o zagueiro Lucão chegou batendo para as redes, fechando a goleada em 4 a 0. Uma atuação apenas razoável, mas suficiente para garantir a segunda goleada (9 gols em dois jogos) azulina no Parazão. (Foto: Samara Miranda/Ascom CR)

Papão toma gols, mas supera o Águia

A partida em Marabá foi intensa desde os primeiros movimentos. O Águia impunha o estilo habitual, com força e velocidade, mas pecando na troca de passes. O PSC aceitou a pressão, mas aos poucos foi avançando as linhas e criando boas situações a partir dos lados do campo, principalmente com o lateral-direito Bryan Borges. O gol de abertura, porém, nasceu pelo meio.

Leandro Vilela avançou até a meia-lua, de onde lançou um balãozinho para Borasi na esquerda do ataque. O argentino nem deixou a bola cair. Aparou de chapa, acertando o ângulo direito da trave de Axel Lopes, aos 16 minutos. O Águia seguiu buscando o ataque e chegou lá aos 27′, por meio de pênalti cometido por Bryan.

Jonata Bastos converteu e devolveu equilíbrio ao jogo. O PSC tinha dificuldades para guarnecer a defesa, sempre muito exposta no jogo aéreo. A insistência ofensiva, porém, precisa ser destacada. O time era sempre determinado na busca pelo gol. E o desempate veio aos 43′ pelos pés de Rossi, aproveitando cruzamento de Borasi, o melhor da partida.  

O jogo estava terminando na primeira etapa quando o Águia encontrou um jeito de empatar novamente. Aos 46’, Bruno Limão cobrou falta em forma de cruzamento e a bola passou por todos na grande área, enganando o goleiro Matheus Nogueira. O empate parcial, no fim das contas, era justo.

Na segunda parte do confronto, prevaleceu a disposição e o melhor rendimento técnico do PSC. O Águia sentiu o desgaste e permitiu que os bicolores aumentassem a pressão. Aos 12 minutos, saiu o terceiro gol. Bryan lançou Rossi, que cruzou para Nicolas marcar (62º gol dele, 3º colocado na artilharia bicolor do século).

O time marabaense tentava reagir, mas faltava força para ameaçar a defensiva do PSC. O jogo foi ficando sob controle, Juninho e Marlon foram lançados e tornaram a movimentação ainda mais ágil. Aos 44’, Bryan cobrou falta e Quintana desviou de cabeça, marcando o quarto gol. 

Desempenho satisfatório e excelente resultado fora de casa para o PSC. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 27)

Com boa atuação no 2º tempo, Leão goleia Caeté e segue na liderança sem sofrer gols

Com quatro gols marcados no 2º tempo, o Remo goleou o Caeté na tarde deste domingo, no estádio Estrelão em Augusto Corrêa, mantendo a liderança e a invencibilidade no Campeonato Paraense, com nove gols marcados em duas partidas, sem sofrer nenhum até agora. Com pouca criatividade na etapa inicial, o Leão voltou arrasador no 2º tempo e marcou quatro vezes, com Dener, Pedro Rocha, Adailton (pênalti) e Lucão.

O 1º tempo foi de muitas marcação no meio-campo e poucas jogadas de área, o que tornou a partida monótona, sem lances de maior perigo. O Caeté levou mais perigo no começo, mas Marcelo Rangel se saiu bem e os atacantes falharam nas finalizações. Ainda assim, Ângelo, aos 16 minutos, e Negueba, aos 19′, levaram muito perigo, obrigando o goleiro a fazer boas defesas. A melhor chance coube ao Remo, quase ao final, em cobrança de falta de Dodô, que bateu no travessão.

Na segunda etapa, o Remo mostrou mais determinação e melhor organização ofensiva. Aos 17 minutos, a bola foi alçada na área, houve um bate-rebate e Dener aproveitou para abrir o placar. Cinco minutos depois, Pedro Rocha (que substituiu Maxwell) tocou de cabeça, escorando um cruzamento de Dodô. O gol foi analisado no VAR antes de ser confirmado.

Aos 42′, Pedro Rocha sofreu pênalti quando ia finalizar diante do goleiro Léo. Adailton (que substituiu Jaderson) cobrou e marcou o terceiro gol azulino. Já nos acréscimos, Pavani desviou a bola após escanteio, Léo deu rebote e Lucão tocou para as redes. Leão 4 a 0.

Na próxima rodada, o Caeté enfrenta o Bragantino, no Diogão, na quarta-feira (29), às 15h30. No mesmo dia, às 20h, o Remo joga com o Águia, no estádio Zinho Oliveira, em Marabá.

