Emoção cerca rodada final

POR GERSON NOGUEIRA

A rotina das rodadas finais do Campeonato Brasileira tem sido frustrante nos últimos anos. Quase sempre o vencedor é conhecido por antecipação, o que torna a disputa esvaziada e previsível para a maior parte das torcidas. Com um pouco de sorte, a definição dos times rebaixados torna-se a última chance de emoção na rodada de encerramento.

Desta vez, as coisas fugiram ao velho script. O campeão só será conhecido neste domingo, com a decisão envolvendo dois times com possibilidades de levar o caneco. Ao mesmo tempo, quatro travam a batalha para escapar ao rebaixamento, restando uma última vaga para descer à Série B.

A maior expectativa gira em torno da partida entre Botafogo e São Paulo, no estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro. Com 76 pontos, três a mais que o segundo colocado (Palmeiras), o Glorioso precisa de um empate para conquistar um título que está há 29 anos longe do clube.

O outro confronto que desperta atenção geral é Palmeiras x Fluminense, marcado para o Allianz Parque, em São Paulo. Com 73 pontos, o time de Abel Ferreira terá que derrotar o Flu e torcer para que o São Paulo derrube o Botafogo na outra partida.

Um fator que torna o jogo mais emocionante é a situação desesperadora do Fluminense, que pode cair para a Segunda Divisão se for derrotado e o Bragantino vencer o Criciúma, já rebaixado, em Bragança Paulista. Ingredientes que devem tornar o embate ainda mais tenso e vibrante.

Outro confronto que carrega fortes doses de incerteza e suspense vai acontecer em Belo Horizonte. Com portões fechados, o Atlético-MG recebe o Atlético-PR. Ambos lutam pela vitória para não depender dos resultados de Fluminense e Bragantino.  

O mais impressionante é que na batalha contra o rebaixamento estão dois clubes tradicionais e que carregam feitos recentes. O Fluminense ganhou a Libertadores 2023 e o Galo acabou de participar de duas finais importantes: Copa do Brasil e Libertadores 2024.

Ninguém sabe explicar como equipes tão fortes e estruturadas desabaram a esse ponto. Uma justificativa possível é o próprio grau de dificuldades do Campeonato Brasileiro, reconhecidamente um dos mais competitivos do mundo.

Já o Botafogo, caso levante a taça da Série A, estará conquistando seu segundo título importante num espaço de apenas oito dias. Uma marca excepcional para um clube sem títulos há três décadas. Ao mesmo tempo, significará o primeiro triunfo nacional de um clube SAF.

Sem descanso, Fogão encara maratona internacional

Horas depois de decidir o título brasileiro, o Botafogo terá que embarcar para uma viagem de 14 horas com destino a Doha, capital do Qatar, para participar da Copa Intercontinental da Fifa, torneio que substituiu o antigo Mundial de Clubes. O Alvinegro ganhou a vaga na competição graças à conquista da Copa Libertadores.

Além da presença de quatro equipes representativas de diferentes continentes, o torneio recoloca Doha no cenário mundial do futebol. As três partidas finais do torneio incluem o Derby das Américas entre o Botafogo e o Pachuca (México), a Copa Challenger e a grande final da Copa Intercontinental, onde o Real Madrid enfrentará o vencedor da etapa qualificatória.

Os jogos serão realizados de 11 a 18 de dezembro, em dois dos estádios mais bonitos da Copa do Mundo de 2022: estádios 974 e Lusail.

O Botafogo estreia na quarta-feira, 11, contra o Pachuca, no 974, famoso pela construção inusitada. Contêineres formam a base física do estádio. O vencedor avançará para a disputa da Fifa Challenger Cup, no dia 14 de dezembro, contra o Al Ahly FC, do Egito.

A decisão está prevista para o icônico estádio Lusail, no dia 18 de dezembro, entre o vencedor da Challenger Cup e o Real Madrid, de Carlo Ancelotti, que é o atual campeão da Uefa Champions League.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda a atração, a partir das 22h, na RBATV. Participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, os preparativos iniciais da dupla Re-Pa para a montagem dos elencos para a próxima temporada. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.

Uma despedida insólita e constrangedora

Foi no mínimo inusitada a despedida do zagueiro Pedro Romano do PSC, através de mensagem postada na internet. Caso curioso de atleta que foi contratado para reforçar o time na Série B, mas não foi escalado para nenhuma partida, as palavras dele expõem o constrangimento pela situação a que foi induzido no clube.

Pedro Romano foi contratado por indicação de Hélio dos Anjos, mas não foi utilizado em nenhum dos 25 jogos sob o comando do treinador. Mais espantoso ainda é saber que Hélio recomendou a renovação contratual do atleta, mesmo sem confiar nele para entrar em campo.

