POR GERSON NOGUEIRA
Ytalo marcou 10 gols na temporada, cinco deles na Série C, mas o torcedor azulino ainda manifesta dúvida quanto à avaliação do artilheiro azulino. Pelas expectativas criadas com a sua contratação, ficou a sensação de que ele podia render mais e contribuir para uma caminhada mais tranquila do Remo, principalmente no Brasileiro.
Talvez se não tivesse chegado ao Baenão com a credencial de goleador da Série B 2023 pelo Sampaio Corrêa, com 13 gols, o desempenho no Remo talvez fosse mais reconhecido. Sim, porque em comparação com outros centroavantes da competição ele se saiu razoavelmente bem.
Com os cinco gols marcados, terminou bem situado na tábua de artilheiros, mesmo tendo ficado várias partidas sem atuar em função de lesões. Na comparação interna, foi muito superior ao outro camisa 9 do elenco. Ribamar, em constante desavença com o gol, ficou devendo muito mais.
Ainda assim, Ytalo terá que justificar a presença no elenco da próxima temporada. Será fundamental na campanha de busca pelo título estadual paraense e na Copa Verde, duas obsessões do Remo para 2025. Antes mesmo do Brasileiro, ele terá que passar pelo crivo de duas competições consideradas relativamente fracas.

A presença está confirmada porque ele tinha uma cláusula de renovação automática em caso de acesso à Série B. Aos que questionam a permanência do experiente atacante, o Parazão e a CV podem servir como resposta. Não custa lembrar o exemplo de Nicolas, que fez a festa nos dois torneios iniciais, garantindo artilharia para o resto do ano.
É preciso entender, porém, que o exemplo de Nicolas desfavorece Ytalo. O centroavante do PSC marcou muitos gols contra defesas fracas, mas encontrou muita dificuldade para balançar as redes contra adversários mais poderosos na Série B – marcou somente três gols.
Herói do jogo do acesso, Ytalo terá que aproveitar as competições regionais para manter a titularidade, rendendo mais do que neste ano – fez apenas quatro gols no Parazão e um na Copa Verde –, para entrar firme na Série B, buscando reproduzir a grande performance exibida no Sampaio em 2023. (Foto: Thiago Gomes/Jornal O Liberal)
Duas dispensas que surpreendem a quase ninguém
O PSC fez um investimento de risco ao contratar Juan Cazares para tomar conta do setor de criação do time na Série B. O jogador, com passagens pelo Atlético-MG e o Santos, veio avalizado pelo técnico Hélio dos Anjos, mas sob desconfiança de quem acompanha sua carreira.
De técnica refinada, especialista em lançamentos e bolas paradas, o bom futebol de Cazares garantiu um lugar na seleção do Equador. Como nos clubes de ponta que defendeu, ele não conseguiu sustentar presença no escrete de seu país em função das oscilações e problemas extracampo.
No Papão, teve início animador, dando passe perfeito para Nicolas marcar contra o Ceará Sporting, na 15ª rodada da Série B. Do entusiasmo despertado inicialmente, Cazares foi aos poucos caindo de rendimento.
Passou de maestro da equipe a opção no banco de reservas, perdendo espaço para o veterano Robinho e para o garoto Juninho. No começo do returno, em meio à crise técnica do time, que ficou nove jogos sem vencer, Cazares simplesmente desapareceu.
Deixou de ser relacionado até para a suplência desde que Márcio Fernandes assumiu o comando. Sua presença no elenco começou a causar incômodo, até pelo alto salário. Ao mesmo tempo em que sumiu do noticiário esportivo, passou a circular diariamente na rede de fofocas da internet.
Ao lado de Yony Gonzalez, outro que só fez figuração no clube, era apontado como frequentador da noite e adepto das famosas barcas da capital paraense. Quando o atleta rende, ninguém liga para o que faz na vida pessoal, mas se não entrega futebol passa a ser marcado em cima.
Uma coisa é certa: ninguém pode alegar surpresa diante do desfecho anunciado pela diretoria na sexta-feira. Os dois atletas esgotaram as chances dadas pelo clube e foram dispensados. Antes tarde do que nunca.
Bola na Torre
Guilherme Guerreiro comanda o programa neste domingo, às 22h, na RBATV, com a participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, a campanha do PSC na Série B e as projeções do Remo para 2025. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.
Honrando as cores do Brasil de nossa gente
Os jornais sul-americanos de sexta-feira renderam-se ao papel de dois atacantes do Botafogo na vitória do Brasil, de virada (2 a 1), sobre o Chile na véspera. Fazia tempo, bote tempo nisso, que botafoguenses não faziam a diferença com a camisa da Seleção. A última vez foi na Copa de 1998, quando Bebeto marcou diante da Dinamarca.
Na noite chilena, em pleno estádio Nacional, palco de atuações lendárias de Mané Garrincha, Amarildo e Nilton Santos na Copa de 1962, Igor Jesus empatou a partida no crepúsculo do 1º tempo e Luiz Henrique garantiu o triunfo na reta final do confronto.
Ambos são astros no Botafogo líder do Brasileiro e semifinalista da Libertadores. Não são casos exclusivos no elenco alvinegro. Outros cinco jogadores foram convocados na atual data-Fifa: Gatito (Paraguai), Bastos (Angola), Almada (Argentina) e Savarino (Venezuela). Detalhe importante: todos titulares de suas seleções.
O fato é que, como disse o poeta Cazuza, o futuro repete o passado na roda da história do futebol brasileiro com a ascensão do Botafogo. E isto é uma excelente notícia. Com jogadores do Glorioso, clube que mais cedeu atletas à Seleção Brasileira, o Brasil conquistou suas três primeiras Copas.
(Coluna publicada na edição do Bola deste sábado/domingo, 12/13)