A Seleção Brasileira realizou na tarde de segunda-feira (11) o primeiro treino no gramado do Estádio Olímpico Jornalista Edgar Proença, o Novo Mangueirão, em preparação ao jogo com a Seleção da Venezuela, em Maturín, no próximo dia 14 (quinta-feira), pela fase classificatória das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026. A Seleção ainda faz dois treinos em Belém, hoje e amanhã (13), antes do embarque para a Venezuela.
O titular da Seel, Cássio Andrade, ressaltou a importância de receber a Seleção mais uma vez no Novo Mangueirão, e destacou a estrutura do estádio. “O governo do Estado, por meio da Seel, preparou tudo para receber a nossa Seleção para esses três dias em Belém. Temos aqui o que há de melhor para a nossa Seleção Brasileira, o gramado ‘bermuda celebration’, o mais utilizado em estádios de alto padrão, está impecável, garantindo total condição de jogo. Estamos com o nosso vestiário equipado”, disse.
Segundo o secretário, “a Seleção vai ser muito bem atendida, inclusive mantivemos a mesma estrutura da sala exclusiva que recebe a imprensa estadual, nacional e internacional, com apoio da Secom (Secretaria de Estado de Comunicação), oferecendo o que há de melhor para mais este momento importante aqui no nosso estádio. Ter a Seleção Brasileira aqui novamente só demonstra que o Mangueirão entrou na rota dos principais eventos esportivos”.
MODERNIZAÇÃO – A Seleção volta à capital paraense após a partida em que venceu a seleção da Bolívia, pelo placar de 5 x 1, em setembro de 2023. A noite foi marcante, com o Mangueirão totalmente reestruturado, com a presença vibrante de 48 mil pessoas. A modernização do estádio foi determinante para a CBF trazer, novamente, a Seleção para Belém, pois o local atende aos padrões exigidos pela Fifa.
A reestruturação do Mangueirão elevou o nível de segurança e conforto. O espaço tem capacidade para mais de 50 mil torcedores, além dos novos acessos e estrutura interna para as equipes. O gramado do Mangueirão, do tipo “bermudas celebration”, com padrão internacional, é apropriado ao clima tropical de Belém.
A localização de Belém é mais próxima de Maturín, local do jogo contra a Venezuela, no dia 14 de novembro, às 17h (horário de Brasília). De avião, a viagem leva cerca de 3h. Em 4º lugar nas Eliminatórias Sul-Americanas, com 16 pontos, o Brasil enfrentará também, no dia 19, a Seleção do Uruguai, às 21h45, na Fonte Nova, em Salvador (BA).
Jogadores que participaram do primeiro treino em Belém:
. Goleiros: Bento (Al-Nassr), Ederson (Manchester City) e Weverton (Palmeiras);
. Zagueiros: Gabriel Magalhães (Arsenal), Léo Ortiz (Flamengo)*, Marquinhos (PSG) e Murillo (Nottingham Forest);
. Meio-campistas: André (Wolverhampton), Andreas Pereira (Fulham), Bruno Guimarães (Newcastle), Gerson (Flamengo), Lucas Paquetá (West Ham) e Raphinha (Barcelona);
. Atacantes: Estêvão (Palmeiras), Gabriel Martinelli (Arsenal)*, Igor Jesus (Botafogo), Luiz Henrique (Botafogo), Savinho (Manchester City) e Vini Jr. (Real Madrid).
(*Nos lugares de Éder Militão e Rodrygo, que estão lesionados.)
Autor do livro “Ainda estou aqui”, que deu origem ao filme que tenta representar o Brasil no Oscar, o escritor Marcelo Rubens Paiva fala sobre a importância de contar a história da ditadura e o papel de sua mãe, Eunice. Ele tinha 11 anos quando a casa onde morava com os pais e quatro irmãs foi invadida por militares, em janeiro de 1971. A vida da família, até então feliz, mudou radicalmente naquele dia. O pai dele, o engenheiro e ex-deputado Rubens Paiva, foi levado pelos militares e nunca mais voltou: virou um dos “desaparecidos da ditadura”, um eufemismo usado na época para falar de pessoas que eram assassinadas sob tortura e tinham seus corpos descartados.