Papão vence Águia por 4 a 2 e mantém campanha invicta no Parazão

Com gols de Borasi, Rossi e Nicolas e Quintana, o PSC derrotou o Águia de Marabá na tarde deste sábado, no estádio Zinho Oliveira, mantendo a invencibilidade no Campeonato Paraense. Pelo Águia, marcaram Jonata Bastos e Bruno Limão.

O gol de Rossi é o primeiro dele com a camisa do Papão. Nicolas chegou aos 64 gols, igualando-se a Pikachu na terceira posição entre os artilheiros do clube no século – ficam atrás apenas de Zé Augusto, 94 gols, e Robgol, 82.

O primeiro gol foi de Borasi, aos 16 minutos, aproveitando passe do volante Leandro Vilela. sim, aos 22 minutos veio um pênalti, que só foi marcado aos 27, após 5 minutos de análise do VAR e do árbitro.

Jonata Bastos cobrou com categoria, deslocou Matheus Nogueira e mandou para o fundo do gol, aos 27′. O PSC seguiu pressionando e, aos 43′, Borasi fez cruzamento alto para Rossi desviar, de primeira.

O Águia ainda foi em busca do empate e conseguiu marcar o segundo gol aos 46 minutos. Bruno Limão cobrou falta e a bola atravessou a extensão da área, entrando no canto esquerdo da trave de Matheus Nogueira, que nem se mexeu.

Depois do intervalo, o PSC manteve a postura ofensiva em busca de novo desempate. Aos 12 minutos, Bryan recebeu e passou para Rossi. O atacante cruzou então para Nicolas. Mesmo pressionado, o centroavante tocou no canto direito e fez o terceiro gol.

O Águia tentava reagir, mas errava muitos passes. Chegou a levar perigo em chute que o goleiro Matheus Nogueira defendeu bem. O técnico Márcio Fernandes substituiu Giovanni, Leandro Vilela e Rossi por Iarley, Juninho e Marlon, renovando as energias do time.

Finalmente, aos 44′, o lateral Bryan Borges cobrou falta na área e o zagueiro Quintana subiu mais que a defesa do Águia para fazer de cabeça o último gol da partida, definindo o placar em 4 a 2 para o PSC.

Ainda houve tempo para um tumulto na área do PSC. Foguete agrediu o volante Leandro Vilela e, após recomendação do VAR, foi expulso de campo aos 53 minutos.

Espinhos no caminho da dupla Re-Pa

POR GERSON NOGUEIRA

Depois das goleadas obtidas na rodada de abertura do Campeonato Paraense contra adversários frágeis, a dupla Re-Pa terá pela frente desafios maiores neste fim de semana, atuando fora de Belém nas partidas válidas pela segunda rodada. O PSC vai a Marabá enfrentar o Águia e o Remo joga com o Caeté, em Augusto Corrêa.

Conhecido pelas viagens longas pelo interior, o Campeonato Paraense vai testar nesta rodada o nível de condicionamento do PSC, que terá como adversário o Águia, no estádio Zinho Oliveira, em Marabá. Tradicionalmente, a equipe marabaense dificulta as coisas para os grandes da capital.

Rossi, principal aquisição do Papão para a temporada, será mais uma vez testado e observado na função de atacante pelo lado direito. Atuou assim contra o Capitão Poço e teve desempenho discreto, ainda sem maior entrosamento com Nicolas e demais companheiros de ofensiva.

Para a partida deste sábado (17h), Rossi deve seguir ao lado de Borasi e Nicolas na frente. A criação ficará com Giovanni, cujas atuações ainda não convenceram plenamente, até pelas dificuldades físicas que apresentou. Juninho, que é hoje o melhor jogador de criação e aproximação, será opção para o segundo tempo.

Nas laterais, Márcio Fernandes vai seguir com Bryan Borges na direita e Kevyn na esquerda, com a opção de PK para o decorrer do jogo. Bryan é, por enquanto, o melhor jogador do PSC. Vem se destacando pela excelente participação nas ações de ataque, contribuindo com assistências e cruzamentos decisivos.

Outro que mostra desenvoltura e otimismo é o volante Leandro Vilela, cuja estreia com a camisa do Papão ocorreu justamente diante do Águia no ano passado. Homem de marcação e de boa saída ao ataque, Vilela é um dos remanescentes da Série B e é considerado peça-chave para ajudar no desempenho da zaga, criticado na estreia em casa.

A expectativa da torcida foi plenamente recompensada na estreia do Remo no Parazão. Os jogadores saíram festejados depois dos 5 a 0 sobre o São Francisco, no Mangueirão. Sem embaraços, o novo time se impôs e chegou a encher os olhos do torcedor com a azeitada movimentação dos atacantes.

