O fantasma de General Severiano

Por Mário Adolfo Filho

Maurinho era daqueles sujeitos que a gente encontra na esquina do bar, com o copo de cerveja na mão e a boca cheia de frases feitas sobre o Flamengo. Carioca da gema, morador da cidade maravilhosa, era um jornalista com opinião forte, do tipo que fazia questão de dividir as mesas-redondas da rádio com uma palavra só: Flamengo. De olho arregalado e gestos nervosos, sempre tinha uma teoria para justificar qualquer tropeço do time. Mas havia algo em Maurinho que o consumia por dentro, uma sombra que pairava sobre seu olhar sempre que ouvia falar do Botafogo.

Tudo começou quando ainda era criança, nos idos dos anos 70. Maurinho era um moleque franzino, de joelhos ralados e alma rubro-negra. Todo domingo, seu pai o levava ao Maracanã, e era sempre o mesmo espetáculo: o Botafogo ganhava do Flamengo. Maurinho via Jairzinho, Paulo Cézar Caju, Gérson, uma seleção toda vestida de alvinegro, massacrar seu time do coração. E, semana após semana, o Flamengo perdia. Eram quatro, cinco gols na sacola. E o menino Maurinho, com o radinho colado no ouvido, ouvia as gozações dos primos botafoguenses, que eram tantos como formiga em doce.

Com o tempo, o trauma criou raízes. Quando Maurinho cresceu e virou jornalista esportivo, não falava do Botafogo sem azedar o tom de voz. Qualquer vitória do alvinegro era, segundo ele, sorte, roubo ou pura incompetência do adversário. Quando o Botafogo virou SAF, desdenhou. Quando ficou com a Taça Rio, chamou de torneio de segunda. Era uma obsessão doentia. Maurinho via o Botafogo como a encarnação de sua infância humilhada. Escrevia colunas com títulos ácidos como “Botafogo: um time de passado”, “A última estrela já apagou” e “O fantasma de General Severiano”.

Mas o destino, esse gozador de primeira, pregou sua peça final.

Final de campeonato, Flamengo contra Botafogo. O Rio parou. Era o jogo dos sonhos de qualquer flamenguista ou botafoguense. Maurinho, claro, estava na tribuna de imprensa, ansioso para ver o Flamengo esmagar o rival e, enfim, enterrar aquele fantasma de infância. O primeiro tempo foi tenso, nervoso. O Flamengo jogava bem, tinha posse, chances. Mas o Botafogo, teimoso, havia mudado. Era um time forte e com espírito de Garrincha e Nilton Santos. O gol não saía, e Maurinho já suava frio.

Até que, aos 43 minutos do segundo tempo, aconteceu. O Botafogo arranjou um contra-ataque de Canal 100. O atacante alvinegro, num misto de ginga e sorte, driblou dois zagueiros do Flamengo e enfiou a bola no ângulo. Gol do Botafogo. A torcida rubro-negra silenciou – a alvinegra explodiu. Maurinho, atônito, caiu duro na cadeira. Era como se a infância lhe desse o golpe final.

O coração de Maurinho não aguentou. No instante em que o juiz apitou o fim do jogo, seu peito, que já estava carregado de ódio por tantos anos, explodiu. Foi levado às pressas para o hospital, mas não houve jeito. Morreu como viveu: tentando vencer o Botafogo, sem sucesso.

Na redação, seus colegas, que conheciam bem a alma atormentada do jornalista, fizeram uma última piada: “Maurinho finalmente se foi… mas levou o Flamengo com ele.”

Autor: Nelson Rodrigues (psicografado)

Pastores derrotados nas urnas: bancada evangélica fracassa e diminui no RJ

Grandes denominações evangélicas perderam representantes nas eleições da capital do Rio de janeiro. Silas Malafaia sofre primeiro revés depois de 12 anos

O fato inesperado por muitos, diante dos últimos debates políticos, chamou a atenção nas eleições da capital fluminense: a cidade conhecida por geralmente ter uma bancada evangélica numerosa e potente viu esse número diminuir consideravelmente no pleito do último dia 06.