Durante anos, a família ficou sem saber se Rubens Paiva estava morto ou vivo. Seu atestado de óbito só seria entregue 25 anos depois, em 1996. Isso graças à luta de sua mulher, Eunice Paiva, que tinha 41 anos quando o marido “desapareceu”. Ela teve que cuidar dos filhos, reorganizar a vida e brigar, o tempo todo, não só pela sobrevivência da família, mas também para ter respostas sobre a morte do marido.
A matriarca da família Paiva se reinventou: estudou direito, virou defensora dos direitos humanos. E morreu em 2018, aos 86 anos, depois de viver anos com Alzheimer, perder a memória e ficar totalmente dependente de cuidadores e dos filhos.
A história da família e de Eunice já era conhecida pelos leitores de Marcelo, que lançou “Ainda estou aqui” em 2015 e também é autor, entre outros, do best-seller Feliz Ano Velho. Agora, a história ganha as telas com o filme Ainda Estou Aqui, baseado na obra de Paiva. O longa foi aclamado no Festival de Veneza, onde ganhou o prêmio de melhor roteiro. O filme também é a principal aposta para representar o Brasil no Oscar, na categoria de melhor filme internacional.
“Acho que o impacto mundial do filme é a necessidade de valorizar mulheres que não se entregaram”, disse Marcelo Rubens Paiva em conversa com a DW. Leia abaixo trechos da entrevista.
DW: O longa-metragem Ainda Estou Aqui venceu prêmio de melhor roteiro após a estreia no Festival de Veneza em março deste ano, e foi aclamado internacionalmente pelo público e pela crítica. O que significa para você o alcance e a difusão de um filme que fala sobre a ditadura brasileira, num momento em que tantos países do mundo estão polarizados, com guinadas conservadoras?
Marcelo Rubens Paiva: Eu acho que o filme usa a ditadura brasileira para falar de algo maior, que é a história de uma família que acaba sendo vítima de incongruência política, da falta de respeito, do descumprimento das leis e da intolerância. Ele é sobre a realidade brasileira, mas, do jeito que a gente pensou, ele poderia estar em vários lugares. A obra conta a história de uma família que tem sua casa invadida. Isso acontece em muitos lugares. Eu acho que a gente está sendo convidado para tantos festivais no mundo todo justamente porque vários países estão vivendo essa volta do fascismo. A gente vê a extrema direita super forte na Itália, na Alemanha, na França.
E agora o Trump voltou à Casa Branca. O que acha que isso significa?
Eu já esperava a vitória dele porque o mundo está ficando cada vez mais “trumpista”. O que interessa agora nesse momento é não pagar impostos, barrar imigrantes e cada um pensar em si. A gente vê isso em vários lugares do mundo e viu nas últimas eleições municipais no Brasil também. As pessoas só pensam em empreendimentos, em atividades particulares. Não pensam mais no conjunto. Eu estava acordado quando ele foi eleito e fiquei chocado porque foi de lavada. Mas vi o discurso dele após a vitória e acho que é um pouco como a humanidade está pensando mesmo, que é: “Vamos fechar as fronteiras, queimar petróleo e viver esses últimos momentos do planeta, antes que a gente mesmo acabe com ele.”
No Brasil, há pessoas que dizem ter saudades da ditadura e que elogiam torturadores. Você espera que o filme ajude a trazer mais informação e educação histórica sobre o que foi a ditadura militar no Brasil?
Tomara que o filme traga essa educação histórica mesmo. Meu papel como escritor sempre foi esse. Eu lembro que estava na Alemanha quando o filme “A Lista de Schindler” estreou [em 1993]. Foi uma febre, os cinemas ficaram lotados. Eram filas e filas. Isso porque as novas gerações queriam saber dos horrores que tinham acontecido no nazismo. Acho que no Brasil está acontecendo algo parecido. Depois da gente passar por um período onde só havia gente indo às ruas elogiar a ditadura e o AI-5, as pessoas agora querem saber o que de fato aconteceu. Afinal, já faz muito tempo. O golpe foi há 60 anos. Eu acho que o papel da literatura, do cinema é lembrar mesmo. Assim como existem museus e memoriais sobre o Holocausto, acho que precisa existir uma cultura de memória do autoritarismo na América Latina. Tem que ter filmes, museu, para que seja lembrado e para que não volte a acontecer.
