Por ampla maioria, Roger Aguilera é eleito presidente do PSC

Em eleição realizada na noite desta terça-feira, 5, o candidato Roger Aguilera, da chapa “Raul Aguilera”, derrotou Felipe Fernandes, da chapa “Payxão e Mudança”, e é o novo presidente do Paysandu. Ao lado dos vices Diego Moura e Márcio Tuma, Aguilera venceu com 689 dos votos contra 244 do adversário. Será o presidente bicolor pelos próximos dois anos, após integrar diretorias do clube desde 2010. Atualmente, é o vice-presidente na gestão de Maurício Ettinger.

“Um desafio grande, talvez o maior da minha vida. Agradeço à minha família por ter me apresentado o Paysandu. O meu avô, que veio da Argentina e aqui conheceu o Paysandu. Ao meu pai, que deu essa continuidade, fez o Paysandu ser uma extensão da minha casa e não só comigo, como toda a galera. Então, estou muito feliz, foi um momento lindo para a minha vida. Espero poder contribuir com esse público que tanto amo. Muita dedicação, muito esforço e títulos para deixar um legado. A minha família sempre trabalhou em prol do clube. Não vai ser diferente”, afirmou Roger, logo após o resultado das urnas.

Dos 1.571 sócios-remidos e proprietários aptos a votar, 933 associados compareceram à eleição.

Esli só não agrada técnicos

POR GERSON NOGUEIRA

Curiosa a situação de Esli García no PSC. Não é titular, apesar de ser o melhor atacante do elenco. Não joga porque os técnicos acham que não marca. Pode ser, mas ele faz o que o povo gosta: gols. Contra a Ponte Preta, foi novamente decisivo, mesmo tendo entrado nos 20 minutos finais do 2º tempo. Objetivo, driblador e letal nas finalizações, ele transformou em vitória o que era apenas superioridade numérica.

Lá no início da Série B, mesmo adorado pela torcida e marcando gols, teve que enfrentar as resistências do técnico Hélio dos Anjos, que chegou a afirmar que ele era baixinho, pequeno demais e sem resistência suficiente para encarar a competição. Um jogador de lances ocasionais, dizia o veterano.

Esli seguiu atuando à sua maneira, fazendo seu papel, jogando bem sempre que lhe deixavam entrar em campo. Alcançou a liderança da artilharia do time, mesmo entrando apenas por 15 ou 20 minutos por jogo, quando entrava. Marcou seis gols, à frente de todos os demais atacantes.

Ainda assim, foi sistematicamente sabotado. Hélio não o escalava e demonstrava claramente má vontade em relação a ele, sempre diminuindo sua importância para o time, apesar do reiterado apoio dos torcedores ao habilidoso venezuelano.

Esse ranço explícito do técnico em relação a Esli deixou raízes. Márcio Fernandes, que assumiu o comando após a saída de Hélio, seguiu na mesma pisada. No jogo com o Sport (derrota por 1 a 0 na Curuzu), foi hostilizado por Matheus Nogueira. Ele não teria passado uma bola. Detalhe: Esli havia entrado nos minutos finais.   

Nas últimas rodadas, quando o PSC mais precisava de um artilheiro para chamar de seu, Esli ficou quatro jogos sem entrar em campo. Por opção técnica, segundo o técnico. “Ele precisa entender mais o jogo, o espírito da nossa equipe”, justificou Márcio Fernandes.

Pelo futebol que mostra em campo, quem precisa entender Esli é o técnico, assim como a equipe deveria se mirar no espírito vencedor que ele passa. Tivesse mais minutos em campo, o Papão seguramente não teria passado por tanto sufoco na luta pela permanência.

Clubes de futebol precisam ser mais exigentes com as avaliações e escolhas de seus técnicos. Aceitar passivamente opiniões baseadas em ideias conservadoras é um convite ao desastre. Por sorte, o PSC conseguiu os pontos que buscava e contou também com a indigência técnica dos adversários para evitar o rebaixamento.

Tudo isso poderia ter sido evitado, caso um atacante precioso como Esli tivesse mais oportunidades e contasse com a boa vontade de seus comandantes. Após o gol da vitória em Campinas, o 7º na Série B, ele parecia dividido na entrevista. Feliz pelo feito, mas confuso quanto ao futuro. No caso, sentimentos perfeitamente compreensíveis. (Foto: Jorge Luís Totti/Ascom PSC)

Investigações chegam ao topo da cadeia alimentar

A operação da Polícia Federal que investiga o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, é um marco no combate à manipulação de resultados no futebol brasileiro. Não que o jogador possa ser antecipadamente condenado, pois o processo ainda está em andamento e há muito a ser apurado, mas a chegada das investigações a um grande nome da elite da bola no Brasil é sinal de que as coisas estão de fato sendo levadas a sério.

A entrada em cena das apostas esportivas, com sua multiplicidade de alternativas para palpites e prognósticos, abriu o caminho para um novo cenário nos jogos. A partir de agora, desde que vários casos foram confirmados – como o de Alef Manga e outros jogadores da Segunda Divisão, investigados pelo MP de Goiás – o torcedor deixou de olhar para os lances de campo com os mesmos olhos de antes.

Agora, quando um cartão amarelo ou vermelho é tomado em lances estranhos, a suspeita vem logo à tona. É claro que nem toda desconfiança é certeira, mas o torcedor é um consumidor, paga ingresso, não pode mais aceitar a condição passiva de vítima indefesa de abusos.

Daí a imensa importância das investigações ora em curso. Um peixe graúdo, como Bruno Henrique, indica que o topo da cadeia alimentar pode estar inapelavelmente contaminado. E aí o prejuízo é ainda maior para a lisura das competições e a seriedade do esporte. É necessário, portanto, que as punições sejam exemplares, desde que a culpa seja comprovada.  

Paquetá, que joga na Seleção Brasileira de Dorival Júnior, está sob risco de uma punição pesada na Inglaterra. É preciso, porém, seriedade nas apurações, para evitar injustiças. Parte da mídia esportiva do Sudeste tentou, por exemplo, envolver Luiz Henrique, do Botafogo, que foi investigado e inocentado pela Justiça da Espanha.     

Fogão vence clássico e abre boa vantagem

Junior Santos, que ficou meses em recuperação de uma lesão na tíbia, voltou triunfantemente ontem para carimbar a vitória do Botafogo sobre o Vasco. Recebeu um passe cruzado de Marlon Freitas e encobriu o goleiro Léo Jardim com categoria.

Saiu premiado como o melhor da equipe, mas qualquer um do quarteto Savarino, Luiz Henrique, Igor Jesus e Almada mereceriam a distinção. O Botafogo foi absoluto no primeiro tempo. Abriu 2 a 0, com Savarino, dando uma chicotada após passe de Alex Telles; e Luiz Henrique, trocando de pé para enganar o goleiro. Dois golaços.

O Vasco perdeu um zagueiro, que levou o segundo amarelo, e o jogo ficou ainda mais sossegado e favorável ao Fogão. Apesar do esforço dos cruzmaltinos, prevaleceu a qualidade técnica do time de Artur Jorge.

Com 67 pontos, seis pontos à frente do segundo colocado (Palmeiras) e sete do terceiro (Fortaleza), o Botafogo deu um passo importante na luta pelo título. Restam seis rodadas, nada está definido, mas o jogo de ontem à noite é daqueles que expressam valor e merecimento.  

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 06)