A Igreja Internacional da Graça de Deus, que já havia garantido três mandatos a Jorge Manaia, enfrentou a segunda derrota consecutiva nas urnas, tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo. Na capital paulista, André Soares, quinto filho do fundador da denominação, R.R. Soares, foi derrotado pela segunda vez. No Rio, o estreante Pastor Josias Cruz também não conseguiu se eleger.

Durante a atual legislatura, a Igreja Mundial do Poder de Deus, liderada pelo apóstolo Valdemiro Santiago, só conquistou uma cadeira na Câmara com Matheus Gabriel, após a cassação de Gabriel Monteiro. Desta vez, no entanto, a denominação optou por não lançar Matheus à reeleição, apostando em Sandro Alves, ex-diretor de TV e atual responsável pelo braço político da igreja. Mesmo assim, o novo candidato não foi eleito.

O pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC), sofreu uma derrota significativa ao não conseguir eleger seu candidato nas últimas eleições. Além disso, focado na candidatura de Pablo Marçal em São Paulo, Malafaia não conseguiu manter um representante de sua denominação no legislativo carioca, encerrando uma sequência de três mandatos consecutivos de Alexandre Isquierdo.

Apesar de manter uma relação próxima com o prefeito Eduardo Paes (PSD), Malafaia concentrou seus esforços na campanha do ex-pagodeiro Waguinho Cantor (PL) para a vaga de vereador no Rio de Janeiro. O pastor, que adota uma estratégia recorrente de priorizar a eleição de vereadores no Rio e em outros estados, afirmou: “Nas últimas três ou quatro eleições para prefeito no Rio, sempre me dedico a eleger vereador. Não apoio nenhum candidato.” Contudo, com apenas 9.523 votos, Waguinho terminou na quarta suplência do PL, frustrando os planos de Malafaia de conquistar uma cadeira na Câmara Municipal.

A Assembleia de Deus de Madureira, a maior denominação do Rio, apostou na reeleição de Eliseu Kessler pelo MDB, mas não obteve sucesso. O apoio de Otoni de Paula, deputado federal e cabo eleitoral de Kessler, não foi suficiente para garantir a vitória nem dele, nem do irmão do deputado, Renato de Paula, que também fracassou na tentativa de se eleger.

Na Igreja Universal do Reino de Deus, que já chegou a ter cinco vereadores durante a gestão do Bispo Rodrigues, a situação também foi desfavorável. Apesar de tentar ampliar sua bancada com Deangelis Percy, ex-coordenador do grupo Arimateia, a igreja só reelegeu dois nomes: Tânia Bastos e Inaldo Silva, ambos pelo Republicanos, com apoio da prefeitura. Percy, com 17.802 votos, ficou apenas como suplente pelo PSD.

O resultado geral foi uma expressiva redução da bancada evangélica no cenário político municipal. Denominações poderosas, como a Assembleia de Deus e a Igreja Universal, não conseguiram alcançar os resultados esperados, comprometendo a influência política que essas lideranças religiosas vinham mantendo na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Essa mudança reflete uma queda no poder de transferência de votos dos líderes religiosos para seus candidatos, trazendo questionamentos sobre o futuro da presença evangélica nas instâncias legislativas.

Trasladação encanta pela beleza de luzes e fé na noite das ruas de Belém

Neste sábado, 12, o povo paraense vai viver momentos de muita emoção e fé na segunda maior procissão do Círio de Nazaré, em relação ao público presente, a Trasladação, que leva a Imagem do Colégio Gentil Bittencourt até a Catedral Metropolitana de Belém. A procissão de luz começa às 17h30, com expectativa de superar a estimativa de 2023, de 1,9 milhão fiéis. Antes da saída da romaria, às 16h30, haverá missa celebrada por D. Alberto Taveira, arcebispo metropolitano de Belém, no altar instalado sobre um tablado em frente ao Colégio Gentil Bittencourt.