Os 60 anos do golpe, completados esse ano, passaram em branco, na sua opinião?
Não passou em branco para todo mundo. Mas acho que a data ficou ofuscada por causa do medo que o Brasil ficou dos militares, já que por pouco eles não aderiram ao golpe do Bolsonaro [em 8 de janeiro de 2023]. Acho que o golpe só não aconteceu porque o Exército e a Marinha não entraram. Mas a Aeronáutica entrou. Foi por pouco que não colocaram os tanques nas ruas e foram para cima de novo. Então eu acho que o país, principalmente a classe política, ficou um pouco traumatizado e decidiu pôr panos quentes nos crimes do passado.
Você concorda que no Brasil existe uma cultura do “deixa pra lá”? Como foi o caso da anistia, sancionada em 1979, que acabou deixando os militares impunes…
Sim, o Brasil sempre “deixa pra lá”. Desde a escravidão, quando queimaram os arquivos. Nunca fizeram uma compensação. E ficou a bagunça que ficou, um país que ainda é extremamente escravagista, preconceituoso e racista. Sim, os militares se sentem incentivados a dar um golpe porque nada aconteceu com eles. Juscelino [o ex-presidente Juscelino Kubitschek] sofreu duas tentativas de golpe por parte do Burnier [o brigadeiro João Paulo Burnier, morto em 2000]. E o mesmo Burnier foi peça chave no golpe de 1964 e também foi quem prendeu meu pai em 1971, o que quer dizer que sempre fica essa impunidade. Inclusive os militares têm uma aposentadoria que é completamente diferenciada da população, ganharam várias vantagens no governo Bolsonaro. Nós sempre vivemos nessa espécie de chantagem dos militares contra nós, civis, que deveriam ser quem manda naqueles que têm armas.
Assim como sua mãe, Eunice Paiva, muitas mulheres ficaram segurando a barra de filhos após companheiros serem mortos ou presos, atuando nos bastidores.
A minha mãe é uma heroína mesmo. Ela e muitas outras mulheres eram tudo isso que você falou. A gente vive em uma sociedade patriarcal, né? Existe aquela frase horrorosa: “Atrás de cada homem existe uma grande mulher”, sendo que não é nada disso. Na verdade, do lado de um grande homem existe uma grande mulher. Os dois têm a mesma importância. A minha mãe exerceu um papel mais importante na nossa vida do que o meu pai. Eu fui perceber isso depois de ter filho. E eu acho que o impacto mundial do filme vem justamente dessa necessidade de valorizar as mulheres que não se entregam, que mesmo vítimas de tortura, de mortes horrorosas, elas se reerguem, repensam suas vidas, se reconstroem.
No livro, você conta que a sua mãe sempre dizia: “Os Paiva não choram em público”. Fernanda Torres teve um ataque de choro após a exibição em Cannes. E você, conseguiu ver o filme sem chorar?
É, uma coisa é chorar em público. Outra coisa é você ver a sua vida toda retratada na minha tela, ainda mais na terra da minha avó, que veio da Itália, com uma plateia lotada. E acabou virando um programa de família casual, porque uma irmã mora na Suíça, outra na França, meus sobrinhos estavam na Inglaterra. Eu também levei meus dois filhos. Foi muito tocante. Aí eu chorei sim. Não chorei escrevendo o livro, mas em Veneza chorei muito. Não tem como, né?
Além de restabelecer a memória crítica sobre um período tenebroso e triste de nossa história, o filme “Ainda Estou Aqui”, que narra a saga de Eunice Paiva para provar que o marido (Rubens Paiva) foi torturado e morto pela ditadura, faz o resgate de um rockão maravilhoso de Erasmo Carlos. “É Preciso Dar um Jeito, Meu Amigo” é de um disco espetacular do Tremendão, lançado em 1971 (disco Erasmo Carlos), no auge das atrocidades do regime dos generais.
Quem viu o filme, saiu do cinema encharcado de lágrimas e com esta canção reverberando na cabeça. Sangue de roqueiro, alma de roqueiro, Erasmo deu uma bela sacudida no cenário do rock daquele tempo, embora seja uma música pouco conhecida entre tantas do vasto repertório dele. O arranjo para este show ao vivo do Gigante Gentil, um dos últimos dele, veio carimbado com o padrão Billy Brandão de qualidade. Atenção para o solo arrepiante que ele tira da guitarra.