Dodô, Maxwell e Ytalo conseguiram se destacar, com o constante apoio dos meio-campistas e do ala direito Kadu. A atuação satisfatória estimulou Rodrigo Santana a repetir a escalação para o jogo deste domingo (15h30) contra o Caeté. 

Usou a expressão meritocracia para explicar a decisão de repetir a mesma equipe. Jogadores em melhor estado físico terão prioridade. Rodrigo entende que os atletas que chegaram em janeiro ainda não estão nas condições ideais. Por esse motivo, mudanças eventuais só devem ocorrer a partir da terceira rodada.  

Mas, como aconteceu na partida inaugural, jogadores como Pedro Rocha, Felipe Vizeu e Adailton devem ser lançados nos minutos finais, para ganhar entrosamento e tomar contato com as dificuldades impostas por gramados de qualidade inferior.  

A previsão de chegada do novo zagueiro contratado, William Klaus, é para a próxima semana. Dependendo do condicionamento, ele pode entrar de imediato na disputa por um lugar no time. Klaus estava no futebol da Grécia. E, da mesma forma como Rodrigo tem prestigiado Kadu, um outro nome da base foi integrado ao elenco nesta semana: o atacante Tico, que fez boa figura na Copa São Paulo de 2023.

Bola na Torre

O programa terá Guilherme Guerreiro no comando, a partir das 23h, na RBATV, com a participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, a segunda rodada do Parazão. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.

Argentina humilha o Brasil no Sul-Americano sub-20

As coisas começam a adquirir contornos de desastre e humilhação na Seleção Brasileira sub-20. Na sexta-feira à noite, estreando no Sul-Americano disputado na Venezuela, o time de Ramon Menezes foi impiedosamente goleado pela Argentina, por 6 a 0. Os três gols iniciais foram marcados entre os 6 e os 11 minutos do primeiro tempo.

O vexame fez lembrar a histórica goleada sofrida para a Alemanha na Copa de 2014. O Brasil parecia um timeco de várzea, sem acertar passes e não criando rigorosamente nenhuma chance clara de gol.

Para piorar as coisas, a Argentina levou a campo um craque, o meia Claudio Etcheverri, que é jogador do Manchester City. Além de marcar dois gols, o camisa 10 tomou conta do meio-campo, articulando as principais jogadas e lançando seus companheiros sempre com muito talento.

Além da queda, o coice. Com a peia sofrida, o Brasil vê ameaçada a classificação para o Mundial Sub-20, marcado para acontecer entre setembro e outubro no Chile. A Seleção terá que fazer uma campanha de recuperação e precisará compensar o saldo negativo de gols.

Ramon Menezes, que já havia perdido a vaga para a Olimpíada de Paris, volta a pontificar pela ausência óbvia de competência para a função de técnico do selecionado. Permanece no cargo pelo prestígio que tem junto a Ednaldo Rodrigues, o presidente da coisa toda. 

(Coluna publicada na edição do Bola deste sábado/domingo, 25/26)

Os bacanas das praias

Por Heraldo Campos (*)

