O ano novo e as cinco bestas do apocalipse

2025 será decisivo para o renascimento institucional do país, depois do terremoto entre 2010 e 2022, período de desmonte das instituições

Por Luis Nassif, no Jornal GGN

O Brasil passou pelo terremoto da década de 2010 – que começa com o jornalismo de esgoto, a partir de 2005, e encerra-se com a derrota de Jair Bolsonaro em 2022.

Nesse período ocorreu um desmonte geral das instituições, abrindo espaço para o aventureirismo mais deletério já enfrentado pelo país em período democrático – sob os auspícios do Supremo Tribunal Federal, indo à reboque do efeito manada provocado pela mídia.

Narro em detalhes esse processo em meu livro “A Conspiração Lava Jato”.

Criou-se um vácuo político que passou a ser ocupado a cotoveladas pelas principais corporações brasileiras.

Nesse período de trevas, pelo menos as seguintes instituições saíram dos trilhos:

  • Supremo Tribunal Federal, cooptado pela mídia com o uso recorrente do chicote e da cenoura e, como consequência, a Justiça. Especial destaque para a justiça federal, dentro do fenômeno Lava Jato, com juízes federais insurgindo-se contra a Constituição, como foi o caso Sérgio Moro, sendo avalizados pela participação escabrosa  do Tribunal Regional Federal da 4a Região, criando o estado de exceção para a Lava Jato. No seu rastro, houve a politização dos ministérios públicos estaduais, com muitos promotores montando acordos políticos com forças municipais, deixando o campo aberto para o avanço do crime organizado através das Organizações Sociais.
  • Militares das Forças Armadas e das Polícias Militares com atuação política, e empenhados claramente no movimento conspiratório de Bolsonaro-Braga Neto.
  • Câmara dos Deputados, dominada por uma organização chantagista, chefiada pelo deputado federal Arthur Lira.
  • mercado financeiro, dominado por um cartel de grandes fundos, impondo seus interesses e controlando totalmente dois preços fundamentais: o câmbio e os juros.

O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

A reinstitucionalização passa por várias etapas.

Apesar de todas as concessões, o STF acordou a tempo e foi a primeira instituição a reagir ao  desmonte institucional, da qual ela foi agente ativo, pelo menos até a eleição de Bolsonaro.

Um dia, Antônio Dias Toffoli e  Alexandre Moraes revelarão as razões que levaram à abertura do chamado Inquérito do Fim do Mundo. Na época, Toffoli me convidou para uma conversa em São Paulo, falou da urgência de se começar a investigar o que estava ocorrendo. Não deu maiores detalhes.

Mas ficou claro que já tinham identificado os preparativos de um futuro golpe de Estado a ser aplicado por Bolsonaro. O inquérito foi entregue a Alexandre Moraes, que se cercou de um conjunto de assessores de sua estreita confiança. Ali começou a ser preparada a resistência que, mais tarde, impediu a concretização do golpe e permitiu a apuração da conspiração bolsonarista-militar.

A astúcia e coragem pessoal de Moraes o absolvem de todos os erros anteriores – um dos quais foi ter aberto o governo Temer a militares com histórico de golpismo, como Sérgio Etchegoyen. Entrará para a história como peça central de defesa da democracia.

A partir de sua atuação, gradativamente o STF assumiu o papel de âncora central da reinstitucionalização, ajudando a enfrentar as cinco bestas do apocalipse da democracia.

BESTA 1 – A DESORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA

O profundo processo de deterioração dos organismos judiciários – tribunais, Ministérios Públicos, Polícia Federal – depende fundamentalmente de quatro instituições, em geral bastante corporativistas:

  • Supremo Tribunal Federal
  • Conselho Nacional de Justiça
  • Conselho Nacional do Ministério Público
  • Procuradoria Geral da República.

STF já se recolocou.

Conselho Nacional de Justiça se redimiu, através do relatório do ex-corregedor Luiz Felipe Salomão, sobre os abusos da Lava Jato e do Tribunal Regional Federal da 4a Região.

A cumplicidade entre a Lava Jato, juízes federais e o Tribunal Federal Regional da 4a Região é um dos capítulos mais vergonhosos da história jurídica do país. O ápice foi a 8a Turma aumentando, de forma unânime (contrariando qualquer análise probabilística), as penas de Lula, para evitar a prescrição por idade.

Os responsáveis foram os desembargadores  João Pedro Gebran Neto (relator), Leandro Paulsen e Carlos Eduardo Thompson Flores.

O segundo episódio foi a constituição de uma fundação, destinada a desviar dinheiro da Lava Jato. Esse esquema começou a ser desmontado na gestão Augusto Aras, na Procuradoria Geral da República, mas, especialmente, pelo relatório da corregedoria do Conselho Nacional de Justiça, por Luiz Felipe Salomão.

Foi a recolocação do CNJ na restauração da institucionalidade. A resistência a esse processo restaurador da justiça emperra em dois poderes.

Um, a Procuradoria Geral da República, especificamente o PGR Paulo Gonet (foto abaixo); outra o Secretário Nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo.

O PGR Gonet mantém engavetado o inquérito de Salomão – que acusa de peculato diretamente o ex-juiz Sérgio Moro, a juíza Gabriela Hardt e o ex-procurador Deltan Dallagnol -, e tem criado dificuldades para a apuração dos desvios do juiz Marcelo Bretas, o halterofilista acusado de cumplicidade com um advogado neófito, na operação no Rio de Janeiro.

O Secretário Sarrubbo, por sua vez, está empenhado em desmoralizar uma correição do Conselho Nacional do Ministério Público, que atingiu um promotor aliado.

O CNMP era visto,  até então,  como o mais corporativista das organizações do sistema judicial. Justo em uma área – as prefeituras – em que se amplia perigosamente a atuação do crime organizado e contra a qual os promotores estaduais deveriam estar na linha de frente. 

O órgão começou a se redimir em São João da Boa Vista, investigando a atuação de um promotor aliado da prefeita local, com contratos suspeitos nas áreas de lixo e saúde. São os dois setores preferenciais de atuação das organizações criminosas, segundo o promotor Lincoln Gakiya, que lidera o GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de São Paulo.

A investigação sofreu interferência direta de Sarrubbo, responsável pela organização do combate ao crime organizado do Ministério da Justiça, interferindo nas investigações do CNMP, como testemunha de defesa do promotor e com ataques ao corregedor responsável pela correição original -mostrando que se valeu do inquérito para acerto de contas pessoal.

Como os promotores estaduais deveriam ser a linha de frente contra o avanço do PCC nas Organizações Sociais, a presença de Sarrubbo traz indagações concretas sobre qual seu grau de compromisso no combate efetivo às organizações criminosas. E como ficará sua situação política, se as investigações da PF baterem no promotor aliado.

Esse inquérito será fundamental para se avaliar até que ponto o CNMP – e o próprio Ministério da Justiça – estão à altura do grande desafio de colocar os MPs estaduais alinhados no combate ao crime organizado. 

BESTA 2 – A CONSPIRAÇÃO MILITAR

Graças ao papel decisivo de Alexandre Moraes, a prisão do general Braga Neto operou como um divisor de águas na história militar do país. Com um comandante legalista no Exército, com a Marinha expurgada do Almirante Almir Garnier, o comandante que apoiou o golpe tentado por Bolsonaro, com informações sobre a resistência do Alto Comando ao golpe – sejam quais foram seus motivos -, há condições objetivas de, pela primeira vez na história, as Forças Armadas cumprirem sua função institucional de defesa da pátria contra inimigos externos, deixando de lado a contaminação recente, estimulada pelo general Villas Boas.

