70 a 60: Remo conquista o bicampeonato paraense de basquete

O jogo final do Campeonato Paraense de Basquete Masculino, realizado novamente na Arena Mangueirinho, foi vencido pelo Clube do Remo, que dessa forma conquistou o bicampeonato da modalidade ao superar o Paysandu por 70 a 60 pontos. Foi o 30º título estadual azulino e veio após uma recuperação impressionante dentro do campeonato.

Nos playoffs, o Papão começou impondo uma vitória, mas o Leão equilibrou a disputa e triunfou no final cravando 3 a 2 na série decisiva. A solidez defensiva e a eficiência nas ações de ataque caracterizaram o time remista, que mostrou evolução nas cinco partidas.

Neste domingo, 15, com um novo atraso de 2h, as parciais foram de 42 a 33 e 53 a 46 até o placar final. O jogador Gabriel foi o cestinha da noite, assinalando 22 pontos. “Sou remista, dediquei o meu trabalho nesses últimos meses. Comprei essa briga para lutarmos pelo título. Hoje o coletivo falou mais alto. Estou feliz em fazer parte desse time, dessa reviravolta. Foi o campeonato mais importante da minha vida”, afirmou.

(Fotos: Samara Miranda/Ascom Remo)

Rock na madrugada – Ride, “Leave them all behind”

POR GERSON NOGUEIRA

Um espantoso hit de mais de 8 minutos de duração, cuja intro dura 2 minutos, “Leave Them All Behind” (Deixe todos para trás) foi um dos maiores sucessos do subgênero shoegaze, de curtíssima duração no rock inglês, mas fundamental para a formação musical das bandas que surgiram imediatamente depois. Os responsáveis por isso são os músicos do Ride: o baixista Steve Queralt, o vocalista e guitarrista Mark Gardener, o também guitarrista Andy Bell e o baterista Laurence ‘Loz’ Colbert.

A banda, nascida em Oxford, lançou em 1990 o disco “Nowhere”, espécie de disco-manifesto do shoegaze/dreampop. Nesse período, o Ride lotava todos os locais onde se apresentava e chegou a ser apontado como “o futuro do rock”. Em seguida, saiu o álbum “Going Blank Again” (Ficando em branco novamente), que atingiu os primeiros lugares na parada britânica justamente com “Leave Them All Behind”. O terceiro trabalho foi o pouco elogiado “Carnival of Light”. Finalmente, em 1966, “Tarantula”, quando o grupo já havia se separado.

A força das melodias e a potência sonora ajudaram a catapultar o Ride ao topo da cena indie como um legítimo representante do chamado “rock de guitarras”, característica marcante do shoegaze. Depois do fim da banda, em 1996, Andy Bell foi tocar baixo no Oasis, onde ficou por 10 anos. Depois, integrou o Beady Eye, de Liam Gallagher.

Em 2015, o Ride voltou à cena, apresentando-se em festivais na Europa, Canadá e Japão. Dois anos depois, foi lançado “Weather Diaries”, quinto disco da banda e o primeiro em 21 anos. Em 2019, saiu “This Is Not A Safe Place”. Em março deste ano, o Ride deu sinais de vida: Andy Bell anunciou um novo projeto, o disco “Interplay”. Um dos pilares do shoegaze segue vivo.

É dia de Dilma!

“Hoje é dia da querida companheira @dilmarousseff. Uma mulher que nos inspira por sua dedicação, coragem e resiliência. Que você siga com muita saúde e força. Feliz aniversário”.

Lula, presidente do Brasil

Os protagonistas da temporada

POR GERSON NOGUEIRA

Jaderson, pelo Remo, e Esli García, pelo PSC, foram os dois protagonistas do futebol paraense em 2024. Ninguém esteve acima deles em categoria e importância para seus times. Por coincidência, ambos têm a mesma idade, 24 anos, e desembarcaram em Belém sem qualquer expectativa em torno de seus nomes. De simples apostas tornaram-se peças fundamentais.

O atacante venezuelano chegou com um bom currículo, carregando a fama de fazedor de gols pelo Deportivo Táchira. Pesavam sobre ele as dúvidas que normalmente cercam atletas estrangeiros que optam por encarar o clima nem sempre ameno do Pará.