No adeus, ele afirma que sai de cabeça erguida e que dedicou muito esforço para que sua história no clube fosse diferente. Agradece o apoio dos funcionários e companheiros, que o acolheram e cujo tratamento carinhoso serviu-lhe de alento.  

Triste constatar que o atleta perdeu tempo e o clube fez gastos inúteis, sem que as responsabilidades sejam devidamente apuradas – e punidas. 

(Coluna publicada na edição do Bola deste sábado/domingo, 07/08)

A semana mágica do Botafogo

POR GERSON NOGUEIRA

Savarino marca para o Botafogo tornar-se campeão do Brasileirão

Alguns comentários dando conta de uma suposta facilitação do São Paulo na rodada final do Campeonato Brasileiro constituem um claro esforço para diminuir méritos da excelente campanha que o Botafogo faz, colocando-o como franco favorito para sagrar-se campeão, domingo, no estádio Nilton Santos. Pode ser a segunda taça conquistada em apenas uma semana pelo time da Estrela Solitária – a primeira foi a da Libertadores, sábado passado, em Buenos Aires.  

O fato de o São Paulo revelar a disposição de poupar titulares é uma iniciativa que cabe à equipe paulista, sem qualquer interferência do Botafogo. Aliás, pelo que jogou ao longo da Série A, o campeão da Libertadores tem todas as chances de superar os tricolores sem necessidade de “ajuda”.

Na verdade, sem argumentos para desmerecer o Botafogo, surgem factóides cujo único intuito parece ser o de desestabilizar o time de Artur Jorge. Os números, porém, são claros e acentuadamente favoráveis ao Fogão, que derrotou (dentro e fora de casa) seus mais diretos perseguidores – Palmeiras, Flamengo e Internacional.

Com um time entrosado, praticando um modelo de jogo diferente dos demais competidores, o Botafogo sobra no campeonato. A vantagem de três pontos sobre o Palmeiras é até modesta para a diferença de qualidade entre os times e ao nível do futebol praticado.

Ao contrário do Palmeiras de 2022 e 2023, cujo futebol chato e previsível triunfou mais pelos erros dos adversários do que propriamente por seus méritos, o Botafogo mostra um jogo envolvente, ofensivo e fisicamente forte, capaz de atropelar adversários de qualquer porte.

Os únicos embaraços no caminho do alvinegro carioca foram as retrancas de times mais modestos, como Cuiabá, Criciúma e Vitória, ou de adversários francamente medrosos, como Grêmio e  Atlético-MG.  

Sempre que enfrentou times que se dispuseram a jogar, o Botafogo foi indiscutivelmente melhor, marcando sempre muitos gols e não dando espaço para surpresas. Com Luiz Henrique, Savarino, Almada e Igor Jesus em grande fase, o time cumpre à risca as orientações de Artur Jorge e mostra um repertório variado, que inclui até jogadas ensaiadas.

Aliás, foi graças a uma dessas jogadas que o Botafogo passou pelo Internacional, anteontem, no Beira-Rio. A bola saiu de um escanteio, foi tocada pelos laterais enquanto Marlon Freitas, Luiz Henrique e Igor Jesus se lançavam entre os zagueiros, abrindo espaço para Savarino finalizar de primeira. O chute saiu rasteiro, no canto. Um golaço.

Além disso, é justo lembrar que o Botafogo não contou com facilidade ou ajuda externa, ao contrário do Palmeiras, que até em partida decisiva contra o Cruzeiro em BH conseguiu jogar com portões fechados. Em caso de empate ou vitória, o Glorioso vai se sagrar campeão brasileiro e a conquista será inteiramente justa e inatacável.     

O fato é que, depois do inesquecível sábado, 30 de novembro, quando venceu o Atlético-MG por 3 a 1 e conquistou a Libertadores, a semana mágica do Botafogo pode se completar neste domingo (8) quando decide o Brasileiro diante do São Paulo, no estádio Nilton Santos.

Super Mundial define rotas desiguais para brasileiros

A Fifa organizou uma grande festa para sortear ontem, em Miami, os oito grupos do Super Mundial de Clubes de 2025. A nova competição, criada pela entidade com o claro objetivo de ampliar ainda mais o nível de faturamento e tentar esvaziar a Liga dos Campeões da Europa, será disputada de 15 de junho a 13 de julho nos Estados Unidos.

São 32 times distribuídos em oito grupos de oito cada. O sistema é simples: os dois primeiros colocados avançam para as fases de mata-mata, seguindo o mesmo modelo da antiga Copa do Mundo de seleções.