Haverá a renovação do Alto Comando, permitindo a seleção de oficiais comprometidos com a democracia. Mas a profissionalização das Forças Armadas passa por reformas estruturais que estão longe de serem tentadas. E há um bom contingente de oficiais, de coronéis para baixo, de olho nas benesses conquistadas pelos militares que trocaram a dignidade da farda pela recompensa financeira de aderir ao bolsonarismo.

Será uma das principais frentes para a consolidação da re-institucionalização nacional.

BESTA 3 – A CONSPIRAÇÃO DAS POLÍCIAS MILITARES

O empoderamento das Polícias Militares foi uma das principais armas articuladas pelo bolsonarismo. O motim de 2020, da PM de Fortaleza, a milicialização da PM paulista por Tarcísio-Derrite, o papel da PM do Distrito Federal no 8 de janeiro.

Seria conveniente uma leitura do livro “O Procurador”, de Luiz Costa Pinto, sobre a articulação dos procuradores gerais para evitar o golpe de Bolsonaro. Houve uma articulação discreta, através da qual os procuradores estaduais decretaram estado de emergência, obrigando as PMs a ficarem nos quartéis.

Hoje em dia, a violência de várias polícias estaduais revela apenas o nível de empoderamento do setor, com a perda da disciplina produzida pela politização de oficiais, pelos influenciadores digitais da própria PM.

Ponto central seria o controle a ser exercido pelos Ministérios Públicos estaduais. Daí a relevância do papel fiscalizador do CNMP e o desserviço prestado pelo Secretário Sarrubo.

BESTA 4 – A CONSPIRAÇÃO DO CENTRÃO

No segundo ato político mais relevante do ano, o Ministro Flávio Dino, do STF, aplicou um xeque mate no Centrão, sem interferir nas prerrogativas da Câmara ou do Executivo. Exigiu apenas que fossem identificados os autores e os destinatários das emendas.

Lembra um pouco o que ocorreu em São Paulo, nos massacres de 2006. Eram assassinadas cerca de cem pessoas por dia. O massacre só cessou quando procuradores da República conversaram com o Conselho Regional de Medicina que convocou médicos para comparecem ao Instituto Médico Legal. O laudo do legista é o ponto de partida para qualquer inquérito ou denúncia. Imediatamente cessou o morticínio, embora até hoje o Secretário de Segurança da época, Saulo de Castro Abreu, não tenha sido judicialmente responsabilizado.

O CPF e o CGC nas emendas são o ponto de partida para a investigação policial. A decisão de Dino ocorre em um momento em que a Polícia Federal investiga emendas já liberadas, mostrando relações de deputados com o crime organizado.

Pode terminar a blindagem que até agora beneficiou Arthur Lira, em um período em que a vulnerabilidade institucional permitia a chantagem política. Os desdobramentos da decisão poderão desarticular a mais desmoralizante organização política que já atuou no Congresso Nacional.

BESTA 5 – A CONSPIRAÇÃO DO MERCADO

A última besta é o controle do mercado sobre dois preços básicos da economia: câmbio e juros. Há duas formas de controle: o institucional, baseado no conjunto de regras definido pelo sistema de metas inflacionárias; e a atuação de um cartel, no câmbio e em juros.

Já começou o combate às duas formas de atuação.

Em relação ao cartel do câmbio, há denúncias formalizadas no CADE (Conselho Administrativo de Direito Econômico) e na CVM (Conselho de Valores Mobiliários). São duas organizações capturadas pelo mercado. Mas, como envolve custos públicos – de carregamento da dívida – a AGU (Advocacia Geral da União) poderá acionar o TCU (Tribunal de Contas da União), a CGU (Conroladoria Geral da União) e até a Polícia Federal.

Um trabalho mais apurado seria possível com uma cooperação com a polícia do Reino Unido, que apurou nas manipulações do câmbio e da libor. A Procuradoria Geral da República poderia montar um grupo para estudar esses ângulos do crime financeiro. Seria uma maneira de se redimir do corporativismo que a contamina e conferir um papel de destaque ao MPF.

A segunda frente é em relação às formas de fixação da taxa Selic. Há ações em andamento, com todo cuidado que o tema merece, sem histrionismo, sem ameaçar o mercado, apenas trazendo questões de constitucionalidade: a política monetária afeta emprego, nível de atividade, orçamento público. Sua definição não pode ser prerrogativa do mercado e do Banco Central – como é hoje, com o BC submetido aos movimentos especulativos do mercado. E trazer o mercado de volta ao seu papel legitimador: o de financiador do desenvolvimento.

Trata-se de um movimento inicial, mas relevante para começar a discussão de um novo tempo de cidadania, que acabe com os superpoderes de todos esses agentes, que se prevaleceram nas últimas décadas do enfraquecimento do poder Executivo.

Empresário de Esli cita salários atrasados e afirma que negociação nem foi iniciada com o PSC

Enquanto o torcedor alimenta o sonho de contar com Esli García no time em 2025, o jogador continua longe da Curuzu. Pendências financeiras dificultam a volta do artilheiro venezuelano. Segundo Alexandre Pássaro, empresário que cuida da carreira de Esli, em entrevista ao site ge, clube e atleta ainda nem iniciaram negociação para renovação de vínculo.

“Estamos acompanhando as declarações que o clube tem dado, mas a verdade é que não há negociação para a permanência. Isso porque o Paysandu não pagou nem os salários e nem as imagens do Esli dos meses de outubro e novembro, além de estarem devendo 13º, FGTS e tudo mais”, afirmou Pássaro.

“Desde 25 de novembro temos buscado uma solução, proposta, pagamento, qualquer coisa, mas não houve nada. Por várias vezes prometeram os pagamentos e não cumpriram. Como vamos negociar o futuro se nem o passado estão fazendo questão de cumprir? Hoje, a impressão que temos, é que o Paysandu não tem interesse na permanência do Esli, embora publicamente contem outra história”, acrescentou.

Ele fez questão de relembrar as negociações do meio da temporada, quando tudo estava acertado para a renovação por mais três temporadas, mas o acordo não se concretizou: “Além de tudo isso agora, que pra gente é bem desrespeitoso com um atleta que ajudou tanto e não está nem entre o top 10 de melhores salários do elenco, nos vem à lembrança o que aconteceu em julho, quando fechamos todos os detalhes da renovação, fizemos as minutas de contrato, mas desapareceram na hora de assinar o que foi combinado. Então, por isso, a gente fica muito preocupado com o futuro do Esli, olhando as vezes que já descumpriram com ele no passado”.

Apesar dos problemas que atrapalham os entendimentos com o clube, Esli segue nutrindo “muito carinho, respeito e gratidão pelos torcedores do Paysandu, que sempre trataram ele muito bem”, segundo o empresário.

O elenco bicolor começou a pré-temporada na sexta-feira, 27, com a realização de exames e avaliação médica. O primeiro desafio será no dia 12 de janeiro, com a disputa do título da Copa Pará contra a Tuna, no estádio Jornalista Edgar Proença (Mangueirão).

(Foto principal: Jorge Luís Totti/Ascom PSC)

Lira não entregará atas a Dino porque elas não existem e votações não ocorreram, diz CNN

Por Henrique Rodrigues – Revista Fórum

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que tinha um prazo até 20h desta sexta-feira (27) para responder a todos os questionamentos impostos pelo ministro Flávio Dino, do STF, que bloqueou R$ 4,2 bilhões em emendas sem qualquer transparência, não entregará ao magistrado as atas com as votações e as discussões envolvendo o destino dessa fortuna em dinheiro público porque, na verdade, essas atas não existem e as votações e discussões nunca aconteceram. As informações são da jornalista Débora Bergamasco, da CNN Brasil.