Disputou o Campeonato Estadual, aproveitando para seduzir a torcida bicolor com suas arrancadas, dribles espertos e finalizações caprichadas. Faltou convencer o técnico Hélio dos Anjos, que desde o começo manteve postura hostil e crítica em relação a Esli.

Chegou a ter seu sucesso atribuído por Hélio ao fato de ser “engraçadinho” e baixinho. O crescente apoio da torcida aumentou o azedume do comandante. Veio então a Série B para consagrar Esli definitivamente.

Com gols e atuações convincentes, o atacante logo se transformou no artilheiro que o PSC tanto buscava. Quem apostou que o goleador máximo seria Nicolas, enganou-se redondamente. Em poucas rodadas do Brasileiro, Esli já havia marcado mais gols que o antigo ídolo.

Gols importantes e sempre bonitos, como o que marcou diante do Botafogo-SP, driblando os zagueiros e metendo a bola no ângulo superior. Faria muitos outros assim, sempre empolgando a torcida e irritando Hélio. A queda do treinador não tornou a situação mais fácil para Esli.

O novo comandante, Márcio Fernandes, o manteve no banco. Somente quando a consagração já era ampla, Esli finalmente ganhou a chance de entrar jogando, diante do Vila Nova na última rodada. Fechou a temporada como o mais importante jogador da campanha do Papão na Série B.

Jaderson teve uma caminhada diferente, entrando no time desde a chegada ao Baenão, ainda sob o comando de Ricardo Catalá. Atuou inicialmente como ala esquerdo, depois foi experimentado como meia e andou entrando até como lateral. Sobreviveu à vexatória eliminação na Copa do Brasil, que derrubou Ricardo Catalá. Com o substituto, Gustavo Morínigo, passou a ser utilizado como volante, sua função original.

Apesar das boas atuações, principalmente na sequência de quatro clássicos com o rival PSC, Jaderson só viria a ser encaixado definitivamente na equipe após a chegada de Rodrigo Santana.

Foi então escalado como volante/meia, ao lado de Pavani, respondendo pela função primordial de organizar as ações ofensivas do Remo, sem se descuidar da marcação e até mesmo de ajudar a linha de zagueiros.

Com isso, tornou-se peça-chave do time que iniciava a busca pela classificação ao G8 da Série C e terminaria conquistando o acesso com excelente campanha na fase de grupos. Foi um dos heróis do acesso, com participação no gol que garantiu o triunfo sobre o S. Bernardo. (Fotos: Jorge Luís Totti/Ascom PSC; e Samara Miranda/Ascom Remo)

Para reverenciar uma entidade sagrada do futebol

Em meio às glórias botafoguenses das últimas semanas, um nome deve ser sempre reverenciado por todos que amam o futebol: Mané Garrincha, que fez 60 jogos pela Seleção Brasileira, conquistando 52 vitórias, sete empates e sofrendo somente uma derrota. Ao cabo de sua participação com a camisa verde-amarela, o saldo foram dois títulos de Copa do Mundo, sendo que uma delas foi praticamente ganha exclusivamente por ele – Chile 1962.

A Alegria do Povo não ganhou esse apelido tão dignificante por acaso.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda o programa, a partir das 22h, na RBATV, com a participação de Giuseppe Tommaso. O futuro presidente do PSC, Roger Aguilera, é o convidado especial da noite. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.

Uma derrota que deveria preocupar muito mais gente

Um jornalista de perfil sério, alheio aos caprichos das paixões clubísticas, observou com propriedade a derrota do Botafogo diante do Pachuca, no Qatar. “Analisando mais profundamente o que aconteceu no Catar, ou mesmo nos dias e semanas prévios à viagem alvinegra para a Copa Intercontinental, o mais adequado seria dizer que qualquer torcedor brasileiro deveria se preocupar”, escreveu Carlos Eduardo Mansur.