Dos quatro representantes brasileiros, Palmeiras, Flamengo e Fluminense tiveram mais sorte, caindo em chaves bem amenas. Já o Botafogo caiu no “grupo da morte”, enfrentando dois europeus – Atlético de Madrid e PSG, além do norte-americano Seattle Sounders.

Primeiro clube sorteado, o Palmeiras encabeça o grupo A e terá como adversários o FC Porto, o Al Ahly (Egito) e o Inter Miami, de Lionel Messi. No grupo D, o Flamengo terá como principal pedreira o Chelsea, da Inglaterra. Espérance, da Tunísia, e o mexicano León, completam a chave.

O Fluminense terá confrontos com Borussia Dortmund, da Alemanha, Ulsan, atual tricampeão coreano, e Mamelodi Sundowns, da África do Sul.

A solenidade expôs a satisfação do presidente da Fifa, Gianni Infantino, para quem o sorteio da primeira Copa do Mundo de Clubes representa um fato histórico. De Ronaldo Fenômeno, com quem dividiu o palco, o dirigente ainda ouviu um dengo: “Por que não fez isso antes?”.

Equilíbrio da Série A reserva emoções até o final

A quinta-feira à noite reservou momentos de angústia e emoção para a torcida do Fluminense, que derrotou o Cuiabá por 1 a 0, depois de perder um pênalti no primeiro tempo e sofrer para chegar ao gol na etapa final. Enquanto o Tricolor parecia aliviado, praticamente se livrando dos riscos de rebaixamento, eis que o Bragantino surpreendeu com uma vitória sobre o Atlético-PR, em Curitiba, por 2 a 1.

Os resultados deixam o Flu ainda fora da zona de queda, em 15º lugar com 43 pontos, mas diretamente ameaçado por Atlético-PR (16º) e Bragantino (14º). Os confrontos da última rodada irão definir o 4º rebaixado – que irá se juntar a Cuiabá, Criciúma e Atlético Goianiense.

O Bragantino, com 41 pontos, vai receber o Criciúma, já sem chances. Se vencer, vai a 44 pontos e pode empurrar o Fluminense ou o Atlético para a zona. O Furacão joga com o Atlético-MG em Belo Horizonte. Um duelo mortal, pois o Galo (44 pontos) ainda corre perigo.

Já o Fluminense tem a tarefa mais complicada. Vai encarar o Palmeiras, em São Paulo, precisando conseguir pelo menos um empate. O problema é que o Verdão ainda pensa no título, o que torna o jogo muito mais difícil.  

O equilíbrio da Primeira Divisão brasileira se expressa na situação do Fluminense, campeão da Libertadores 2023, e do Galo, atual vice-campeão do torneio continental. Ambos chegam à rodada final sob risco real de rebaixamento.

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 06)

Provocação antecipa embates

POR GERSON NOGUEIRA

A temporada promete ser particularmente agitada em 2025 para a dupla Re-Pa, com vários desafios a serem transpostos. Os preparativos atuais visam as campanhas nas quatro competições previstas – Campeonato Estadual, Copa Verde, Copa do Brasil e Série B. A rivalidade estará presente em todos esses torneios, principalmente no Parazão e no Brasileiro.

Não é inteligente antecipar desnecessariamente os embates, principalmente fora das quatro linhas. O executivo de futebol do PSC parece pensar de maneira diferente. Em entrevista ao podcast Diário Bicolor, Felipe Albuquerque comentou sobre o planejamento financeiro do Remo.

De maneira surpreendente, o executivo afirmou que o rival vai gastar muito mais que o Papão na temporada. Não se sabe ao certo qual a base de informações do executivo bicolor para fazer essas declarações. É justo imaginar que falou por sua conta e risco.    

A intenção parece óbvia. Caso os resultados do PSC não correspondam às expectativas, Albuquerque já introduziu uma vacina de argumentação. Dirá que os azulinos obtiveram êxito porque gastaram mais.

Por outro lado, na hipótese de o PSC vir a ser melhor sucedido, a afirmação vai respaldar um argumento diferente: mesmo dispondo de menos dinheiro, os resultados teriam sido melhores que os do rival.

Pode ser o ensaio de uma estratégia mais agressiva, com objetivos ainda desconhecidos. Surpreende porque, nos últimos anos, as gestões dos velhos rivais primaram por evitar altercações. Não se tem notícia nem mesmo de entreveros de bastidores, onde batalhas eram travadas com frequência.     

O fato é que a intromissão indevida de um executivo nos assuntos do clube rival não é algo bem-vindo. Durante entrevista transmitida na live do Diário Bicolor, página dedicada às notícias do clube, o dirigente destacou que o orçamento do Remo seria bem superior ao do Paysandu.