De acordo com a repórter, o setor jurídico da Câmara até enviará respostas a Dino dentro do horário estipulado, mas não terá como responder a tudo, justamente porque não tem as atas, já que elas inexistem. Mesmo sabendo que o ministro do STF exige de forma inflexível esses documentos para que o destino do dinheiro tenha o máximo de transparência possível, como determina a lei, Lira não terá como cumprir tal exigência, uma vez que tais atas simplesmente não existem e os tais debates teriam sido mera simulação da realidade, ou seja, uma coisa que alguém apenas decidiu colocar no papel como uma demanda para conseguir uma verba, mas que nunca foi discutido e tampouco avaliado pela Câmara ou por suas comissões.

Na prática, é como se tudo que ocorreu até o encaminhamento das emendas bilionárias para a execução fosse uma fraude, um teatro, algo obviamente à margem da lei. Lira apenas estava esperando a liberação dos bilhões de reais para que os parlamentares, na grande maioria de sua base política, encaminhassem tais recursos públicos para os municípios. Só que Flávio Dino cruzou seu caminho ao ser acionado no STF pelo PSOL para que analisasse a farra com esse dinheiro público.

Dinheiro para AL e para “campos de futebol society”ç

Mais cedo, a Fórum mostrou, com base numa lista publicada nas redes sociais pelo deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), vultuosos R$ 73.791.517,33 destinados exclusivamente a municípios de Alagoas, terra natal e bastião político do presidente da Câmara, que em outras remessas de emendas parlamentares sem transparência também era uma das principais unidades federativas contempladas, em que pese o fato de representar apenas 1,54% da população brasileira e 0,32% do território nacional.

O que mais chama a atenção é que quase toda a fortuna que seria destinada ao estado, pelo menos naquela lista, tinha como principal utilidade gastos com “esporte”. E o pior: mais de R$ 12,5 milhões exclusivamente destinados à construção de campos de futebol society, alguns deles indicados com “sintético”, em referência ao tipo de “gramado”.

Foto: Lula Marques

A frase do dia

“Na Argentina, a inflação, o desemprego e a miséria explodiram. No Brasil, a inflação está sob controle, o desemprego é o menor da história e o país saiu do mapa da fome. Mas, para o mercado e a imprensa, a Argentina vai bem e o Brasil vai mal”.

Ivan Valente, professor e engenheiro

Os 50 melhores álbuns de indie rock de 2024 pela revista Rolling Stone

A lista destaca novos talentos e veteranos do gênero, celebrando a diversidade criativa do indie rock em 2024

Maria-Juliana Rojas, Griffin Lotz, 2; Jason Kempin/Getty Images; Jason Armond/”Los Angeles Times”/Getty Images; Evelyn Freja/”The Washington Post”/Getty Images

A revista Rolling Stone americana divulgou sua lista com os melhores álbuns de indie rock de 2024, destacando os discos que definiram o ano e trouxeram novos caminhos para o gênero. O indie rock em 2024 foi marcado por uma combinação de influências e estilos: desde confissionais de cantores e compositores até o shoegaze de Los Angeles e o punk de garagem espanhol, passando pelo folk-rock da Carolina do Norte e reflexões vindas de Ohio.

Veteranos como Stephen Malkmus, Kim Gordon, Sleater-Kinney e Nada Surf retornaram com discos marcantes, enquanto artistas emergentes como MJ Lenderman, Illuminati Hotties e Mannequin Pussy alcançaram novos patamares. A lista também apresenta uma variedade de opções sonoras, desde o emo ambient de Claire Rousay até o bedroom-pop de This Is Lorelei e o pastiche de rock & roll de Being Dead.

CONFIRA OS 50 MELHORES ÁLBUNS

50. Wussy – Cincinnati Ohio
49. Marina Allen – Eight Pointed Star
48. Geordie Greep – The New Sound
47. Maxband – On Ice
46. Trace Mountains – Into the Burning Blue
45. Bad Moves – Wearing Out the Refrain
44. Bnny – One Million Love Songs
43. Katie Gavin – What A Relief
42. Haley Heynderickx – Seed of A Seed
41. Rosali – Bite Down
40. Babehoven – Water’s Here in You
39. Kim Deal – Nobody Loves You More
38. Dummy – Free Energy
37. GIFT – Illuminator
36. Madi Diaz – Weird Faith
35. Julie – My Anti-Aircraft Friend
34. Mary Timony – Untamed the Tiger
33. Nilufer Yanya – My Method Actor
32. Cloud Nothings – Final Summer
31. Shellac – To All Trains
30. Thus Love – All Pleasure
29. Cola – The Gloss
28. Being Dead – Eels
27. Wunderhorse – Midas
26. Eliza McLamb – Going Through It
25. Magdalena Bay – Imaginal Disk
24. The Softies – The Bed I Made
23. Idles – Tangk
22. Beabadoobee – This Is How Tomorrow Moves
21. Nada Surf – Moon Mirror
20. Sleater-Kinney – Little Rope
19. Hinds – Viva Hinds
18. Liquid Mike – Paul Bunyan’s Slingshot
17. Claire Rousay – Sentiment
16. Charly Bliss – Forever
15. The Hard Quartet – The Hard Quartet
14. Rosie Tucker – Utopia Now
13. Allegra Krieger – Art of the Unseen Infinity Machine
12. This Is Lorelei – Box for Buddy, Box for Star
11. Adrianne Lenker – Bright Future
10. Fontaines DC – Romance
9. Illuminati Hotties – Power
8. Soccer Mommy – Evergreen
7. Faye Webster – Underdressed at the Symphony
6. Kim Gordon – The Collective
5. Mannequin Pussy – I Got Heaven
4. Jessica Pratt – Here in the Pitch
3. Cindy Lee – Diamond Jubilee
2. Waxahatchee – Tigers Blood
1. MJ Lenderman – Manning Fireworks

Leão anuncia mais três reforços para a temporada 2025

O Remo anunciou na véspera do Natal, 24, a contratação de três atletas para reforçar a equipe na temporada 2025: o meio-campista Pedro Castro, o atacante Adaílton e o zagueiro Ivan Alvariño. Todos irão se apresentar ao clube na primeira semana de janeiro, para realizar os exames obrigatórios e a avaliação física antes de serem integrados ao elenco comandado pelo técnico Rodrigo Santana.

Adaílton é natural de Camaçari (BA) e tem 34 anos. O jogador estava no futebol japonês e passou 10 temporadas por lá no Júbilo Iwata, do Japão, FC Tokyo, do Japão e Ventforet Kofu, do Japão. No Brasil ele jogou no Fortaleza, Vitória, Atlético-PR, Ituano, Joinville, Ponte Preta e Paraná.

O defensor argentino Ivan Alvariño, de 23 anos, é natural de Gregorio de Laferreree. Chegou ao Brasil em 2023 emprestado pelo Boca Juniors ao Guarani. Em 2024, teve destaque na Série B com a camisa do Amazonas. Jovem ainda, o zagueiro chega ao Remo em definitivo. Foi contratado junto ao Boca (Remo fica com uma parte e o clube xeneize com outra) e tem contrato até 2026.

Outra aquisição importante é o meio-campista Pedro Castro (foto superior), de 31 anos, que disputou a Série B 2024 pelo Avaí. Disputou 33 partidas e marcou dois gols, destacando-se como um dos mais regulares do time catarinense na competição.

Nascido em Volta Redonda (RJ), Castro coleciona passagens por times brasileiros e estrangeiros. Jogou pelo Santos, Espanyol (Espanha), Paraná, Santa Cruz, Botafogo-PB, Tombense, Sport-PE, Botafogo, Cruzeiro, Dibba Al Fujairah e Khorfakkan (Emirados Árabes).

O que fazer quando se espera que Lula resolva tudo?