No livro autobiográfico “Minha Fama de Mau”, Erasmo revela que a música foi toda composta pelo parceiro Roberto. Segundo ele, quem dava a ideia da música normalmente era quem a gravava, mas há exceções – e esta é uma delas. O fato é que o Tremendão interpreta magnificamente a música, como se fosse realmente sua.
As canções dos discos de Erasmo nos anos 70 são valiosas e inspiradas, mereciam mais reconhecimento, como “É Preciso Dar um Jeito, Meu Amigo”, generosamente concedido na assinatura final da obra de Walter Salles, quando os créditos (com fotos do período) sobem. A canção já havia sido redescoberta por Nasi e Céu, como também pela série norte-americana Outer Banks.
Abaixo, trechos da letra:
Eu cheguei de muito longe E a viagem foi tão longa E na minha caminhada Obstáculos na estrada, mas enfim aqui estou
Mas estou envergonhado Com as coisas que eu vi Mas não vou ficar calado No conforto acomodado como tantos por aí
É preciso dar um jeito, meu amigo É preciso dar um jeito, meu amigo
Descansar não adianta Quando a gente se levanta quanta coisa aconteceu
Acima, um registro da canção em shows realizados em Belo Horizonte e Varginha (MG), em 2019, com direito a um pequeno discurso de Erasmo. Billy Brandão estraçalha novamente na guitarra, de forma impressionante.
Falar sobre a música de Erasmo não deixa de ser um belo pretexto para dizer que a história da família Paiva foi retratada inicialmente em “Feliz Ano Velho”, best-seller de Marcelo Rubens Paiva, único filho do casal, e chegou agora às telas com o longa “Ainda Estou Aqui”.
Foi mais difícil do que se esperava, mas terminou com festa da torcida bicolor. O PSC derrotou o Brusque por 1 a 0, na Curuzu, diante de mais de 14 mil torcedores, garantindo a permanência na Série B do Campeonato Brasileiro. O primeiro tempo foi dominado pelo time paraense, mas o Brusque se fechava e dificultava a aproximação dos atacantes e a pressão bicolor. Mesmo assim, o goleiro catarinense Matheus Nogueira foi um dos destaques da etapa inicial.
Na segunda etapa, o panorama não se alterou muito. O PSC seguiu pressionando, principalmente pelos lados, com Edilson, Bryan Borges, Borasi e Paulinho Boia, mas o gol não saía. Até que Esli García entrou nos minutos finais, a pedido da torcida, e não decepcionou. Aos 34 minutos, ele marcou o gol com um toque sutil fora do alcance do goleiro do Brusque, após boa troca de passes junto à área. Após dúvida sobre a posição do atacante, o lance foi revisado e validado pelo VAR.
Foi o oitavo gol do artilheiro venezuelano, melhor atacante do Papão na Série B e que se caracteriza por gols sempre bonitos, de grande habilidade. Impressiona em Esli a agilidade dentro da área, sempre capaz de dribles objetivos e no sentido do gol.
Curiosamente, Esli foi claramente boicotado por Hélio dos Anjos, que afirmou que era um “atacante de lances ocasionais”, além de muito pequeno e sem força. Sob o comando de Márcio Fernandes, voltou a ter problemas. Ficou fora de quatro partidas antes do confronto com a Ponte Preta. O técnico justificou dizendo que Esli “não entendia o jogo da equipe” e precisava melhorar.
Pois o goleador entrou e marcou o gol da vitória sobre a Macaca, nos minutos finais. Na partida desta noite de segunda-feira (11), também lançado a 15 minutos do término, deixou novamente sua marca e garantiu o triunfo que definiu a permanência bicolor na Série B.
No total, Esli fez 36 jogos na temporada, marcando 12 gols e dando quatro assistências. Foi titular apenas por cinco jogos no Campeonato Paraense.
Técnicos de futebol precisam ser responsabilizados (e cobrados) por suas escolhas. O trabalho deles é, essencialmente, escolher os melhores jogadores. Quando isso não ocorre, em prejuízo do time, é porque há incompetência ou má fé. O que fizeram com Esli nesta temporada é digna de