De cara, motivou uma previsível resposta do executivo do Remo, Sérgio Papellin, que se disse surpreso com a declaração do colega de ofício.

É um mau começo na relação entre os clubes, que terão pela frente depois de 19 anos um choque direto no Campeonato Brasileiro da 2ª Divisão. Dois clássicos irão agitar o Estado durante a competição e tudo o que não se precisa é de um ambiente de provocações baratas.

Pode não ter nada a ver, mas a suposta sondagem do Remo ao atacante Esli García, que ainda negocia com o PSC, seja o embrião da discórdia. De todo modo, dirigentes do Leão garantem que o jogador só seria procurado formalmente após findar negociações com os bicolores.

Leão busca no Peixe reforço para a linha de zaga

O Remo busca reforços para atender as necessidades impostas por quatro competições na temporada. Com apenas oito remanescentes de 2024 e dois reforços confirmados (o meia Dodô e o lateral Marcelinho) até o momento, o clube corre contra o tempo para suprir carências do elenco.

Um nome cogitado é o do zagueiro Alex Nascimento, pertencente ao Santos. O Remo tenta a contratação por empréstimo. O jogador despertou o interesse dos azulinos por estar em disponibilidade na Vila Belmiro.

Sem espaço, pois o clube conta com os zagueiros Gil, Jair Cunha, João Basso e Luan Peres, Alex deve ser liberado. Ele surgiu na base do São Paulo, atuou no Fluminense e chegou ao Santos em 2019. Atuou em 39 partidas e marcou um gol, mas foi pouco aproveitado em 2024.

Fogão figura entre os destaques do Ranking Digital

A edição do Ranking Digital dos Clubes Brasileiros, do IBOPE Repucom, aponta que os 50 maiores clubes brasileiros acumularam 1,9 milhão de novos seguidores em novembro. Os cinco que mais se destacaram foram: Flamengo, Corinthians, Botafogo, Santos e Atlético-MG. Juntos, foram responsáveis por 1,4 milhão de inscrições, ou 74% do total.

O Flamengo, campeão da Copa do Brasil, liderou o ganho de seguidores em novembro e obteve o seu maior resultado de 2024 ao somar 655 mil novas inscrições em suas redes oficiais. O Rubro-Negro também esteve à frente no ganho de seguidores no Instagram (405 mil) e no “X” (40 mil).

O Corinthians figurou no 2º lugar entre os maiores crescimento do mês, somando mais de 500 mil novas inscrições no combinado de suas mídias digitais. O Instagram (227 mil novos inscritos) e o TikTok (200 mil) foram responsáveis por 85% do resultado geral.

Já o Botafogo, campeão da Copa Libertadores da América e na briga pelo título do Brasileirão, obteve o 3º maior resultado do mês ao somar 115 mil novas inscrições no total de seus perfis e chegar à 12ª posição do Ranking Digital.

Em novembro, o maior destaque do Bota foi no TikTok ao registrar 54 mil novos seguidores, o que colaborou para que o clube totalizasse 1 milhão de inscrições na plataforma. No Instagram, contabilizou 47 mil novas adesões.

O Santos, que garantiu retorno à Série A, registrou o 4º maior desempenho ao contabilizar mais de 80 mil novas inscrições na somatória de suas redes oficiais. E o Atlético-MG, finalista da Libertadores e da Copa do Brasil, fecha o Top 5 dos maiores desempenhos ao registrar 72 mil novos seguidores no acumulado de seus canais digitais.

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 05)

A frase do dia

“No dia em que o IBGE divulga que o Brasil atingiu o menor nível de pobreza e extrema pobreza da sua série histórica a Quaest divulga pesquisa que 90% do mercado rejeita o governo Lula. A luta é de classes mesmo”.

Ricardo Pereira, professor e jornalista

A frase do dia

“O crescimento do PIB até setembro, em 3,3%, portanto acima das expectativas, mostra que o país está produzindo cada vez mais, gerando renda e emprego. Com medidas que promovam o equilíbrio das contas públicas vamos fortalecer a economia e garantir que as conquistas perdurem. É o Brasil avançando com trabalho e responsabilidade fiscal!”.

Simone Tebet, ministra do Planejamento

Alepa discute casos de exploração sexual de crianças e adolescentes em ambientes públicos

Crédito: Celso Lobo (AID/Alepa)

A Comissão de Defesa da Primeira Infância, Criança e Adolescente da Assembleia Legislativa do Pará (CDICA-Alepa) realizou, na manhã desta segunda-feira (02), uma reunião que debateu a ocorrência de exploração sexual de um adolescente de 12 anos nas dependências de um shopping em Belém.