Segundo ele, a maratona que contribuiu para que o Botafogo sucumbisse contra os mexicanos “em breve pode vitimar qualquer outro clube do país”. Cito Mansur porque é um jornalista livre de qualquer suspeita de ser botafoguense – aliás, é normalmente muito crítico em relação ao Glorioso. As piadas pós-jogo são compreensíveis, afinal o time que acabara de papar todos os títulos sofreu uma derrota fragorosa e aparentemente inesperada. Há um prazer meio sádico – e bem brasileiro – nessas reações.

“Foi impossível olhar para o jogo e não pensar no calendário nacional. Se o Pachuca era um adversário pouco habitual de um clube brasileiro, a maratona a que times do país são submetidos antes de jogar algumas partidas de futebol não é. E o alvinegro foi a vítima da vez: a final da Libertadores, o jogo decisivo com o Internacional, o título brasileiro contra o São Paulo há três dias, as 15 horas de viagem, as noites mal dormidas, o fuso horário… Nada disso combina com uma preparação desejável para competir em alto nível”.

Os que acompanham futebol com as lentes da serenidade sabem que o desgaste gerado por disputas encarniçadas pode ser o estopim de fracassos aparentemente improváveis. Mansur sabe e traduziu bem a situação desfavorável que rondou o Botafogo, desde a reta final do Brasileiro, submetido a cinco jogos decisivos em pouco mais de duas semanas.

(Coluna publicada na edição do Bola deste sábado/domingo, 14/15)

Barcinski e as origens e influências do Shoegaze

No vídeo acima, André Barcinski discorre sobre o fugaz gênero do rock que revelou grandes bandas como My Bloody Valentine, Lush, Ride, Curve, Swervedriver, dentre outras.

Quem não conhece deve dar uma boa espiada no novo site de jornalismo cultural do Barcinski: https://www.andrebarcinski.com.br.

Recomendo.

André Barcinski é jornalista, escritor, roteirista e documentarista. Trabalha há quase 40 anos com jornalismo cultural. Escreveu nove livros, incluindo biografias de Zé do Caixão, Sepultura, João Gordo, Marcelo Nova e Nelson Ned. Dirigiu ou roteirizou filmes e séries como “Sullivan e Massadas: Retratos e Canções”, “O Rei da TV”, “Hit Parade”, “Notícias Populares”, “História Secreta do Pop Brasileiro” e “Zé do Caixão”. Venceu o Troféu Jabuti, o mais prestigioso da literatura brasileira, em 1992, pelo livro “Barulho”. Ganhou também o Prêmio do Júri no Festival de Sundance (EUA) pelo documentário “Maldito”, sobre Zé do Caixão.

A prisão do general golpista: Mauro Cid denunciou Braga Netto por tentativa de coação

Por Juliana Dal Piva, no ICL Notícias

A Polícia Federal prendeu o general Braga Netto, na manhã deste sábado (14/12), após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A coluna apurou que a prisão ocorreu porque o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, denunciou em seus depoimentos ter sido coagido pelo general. Braga Netto também estaria pressionando o pai de Cid, o general Lourena Cid. A prisão de Braga Netto ocorreu no apartamento dele em Copacabana, na zona sul, do Rio de Janeiro.

Em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, Cid, afirmou que Braga Netto entregou dinheiro vivo para financiar o plano golpista “Punhal Verde e Amarelo” em uma embalagem para guardar vinhos. A coluna apurou ainda que o dinheiro foi destinado por Braga Netto ao grupo conhecido como Kids Pretos, os militares com curso de operações especiais, durante um encontro em uma das residências oficiais da Presidência da República.

Nos depoimentos recentes, Cid também afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) recebia informes de Braga Netto todos os dias sobre o andamento do plano organizado pelos “Kids Pretos”. O plano pretendia evitar a posse do presidente Lula após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022 e ainda tinha o planejamento para assassinato de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

No entanto, a coluna apurou que Cid afirma que não tinha conhecimento de que o plano previa os assassinatos.

