Rock na madrugada – Peter Frampton, “Do You Feel Like We Do”

POR GERSON NOGUEIRA

Um sobrevivente do rock, Peter Frampton construiu uma carreira brilhante desde que resolveu encarar um projeto solo, deixando de lado o papel de músico coadjuvante na cena inglesa. Este registro empolgante de “Do You Feel Like We Do” (Você se sente como nós) é do lendário álbum ao vivo Frampton Comes Alive!, de 1976, estouro de vendas para um artista que se lançava e não tinha uma discografia consolidada.

Para se ter uma ideia da importância desse disco, Frampton Comes Alive! é até hoje o “ao vivo” mais vendido de todos os tempos. O álbum duplo foi quase todo gravado na arena Winterland, em Londres, na turnê de 1975. Frampton havia aparecido como guitarrista do Humble Pie, mas logo investiu em trabalhos autorais, lançando quatro discos que não estouraram, entre 1972 e 1975.

O talento inquestionável, aliado a um visual caprichado, ajudou a tirar Frampton da vala comum de roqueiros que buscavam a fama e o sucesso. Com solos arrasadores, ele superou a desconfiança inicial de que fosse apenas um produto de marketing da gravadora A&M.

Um super esquema de divulgação nas rádios norte-americanas e uma esperta jogada nos preços – era a primeira vez que um disco duplo custava o mesmo que um simples – alavancaram as vendas de Frampton Comes Alive!, aproveitando um vácuo deixado pelo então recente fim dos Beatles e uma certa entressafra no rock.

Um das dobras mais cativantes do disco tinha “Lines on My Face” e “Do You Feel Like We Do”, provando que o guitarrista forjado na melhor escola roqueira inglesa podia aliar baladas de bom nível sem sacrificar suas origens clássicas. O fato é que Frampton conseguiu unir sucesso comercial e talento criativo num álbum sensacional, que até hoje pode ser ouvido com prazer.

Depois desse álbum, porém, a carreira não foi a mesma em termos de êxito nas paradas, embora com alguns bons momentos nos anos 80 e 90. Ficou famosa a sua participação na His All-Star Band, de Ringo Starr, com a participação de vários astros do rock.

Aos 74 anos, o guitarrista está se aposentando, com shows programados para os Estados Unidos ao longo deste ano. Sofre de um transtorno muscular que inviabiliza seguir manejando a guitarra com a maestria de sempre. Uma pena. Sorte que deixa um legado de grandes canções e performances impecáveis na guitarra.

Nesta noite de sábado, 19, em Cleveland (EUA), Peter Frampton foi eternizado no Hall da Fama do Rock’n’Roll. Além de solos inspirados, cantou um punhado de canções e, elegante como sempre, fez um discurso marcado pela expressão “gentileza é tudo”.

A frase do dia

“Um jovem britânico morre e o Ocidente fica em choque. Mais de 17 mil CRIANÇAS são ASSASSINADAS por Israel/EUA em Gaza e nenhuma lágrima sequer”.

Cesar Calejon, escritor

Corregedoria investiga atos de violência policial contra um cidadão indefeso

Por Mailza Lisboa

Por volta de 21h30 de terça-feira (15 de outubro), o jovem Alexandre Azevedo Teles, de 25 anos, praticava sua costumeira caminhada na avenida Júlio César quando ao passar por um terreno deserto, entre as avenidas Brigadeiro Protásio e Almirante Barroso, decidiu parar para urinar. A infeliz decisão lhe levou a sofrer torturas físicas e psicológicas nas mãos de três policiais inescrupulosos. O pesadelo teve início quando um deles usando capuz preto sobre o rosto surgiu do meio do mato e o algemou, sob o pretexto de ter invadido o que seria uma área federal.