Crédito: Celso Lobo (AID/Alepa)

A deputada Ana Cunha (PSDB), presidente da CDICA, conduziu o encontro, que teve a participação da delegada Adriana Norat, diretora de atendimento a grupos vulneráveis; da juíza Rubilene Silva Rosário, da 1ª Vara da Infância e Juventude de Belém; de Tarciara Martins Vilar, representante do Comando de Operações do Aeroporto Internacional de Belém; de Carolina Chaves, representante do Instituto Amarelinho; de Tony Bonna, representante da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce); e da delegada Danielle Ambrósio, diretora responsável pelo caso da vítima.

Para a deputada Ana Cunha, o encontro é uma oportunidade para fomentar ações conjuntas que impeçam a ocorrência de crimes como esse. “É um assunto extremamente delicado, e queremos estabelecer parcerias para a criação de um trabalho permanente no enfrentamento de casos como este. Nossa missão aqui é proteger. O local que você frequenta deve ser responsável pela sua segurança. O mínimo que as pessoas esperam em um local de compras e lazer é tranquilidade”, afirmou a parlamentar, destacando que as ações coordenadas pela CDICA, como campanhas de conscientização, são realizadas de maneira constante.

“A Comissão tem implementado estratégias voltadas à defesa de crianças e adolescentes. Buscamos ampliar a colaboração nos trabalhos e temos a responsabilidade de auxiliar no que for necessário para evitar que crianças e adolescentes sejam vítimas de crimes dessa natureza”, declarou.

Crédito: Celso Lobo (AID/Alepa)

A juíza Rubilene Silva Rosário, da 1ª Vara da Infância e Juventude de Belém, destacou que, paradoxalmente, locais onde crianças e adolescentes se sentem seguras costumam registrar maior número de crimes. “Sabemos que os crimes podem ser combatidos com campanhas de conscientização, mas é fundamental que essas iniciativas esclareçam às pessoas, às famílias e às crianças os riscos que podem enfrentar, ao invés de focarem apenas no que já ocorreu. A 1ª Vara da Infância e Juventude atua em escolas e locais frequentados por crianças, mas, infelizmente, crimes como esse acontecem justamente em lugares onde elas se sentem acolhidas. Precisamos intensificar os esforços para conscientizar os ambientes educacionais sobre a prevenção ao abuso sexual. É nossa responsabilidade garantir que as escolas saibam lidar adequadamente com esse tema”, defendeu.

Crédito: Celso Lobo (AID/Alepa)

A delegada titular Danielle Ambrósio, da Delegacia Especializada no Atendimento à Criança e ao Adolescente (Deaca-CPC), reforçou a importância de uma percepção crítica sobre a segurança em ambientes públicos. “As pessoas têm a ideia de que o shopping center é um ambiente seguro, e deveria ser, mas nem sempre é. Crianças, adolescentes e pessoas em geral, quando abordadas de forma estranha, entram em pânico. Foi o que ocorreu com a vítima no dia 31/10, quando foi interpelada. Assim que a Deaca foi acionada, agimos prontamente para proteger a vítima, com especial atenção à sua saúde física e emocional”, relatou.

A delegada também denunciou a demora no envio das imagens por parte do shopping. “Solicitamos as imagens, mas houve um atraso significativo. Precisei ir pessoalmente três vezes até o local para pedir mais agilidade na entrega das filmagens com melhor nitidez e para solicitar a busca e apreensão do sistema de câmeras internas. O juiz da Vara de Inquérito e Medidas Cautelares compreendeu a gravidade da situação, o que nos permitiu identificar e prender o criminoso”, explicou.

A CDICA é um instrumento de defesa dos direitos de crianças e adolescentes, e busca dar visibilidade às questões relacionadas à infância e adolescência no Pará. Para intensificar a proteção desse público, a Comissão trabalha constantemente no aperfeiçoamento de suas ações, em parceria com entidades que atuam no combate ao abuso sexual de crianças e adolescentes.

Marinha divulga vídeo para criticar civis e atacar mudanças fiscais propostas pelo governo

A Marinha do Brasil provocou polêmica ao divulgar, neste domingo (1º), um vídeo institucional que aborda as críticas sobre supostos privilégios militares. A peça, exibida na substituição do Pavilhão Nacional na Praça dos Três Poderes, em Brasília, apresenta uma narrativa que contrapõe as privações dos militares às experiências de lazer dos civis. O vídeo também foi compartilhado nas redes sociais da instituição.

O professor de Relações Internacionais Gilberto Maringoni manifestou indignação nas redes sociais, classificando o vídeo como uma ameaça velada à democracia. “A Marinha exibe dentes em disparatado vídeo divulgado domingo. A peça mostra que militares têm vida dura enquanto civis vivem em vadiagens sem fim. Tudo na estética realismo-gorila, a rosnar ameaças. Ou o poder civil enquadra essa gente, ou a democracia pagará o preço da omissão”, escreveu Maringoni.