O plano dos militares seria consumado no dia 15 de dezembro de 2022. O advogado de Cid, Cezar Bitencourt, afirmou, em entrevista ao programa Estúdio I, da TV Globo, que Bolsonaro tinha conhecimento de tudo. “Sabia, sim, na verdade o presidente de então sabia tudo. Na verdade, comandava essa organização”, disse Bitencourt. A coluna adiantou que Cid tinha mencionado que Bolsonaro sabia do plano. No entanto, o advogado depois voltou atrás nas declarações.

Após o depoimento para Moraes, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro conseguiu manter os benefícios do acordo de colaboração premiada com a PF. A Polícia Federal havia pedido a rescisão do acordo de colaboração premiada de Cid após descobrir que ele havia omitido informações sobre a trama para os assassinatos.

As frases do dia

“Neste dia de aniversário da Dilma foi preso, pela primeira vez na história da República, um general quatro estrelas, Braga Neto. Foi em cana às sete da manhã. Ao que tudo indica por destruir provas de seu envolvimento no golpe de estado flopado”. Hildegard Angel, jornalista

“Braga Neto tentou emplacar uma filha em uma diretoria da ANS. Foi vetada, acabou em uma vaga na prefeitura do Rio. Estava na lista de generais que receberam mais de R$ 1 milhão em um mês. É o exemplo eloquente de militares cuja missão é a defesa do bolso. Bom que começou com ele!”. Milton Figueiredo Rosa, administrador de empresas

“Presidenta Dilma, receba esse presente do tempo! A senhora merece demais!”. Zélia Duncan, cantora

“A lei é para TODOS. Tentativa de golpe é crime. Tentar obstruir a justiça e intimidar testemunhas também. Democracia SEMPRE”. Ricardo Cappelli, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial

“O que é preciso lembrar sobre Braga Netto (o 3 é ironia divina): 1. Foi o interventor do Rio sob tutela de Temer na GLO decretada após a deposição de Dilma. 2. Comandava a “segurança” do Rio no dia do assassinato de Marielle e Anderson. 3. Hoje é aniversário da Dilma Roussef”. Luís Costa Pinto, jornalista

Os melhores filmes de 2024

Por André Forastieri

Todo fim de ano John Waters publica sua lista de “Melhores do Ano”. Cineasta, escritor e patrimônio do underground, seus favoritos sempre distoam dos consensos de público e crítica. Nunca contradiz pra causar. Waters tem gosto próprio, mau gosto para a maioria. Escandaliza naturalmente.

A lista de 2024 combina com seu currículo de clássicos perversos, personalíssimos como “Pink Flamingos” e “Polyester” (que vinha com uma cartela de odores bisonhos para você raspar na cena certa). Também tem a marca do autor de subversões fofas como “Cry Baby” e “Hairspray”, esse que virou musical teatral no mundo inteiro.

Aos 78 anos, personagem querido, mantém a língua afiada e chocando os carolas. O amigo André Barcinski publicou outro dia esse vídeo contando sua experiência com ele.

Atiçado pela sua lista, todos inéditos aqui em casa, vimos ontem “Joker – Delírio a Dois”. Podia ser uma HQ proibida para menores, a la Grant Morrison e Bill Sienkiewicz. É esquálido e esquizo, fantasioso e fedebundo e operístico – como orna com o Coringa.

Não facilita com explicações psicológicas ou sociológicas para seus protagonistas dementes. Não alivia na pressão ou escrotidão. Não faz concessões no clímax.

As sequências musicais são coreografadas e iluminadas como num horário nobre de antigamente, Broadway plastificada. A trilha não tem um sucesso com menos de meio século. Joaquin Phoenix e Lady Gaga entregam exatamente o que a história exige – e o deles é um lindo, horrível romance.

Fracasso financeiro, foi esculhambado pela crítica e evitado pelo público. Mas quanto um filme custou ou lucrou é assunto que só deveria importar aos acionistas do estúdio.

Aqui está a lista completa de John Waters, os filmes e seus diretores. Vale ler o texto completo de John, explicando suas escolhas. That´s entertainment!