Com percurso de 3,700 Km, a Trasladação faz o sentido inverso do Círio, com chegada prevista para às 23h30. Diferente do que ocorre no Círio, o único carro que sai em procissão na Trasladação é a Berlinda – que conduz a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré. Este ano a decoração do andor é de Vando Nascimento.

A procissão terá como percurso a avenida Nazaré, avenida Presidente Vargas, Boulevard Castilho França, avenida Portugal, rua Padre Champagnat e término na Sé.

História – A primeira Trasladação foi conduzida pelo próprio governador Francisco de Souza Coutinho, junto com o Capelão do Palácio, padre José Roiz de Moura, que levaram a Imagem de Nossa Senhora de Nazaré em uma breve procissão da Matriz até o palácio. Não há uma data precisa e não há registro se houve ou não acompanhamento de populares.

Em 1887, o traslado saía do Colégio Amparo, em fevereiro deste ano, através do decreto de nº 414 do Governador Dr. Augusto Montenegro, o Colégio Amparo mudou sua denominação para Instituto Gentil, permanecendo no antigo endereço, na Rua do Açougue). Em 26 de junho de 1906 foi inaugurado o novo Colégio Gentil Bittencourt, onde permanece até hoje. Neste mesmo ano, a Trasladação passou a sair do colégio, no novo endereço, na avenida que atualmente é denominada Avenida Magalhães Barata.

Nos anos 70, por ser uma procissão noturna, com clima ameno, as senhoras de mais idade reuniam-se em grupos e seguiam a procissão na corda. A partir de 1985, com o aumento de promesseiros na corda, a participação das senhoras começou a ficar problemática. Atualmente, a corda da Trasladação é tão disputada quanto a do Círio. Em ambas as procissões é utilizada uma corda com 400 metros.

Só em 1988 a Trasladação passou a ter o mesmo trajeto do Círio, mas em sentido inverso, pois antes disso, ela ainda seguia até a Sé tendo a avenida Governador José Malcher como rua central do percurso. Em 2005, a Trasladação foi uma das mais longas dos últimos anos, demorou cerca de 6h com a Berlinda chegando à Sé por volta da 00h, já na madrugada do sábado para o domingo.

Presume-se que a primeira missa celebrada por ocasião da Trasladação tenha sido em 1887, na capela do Colégio Amparo. Em 1992, no Círio de número 200, passou-se a colocar um tablado sobre as escadarias do Colégio para celebração da missa, a fim de permitir uma melhor visibilidade da liturgia. Até o ano de 1996, a missa era realizada às 18h, com saída da procissão às 19h, mas, a partir de 1997, foi antecipada em uma hora, para agilizar a chegada da Imagem Peregrina. Com o crescimento da romaria em número de participantes a cada ano, em 2009, a missa foi antecipada para às 16h30.

Foto e informações: Rosana Pinto – Ascom DFN

A frase do dia

“Queremos isentar do Imposto de Renda as pessoas que ganham até R$ 5 mil, e depois ampliar. Defendo que quem vive de salário é diferente de quem vive de renda, pois os ricos pagam proporcionalmente menos que os trabalhadores neste país. Isso está errado.”

Lula, presidente do Brasil

EUA usaram a Lava Jato para conseguir R$ 20 bilhões da Petrobras

Os R$ 2,7 bilhões recebidos pelo Ministério Público Federal de Curitiba das multas aplicadas à Petrobras nos Estados Unidos foram uma recompensa dada à “Lava Jato” por ter ajudado autoridades americanas a conseguir R$ 20,1 bilhões da estatal brasileira, e não “recuperação de dinheiro público”, como venderam os procuradores do Paraná.

Essa é a conclusão da tese de doutorado “A Hegemonia Estadunidense e o Combate à Corrupção no Brasil: O caso da Operação Lava Jato”, de autoria de Arthur Pinheiro de Azevedo Banzatto, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Grande Dourados, em Mato Grosso do Sul.