Com duração de 1 minuto e 16 segundos, o vídeo alterna cenas de militares enfrentando condições extremas de trabalho com imagens de civis em festas e reuniões familiares. Em um dos momentos mais emblemáticos, um jovem militar questiona: “Privilégios? Vem pra Marinha”, reforçando o contraste entre as diferentes realidades.

A divulgação ocorre em um contexto sensível, marcado pelas mudanças fiscais propostas pelo governo Lula para o sistema previdenciário militar. Entre as medidas defendidas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estão a criação de uma idade mínima de 55 anos para a passagem à reserva e um pedágio de 9% sobre o tempo de serviço restante. “São mudanças justas e necessárias”, declarou Haddad recentemente.

Atualmente, os militares podem passar à reserva após 35 anos de serviço, sem exigência de idade mínima. A proposta busca alinhar os benefícios das Forças Armadas às reformas previdenciárias já aplicadas a outras categorias, gerando forte resistência no meio militar.

Especialistas apontam que o vídeo da Marinha vai além de uma mera campanha institucional, funcionando como um recado à sociedade e ao governo. A peça enfatiza as peculiaridades da carreira militar e reforça a ideia de que a vida nas Forças Armadas não pode ser comparada à de profissionais civis.

A proximidade do Dia do Marinheiro, celebrado em 13 de dezembro, também sugere que o vídeo pretende reafirmar a identidade e os valores das Forças Armadas em meio ao debate sobre privilégios e sacrifícios. Para Maringoni, no entanto, o vídeo é um exemplo claro de como a atuação política das Forças Armadas pode tensionar a relação com o poder civil. (Com informações do site Brasil247)

Audiência Pública debate na Alepa o fim da moratória da soja no Pará

Produtores de soja e representantes do agronegócio no Pará lotaram o auditório João Batista nesta segunda-feira (02). O evento foi uma Audiência Pública organizada pelo deputado Aveílton Souza, presidente da Frente Parlamentar Mista da Agricultura e Pecuária da Assembleia Legislativa do Pará. A audiência abordou a moratória da soja e suas consequências para os municípios da Amazônia Legal.

A moratória tem como objetivo assegurar que a soja produzida no bioma Amazônia e comercializada pelos seus produtores esteja livre de desmatamentos ocorridos após 22 de julho de 2008, mesmo em áreas cuja abertura foi legalizada pelo Código Florestal.

O presidente da Pró-Soja, Wanderley Ataíde, avaliou os prejuízos enfrentados pelo setor produtivo e pelo estado do Pará devido às restrições impostas pela moratória. “O Pará é um estado rico em recursos naturais, mas enfrenta desafios econômicos. Não podemos aceitar essas restrições em uma terra tão fértil, que pode produzir de tudo. São os produtores os principais prejudicados pela moratória da soja, incluindo aqueles que têm áreas legalmente desmatadas”, afirmou. “Nós ocupamos cerca de 125 milhões de hectares, o que corresponde a menos de 1% do território. Mesmo assim, empregamos cerca de 70 mil trabalhadores no campo e geramos uma receita bruta de 10 bilhões de reais. O setor é crucial para o desenvolvimento econômico do Pará, e estamos aqui para defender isso e lutar pela derrubada da moratória da soja”, concluiu.

O deputado Aveilton Souza destacou o compromisso da Frente Parlamentar com o desenvolvimento do agronegócio no estado. “Nosso interesse é manter a produção, buscar o desenvolvimento e demonstrar a importância do agro no Pará. Essa audiência foi realizada para debater esse tema e reafirmar o nosso apoio à derrubada dessa moratória”, afirmou o parlamentar.

O setor produtivo lembrou que a expectativa era de que os termos da moratória fossem suspensos a partir de 2012, com a entrada em vigor do Código Florestal Brasileiro, mas isso não aconteceu. Assim, a moratória passou a entrar em conflito com os direitos previstos na legislação brasileira.

Para Cristina Malcher, presidente da Comissão de Mulheres do Agro, da Federação da Agricultura do Estado (Faepa), “Há tempos a criação da Frente Parlamentar da Agricultura era uma necessidade. Agora temos essa representação no parlamento para discutir as pautas de interesse dos produtores nesta Casa de Leis”, disse. “Nós, produtores rurais, não podemos e não queremos descumprir as leis. Por isso, precisamos buscar mudanças na legislação para que possamos trabalhar. Derrubar a moratória da soja é necessário, e a Alepa é o caminho para alcançar esse objetivo”, avaliou.