É aquele vai e vem. E sempre para pior. Entra ano e sai ano parece que as coisas se deterioram, ainda mais, nas praias. Muitas delas, que não comportam o grande fluxo de turistas, principalmente nas festas de final de ano e nas temporadas de verão, acabam sofrendo com a falta de água tratada nas casas, nos condomínios e nos estabelecimentos comerciais, além de outros desconfortos urbanos, como o relaxo com a coleta de lixo e a organização do trânsito para a movimentação de veículos que aumenta de forma assustadora.
Hoje muito tem se falado em mudanças climáticas, em escala global. Mas e na escala local, nos territórios das cidades litorâneas, o que tem sido realizado, ou melhor dizendo, o que não tem sido feito para a qualidade de vida das pessoas que vivem bem próximas do Oceano Atlântico que é, praticamente, o seu quintal natural?
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Perto de um ano atrás constatava-se, com certa frequência, “(…) restos de folhas e de galhos
de árvores associado ao lixo urbano variado, composto de pneus, calotas de automóveis,
garrafas pet, latas de cerveja, sacos plásticos, entre outros materiais, que podem ter sido muito
bem lançados diretamente na praia pelas pessoas ou nas suas proximidades, ou jogados no
Rio Grande, por exemplo, localizado na parte central da cidade de Ubatuba, e terminando com
a “devolução” pelo próprio mar, para formar um cordão de resíduos, no decorrer das suas
variações de níveis de marés.
Com as chuvas intensas de verão, o volume desse tipo de material tende a aumentar provocando o entulhamento das calhas dos rios sejam eles de pequeno porte ou de grande porte, aumentando, sensivelmente, o risco para as inundações e os alagamentos urbanos.
Vários bairros de munícipios do Litoral Norte do Estado de São Paulo sofrem com esse tipo de transtorno há décadas. A impermeabilização do solo pelo asfalto viário, o avanço de condomínios residenciais em áreas da orla marítima que não deveriam ser ocupadas, a ausência de sistema de drenagem urbana compatível com o volume de água de chuvas excepcionais, são alguns dos fatores que colaboram com esse tipo de situação, fazendo com que muitas praias acabem indo para o beleléu.
A pergunta que fica é: será que estamos num ponto sem volta e o conformismo nos leva a ter que conviver com esse tipo problema recorrente, consolidando um triste retrato 3×4 de várias cidades litorâneas brasileiras?” [1]
A administração pública, muitas vezes propulsionada pela especulação imobiliária, pode ser a uma das principais responsáveis pela desordem ambiental. Em outras palavras, arriscamos dizer que os “territórios” de vários municípios litorâneos vem sendo mal preparados, há tempos, para que as mudanças climáticas atuem num espaço que vem sendo detonado por políticas locais, mesquinhas, e destinadas para atender os interesses de poucos privilegiados, os bacanas das praias.
Ainda nesse contexto, não faz muito tempo, na desembocadura do citado Rio Grande, acrescenta-se que “(…) vi de cima da ponte que liga a parte central da cidade ao acesso para a Praia do Perequê Açu, uma tartaruga nadando de braçada. A “tonta” da tartaruga, coitada, que estava tendo que driblar manchas de óleo, plásticos, pneus, entre outras tranqueiras, decerto, a desatenta nadadora, não deve ter observado a bandeira vermelha do órgão ambiental estadual
que, por semanas, vinha indicando que a água do mar desse trecho de praia estava poluída.” [2]
Assim, para encerrar, nada melhor do que a frase “pensar globalmente, agir localmente”, do
sociólogo alemão Ulrich Beck, que muito se aplica nesse cenário visível, no dia a dia, de várias
cidades do extenso e mal tratado litoral brasileiro.

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Fontes:

[1] “Praias indo pro beleléu” artigo de 31/01/2024
https://cacamedeirosfilho.blogspot.com/2024/01/praias-indo-pro-beleleu.html
[2] “Tartaruga nadando de braçada” artigo de 03/05/2024
https://cacamedeirosfilho.blogspot.com/2024/05/tartaruga-nadando-de-bracada.html
*Heraldo Campos é geólogo (Instituto de Geociências e Ciências Exatas da UNESP, 1976),
mestre em Geologia Geral e de Aplicação e doutor em Ciências (Instituto de Geociências da
USP, 1987 e 1993) e pós-doutor em hidrogeologia (Universidad Politécnica de Cataluña e
Escola de Engenharia de São Carlos da USP, 2000 e 2010).

Rock na madrugada – Oasis, “Shock of the Lightning”

POR GERSON NOGUEIRA

Esta talvez seja a canção mais subestimada de toda a carreira do Oasis. Caso tivesse sido lançada no final dos anos 90 certamente estaria na galeria dos grandes hits da época. Atenção para o caprichado e curto solo de guitarra (de Noel Gallagher), aplaudido por fãs e não adeptos da banda, que vem logo após a explosão da bateria de Chris Sharrock. Aliás, Chris é um dos melhores bateristas que passaram pelo Oasis.

Mesmo com carreira menos gloriosa do que merecia, “Shock of the Lightning” (Choque do relâmpago) está entre as melhores canções do rock produzido na Inglaterra e é o tipo de música que honra a história vibrante do gênero. Nem precisa reafirmar aqui a brutal influência dos Beatles na obra do Oasis e a do endiabrado Keith Moon (The Who) no estilo de Chris Sharrock.

“Shock of the Lightning” pertence ao álbum Dig Out Your Soul (Desenterre sua alma), o sétimo e último disco de estúdio da banda, quando a ruptura definitiva entre os irmãos já era explícita. Foi lançado em outubro de 2008 na Inglaterra e nos Estados Unidos.

A letra é típica da produção de Noel e Liam, os encrenqueiros que de vez em quando sentavam para compor coisas legais, como gente normal:

Estou satisfeito com o desejo do meu coração/ Sinto frio, mas estou de volta ao fogo./ Fora de controle, mas estou bem amarrado/ Entre, saia esta noite/ Estou chegando de manhã cedo./ Eu sinto amor no choque do raio/ Eu caio na luz vinculativa.

O amor é uma máquina do tempo/ Na tela prateada. Está tudo na minha mente/ O amor é uma ladainha/ Um mistério mágico./ E tudo na hora certa./ Coloquei os pés na rua, mas não consigo parar de voar/ Minha cabeça está nas nuvens.