Por Pedro Maciel, no Jornal GGN

Fomos ao Facca Bar aqui em Campinas com os primas Vera Maciel, Vilma Gryzinski Maciel e Bruce Frankel. Aliás, fica a dica para quem não conhece o Facca e esteja passando por Campinas: lá você encontrará o melhor chopp do mundo e os melhores sanduíches “boca de anjo”, um clássico da cidade e reconhecido como patrimônio cultural e gastrônomico (o sanduíche “boca de anjo” é um estilo de corte de lanche criado na década de 1960 por um chapeiro do tradicional Giovanetti, outro tradicional bar da cidade; o nome do chapeiro era Moleza, eu o conheci). 

As irmãs Vilma e Vera são primas do meu pai, mas há mais de duas décadas ficamos amigos e nos encontramos regularmente.

Bruce e Vilma são jornalistas. Ela foi editora-executiva da Revista Veja por quase três décadas, hoje assina a coluna “Mundialista” na mesma revista; Bruce é um prestigiado repórter fotográfico de uma revista em Nova York, que hoje vive às voltas com exposições fotográficas de sua obra entre Nova York e Paris; Vilma e Bruce viveram experiências únicas, cobriram guerras e são o que se convencionou chamar de “profissionalmente realizados”, são cidadãos do mundo e uma parte importante do mundo afetivo deles está em Campinas.

A Vera, professora e diretora de escola pública, vive com alegria e intensidade as contradições de Campinas, nos divertimos com sua percepção dos tempos e movimentos aqui da província.

Mal chegamos ao Facca, eu estava ainda na calçada, e um conhecido de longa data, cujo nome prefiro não declinar, me abordou e me questionou sobre as contradições do governo federal, governo que eu apoio e ao qual ele se opõe.

Pensei: “Meu Deus do céu! Quem sou eu para responder uma questão de tal complexidade”, o pior é que nem filiado ao PT eu sou, lembrei do Jacó, que dizia: “a gente sai do PT, mas o PT não sai da gente”. Enfrentei a impertinência do conhecido, enquanto Celinha e as primas se acomodavam no salão, sob os cuidados do Zidane, o garçom que nos atende há pelo menos uma década.

Perguntei: “a quais contradições você se refere?”, ele falou tanto e tantas coisas que nem sei… Eu só pensava: “por que um “Zé Mané” como eu tem de responder essa pergunta, se os líderes partidários não se ocupam de cuidar de proteger o governo e a militância?”.

Ele falava sem parar e eu nem ouvia o que ele dizia, mas pensei na falta que faz a educação política e da incompetência dos partidos de esquerda em falar para a militância e para além dela. 

Lembrei das aulas de Carlos Matus, economista formado na Universidade Harvard e ministro do presidente chileno Salvador Allende, que esteve em Campinas visitando o Jacó Bittar em 1990.

Guardo o material com muito cuidado até hoje; foi com Matus que aprendi sobre a importância do “Planejamento estratégico situacional”, que, resumidamente, se caracteriza pela discussão sobre os atores sociais em situação de governo, suas relações, a identificação de problemas e tipificação, o estudo do cenário em momentos de Planejamento: explicativo, normativo, estratégico e tático-operacional. 

Ali na calçada me senti abandonado pelos nossos líderes e pior, eles estão cada vez mais distantes dos nossos sonhos, planos e projetos e não tem sequer um MÉTODO para enfrentar a doutrinação que a extrema-direta vem promovendo há pelo menos dez anos. Parece que não estão preocupados em retomar a construção de uma sociedade de iguais, pois, para eles, “o Lula resolve tudo”.

Nossos líderes, me refiro aos burocratas encastelados nos escaninhos dos partidos, não sabem se são comunistas, socialistas, social-democratas, social-liderais ou liberais clássicos (merece ressalva o PSB, que recentemente viveu um processo de conferências preparatórias, que culminou no XV Congresso, que aprovou por unanimidade o novo Manifesto e o novo Programa do PSB, quem puder consulte: https://www.autorreformapsb.com.br/)

Minhas primas já haviam pedido o chopp e eu ainda na calçada, com o sujeito falando sem parar.

Então lembrei de Lenin, que na obra “O que fazer?”, escrito entre meados de 1901 e publicado em março de 1902, introduziu a noção de “organização revolucionária” como uma necessidade para o avanço das lutas proletárias e propôs a organização para a ação; ele propôs, dentre outras coisas, a fundação de um jornal.

Pensei, se estou ouvindo tanta bobagem é porque nossos lideres não estão trabalhando educação política, nem ao menos informação política, pois, já em 1902 Lenin sabia a importância da educação política através de um jornal e em 2024 me perguntei: o que as fundações do PT, PSB, PCdoB, PSOL e PDT estão fazendo para combater o criminoso “Brasil Paralelo”, uma empresa (sociedade anônima) que há oito anos produz vídeos sobre política e história, com viés revisionista, de extrema-direita e conversador? Eu respondo: não estão fazendo absolutamente nada; e são preguiçosos, pois, após dez anos com Lula e cinco com Dilma, essas fundações deveriam ser faculdades ou centros universitários, ou seja, deveriam estar abertas para a sociedade.

Lembrei também de Marx e Engels, que no “Manifesto Comunista” orientaram que a unidade da classe trabalhadora deveria ser promovida através dos crescentes meios de comunicação, para colocar em contato trabalhadores de diversas localidades; enquanto a extrema-direita criou o Brasil Paralelo, o que os partidos de esquerda e suas fundações criaram? Não criaram nada.

Onde estão os partidos de esquerda? Respondo: inertes, amedrontados, esperando que Lula resolva tudo; Lula resolve muito, mas não resolverá tudo, por isso, com esses partidos de esquerda e com seus dirigentes, o problema não será apenas um chato de direita sendo inconveniente na porta de um boteco, mas o resultado das eleições em 2026, 2028, 2030, etc. Será catastrófico. 

Essas são as reflexões.

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Pedro Benedito Maciel Neto, 60, advogado, sócio da www.macielneto.adv.br – pedromaciel@macilneto.adv.br 

Remo anuncia atacante Pedro Rocha, ex-Grêmio e Fortaleza

Pedro Rocha, atacante de 30 anos, foi anunciado como um dos grandes reforços do Remo para a temporada 2025. Neste ano, ele defendeu o Criciúma (SC) na Série A do Brasileirão. Além disso, tem passagens por clubes como Grêmio (RS), Spartak Moscou (Rússia), Cruzeiro (MG), Flamengo, Athletico (PR) e Fortaleza (CE), onde viveu seu melhor momento desde o retorno ao Brasil.

“Feliz com esse novo desafio de defender esse time de tradição do Clube do Remo. Chego para ajudar e fazer um grande ano juntos aos meus companheiros para conquistar os os objetivos”, disse Pedro Rocha ao site oficial do clube. O novo atacante azulino se apresenta em janeiro, após o período de férias profissionais.

Com o término do vínculo com o Fortaleza, o jogador chega ao Leão de forma definitiva até o fim da temporada de 2025. Em 2024, Pedro Rocha fez 20 partidas pelo Fortaleza, até ser emprestado ao Criciúma em agosto para a reta final do Brasileirão. No Tigre, fez apenas sete jogos.

Jogador de força e velocidade, Pedro Rocha surgiu como grande processo no Grêmio, apontado até como futuro jogador de Seleção Brasileira. Depois de passagens por vários clubes da Primeira Divisão, ele não confirmou as previsões iniciais, mas, para a Série B, pode ser um reforço importante.

LIBERTADORES E SUL-AMERICANA

Nascido em Vila Velha, no Espírito Santo, Pedro Rocha começou no Juventus-SP. Chegou ao Grêmio em 2014, estreando no profissional no ano seguinte. Foram 126 partidas e 32 gols marcados com a camisa do Tricolor gaúcho, além do título da Copa do Brasil de 2016 e a Libertadores de 2017.