Além de presidir a Frente Parlamentar Mista da Agricultura e Pecuária, o deputado Aveilton Souza é autor de um Projeto de Lei que propõe a derrubada da moratória da soja no território paraense.

Participaram da Audiência Pública o secretário de Agricultura, Wandenkolk Gonçalves, e os deputados Wescley Tomaz, Fábio Freitas, Gustavo Sefer, Braz e Rogério Barra. 

Crédito/fotos: Balthazar Costa (AID/Alepa)

A assombrosa participação da ‘torcida de bairro’ na conquista da América

“Vamos falar de um time tão glorioso, que, junto com o Santos, fez do Brasil o país do futebol, e foi conquistar só em 2024 o título mais importante de sua história. Campeão no campo, na arquibancada e nas ruas de Buenos Aires. Muita gente duvidava que a torcida do Botafogo pudesse fazer uma das maiores e mais lindas invasões da história do futebol. Aproximadamente 40 mil botafoguenses estiveram na ‘invasão’ a Buenos Aires para fazer algo que não pode ser esquecido.”

“Eu nunca tinha visto isso. Eu não estava em Lima (2019), eu não estava no Japão (2012) e tinha só 1 ano em 1976. Eu nunca tinha visto uma torcida ter tamanho deslocamento de gente e tomar conta de um estádio como fez o Botafogo. Muita gente fala: ‘a torcida do Botafogo cabe em uma Kombi, é bairro, faz chororô’… É hora também de falar o que fizeram os alvinegros em Buenos Aires. Foi um negócio muito bonito.”

André Rizek, no programa Seleção Sportv

É tempo de Botafogo: nosso mantra é perseverar

POR GERSON NOGUEIRA

Passagens marcantes de nossas vidas ficam guardadas em lugares especiais, os chamados escaninhos da alma ou aquilo que os cartesianos gostam de eleger como memória seletiva. Quando o Botafogo foi campeão carioca em 1989, ano do nascimento de meu filho Pedro, acompanhei o jogo da redação da TV com o coração na mão. A euforia me levou a festejar na Doca com irmãos de Estrela Solitária.

Em 1995, quando Túlio, Sergio Manuel & Donizete ganharam o Brasileiro, a festa se estendeu ao Cosanostra, sempre intensamente etílica. Finalmente, neste sábado iluminado do ano da graça de 2024, o Glorioso conquistou a América e precisei de algum tempo para acreditar nos fatos, atordoado e feliz. Afinal, o Botafogo está comigo há seis décadas.

Para facilitar a compreensão seria necessário fazer um tutorial do que é ser botafoguense. Segundo o mestre Armando Nogueira, o torcedor do Botafogo é um predestinado, escolhido pela Estrela que nos conduz. Por via dessa conjunção estelar, somos erráticos, imprevisíveis, diferentes.

Duvidamos de nossas possibilidades mesmo que todas as evidências indiquem o contrário. Somos sempre os menos otimistas – e até nos orgulhamos disso. Por essa razão, sofremos o diabo com a derrocada de 2023, embora no fundo já soubéssemos que tudo poderia dar errado.

Desta vez, as convicções eram mais fortes, assentadas na óbvia força técnica e coletiva do time dirigido por Artur Jorge. Não havia dúvida que, pela lógica, a final da Libertadores pendia mais para o lado de cá. Ocorre que, como a cumprir o script redigido por algum anjo sacana, as coisas começaram muito mal, da pior forma possível.

Uma expulsão logo aos 29 segundos é algo surreal até para os padrões do Botafogo. E logo Gregore, nosso pitbull de estimação, encarregado de trancar os portões e proteger o cofre. O pontapé veio carregado daquela dose imponderável de drama que precede desgraças.

Parei de assistir por algum tempo. Busquei coisas para entreter a mente. Um bangue-bangue na TV, um rock dos Ramones, uma passada na saga de Mário Conte, o detetive cubano de Padura. Nada, porém, capaz de conter a ansiedade. Ergui algumas orações e voltei à refrega.

Minutos depois, gol de Luiz Henrique. Não poderia vir em melhor momento. De repente, outro gol, por ação direta do camisa 7, legítimo representante de Mané Garrincha no Monumental. Pênalti cobrado com fúria por Alex Telles, e 2 a 0.

Tudo caminhava bem, bem demais. Perigo, perigo. Logo aos 2 minutos do tempo final, gol atleticano e todas aquelas premissas nefastas voltam a atormentar. Uma bola indefensável cabeceada pelo baixinho Vargas.

De cara, o jogo volta a ficar aberto e imprevisível. O Atlético aumenta a pressão, nossos laterais dão sinais de esgotamento com a insistência de Hulk em recolocar o time dele na disputa. Almada e Savarino fazem o jogo girar, mas o risco é permanente.

