
POR GERSON NOGUEIRA
É um circuito de festas que não acaba mais. Até para os padrões botafoguenses, normalmente exagerados. Foram 13 dias que sacudiram a história e os alicerces do futebol brasileiro. Do dia 26 de novembro, quando derrotou o Palmeiras por 3 a 1 em São Paulo, praticamente definindo o Campeonato Brasileiro, até o domingo, 8 de dezembro, quando confirmou a conquista do tricampeonato nacional, o Botafogo vive um impressionante turbilhão de emoções.
Foram quatro partidas nesse período, incluindo o 30 de novembro, quando o Botafogo superou o Atlético-MG no Monumental Nuñez, em Buenos Aires, conquistando a Glória Eterna. Em seguida, voltou ao Brasil para enfrentar e vencer o Internacional, jogo difícil pela extenuante maratona a que a equipe de Artur Jorge havia sido submetida dias antes.
Nos últimos dias, a quantidade de homenagens e destaques dados ao Botafogo é até sufocante, embora compreensiva. Digo, por experiência própria, visto que já nem consigo acompanhar a profusão de clipes, imagens e músicas na internet. Há esse aspecto também a considerar: as redes sociais potencializam ainda mais determinados feitos.
Potencializam e documentam, o que é um papel importante para eternizar o que foi conquistado. O Botafogo precisava dessa febre da vitória, algo que poucos clubes alcançaram ao longo de suas histórias. Alguns passam uma vida inteira sem conseguir vivenciar o que os alvinegros têm desfrutado nesses 13 dias mágicos.
Não se pode menosprezar o papel purificador do trauma vivido em 2023, quando uma pipocada história deixou a alma botafoguense machucada e alvejada por todo tipo de humilhação. Com uma vantagem na liderança que chegou a 14 pontos, o Botafogo derreteu no 2º turno e foi atropelado pelo Palmeiras, que fazia uma campanha não mais que previsível.
O tombo representado pelo fracasso da temporada passada foi profundamente determinante para a ressurreição da Estrela Solitária em 2024. Os trabalhos de gestão e busca de reforços foram fundamentais para que o time tivesse a consistência necessária para superar as dificuldades impostas pelo Brasileiro e pela Libertadores.
É bem possível que ninguém no Botafogo imaginasse o script que prevaleceu no final, com a consagração do time, até porque o futebol não é tão esquemático assim, mas sem dúvida o objetivo era exatamente o que foi atingido. Luiz Henrique, premiado pela maioria dos críticos como o craque da temporada, foi a maior das ousadias do clube.
O Botafogo não economizou para adquirir o ponta habilidoso revelado pelo Fluminense e que cumpria uma jornada discreta no Bétis (Espanha). Havia a consciência de que ele, ao lado de craques como Savarino e Almada, teria a capacidade de conduzir o time ao nível máximo. E assim foi feito.

Luiz Henrique custou 20 milhões (R$ 106,6 milhões, na cotação atual) ao Botafogo, valor recorde por um atleta brasileiro. O outro investimento ousado foi por Thiago Almada, meia da seleção argentina, cuja contratação ao Atlanta United saiu por US$ 25 milhões (R$ 140 milhões).
Até os custos dessas transações representam algo inteiramente novo e quase inacreditável na vida do Botafogo, um clube que flertou sempre com o aperreio financeiro, mesmo nos tempos dourados de Garrincha e Didi. É como se o mundo estivesse de ponta-cabeça, compensando o aflito torcedor botafoguense por tantos anos de angústia. Que siga assim.
Presença paraense nos primórdios do Fogão
Nas origens históricas do Botafogo, há uma importante participação paraense. Emmanuel Sodré, nascido em Belém, foi um dos co-fundadores do clube. Em sala de aula, em 1904, no Rio de Janeiro, Flávio Ramos mandou um bilhete para Emmanuel convidando para fundar um time de futebol. O local escolhido foi o Largo dos Leões, no bairro do Humaitá.
Emmanuel, que era irmão do famoso Mimi Sodré, abraçou a ideia e o clube surgiu com o nome de Electro Club, logo rebatizado para Botafogo, em homenagem ao bairro de origem. A responsável pela decisiva troca foi Dona Chiquitota, avó de Flávio, que implicou com o primeiro nome.
Recordo isso aqui porque, muitas vezes, o fato passa batido para muita gente. Sem esquecer ainda que Eneida de Moraes foi uma apaixonada torcedora do Botafogo nos idos de 40 e 50.
Leão apresenta mais um trio de contratados
O Remo começou a divulgar as contratações para a próxima temporada e, ontem, anunciou mais três reforços: o atacante Maxuell, o zagueiro Lucão e o meia Dener. O defensor já está em Belém. Aos 31 anos, teve passagens pelo Americano, Luverdense e América-RJ. Jogou também pelo Zejtun Corinthians e Nadur Youngsters, de Malta. Antes do retorno ao Brasil, atuou no futebol da Indonésia.
Depois de Dodô, que foi oficializado na semana passada, Dener é o segundo armador a assinar com os azulinos. Oriundo da base do São Paulo, o jogador passou pelo Guarani e o América-RN antes de se transferir para o Portimonense, de Portugal, onde ficou por mais tempo. Vestiu ainda a camisa do Al-Tai, clube da Arábia Saudita, por dois anos.
Cedido pelo Operário-PR, Maxuell é atacante de lado, com preferência pelos avanços pela esquerda. Revelado no CRB, teve uma experiência no futebol da Suécia e depois foi emprestado ao Cuiabá, participando da campanha que levou o time mato-grossense à Primeira Divisão.
Antes de defender o Operário-PR, Maxwell jogou pelo Náutico. Em 2024, vestindo a camisa do Fantasma, despertou a atenção do Remo pelos 11 gols marcados em 45 partidas. Na Série B 2024, jogou 28 vezes, 20 como titular, com sete gols.
(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 10)