Em transação milionária, o atacante foi negociado com o Sparta Moscou por cerca R$ 45 milhões, em 2017. Não conseguiu bom desempenho no clube russo e voltou ao Brasil em 2019, emprestado ao Cruzeiro, participando da campanha do rebaixamento da Raposa à Série B.

Em 2020 foi cedido pelo Sparta ao Flamengo, mas teve passagem discreta, atuando em apenas 11 partidas, com um gol marcado. Voltou para a Rússia no ano seguinte, mas logo foi emprestado ao Athletico-PR, marcando seis gols em 29 partidas, conquistando o título da Copa Sul-Americana.

Após o término do contrato com o Sparta Moscou, Pedro Rocha assinou com o Fortaleza em agosto de 2022. Fez 45 partidas e marcou quatro gols com a camisa do time cearense, conquistando os títulos do estadual de 2023 e da Copa do Nordeste de 2024, antes de ser emprestado pelo Criciúma neste ano.

As trapaças da Lava Jato: STF reconhece ilegalidade do grampo nas celas da PF

Carlos Chater presenciou momento em que Youssef achou grampo da PF; após 10 anos, STF reconhece ilegalidade

Por Alice Maciel, na Agência Pública

No dia 11 de abril de 2014 uma foto do doleiro Alberto Youssef com um aparelho de grampo na superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR), estampou as páginas de jornais e sites de notícias em todo o país. Nela, Youssef aparecia vestido com uma bata de manga comprida, barbudo, segurando um equipamento nas duas mãos, por trás do vidro que separa os presos das visitas. 

“Cela de Alberto Youssef tinha escuta clandestina, acusam doleiro e seu advogado”, manchetou a Revista Veja ao publicar em primeira mão o registro feito do celular do defensor do doleiro, Luiz Gustavo Flores.

A Operação Lava Jato estava em sua fase inicial e naquele momento, Youssef, apontado como o cabeça de um esquema de lavagem de dinheiro na Petrobras, ainda não tinha firmado o acordo de delação premiada que levou à prisão de políticos e empresários, assinado em setembro daquele ano. 

O doleiro foi detido na data em que a operação foi deflagrada, junto com outras 16 pessoas, em 17 de março de 2014. Segundo detalhou  o agente federal Dalmey Fernando Werlang à Revista Piauí, naquele mesmo dia a escuta foi instalada por ele na cela de Youssef . Após onze dias na prisão, Youssef  encontrou o aparelho.  

Mais de 10 anos depois, em 20 de novembro de 2024, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, reconheceu a existência do grampo ilegal na cela de Youssef, “inclusive valendo-se de equipamento e petrechos pertencentes ao patrimônio da União Federal”. Em sua decisão, o magistrado deu publicidade aos depoimentos e documentos sobre o caso e os enviou à Procuradoria-Geral da República, Advocacia-Geral da União, dentre outras seis instituições.   

Chater era o dono do posto da Torre, em Brasília, que deu origem à Lava Jato

Acusado de ter operado no esquema de lavagem de dinheiro junto a Alberto Youssef, Carlos Habib Chater disse que estava com Youssef quando este encontrou o aparelho de grampo na cela de número 5 da superintendência da PF em Curitiba. Chater era o dono do posto da Torre, em Brasília, que deu origem à Lava Jato e também foi preso no mesmo dia. 

A reportagem da Agência Pública  esteve com Carlos Chater um mês  antes da decisão no STF, no dia 21 de outubro, por volta das 15 horas, em um café no térreo do shopping Venâncio, localizado no entorno do Posto da Torre. Chater, que está com 55 anos de idade, estava vestido com uma camiseta básica preta, calça jeans cinza claro, meias coloridas e um all star salmão claro. Ele está com o cabelo grisalho, mas aparenta um ar juvenil. 

Em mais de duas horas de entrevista, ele contou como os presos da Lava Jato desconfiaram que estavam sendo monitorados, falou sobre a pressão que eles sofreram para fazer o acordo de delação premiada e o que mudou em sua vida após passar 17 meses na Casa de Custódia São José dos Pinhais (CCSJP), em Cristal (PR).    

Rodízio de presos na cela de Youssef 

Desde o primeiro dia de prisão na superintendência da PF em Curitiba, segundo Carlos Chater, os presos da Lava Jato desconfiavam que poderiam estar sendo monitorados. “A gente sempre cochichava nas celas todas”, recorda. 

A desconfiança não era apenas relativa a um monitoramento na cela: segundo o autodenominado ex-doleiro, ele disse ter sido monitorado muito antes das autorizações legais. “Eu tenho certeza que a Polícia Federal me monitorou ilegalmente por muito tempo antes”.

Segundo ele, um rodízio de presos na cela onde estava Alberto Youssef fez com que a desconfiança aumentasse. “Era assim: quem sempre estava na cela [onde colocaram o grampo] era o Youssef. Então o Youssef era o peão que nunca saía dessa cela e todos eram movimentados para a cela do Youssef, mas o ‘rei’ era o Youssef. Eu saía, aí quem estava na minha cela ia para a do Youssef. Era feito um rodízio”, destacou Chater. 

“Essa movimentação era muito estranha e eles estavam lidando com gente que sempre ficou com pulga atrás da orelha. E o Youssef, muito malandro, subiu…porque lá tem um teto aqui, mas tinha um segundo teto”, detalhou, gesticulando. “E tinha um buraco que era de umas luminárias e o Youssef botou a mão, puxou o equipamento e aí veio o equipamento todo”, acrescentou. 

Chater contou que foi ouvido na primeira sindicância aberta para apurar o caso – denunciado à época pelos advogados de Alberto Youssef. “Eu fui chamado, todo mundo foi chamado, mas quem estava fazendo a sindicância era um policial federal. A gente pensou que não ia dar em nada, que essa história já tinha ‘morrido’”, ressaltou. 

Agora, os documentos que recentemente vieram à tona, após decisão do ministro Dias Toffoli, revelam como a força-tarefa da Lava Jato agiu para ocultar os fatos envolvendo a escuta ilegal, e que poderiam ter invalidado a operação em sua fase inicial. 

Duas sindicâncias foram abertas para apurar o caso. A primeira foi instaurada em 15 de abril de 2014 e conduzida pela superintendência da corporação no Paraná que comandava a Lava Jato junto à procuradoria do Ministério Público Federal no estado. Ela concluiu que o aparelho estava inoperante e teria sido colocado no local com autorização judicial, quando o traficante Fernandinho Beira-Mar ficou preso na mesma cela. Era mentira, segundo revelaram fatos posteriores. 

Uma outra investigação foi instaurada, um ano depois, em 6 de maio de 2015, pela Corregedoria-Geral da Polícia Federal, em Brasília. Esta apuração desmontou a tese da primeira sindicância. 

A perícia encontrou as mais de 260 horas de gravação no computador do agente da PF Dalmey Fernando Werlang, que admitiu ter instalado o equipamento na cela de Youssef. Apesar de concluir pela existência da escuta ilegal, a sindicância não conseguiu apontar os mandantes e a investigação foi arquivada pelo MPF.  

A defesa de Alberto Youssef só conseguiu ter acesso ao conteúdo das gravações recentemente, no último 4 de julho. Após apuração do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os advogados foram informados de que um HD com os áudios captados estava guardado na Secretaria Judiciária da 13ª Vara Federal de Curitiba, comandada no auge da Lava Jato pelo hoje senador Sérgio Moro (União Brasil-PR).