A primeira sanção contra a Petrobras ocorreu em janeiro de 2018, quando a empresa fechou um acordo de US$ 2,95 bilhões (R$ 9,6 bilhões, na cotação da época) para encerrar uma disputa judicial com acionistas privados americanos que ingressaram com uma ação coletiva nos Estados Unidos. Eles alegaram prejuízos por causa de esquemas de corrupção ocorridos no Brasil. Todo o valor foi destinado aos acionistas.

O segundo acordo, de US$ 853,2 milhões (R$ 3,4 bilhões), foi fechado em setembro de 2018 com o Departamento de Justiça por suposta violação ao Foreign Corrupt Practices Act (FCPA, na sigla em inglês), norma que permite que autoridades dos EUA investiguem e punam fatos ocorridos em outros países.

O único valor da Petrobras que voltou ao Brasil foi parte dessa multa: 80% do valor, ou US$ 682 mil (R$ 2,7 bilhões), foram destinados ao MPF brasileiro. Os 20% restantes foram divididos entre o Tesouro dos Estados Unidos e a Comissão de Valores Mobiliários americana (SEC, na sigla em inglês).

Também em setembro de 2018, a Petrobras foi multada em US$ 1,78 bilhão (R$ 7,1 bilhões) em um processo administrativo da SEC. Todo o valor foi destinado à própria Comissão de Valores Mobiliários.

Os dados estão na tese de doutorado de Banzatto, publicada em outubro de 2023 e produzida com o apoio do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina. Todos os valores referentes às multas têm como base a cotação do dólar na época em que as sanções foram aplicadas.

Em entrevista à revista eletrônica Consultor Jurídico, o pesquisador afirma que, embora a “lava jato” tenha tratado os R$ 2,7 bilhões como um valor recuperado, trata-se, na verdade, de uma espécie de recompensa pela ajuda dada pelos procuradores às autoridades americanas.

A atuação do MPF parece contraintuitiva: se por um lado os Estados Unidos viram uma oportunidade de punir a Petrobras e garantir seus interesses ao atuar em favor de empresas americanas, por outro os procuradores de Curitiba prejudicaram a estatal fora do Brasil deliberadamente para tentar colher uma parcela do dinheiro e criar a famigerada “fundação” da “lava jato”.

A entidade privada, que seria gerida pelos procuradores, só não foi adiante por ter sido barrada pelo Supremo Tribunal Federal. Foi só a partir da decisão do STF que os R$ 2,7 bilhões foram, de fato, para a União.

“O MPF adotou um discurso em que afirmou que esse é um dinheiro ‘recuperado’. Quando, na verdade, não é. É uma multa que foi aplicada com a ajuda do MPF e ele recebeu um valor por ter ajudado. E esse era o dinheiro que iria para a fundação ‘lava jato’”, afirma Banzatto.

Segundo ele explica, a parceria da “lava jato” com as autoridades dos EUA se deu toda de forma irregular, fora dos canais oficiais. Colaborações regulares devem ser feitas por meio do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), órgão vinculado ao Ministério da Justiça.

A atuação ilegal do MPF se deu com o compartilhamento de provas com autoridades dos EUA. Investigadores do FBI chegaram a ser recebidos no Brasil a partir de 2015, sem autorização do Ministério da Justiça. No ano seguinte, os americanos conduziram interrogatórios de ex-diretores da Petrobras e fizeram acordos, também sem qualquer autorização.

“O MP intermediou esse acordo da Petrobras com o DoJ (Departamento de Justiça dos EUA), compartilhou provas e conteúdos de delação, fora dos canais oficiais. O MP foi fundamental, tanto que foi beneficiado.”

De acordo com o pesquisador, existe, de fato, uma cifra que pode ser classificada como “recuperada”: a dos acordos fechados no Brasil entre o MPF e colaboradores, em que parte de valores que teriam sido obtidos por meio de corrupção foi devolvida por investigados.

Já nos EUA, diz Banzatto, o que houve foi uma recompensa, uma vez que o MPF topou ajudar uma estatal brasileira a ser punida fora do Brasil em troca da parcela de uma das multas.