1) Love Lies Bleeding – O Amor Sangra (Rose Glass)
2) Queer (Luca Guadagnino)
3) O Brutalista (Brady Corbet)
4) Hard Truths (Mike Leigh)
5) Messy (Alexi Wasser)
6) Joker: Delírio a Dois (Todd Phillips)
7) Femme (Freeman/Ping)
8) Emilia Pérez (Jacques Audiard)
9) Babygirl (Halina Reijn)
10) Viet and Nam (Truong Minh Quy)

Assistiremos todos. John Waters sabe das coisas.

A ressaca pune os campeões

POR GERSON NOGUEIRA

Tem muito alvinegro aborrecido com a derrota para o modesto Pachuca, ontem, na disputa do Derby das Américas. É compreensível, foi mesmo uma coisa chata. O problema é que o ritmo avassalador de conquistas em tão curto espaço de tempo acostumou mal a torcida, que agora quer ganhar absolutamente tudo. O jogo era o passo inicial para chegar à decisão da Copa Intercontinental contra o fabuloso Real Madrid.

Francamente, penso que foi melhor assim. Estropiado pela maratona de cinco jogos decisivos em 16 dias, em cidades de diferentes países e continentes, tendo pelo meio duas comemorações de arrebentar a boca do balão, era improvável que o time conseguisse se apresentar de forma minimamente competitiva no torneio que se realiza no Qatar.

Diante dos mexicanos, a ressaca de vitórias puniu o Botafogo, que utilizou os jogadores que tinham melhores condições para entrar. Metade do time titular foi poupado para evitar lesões. O cansaço físico sempre vem acompanhado da exaustão mental. A decisão do Brasileiro, domingo, poderia ter sido antecipada para sábado, mas a CBF novamente jogou contra os interesses do clube.

Os mais empolgados não entenderam o tamanho do desafio que se abre à frente do Botafogo campeão da América e tricampeão brasileiro. Como o pistoleiro mais rápido do Oeste que era obrigado a enfrentar todos os aspirantes à fama, o Fogão virou o time a ser batido.

Em qualquer competição, o time terá que defender as belíssimas conquistas que ostenta. É assim que funciona. A isso chamamos de preço do sucesso, mas o torcedor médio não está preparado para essa conversa. Havia gente acreditando até naquele chiste idiota “Real Madrid, a tua hora vai chegar”, inventado por cabeças-ocas do Flamengo.

A realidade às vezes pode ser cruel. Um confronto agora com o Real de Carlo Ancelotti poderia ser bastante desfavorável ao Botafogo, que tem mesmo um excelente time, mas carece de ajustes para sustentar um confronto de mesmo nível com os campeões europeus. O Fluminense que o diga, depois de ser atropelado pelo Manchester City.  

A saudável consciência sobre os limites do time de Artur Jorge não pode deixar passar batido alguns erros primários cometidos ontem. Os laterais marcaram errado, a marcação só funcionou com Gregore e o ataque não foi abastecido pelos homens de meio-campo. Esse panorama só mudou no 2º tempo, mas não a tempo de evitar a derrota.   

No fim das contas, o que importa de verdade é a façanha que o Botafogo conseguiu cravar nos oito dias mágicos de sua história – de 30 de novembro a 8 de dezembro de 2024. Esse orgulho da dobradinha de taças ninguém tira mais do Alvinegro e de sua inquieta torcida.

Regulamento exclui principal apelo da Copa Verde

Foi bom enquanto durou. A CBF anunciou o novo regulamento da Copa Verde e da Copa do Nordeste, excluindo a previsão de vaga direta na 3ª fase da Copa do Brasil, direito que era concedido desde 2020 aos campeões dos dois torneios. A alteração naquele que era o principal apelo da competição gerou inquietação entre os clubes.

A presença na 3ª fase da Copa do Brasil era o atrativo maior das competições, por garantir receitas maiores pelas cotas de participação e possibilidade de boas arrecadações como mandantes.

A CBF explicou a retirada do artigo como parte de um movimento de revisão de todos os campeonatos organizados pela entidade frente às mudanças no calendário do futebol mundial. O presidente da FPF, Ricardo Gluck Paul, confirmou e justificou a “medida técnica”.

Segundo ele, isso irá permitir que as Copas sejam redimensionadas de forma mais viável e atrativa economicamente. “A CBF publicou a tabela da Copa Verde e existe uma medida técnica, combinada com as federações, para que possamos fortalecer a competição”. A conferir.