Com o material em mãos, os advogados do doleiro entraram com pedido no STF para anular o acordo de delação premiada feito por Youssef – o terceiro  firmado pela força-tarefa da Lava Jato, após o operador de câmbio Luccas Pace Júnior e o do  ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que faleceu em 2022.  

“Uma espécie de tortura”

Carlos Chater avalia que se Paulo Roberto Costa não tivesse firmado o acordo de delação premiada, Youssef também não teria falado e a Lava Jato não teria tomado as proporções que tomou. E, para isso, as pressões sofridas naqueles primeiros dias de detenção em Curitiba – incluindo o grampo – foram fundamentais.  

Ex-diretor de abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa

Ele alega que Paulo Roberto Costa teria sofrido “tortura”, até decidir colaborar – em especial, Chater narrou como teria sido o dia em que Paulo Roberto Costa foi levado para uma solitária. 

“Eles pegaram o Paulo Roberto às seis horas da manhã na Polícia Federal. Ele estava dormindo, acordaram ele”, contou, acrescentando: “Tiraram ele da cela, encostaram ele na parede com o rosto colado na parede. Colocaram aquele cinto na cintura, prenderam os braços dele e as mãos no cinto, com as algemas. Colocaram as algemas nas pernas e transportaram esse senhor, provavelmente, num camburão atrás. Ele chorava copiosamente. O choro dele dava para ouvir aqui em Brasília. E levaram ele para uma prisão onde deixaram ele em uma cela sozinho –– isso ele contou quando voltou depois de uma semana”. 

Segundo Chater, Paulo Roberto Costa relatou ainda que tinha que puxar uma cordinha para receber a comida. “Me parece que ele ficou um, dois dias sem colchão para dormir. Uma coisa meio lá de trás, uma coisa louca”, destacou.  Ao ser questionado se Costa teria passado por um tipo de tortura, Chater respondeu. “Tortura, pronto. Medieval”.  

“Esse senhor voltou depois de uma semana muito magro mesmo. Eu vou exagerar, talvez uns 20 quilos mais magro. Ele, lógico, pirou. Mas ele voltou porque ele lá dentro falou que ia fazer a delação. Ele só voltou depois que eles ‘quebraram a espinha dele’, vamos dizer assim, e aí ele topou fazer a delação”, observa Chater.  

“Quando ele [Paulo Roberto] diz que vai fazer [a delação] e ele chega na polícia federal completamente arrasado, o Alberto diz ‘eu também quero, já que ele vai fazer não tem porquê eu não fazer e me beneficiar’. E aí a coisa começou a tomar esse rumo”, destacou Carlos Chater. 

Dia da prisão

No dia em que foi preso, Chater lembrou que estava acordado, como de costume, às três horas da manhã. “Ouvi os cachorros latindo diferente. E eu morava numa casa, meio que numa chácara, no Lago Norte. Era vizinho do Collor [ex-senador Fernando Collor]. E aí eu ouvi um som de sirene, mas eu imaginei que fosse uma ambulância, lá atrás. Passou um pouco de tempo – minha casa é térrea, onde eu morava – e eu ouvi ‘pá, pá, pá’, batendo no meu quarto, na varanda do quarto: ‘Polícia Federal’ já levantei e falei ‘deu ruim’”, contou.  

Carlos Chater foi o primeiro preso pela Operação Lava Jato

“Quando eu abri a porta eu vi que tinha muita gente, com arma na mão, aquele estardalhaço. Devia ter umas 30 pessoas na minha casa; eu vi um movimento de helicóptero. Eles mexem em tudo, o que eles conseguem. Como a minha casa era muito grande, assim, o espaço, o delegado falou ‘Carlos, eu não sei nem por onde começar’”.  

Já fazia algum tempo que estava desconfiado, pois a PF já o tinha chamado para prestar esclarecimentos sobre uma transferência feita à uma empresa indicada por Alberto Youssef. “Uma semana antes eu já tinha falado pro Alberto [Youssef] ‘tô sentindo que tem alguma coisa errada’”. 

Pressão para delatar

Chater reconhece que era mais que um parceiro comercial de Alberto Youssef: diz que eram amigos. Conheceram-se entre 2004 e 2005, por meio de um amigo em comum e chegaram a ter casas vizinhas no litoral de Santa Catarina. “Somos amigos, era uma relação pessoal, falo com ele até hoje, às vezes”.

“Quando eu vi que Youssef era um cara que tinha liquidez, eu falei ‘bom, eu tenho oportunidade de comprar combustível mais barato, se eu tiver grana na mão’. Foi a fome com a vontade de comer porque o Youssef sempre precisava de dinheiro vivo. Chater defendeu que a prática não configura lavagem de dinheiro “porque era uma devolução de empréstimo”. “Que lavagem é essa? Não existe lavagem. Eu devolvia o dinheiro. Eu não cobrava nada por isso. Quem vai lavar sem cobrar nada?“.

Porém diferente de Youssef, ele nunca aceitou fazer delação. Chater conta que também sofreu muita pressão na PF para fechar o acordo de colaboração. Segundo ele, nos 45 dias que ficou preso em Curitiba, “era retirado da cela quase diariamente para fazer a delação”. Ele disse que os federais ameaçavam prender seus familiares – “pai, mãe, irmã e esposa” –  de “mandá-lo para prisão comum”ou “o acusar de narcotráfico”. 

A pressão era para que delatasse agentes públicos e políticos, de acordo com ele. “Eles falavam muito em agentes públicos, antes mesmo de políticos. A sanha deles era para agentes públicos. Não sei o que eles queriam dizer com agentes públicos. Depois, políticos, principalmente do PT”. Segundo ele, policiais diziam: “olha Carlos, eu tenho como liberar você em uma semana, mas eu preciso que você me dê alguns nomes, porque aí eu falo com o Sérgio Moro e você sai em uma semana”, contou.  

A pressão também vinha da sua família, que queria vê-lo livre. Mas ele decidiu não delatar “porque não conseguiria conviver com isso”. “Isso é uma questão pessoal, porque eu fui criado assim. Entende? De onde eu vim, como, por onde eu passei… Muito novo eu saí da guerra [do Líbano] e vi algumas coisas… Eu não conseguiria, mesmo que eu tivesse alguma coisa para entregar. Por isso, o cantar da sereia, de sair com uma semana [da cadeia], aquilo não me falou nada. Mesmo sabendo que eu tinha um longo caminho para percorrer quando eu percebi que a arapuca já estava montada para mim”, justificou.  

“Um homem melhor”

Segundo Carlos Chater, quando a PF percebeu que ele realmente não firmaria o acordo de delação premiada, ele foi enviado para uma prisão comum, onde ficou por 17 meses. “Cumpriram o que prometeram, me mandaram para a prisão comum, mas eu não achei ruim. Eu achava até melhor porque eu tinha rotina. Na federal entrava e saía gente o tempo todo”.  

Condenado no âmbito da Lava Jato por crimes contra o sistema financeiro e associação criminosa, ele ficou 19 meses preso no regime fechado, sendo 45 dias na superintendência da PF em Curitiba e o restante no CDP de São José dos Pinhais. Ele ainda cumpriu 12 meses no semiaberto. “Eu me tornei uma pessoa melhor”, ressaltou. 

“Na prisão eu não tinha com o que me preocupar, eu fazia exercício e lia muito, eu conseguia dormir, dormia bem”. Segundo ele, no período que ficou detido também mudou de convicções. “Entrei mais ao centro, saí mais à esquerda”. 

Na prisão, passou por ao menos três revistas em que precisou ficar nu no pátio. “Passei por essa situação, de sair pelado, com a cueca na mão, ficar sentado no pátio, chovendo”, recorda. Ele disse que também presenciou uma rebelião na penitenciária. 