E aí cabe destacar o quanto Artur Jorge foi corajoso ao manter o time agressivo e crente na vitória ao invés de cair na roubada de fechar o meio e abandonar o ataque. Manteve os quatro mais ofensivos – Luiz Henrique, Almada, Savarino e Igor – na certeza de que o título só viria dessa forma.

Acertou em cheio. Não poderia correr o risco de ir para a prorrogação com 10 jogadores. Artur é um técnico como há tempos o Botafogo não tinha, lembra João Saldanha. Forte razão do êxito desse time, sem dúvida.

Por uma dessas coincidências absurdamente botafoguenses, Junior Santos, artilheiro e herói da campanha, entra no jogo para botar sua assinatura na taça. Dribla dois atleticanos com um quê de Ronaldo Fenômeno e avança até a área, perseverante e indomável.

O passe para Matheus foi interceptado por um zagueiro, a bola então se oferece ao goleador, que a despacha para o fundo do barbante. A história da grande final da América é finalizada com esmero pelo roteirista maluco.

Os torcedores de times mais acostumados a vitórias certamente se angustiam também em partidas finais, mas ou têm mais casca ou talvez apenas disfarcem melhor. Por outro lado, a carência de conquistas importantes nas últimas décadas conspira em nosso favor.

Ao contrário dos que acham que sofrer é com a gente, perseverar é o nosso verbo definidor. Duvidamos de quase tudo, mas sempre acreditamos também. Conflitos gigantescos, só possíveis em corações apaixonados.

Ao mesmo tempo, como ocorre com aqueles que pouco têm, nós sabemos o exato valor daquilo que conquistamos. Por isso, todos os títulos obtidos na era moderna – poucos, é verdade – são importantes, inesquecíveis e preciosos demais para todo botafoguense.

Enfim, é tempo de Botafogo! 

Alguém disse na TV que é preciso ressignificar aquela frase-sentença “há coisas que só acontecem com o Botafogo”. A partir de agora, é justo dizer que há coisas que só o Botafogo faz, como vencer uma Libertadores vindo da pré-Libertadores.

Foi a Libertadores mais épica de todas. Somos os legítimos campeões da América, com direito a disputar dois mundiais. E podemos fechar o ano com mais uma taça, mas isso é assunto para outra resenha.

(Ainda preciso acordar deste sonho delirante…)  

Obs.: Sonhava tanto com o dia em que escreveria linhas como estas, mas a realidade sempre trazia a descrença que habita a alma alvinegra. Desde os 10 anos, ainda em Baião, tempos de Jairzinho e Gerson, bolava parágrafos inspirados, citações geniais, frases buriladas para quando chegasse a hora. Mas, quando a história finalmente se materializa à nossa frente, sai o texto que o coração dita. E está tudo bem.

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 02)

Botafogo campeão é recebido por multidão de torcedores no Rio de Janeiro

O campeão da Libertadores está no Rio. O avião da delegação do Botafogo pousou no aeroporto do Galeão com a taça na bagagem às 16h13 deste domingo, após a conquista da América deste sábado, em cima do Atlético-MG, em Buenos Aires. A festa durou até a noite na Zona Sul da cidade.

O ônibus do Botafogo seguiu do Galeão até o Complexo Esportivo Mourisco Mar. Ao chegar à enseada de Botafogo, o local estava completamente tomado por torcedores alvinegros.

Marlon Freitas, em entrevista aos canais Globo, disse que este fim de semana ficará na memória de todos os torcedores do Botafogo. O capitão da equipe disse que o elenco merece o título da Libertadores.

— Dia especial, vai ficar marcado para todo torcedor botafoguense, para nós, jogadores, para o clube. A gente merece por tudo que a gente fez, uma festa muito linda. Só agradecer o carinho, a rua cheia, um momento muito especial para nós.

Ao fim da noite, por volta das 20h, o técnico Artur Jorge chamou os jogadores do Botafogo e pediu para encerrar a festa. Entrevistado pela reportagem dos canais Globo, o técnico português brincou sobre o fim da festa, afirmando que o elenco ainda tem outra final na quarta-feira, contra o Internacional, pelo Campeonato Brasileiro.

— Tudo tem os seus momentos. Eu saltei com eles, mas terminamos a festa porque quarta-feira temos mais uma grande final. Queremos vencer, queremos vencer o campeonato. E para isso temos que estar preparados para dar uma resposta. O objetivo a partir de hoje passa a ser ser campeão nacional.

O percurso dos trios elétricos durou quase duas horas, das 18h20 até 20h15. Os campeões da América desfilaram do Mourisco Mar até a praça Nicarágua, no fim da orla de Botafogo.

(Transcrito do GE)