“O Ministério Público, que em tese deveria atuar pelo interesse nacional, atuou contra o patrimônio brasileiro. É o contrário do que ocorre no restante do mundo, em que os Estados usam seus sistemas jurídicos para alavancar suas empresas, para gerar dinheiro e emprego para seu próprio Estado.”

RASTRO DE DESTRUIÇÃO

A pesquisa de Banzatto apresenta dados, com base em levantamentos do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), sobre os efeitos da “lava jato” na Petrobras e em outras empresas brasileiras, como a Odebrecht.

A construtora e a Braskem foram multadas no final de 2017 em US$ 3,6 bilhões (R$ 11,6 bilhões), também com a ajuda da “lava jato”. O acordo feito à época previu a devolução de 80% do valor ao MPF. Os 20% restantes foram divididos igualmente entre autoridades dos EUA e da Suíça. Trata-se da maior multa aplicada por meio do FCPA até hoje.

No caso da Petrobras, o volume de investimento em exploração e produção era de US$ 48,1 bilhões em 2015. No ano seguinte, no auge da “lava jato”, caiu para US$ 15,8 bilhões.

A partir dali, o crescimento do investimento em exploração, produção, refino, biocombustíveis e ciência e tecnologia deu lugar ao modelo exclusivo de exploração e produção que existia antes do pré-sal, em 2006.

“A Petrobras passou por uma mudança radical em sua política. Ela abriu mão de ser uma empresa estratégica, de investir em conhecimento local, ciência e tecnologia e refino, e voltou ao modelo dos anos 90, quando só havia exploração”, explica o pesquisador.

O mesmo fenômeno ocorreu com a Odebrecht, segundo o levantamento de Banzatto. Em 2014, a empresa tinha uma receita bruta de US$ 107 bilhões; em 2019, ela caiu para US$ 78 bilhões.

O número de empregados da companhia diminuiu, nos mesmos anos, de 168 mil para 35 mil. E a presença internacional também despencou: em 2014, a Odebrecht atuava em 27 países; cinco anos depois, em 14.

Por Tiago Angelo, é correspondente da revista Consultor Jurídico em Brasília.

Um artilheiro questionado

POR GERSON NOGUEIRA

Ytalo marcou 10 gols na temporada, cinco deles na Série C, mas o torcedor azulino ainda manifesta dúvida quanto à avaliação do artilheiro azulino. Pelas expectativas criadas com a sua contratação, ficou a sensação de que ele podia render mais e contribuir para uma caminhada mais tranquila do Remo, principalmente no Brasileiro.

Talvez se não tivesse chegado ao Baenão com a credencial de goleador da Série B 2023 pelo Sampaio Corrêa, com 13 gols, o desempenho no Remo talvez fosse mais reconhecido. Sim, porque em comparação com outros centroavantes da competição ele se saiu razoavelmente bem.

Com os cinco gols marcados, terminou bem situado na tábua de artilheiros, mesmo tendo ficado várias partidas sem atuar em função de lesões. Na comparação interna, foi muito superior ao outro camisa 9 do elenco. Ribamar, em constante desavença com o gol, ficou devendo muito mais.

Ainda assim, Ytalo terá que justificar a presença no elenco da próxima temporada. Será fundamental na campanha de busca pelo título estadual paraense e na Copa Verde, duas obsessões do Remo para 2025. Antes mesmo do Brasileiro, ele terá que passar pelo crivo de duas competições consideradas relativamente fracas.

A presença está confirmada porque ele tinha uma cláusula de renovação automática em caso de acesso à Série B. Aos que questionam a permanência do experiente atacante, o Parazão e a CV podem servir como resposta. Não custa lembrar o exemplo de Nicolas, que fez a festa nos dois torneios iniciais, garantindo artilharia para o resto do ano.

É preciso entender, porém, que o exemplo de Nicolas desfavorece Ytalo. O centroavante do PSC marcou muitos gols contra defesas fracas, mas encontrou muita dificuldade para balançar as redes contra adversários mais poderosos na Série B – marcou somente três gols.

