Rock na madrugada – Eric Clapton, “After Midnight”

Composição brilhante de J. J. Cale celebrizada por Eric Clapton. Nesta gravação, o guitarrista britânico extrai o melhor som possível de sua Stratocaster, provando que à época (anos 70/80) era indiscutivelmente o melhor de todos. A pegada é única, com riffs e solos inspirados, sem se permitir escapar da linha e do ritmo de um blues mesclado com rock, encharcado de uma doce melancolia.

“After Midnight” virou um clássico do repertório de Clapton, que também gravou com enorme sucesso “Cocaine”, outro petardo sonoro de Cale. Em 2006, Clapton contou com a colaboração direta do músico californiano no álbum The Road To Escondido.

Trecho da letra:

“Depois da meia-noite, nós vamos sair para curtir/Após a meia-noite, nós vamos beber tudo em um gole só e gritar/ Vamos estimular alguma ação/ Nós vamos ter alguma satisfação/ Vamos descobrir o que tem tudo a ver./ Depois da meia-noite, nós vamos sair para curtir/ Depois da meia-noite, nós vamos agitar o pandeiro/ Após a meia-noite, tudo vai ser diversão”.

Por coincidência, o último trabalho de estúdio de Cale foi uma parceria com Clapton na faixa “Angel” do álbum Old Sock do guitarrista. Cale morreu no ano passado em decorrência de um ataque cardíaco. Abaixo, uma versão ao vivo de “After Midnight”, com Clapton e Cale no palco do Crossroads Festival.

Polícia Federal chega nos financiadores das ações golpistas de 8 de janeiro

Sessenta e três bolsonaristas já foram denunciados ao Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de financiar a tentativa de golpe de Estado que culminou nos atos de 8 de janeiro. Até agora, as denúncias se concentram em casos de fretamento de ônibus para levar manifestantes a Brasília, sem alcançar outras frentes reveladas pela investigação.

A Polícia Federal identificou indícios mais amplos, como estimativas de custos para ações clandestinas e possíveis repasses de dinheiro vivo. Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), afirmou em delação que o ex-ministro Braga Netto entregou valores em espécie para militares envolvidos nos planos. Porém, a denúncia contra Bolsonaro e outros 36 aliados, apresentada em novembro, não apontou provas conclusivas sobre o uso do dinheiro.

Enquanto os financiadores de caravanas já enfrentam denúncias no STF, outras frentes avançam com mais lentidão. Entre elas, empresários que financiaram acampamentos em frente ao Exército em Brasília, fazendeiros que forneceram veículos para bloqueios em rodovias e suspeitos de apoiar atos de vandalismo durante a diplomação de Lula (PT).

A PF apura também o plano para assassinar autoridades, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Em mensagens de novembro de 2022, Cid e o major Rafael de Oliveira, preso por envolvimento no esquema, mencionaram um custo estimado de R$ 100 mil para executar o plano, apelidado de “Copa 2022”.

Mauro Cid e Rafael Oliveira estimaram custo de R$ 100 mil para plano. Foto: reprodução

Cid revelou que os valores teriam sido entregues por Braga Netto dentro de embalagens de vinho, reforçando suspeitas contra o grupo de Bolsonaro. Em áudios, o general da reserva Mario Fernandes, ex-ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência, aparece orientando bolsonaristas acampados em Brasília e pedindo a Cid que influenciasse Bolsonaro a intervir na atuação da PF.

A investigação também aponta a arrecadação de fundos em outras regiões do país. O militar da reserva Aparecido Portela, conhecido como Tenente Portela, teria recolhido recursos no Mato Grosso do Sul sob o pretexto de organizar um “churrasco”, usado como código para os planos golpistas.

Portela, que visitou Bolsonaro 13 vezes em dezembro de 2022, chegou a discutir com Cid sobre o andamento das ações e o reembolso de valores após o fracasso do plano.

Apesar do avanço das apurações, o STF ainda não condenou nenhum dos financiadores apontados pela PF. Já foram condenados 229 executores dos atos de 8 de janeiro e 81 incitadores, enquanto outras 500 pessoas aceitaram acordos para encerrar os processos.

(Transcrito do DCM)

A imagem do dia

A maior conquista da história do Botafogo eternizada na areia da praia, no Rio de Janeiro.

A frase do dia

“Jamais entenderei a lógica jurídica da direita brasileira. Tentou furtar sabão: merece bala. Tentou dar um golpe de estado: merece anistia”.

João Tayah, professor e mestre em Segurança Pública

É tempo de Selefogo: botafoguenses dominam a seleção oficial da Libertadores

Campeão de forma histórica, com vitória sobre o Atlético-MG na final, o Botafogo dominou a seleção oficial da Libertadores, com oito dos 11 jogadores. A lista foi divulgada nesta sexta-feira e foi escolhida pelo Grupo de Estudo Tático da entidade da competição.

A seleção tem John (Botafogo); Bustos (River Plate), Battaglia (Atlético-MG), Alexander Barboza (Botafogo) e Alex Telles (Botafogo); Marlon Freitas (Botafogo), Léo Fernández (Peñarol) e Savarino (Botafogo); Luiz Henrique (Botafogo), Igor Jesus (Botafogo) e Thiago Almada (Botafogo).