Outras detenções 

A prisão na Lava Jato foi a terceira de Carlos Habib Chater e a mais longeva. Chater lembra que quando foi preso em março de 2014, achou que seria como das outras vezes, “que ficaria no máximo dois dias detido”. As duas prisões anteriores foram em flagrante, segundo ele.  

A primeira ocorreu nos anos 90 quando ele exercia admitidamente a profissão de doleiro. Na época, por causa da inflação, apesar da ilegalidade, o serviço do doleiro era uma prática comum; entre os clientes da sua empresa estavam policiais civis e federais, juízes, desembargadores  e pessoas da alta cúpula do governo federal. O presidente Fernando Collor legalizou as casas de câmbio e a partir de então, seu negócio passou a operar com a autorização do Banco Central – ele chegou a contratar Cid Moreira como garoto-propaganda da sua empresa.

Após perder a concessão do Banco Central, ele foi acusado de fazer operações ilegais de câmbio, mas ficou preso por apenas dois dias, junto com o pai, Habib Salim El Chater.  “Era uma outra época. Eu estava preso, eu saía da cela, telefonava pros meus clientes e fazia negócio de câmbio dentro da Polícia Federal, no corredor das celas”, recorda.

Foi nos negócios da família, liderados pelo pai, que Chater começou a trabalhar, aos 8 anos de idade. Aos 21, já tinha a Habib Câmbio e Turismo.  

A segunda prisão de Carlos Chater aconteceu em 2008, no aeroporto de Brasília quando ele tentou viajar para o Líbano com 12,2 mil dólares. Ele ficou preso duas noites e três dias, acusado de evasão de divisas. Chater disse que seu voo tinha uma conexão em São Paulo e justificou à polícia que faria a declaração do dinheiro na capital paulista. Ele contou que, na ocasião, ficou preso na PF em Brasília junto com Fernandinho Beira-Mar. 

“Quando eu fui preso em 2008, eu estava indo para o Líbano com o Salomão [cujo nome de batismo é Sleiman Nassim El Kobrossy]. A gente estava indo para colocar máquinas de vídeo-bingo. Teve uma época da minha vida que eu tive alguns bingos em Brasília, Goiânia e Anápolis. E aí começaram a fechar os bingos e na época eu falei, ‘vou pro Líbano. Vou levar umas máquinas pro Líbano’. E o Salomão conseguiu um esquema de eu mandar as máquinas por navio e entrar meio que…porque lá era meio proibido. Numa dessas viagens eu fui preso com aqueles doze mil dólares. Eu fui preso e ele também. Porque na mala dele tinham umas placas de vídeo-bingo”, afirmou.  

Suspeitas de envolvimento com narcotráfico

Carlos Chater contou que anos depois fez uma operação financeira para Salomão , que também lhe causou problemas com a PF. Segundo ele, o amigo pediu que o então doleiro resgatasse um dinheiro no Brasil e o repassasse em espécie. De acordo com Chater, a pessoa que o amigo indicou para buscar o dinheiro no Posto da Torre tinha envolvimento com o tráfico, conforme apontou a PF posteriormente. “Eu não fazia ideia quem era esse homem, não o conhecia”, defendeu-se.  

“Salomão me ligou e falou ‘Carlos, eu preciso trazer uma grana da Europa’. Falei ‘ok’, era o que eu fazia. ‘Quanto é?’ Cento e poucos mil euros, eu imagino. Estava na Holanda a grana dele. Eu peguei a grana, e falei, ‘em tantos dias eu te pago aqui no Brasil’. Quando eu estava com a grana dele, ou um pedaço, não me lembro, ele falou ‘Carlos, eu estou indo para o Líbano. Quando você tiver o dinheiro, você me liga, eu vou pedir para alguém passar e pegar’. Quando eu ligo para ele, ele falou ‘vai te procurar um cara chamado Renê’, que era conhecido do Salomão”, contou. 

Segundo Chater, ele apenas pagou o cheque ao Renê que estava sendo monitorado por suspeita de tráfico de drogas. “Eu nunca lidei com tráfico. Tanto é que eles não conseguiram me acusar, ficaram meses”, se defendeu.  

Em outubro de 2014 Renê foi condenado por tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e evasão de divisas a 14 anos de reclusão e Chater por lavagem de dinheiro proveniente do tráfico a 5 anos e seis meses de prisão.  Essa foi a primeira condenação da operação. 

Lava Jato X Corrupção

Apesar de ter ficado preso e ser o primeiro alvo da Lava Jato, Carlos Chater tem uma visão surpreendente sobre a Força-Tarefa: ele diz que a operação foi importante para o país, no que diz respeito ao combate à corrupção, mas que, segundo ele, deu errado por conta das ilegalidades. 

“A Lava Jato só comprovou o que todo mundo já sabia. Ela desnudou o que todo mundo já sabia que existia. Ela foi importante. Agora, a forma como ela foi conduzida, por um cara desqualificado, é que manchou tudo o que foi feito”. 

Ele diz que, apesar de ter sido “prejudicado por ela”, não pode fechar os olhos para a corrupção nas estatais. “Esse loteamento das estatais para levantar uma grana para os partidos políticos precisa acabar”, defendeu. 

“Então, ela [Lava Jato] foi importante. Claro que ela foi importante! Ninguém quer esse nível de corrupção que existe no Brasil”, concluiu.

Rock na madrugada – Gary Clark Jr., “Come Together”

POR GERSON NOGUEIRA

Um clássico dos Beatles reconstruído num arranjo ensandecido por Gary Clark Jr., aqui em registro ao vivo no sensacional talk show de Howard Stern e sua Sirius CM. “Come Together”, originalmente lançada em 1969 no lendário álbum Abbey Road, é creditada formalmente à dupla Lennon/McCartney, mas é um rock brabo indiscutivelmente composto apenas por John. A releitura de Gary deixa exposta uma verdade indesmentível: os Beatles seguem atualíssimos e fundamentais. Quase todas as suas canções soam atemporais, o que inclui “Come Together”.

Sobre Gary Clark Jr., basta dizer que já estreou impressionando a todos pelo domínio do instrumento e o vocal singularíssimo. Com influências marcantes de Stevie Ray Vaughan, Jimi Hendrix e Eric Clapton, o jovem guitarrista texano (nasceu em Austin) foi logo apontado como “o futuro do blues”, o que não explica tudo sobre ele. Com vários discos lançados, aos 40 anos ele se destaca entre os músicos e compositores de sua geração, passando longe dos acordes convencionais do blues.

Em março deste ano, via Warner Records, ele lançou seu 4º álbum, JPEG Raw, com 12 faixas, passeando sobre vários gêneros – rock, R&B, hip hop e blues. O disco trouxe tributos a Thelonious Monk e Sonny Boy Williamson e colaborações especiais de Stevie Wonder e George Clinton.

Por fim, sobre Howard Stein é necessário dizer que sua história se confunde com a do rock moderno. Locutor de rádio nascido em Nova York, fez carreira fugindo aos padrões e colecionando polêmicas sobre sexo, racismo e política. O pai era dono de um estúdio discográfico em Manhattan, o que levou Stern a tomar gosto pela linguagem e instantaneidade do rádio.

Tornou-se disc-jockey e diretor de programas da estação WRNW, especializando-se em cultura pop. Com a fama galopante, virou escritor, ator e polemista em tempo integral. Os programas de Stern caracterizavam-se por momentos de muita conversa e transformavam o próprio apresentador em atração principal. Em 2006, lançou uma rádio privada emitida por satélite, a Sirius Satellite Rádio, que pode ser ouvida apenas por assinantes e onde ele fica a salvo das regulações de mídia nos EUA, podendo soltar diatribes à vontade.