Alexandre foi arrastado para a parte mais escura do terreno, onde foi submetido a uma longa sessão de violência pelo primeiro policial e outros dois. O ataque incluiu chutes nas costelas e até um tiro disparado próximo ao ouvido do rapaz, a fim de desorientá-lo. E foi nessa situação que o jovem ainda foi obrigado a ligar para parentes para que lhe enviassem um pix no valor de R$ 1 mil. A quantia foi exigida para que saísse vivo dali. Como não conseguiu ligar para ninguém, Alexandre teve de entregar aos policiais o único bem que possuía: um aparelho IPhone 11 de cor preta, com a senha devidamente informada aos agressores.

A pressão psicológica ainda prosseguiu quando, sob a vigilância dos policiais, o jovem foi orientado a atrair uma nova vítima para o mesmo local para só então ser liberado. Mas, ao chegar na via pública, ele conseguiu fugir pedindo ajuda a um mototaxista que passava.

Aterrorizado, Alexandre já não dorme, tem dores pelo corpo. Sua única esperança é que a Corregedoria da Polícia investigue a fundo o caso, a partir de imagens de câmeras da redondeza e depoimentos de testemunhas do ocorrido, capazes de identificar os criminosos, a fim de que não façam com outros o que fizeram com ele.

Nota do editor:

A truculência empregada na abordagem ao Alexandre pelos três militares demonstra infelizmente que não foi o primeiro ataque contra pessoas indefesas naquela área, mal iluminada e que fica perto de prédios públicos, como o Hangar e a Delegacia da Receita Federal. Além da crueldade na abordagem ao rapaz, os três criminosos – sim, é o que são – intimidaram, ameaçaram e, por fim, assaltaram a vítima, ficando com o aparelho de iPhone, cujo valor deve ter sido a atração principal para a execução da “prisão” e emboscada. Simplesmente revoltante. Que o governo do Estado do Pará, através do Sistema de Segurança Pública, que sempre mostrou rigor nesse tipo de ocorrência, tome providências urgentes para extirpar os policiais-marginais de suas forças e assegure a integridade da vítima desse crime.

Nunca se deve esquecer que o papel dos policiais militares é proteger e garantir a segurança das pessoas. Quando esse propósito se inverte, transformando agentes de segurança em bandidos, é hora de excluir e punir adequadamente os criminosos de farda, até para que não tenhamos o dissabor de ver e ouvir lá na frente confissões de assassinatos impunes – como fez repetidamente um certo candidato à Prefeitura de Belém.

Para exorcizar fantasmas

POR GERSON NOGUEIRA

Sob a pressão dos outros resultados da rodada, envolvendo times que estão logo abaixo na classificação, o PSC encara o Operário neste domingo, em Ponta Grossa (PR), com um só objetivo: alcançar uma vitória para se afastar do Z4. As contas são bem conhecidas: com 36 pontos, o time de Márcio Fernandes precisa conquistar mais três vitórias para se salvar.

O Operário surge no horizonte como um adversário difícil de ser batido, principalmente porque voltou a acreditar na possibilidade de acesso à Série A. A vitória sobre o Sport fora de casa na rodada passada surpreendeu e entusiasmou a torcida, que deve lotar o estádio Germano Krüger.

Ao Papão resta brigar pela vitória, a fim de evitar entrar para o Z4 num momento delicado e decisivo da competição. Ao mesmo tempo, o empate não pode ser considerado um mau resultado, permitindo pelo menos manter a posição atual na tabela.

Sem poder contar com Nicolas (suspenso) e Jean Dias, lesionado, o técnico alviceleste optou por um ataque de perfil rápido, apto a explorar o contra-ataque. Paulinho Boia, Ruan Ribeiro e Borasi são jogadores que já atuaram juntos em situações específicas de jogo.   

No meio-de-campo, João Vieira, Netinho e Robinho terão a missão de controlar as ações do Operário, que conta com bons jogadores de aproximação e um ataque eficiente. Mostrou isso contra o Sport, na Ilha do Retiro, resistindo à pressão e saindo com perigo nos contragolpes.