Herói do jogo do acesso, Ytalo terá que aproveitar as competições regionais para manter a titularidade, rendendo mais do que neste ano – fez apenas quatro gols no Parazão e um na Copa Verde –, para entrar firme na Série B, buscando reproduzir a grande performance exibida no Sampaio em 2023. (Foto: Thiago Gomes/Jornal O Liberal)

Duas dispensas que surpreendem a quase ninguém

O PSC fez um investimento de risco ao contratar Juan Cazares para tomar conta do setor de criação do time na Série B. O jogador, com passagens pelo Atlético-MG e o Santos, veio avalizado pelo técnico Hélio dos Anjos, mas sob desconfiança de quem acompanha sua carreira.

De técnica refinada, especialista em lançamentos e bolas paradas, o bom futebol de Cazares garantiu um lugar na seleção do Equador. Como nos clubes de ponta que defendeu, ele não conseguiu sustentar presença no escrete de seu país em função das oscilações e problemas extracampo.

No Papão, teve início animador, dando passe perfeito para Nicolas marcar contra o Ceará Sporting, na 15ª rodada da Série B. Do entusiasmo despertado inicialmente, Cazares foi aos poucos caindo de rendimento.

Passou de maestro da equipe a opção no banco de reservas, perdendo espaço para o veterano Robinho e para o garoto Juninho. No começo do returno, em meio à crise técnica do time, que ficou nove jogos sem vencer, Cazares simplesmente desapareceu.

Deixou de ser relacionado até para a suplência desde que Márcio Fernandes assumiu o comando. Sua presença no elenco começou a causar incômodo, até pelo alto salário. Ao mesmo tempo em que sumiu do noticiário esportivo, passou a circular diariamente na rede de fofocas da internet.

Ao lado de Yony Gonzalez, outro que só fez figuração no clube, era apontado como frequentador da noite e adepto das famosas barcas da capital paraense. Quando o atleta rende, ninguém liga para o que faz na vida pessoal, mas se não entrega futebol passa a ser marcado em cima.

Uma coisa é certa: ninguém pode alegar surpresa diante do desfecho anunciado pela diretoria na sexta-feira. Os dois atletas esgotaram as chances dadas pelo clube e foram dispensados. Antes tarde do que nunca.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda o programa neste domingo, às 22h, na RBATV, com a participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, a campanha do PSC na Série B e as projeções do Remo para 2025. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.

Honrando as cores do Brasil de nossa gente

Os jornais sul-americanos de sexta-feira renderam-se ao papel de dois atacantes do Botafogo na vitória do Brasil, de virada (2 a 1), sobre o Chile na véspera. Fazia tempo, bote tempo nisso, que botafoguenses não faziam a diferença com a camisa da Seleção. A última vez foi na Copa de 1998, quando Bebeto marcou diante da Dinamarca.

Na noite chilena, em pleno estádio Nacional, palco de atuações lendárias de Mané Garrincha, Amarildo e Nilton Santos na Copa de 1962, Igor Jesus empatou a partida no crepúsculo do 1º tempo e Luiz Henrique garantiu o triunfo na reta final do confronto.

Ambos são astros no Botafogo líder do Brasileiro e semifinalista da Libertadores. Não são casos exclusivos no elenco alvinegro. Outros cinco jogadores foram convocados na atual data-Fifa: Gatito (Paraguai), Bastos (Angola), Almada (Argentina) e Savarino (Venezuela). Detalhe importante: todos titulares de suas seleções.

O fato é que, como disse o poeta Cazuza, o futuro repete o passado na roda da história do futebol brasileiro com a ascensão do Botafogo. E isto é uma excelente notícia. Com jogadores do Glorioso, clube que mais cedeu atletas à Seleção Brasileira, o Brasil conquistou suas três primeiras Copas.

(Coluna publicada na edição do Bola deste sábado/domingo, 12/13)