A invasão estrangeira

POR GERSON NOGUEIRA

Depois que o Remo praticamente garantiu a aquisição de Alexis Ivan Alvariño como reforço para 2025, pode-se afirmar que o Campeonato Paraense do próximo ano será o mais repleto de estrangeiros de todos os tempos. O zagueiro argentino de 23 anos irá se juntar a outros quatro jogadores importados de países sul-americanos, todos defensores do PSC.

No Papão, por enquanto, são quatro estrangeiros: o zagueiro Quintana, o meia Pedro Delvalle e os atacantes Benjamin Borasi e Calleri. Há, ainda, a possibilidade de contratação pelo Papão de um outro estrangeiro: o meia Jonathan Gómez, atualmente no Rosario Central.

Segundo a imprensa argentina, o PSC já apresentou proposta formal por Gómez, de 34 anos, que teve passagem bem sucedida pelo futebol brasileiro, jogando no São Paulo, CSA e Sport-PE. Aos 34 anos, é um meio-campista clássico, que viria para disputar posição com Giovanni.   

A preferência do PSC por jogadores oriundos de países da América do Sul se acentuou a partir da boa experiência com Esli García, que era um desconhecido e acabou se tornando ídolo da Fiel. Borasi também deixou excelente impressão. O êxito dessas contratações estimula a busca por atletas do mesmo perfil.

Há, ainda, a grande identificação do torcedor paraense com a flama que caracteriza atletas vindos da Argentina e do Uruguai, principalmente. A raça que demonstram em campo, muitas vezes disputando cada jogada como se fosse a última, é um ponto que merece ser destacado.

No caso de Alvariño (foto), os analistas do Remo passaram a observá-lo na recente Série B, jogando pelo Amazonas. Ele chegou ao Brasil em 2023, para defender o Guarani de Campinas. Ganhou visibilidade por jogar em várias posições. Atuou como volante, zagueiro, meia e até lateral.

Do Guarani, Alvariño se transferiu para o Amazonas. Disputou a Série B deste ano, tendo enfrentado o PSC nos dois confrontos da competição. Jogou como zagueiro de área e mostrou segurança. Com base nas atuações de Alvariño pela Onça Pintada, o Remo entrou no páreo pela sua aquisição.

As negociações avançaram e ele deve ser anunciado pelo Remo na próxima semana. Promessa das categorias de base do Boca Juniors, Alvariño é meio-campista de origem, mas também joga na zaga, onde chegou a ser aproveitado no time do Boca.

Além dele, o Remo vem buscando outros jogadores fora do Brasil. É possível que a legião estrangeira cresça ainda mais no Parazão 2025.

CBF: Ronaldo se lança como candidato da mudança

Não é tarefa fácil para ninguém desafiar o poder dos donos do futebol brasileiro, que se revezam no comando da CBF. Craque do futebol e campeão por onde passou, Ronaldo Nazário, também conhecido como Fenômeno, está disposto a encarar essa batalha. Anunciou nos últimos dias que vai se candidatar à presidência da entidade.

Aos 48 anos, depois de conquistar tudo como atleta, Ronaldo se aventurou como empresário e dono de clubes. O prestígio e o respeito que acumula dentro do esporte é seu principal trunfo para desbancar a velha cartolagem.

É bom ressaltar que, apesar de ostentar um outro perfil, Ronaldo é também um dirigente. Talvez um cartola dos novos tempos, mas, ainda assim, um cartola. Reúne as mesmas características, apesar do discurso de viés moderno.  

“Nas próximas eleições, eu serei candidato. Falando sobre futebol, vou mostrar meus projetos, mostrar meus planos e fazer com que a gente resgate, realmente, esse prestígio do futebol brasileiro”, prometeu em entrevista à apresentadora Ana Maria Braga, na Globo.

Para concorrer, terá que conseguir inicialmente as assinaturas de pelo menos quatro das 27 federações estaduais e o apoio de quatro clubes entre os 40 que integram as séries A e B do Campeonato Brasileiro.

Não deve ser difícil conseguir a inscrição ao pleito. Derrotar Ednaldo Rodrigues e o bloco que o apoia na CBF é o desafio mais problemático. E não estamos falando apenas da subvenção mensal que a entidade paga às federações.

Há muitos outros entraves a serem superados. O principal deles talvez seja a desconfiança da velha cartolagem em relação a um ex-jogador, mesmo que seja Ronaldo, hoje um dirigente. O outro obstáculo a vencer é a suspeita de que é um mero representante de Ricardo Teixeira.

O Fenômeno afirma que vai explorar a proposta de mudança para convencer o colégio eleitoral a abraçar seu projeto. Ednaldo Rodrigues tem mandato até março de 2026. A partir de março de 2025 pode ser marcada uma nova eleição.

Ednaldo chegou a ser destituído em 2023 por irregularidades no processo eleitoral, mas uma liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, o mantém no cargo até hoje.

Bola na Torre

O programa começa às 22h, com Guilherme Guerreiro no comando e participação de Paula Marrocos. O convidado especial é o presidente da Federação Paraense de Futebol, Ricardo Gluck Paul, falando sobre o ambicioso projeto de “movimento técnico”, promovendo competições para dar espaço aos jovens valores. A edição é de Lino Machado.

Breve trégua até janeiro de 2025

A fim de dar merecido descanso aos 27 baluartes, a coluna entra a partir de segunda-feira (23) no habitual recesso de final de temporada. O retorno será na segunda semana de janeiro, antes da disputa da Supercopa Grão Pará, entre PSC e Tuna. Até lá.   

(Coluna publicada na edição do Bola de sábado/domingo, 21/22)

Boas festas com bons amigos

Por André Forastieri

O Covid estava bombando em 2020 quando Ringo Starr celebrou seus oitenta anos em uma live. Foi tocando bateria, para arrecadar grana pro Black Lives Matter.

Em 2024 lançou música nova, excursionou, tá vivinho, esperto e casado com a mesma Barbara Bach desde os anos 70. Essa semana foi muito bom assistir ele mandando ver nas baquetas, hoje com 84, atrás de Paul McCartney, 82, e o garoto Ron Wood, 77.

Ringo, baterista decente, compositor nem isso, zero de voz, poucos discos próprios. Mas também Sir Richard Starkey, lenda do rock, 350 milhões de dólares no banco.

Ringo tem um jeito que ganha a gente e já conquistava os fãs quando entrou pros Beatles em 1962. Carisma? Hmm, talvez o contrário de carisma. Ringo segue Montaigne: nunca está se esforçando mais do que deve.

Ringo parece sempre grato por tudo de bom que a vida traz, talvez pela sua infância desgraçada, muito pobre, sempre doente. Depois do sujeito sofrer criança, tudo são flores.

E Ringo quase morreu várias vezes, já beatle aposentado. De acidente de carro. De peritonite. De alcoolismo.

Já tem três décadas que excursiona por aí com outros dinossauros com sua Ringo and the All-Star Band, karaokê de luxo com sucessos do passado. Trabalha porque precisa de grana? For fun. Mas ganha o seu, claro.

Sempre os óculos escuros, a simpatia e o sinal de paz-e-amor. Ringo vem fazendo seu trabalho direitinho, e nada mais que isso, tem mais de sessenta anos. Ele mesmo diz que só toca bateria em gravação ou no palco. Se esse Ringo sempre relax é fingimento, não sei. Sei é que Ringo não pesa.

Todo mundo tem seus problemas e mr. Starkey na certa não escapa. Mas tem gente que nos inspira a lidar com as encrencas da vida com mais esperteza, delicadeza, tranquilidade. São bons amigos, mesmo que desconheçam nossa existência.

E com essa ajudinha deles, vamos vivendo.

Que eu passe 2025 suave no trabalho e fora dele, consciente das minhas limitações e me esforçando o exato necessário, sábio como Ringo.

E você também.