Ronaldo Passarinho lança “Fragmentos de uma vida”

O amigo Ronaldo Passarinho lança, aos 84 anos, o livro que resume sua trajetória na vida pública e no esporte paraense. “Fragmentos de uma vida” é o título da obra, que agrega em 94 capítulos episódios da Belém de outrora, passagens da vida política, detalhes sobre a vivência com o tio Jarbas Passarinho e de sua rica contribuição ao futebol, particularmente como benemérito do Clube do Remo. O lançamento será hoje, no hall do auditório João Batista da Assembleia Legislativa, às 10h.

Ronaldo sempre foi um excelente cronista de seu tempo e um talentoso contador de histórias. Convivi mais de perto com ele quando era deputado estadual, tendo como colegas de Alepa políticos como Paulo Fonteles, Zeno Veloso, João Batista, Everaldo Martins, Nicias Ribeiro, Mário Chermont, Álvaro Freitas e Célio Sampaio.

Como dirigente de futebol, foi um infatigável defensor do Remo em várias frentes de batalha. A peleja que travou para evitar a desastrosa venda do estádio Evandro Almeida é digna de menção. Seu livro, que começou a escrever há mais de 10 anos, é um grande painel do Pará contemporâneo, repleto de humor e com um toque indisfarçável de nostalgia.

Aliás, como atento e diligente colaborador desta coluna, ele anotou um detalhe a ser acrescentado ao que escrevi sobre as origens paraenses do nosso amado Botafogo: “Gerson, um adendo: Otávio de Moraes, filho da nossa conterrânea Eneida, foi campeão carioca em 1948. A nossa linha de ataque, como se chamava antigamente, era: Paraguaio, Geninho, Pirilo, Otávio e Braguinha”.

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 12)

Treze dias para a História

POR GERSON NOGUEIRA

É um circuito de festas que não acaba mais. Até para os padrões botafoguenses, normalmente exagerados. Foram 13 dias que sacudiram a história e os alicerces do futebol brasileiro. Do dia 26 de novembro, quando derrotou o Palmeiras por 3 a 1 em São Paulo, praticamente definindo o Campeonato Brasileiro, até o domingo, 8 de dezembro, quando confirmou a conquista do tricampeonato nacional, o Botafogo vive um impressionante turbilhão de emoções. 

Foram quatro partidas nesse período, incluindo o 30 de novembro, quando o Botafogo superou o Atlético-MG no Monumental Nuñez, em Buenos Aires, conquistando a Glória Eterna. Em seguida, voltou ao Brasil para enfrentar e vencer o Internacional, jogo difícil pela extenuante maratona a que a equipe de Artur Jorge havia sido submetida dias antes.

Nos últimos dias, a quantidade de homenagens e destaques dados ao Botafogo é até sufocante, embora compreensiva. Digo, por experiência própria, visto que já nem consigo acompanhar a profusão de clipes, imagens e músicas na internet. Há esse aspecto também a considerar: as redes sociais potencializam ainda mais determinados feitos.  

Potencializam e documentam, o que é um papel importante para eternizar o que foi conquistado. O Botafogo precisava dessa febre da vitória, algo que poucos clubes alcançaram ao longo de suas histórias. Alguns passam uma vida inteira sem conseguir vivenciar o que os alvinegros têm desfrutado nesses 13 dias mágicos.

Não se pode menosprezar o papel purificador do trauma vivido em 2023, quando uma pipocada história deixou a alma botafoguense machucada e alvejada por todo tipo de humilhação. Com uma vantagem na liderança que chegou a 14 pontos, o Botafogo derreteu no 2º turno e foi atropelado pelo Palmeiras, que fazia uma campanha não mais que previsível.

O tombo representado pelo fracasso da temporada passada foi profundamente determinante para a ressurreição da Estrela Solitária em 2024. Os trabalhos de gestão e busca de reforços foram fundamentais para que o time tivesse a consistência necessária para superar as dificuldades impostas pelo Brasileiro e pela Libertadores.