A arte de divulgação da Conmebol ainda teve um erro, colocando o goleiro John como atleta do Atlético-MG, vice-campeão (veja abaixo). Alguns minutos depois, a entidade corrigiu a imagem.

Emoção cerca rodada final

POR GERSON NOGUEIRA

A rotina das rodadas finais do Campeonato Brasileira tem sido frustrante nos últimos anos. Quase sempre o vencedor é conhecido por antecipação, o que torna a disputa esvaziada e previsível para a maior parte das torcidas. Com um pouco de sorte, a definição dos times rebaixados torna-se a última chance de emoção na rodada de encerramento.

Desta vez, as coisas fugiram ao velho script. O campeão só será conhecido neste domingo, com a decisão envolvendo dois times com possibilidades de levar o caneco. Ao mesmo tempo, quatro travam a batalha para escapar ao rebaixamento, restando uma última vaga para descer à Série B.

A maior expectativa gira em torno da partida entre Botafogo e São Paulo, no estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro. Com 76 pontos, três a mais que o segundo colocado (Palmeiras), o Glorioso precisa de um empate para conquistar um título que está há 29 anos longe do clube.

O outro confronto que desperta atenção geral é Palmeiras x Fluminense, marcado para o Allianz Parque, em São Paulo. Com 73 pontos, o time de Abel Ferreira terá que derrotar o Flu e torcer para que o São Paulo derrube o Botafogo na outra partida.

Um fator que torna o jogo mais emocionante é a situação desesperadora do Fluminense, que pode cair para a Segunda Divisão se for derrotado e o Bragantino vencer o Criciúma, já rebaixado, em Bragança Paulista. Ingredientes que devem tornar o embate ainda mais tenso e vibrante.

Outro confronto que carrega fortes doses de incerteza e suspense vai acontecer em Belo Horizonte. Com portões fechados, o Atlético-MG recebe o Atlético-PR. Ambos lutam pela vitória para não depender dos resultados de Fluminense e Bragantino.  

O mais impressionante é que na batalha contra o rebaixamento estão dois clubes tradicionais e que carregam feitos recentes. O Fluminense ganhou a Libertadores 2023 e o Galo acabou de participar de duas finais importantes: Copa do Brasil e Libertadores 2024.

Ninguém sabe explicar como equipes tão fortes e estruturadas desabaram a esse ponto. Uma justificativa possível é o próprio grau de dificuldades do Campeonato Brasileiro, reconhecidamente um dos mais competitivos do mundo.

Já o Botafogo, caso levante a taça da Série A, estará conquistando seu segundo título importante num espaço de apenas oito dias. Uma marca excepcional para um clube sem títulos há três décadas. Ao mesmo tempo, significará o primeiro triunfo nacional de um clube SAF.

Sem descanso, Fogão encara maratona internacional

Horas depois de decidir o título brasileiro, o Botafogo terá que embarcar para uma viagem de 14 horas com destino a Doha, capital do Qatar, para participar da Copa Intercontinental da Fifa, torneio que substituiu o antigo Mundial de Clubes. O Alvinegro ganhou a vaga na competição graças à conquista da Copa Libertadores.

Além da presença de quatro equipes representativas de diferentes continentes, o torneio recoloca Doha no cenário mundial do futebol. As três partidas finais do torneio incluem o Derby das Américas entre o Botafogo e o Pachuca (México), a Copa Challenger e a grande final da Copa Intercontinental, onde o Real Madrid enfrentará o vencedor da etapa qualificatória.

Os jogos serão realizados de 11 a 18 de dezembro, em dois dos estádios mais bonitos da Copa do Mundo de 2022: estádios 974 e Lusail.

O Botafogo estreia na quarta-feira, 11, contra o Pachuca, no 974, famoso pela construção inusitada. Contêineres formam a base física do estádio. O vencedor avançará para a disputa da Fifa Challenger Cup, no dia 14 de dezembro, contra o Al Ahly FC, do Egito.

A decisão está prevista para o icônico estádio Lusail, no dia 18 de dezembro, entre o vencedor da Challenger Cup e o Real Madrid, de Carlo Ancelotti, que é o atual campeão da Uefa Champions League.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda a atração, a partir das 22h, na RBATV. Participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, os preparativos iniciais da dupla Re-Pa para a montagem dos elencos para a próxima temporada. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.

Uma despedida insólita e constrangedora

Foi no mínimo inusitada a despedida do zagueiro Pedro Romano do PSC, através de mensagem postada na internet. Caso curioso de atleta que foi contratado para reforçar o time na Série B, mas não foi escalado para nenhuma partida, as palavras dele expõem o constrangimento pela situação a que foi induzido no clube.

Pedro Romano foi contratado por indicação de Hélio dos Anjos, mas não foi utilizado em nenhum dos 25 jogos sob o comando do treinador. Mais espantoso ainda é saber que Hélio recomendou a renovação contratual do atleta, mesmo sem confiar nele para entrar em campo.

No adeus, ele afirma que sai de cabeça erguida e que dedicou muito esforço para que sua história no clube fosse diferente. Agradece o apoio dos funcionários e companheiros, que o acolheram e cujo tratamento carinhoso serviu-lhe de alento.  

Triste constatar que o atleta perdeu tempo e o clube fez gastos inúteis, sem que as responsabilidades sejam devidamente apuradas – e punidas. 

(Coluna publicada na edição do Bola deste sábado/domingo, 07/08)