Um dos trunfos do Papão é a movimentação pelos lados, com a dobra de laterais e ponteiros. Na direita, Edilson e Paulinho. Na esquerda, Bryan Borges e Borasi. Funcionou bem nos jogos recentes e pode ser uma arma poderosa para explorar os espaços permitidos pela defesa paranaense.

A ousadia tem sido premiada na Série B, que entrou definitivamente na fase de definição, o que vem proporcionando alguns resultados surpreendentes, causados pelo esforço de superação das equipes para alcançar o pelotão de cima ou escapar das últimas posições.

Para um jogo que é visto naturalmente como desfavorável, seria oportuno que o PSC optasse por um jogo mais agressivo, capaz de confundir o sistema de marcação do Fantasma. Contra o CRB, essa estratégia chegou a funcionar nos primeiros 25 minutos, perdendo força no decorrer da partida.

É uma possibilidade a considerar, mesmo para um técnico conhecido pela cautela, às vezes excessiva, como Márcio Fernandes. (Foto: Matheus Vieira/Ascom PSC)

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro apresenta o programa neste domingo, a partir das 22h, na RBATV. Participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, a rodada da Série B e os planos do Remo para o próximo ano. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.

Leão projeta folha de R$ 3 milhões na Série B

Em entrevista ao repórter Paulo Caxiado em seu festejado programa “Conversa com o Leão”, na Rádio Clube, o presidente Antônio Carlos Teixeira, o Tonhão, admitiu que trabalha com a ideia de uma folha salarial em torno de R$ 3 milhões para o Remo na Série B 2025.

Com um gasto mensal de R$ 1,2 milhão em salários na Série C deste ano, o clube avalia que precisará dobrar os custos para se apresentar condignamente na Série B.

É uma estimativa perfeitamente dentro da realidade da competição e coerente com os planos azulinos de brigar pelo acesso à Série A. Para ter condições de embalar esse sonho, o Leão terá primeiro que viabilizar uma receita suficiente para sustentar os gastos previstos.

Na Série B atual, com exceção do Santos, que tem um orçamento de Primeira Divisão, os demais times que concorrem diretamente ao acesso têm folhas na faixa de R$ 2,5 a R$ 5 milhões. É o caso, por exemplo, de Sport, Mirassol, Vila Nova, América-MG e Ceará.

O Grêmio Novorizontino, que mantém disputa direta com o Santos pelo título da competição, é um caso à parte. Clube pertencente a investidores, trabalha com receita controlada e abaixo da média da Segunda Divisão. Estimativas da imprensa esportiva de S. Paulo indicam que o Novorizontino tem folha salarial inferior a R$ 1,5 milhões.   

Mais do que o valor estimado pela diretoria, é importante observar o perfil dos jogadores que o Remo pretende contratar. Gastar R$ 3 milhões pode elevar a força competitiva do time, desde que as contratações sejam certeiras e criteriosas – coisa que não ocorreu em 2021.

Nesse sentido, cresce a responsabilidade do técnico Rodrigo Santana (que renovou contrato) e do executivo Sérgio Papellin, diretamente envolvidos na busca pelos reforços. Uma declaração do treinador acabou colocando na berlinda o nome de Alexandre Pato, jogador que atravessa longa inatividade e que há muito tempo deixou de ser atleta.

Ao falar para o podcast Eh Nóis Queiroz, Rodrigo comentou sobre jogadores que foram procurados pelo clube na Série C e não aceitaram vir jogar no Remo – Pato seria um deles. Segundo o técnico, a nova condição do clube deve facilitar a busca por reforços.

Espera-se, para o bem do Remo, que jogadores com o perfil de Pato não sejam priorizados, sob pena de tornar a projeção de gastos apenas um festival bizarro de dinheiro jogado fora.

(Coluna publicada na edição do Bola deste sábado/domingo, 19/20)