É bem possível que ninguém no Botafogo imaginasse o script que prevaleceu no final, com a consagração do time, até porque o futebol não é tão esquemático assim, mas sem dúvida o objetivo era exatamente o que foi atingido. Luiz Henrique, premiado pela maioria dos críticos como o craque da temporada, foi a maior das ousadias do clube.

O Botafogo não economizou para adquirir o ponta habilidoso revelado pelo Fluminense e que cumpria uma jornada discreta no Bétis (Espanha). Havia a consciência de que ele, ao lado de craques como Savarino e Almada, teria a capacidade de conduzir o time ao nível máximo. E assim foi feito.

Luiz Henrique custou 20 milhões (R$ 106,6 milhões, na cotação atual) ao Botafogo, valor recorde por um atleta brasileiro. O outro investimento ousado foi por Thiago Almada, meia da seleção argentina, cuja contratação ao Atlanta United saiu por US$ 25 milhões (R$ 140 milhões).

Até os custos dessas transações representam algo inteiramente novo e quase inacreditável na vida do Botafogo, um clube que flertou sempre com o aperreio financeiro, mesmo nos tempos dourados de Garrincha e Didi. É como se o mundo estivesse de ponta-cabeça, compensando o aflito torcedor botafoguense por tantos anos de angústia. Que siga assim.

Presença paraense nos primórdios do Fogão

Nas origens históricas do Botafogo, há uma importante participação paraense. Emmanuel Sodré, nascido em Belém, foi um dos co-fundadores do clube. Em sala de aula, em 1904, no Rio de Janeiro, Flávio Ramos mandou um bilhete para Emmanuel convidando para fundar um time de futebol. O local escolhido foi o Largo dos Leões, no bairro do Humaitá.

Emmanuel, que era irmão do famoso Mimi Sodré, abraçou a ideia e o clube surgiu com o nome de Electro Club, logo rebatizado para Botafogo, em homenagem ao bairro de origem. A responsável pela decisiva troca foi Dona Chiquitota, avó de Flávio, que implicou com o primeiro nome.

Recordo isso aqui porque, muitas vezes, o fato passa batido para muita gente. Sem esquecer ainda que Eneida de Moraes foi uma apaixonada torcedora do Botafogo nos idos de 40 e 50.

Leão apresenta mais um trio de contratados

O Remo começou a divulgar as contratações para a próxima temporada e, ontem, anunciou mais três reforços: o atacante Maxuell, o zagueiro Lucão e o meia Dener. O defensor já está em Belém. Aos 31 anos, teve passagens pelo Americano, Luverdense e América-RJ. Jogou também pelo Zejtun Corinthians e Nadur Youngsters, de Malta. Antes do retorno ao Brasil, atuou no futebol da Indonésia.

Depois de Dodô, que foi oficializado na semana passada, Dener é o segundo armador a assinar com os azulinos. Oriundo da base do São Paulo, o jogador passou pelo Guarani e o América-RN antes de se transferir para o Portimonense, de Portugal, onde ficou por mais tempo. Vestiu ainda a camisa do Al-Tai, clube da Arábia Saudita, por dois anos.

Cedido pelo Operário-PR, Maxuell é atacante de lado, com preferência pelos avanços pela esquerda. Revelado no CRB, teve uma experiência no futebol da Suécia e depois foi emprestado ao Cuiabá, participando da campanha que levou o time mato-grossense à Primeira Divisão.

Antes de defender o Operário-PR, Maxwell jogou pelo Náutico. Em 2024, vestindo a camisa do Fantasma, despertou a atenção do Remo pelos 11 gols marcados em 45 partidas. Na Série B 2024, jogou 28 vezes, 20 como titular, com sete gols.

(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 10)

O papa, o presépio e a Palestina

Grupos católicos bolsonaristas estão atacando nas redes sociais o papa Francisco por se deixar fotografar em frente a um presépio de Natal, no Vaticano. Tudo porque a imagem do Menino Jesus foi colocada sobre um lenço típico da Palestina, a quem Francisco já manifestou apoio em meio à ofensiva de tropas israelenses à Faixa de Gaza e à Cisjordânia.