“She Said She Said”(Ela Disse, Ela Disse) é uma intrigante canção que os Beatles incluíram no aclamado álbum Revolver (1966). Creditada por contrato a Lennon–McCartney, a letra foi escrita por John Lennon com a ajuda de George Harrison. Descrita como “uma canção ácida” por Lennon, referindo-se a comentários do ator Peter Fonda durante uma viagem de LSD, em agosto de 1965. Estavam na roda os quatro Beatles e os músicos dos Byrds.
Hospedados numa casa em Los Angeles (EUA), eles convidaram alguns amigos para passar o fim de semana. Um deles era Peter Fonda, engajado na luta pelos direitos civis e um militante da contracultura. Enquanto tomavam LSD, Fonda começou a contar sobre um ferimento de bala que ele teria se autoinfligido quando criança. Disse que chegou a ser declarado tecnicamente morto na mesa de cirurgia. Lennon ficou assustado e fascinado pela história. Dali para transformar a ótima história em canção ainda melhor foi apenas um pulo.
“She Said She Said” foi a última faixa gravada para o disco Revolver e, devido a uma discussão áspera sobre o arranjo musical da canção, Paul McCartney saiu do estúdio irritado e não contribuiu para a gravação. Por outro lado, a música mostra um Ringo Starr no melhor da forma, confirmando a fama de metrônomo humano, mantendo o tempo perfeito e nunca sobrecarregando as batidas. Um show à parte.
A canção surpreendeu os fãs, pois era claramente uma música de John & George e não de Lennon & McCartney, e era brilhantemente irresistível e climática. Um rock poderoso, com aquela aura de mistério que a letra pesada exigia, tudo valorizado pela guitarra solo de Harrison, que também auxilia (como segunda voz) a interpretação elegante de John. Soa atual, embora tenha sido gravada há 58 anos.
No fim das contas, “She Said” virou uma das músicas mais incríveis da discografia dos Beatles, apesar de frequentemente subestimada. É um dos poucos trabalhos que inclui apenas o trio John, George e Ringo. Abaixo, um trecho da letra de Lennon:
Ela disse: eu sei como é estar morto Eu sei como é estar triste. E ela está me fazendo sentir como Se eu nunca tivesse nascido. Eu disse Quem colocou essas coisas na tua cabeça? Coisas que me fazem sentir como se estivesse louco E você está me fazendo sentir como Se eu nunca tivesse nascido. Ela disse: Você não entendeu o que eu disse Eu disse: Não, não, não, você está errada Quando eu era um garoto Tudo estava de boa Tudo estava de boa Eu disse. Apesar de você saber o que você sabe Eu sei que estou pronto para partir Porque você está me fazendo sentir como Se eu nunca tivesse nascido.
O jogo encantou a torcida bicolor. E havia bons motivos para isso. O time desencantou quanto ao velho problema de finalizações desperdiçadas e, acima de tudo, mostrou alma. A velha gana de vencer, característica do PSC ao longo de tantas jornadas. A vitória sobre a Chapecoense por 2 a 0, com um jogador a menos, provou que o sonho de permanecer na Série B é plenamente possível.
As primeiras ações da partida indicaram um PSC excessivamente tenso diante da imensa responsabilidade de vencer a primeira das quatro decisões em casa. Perante 13 mil torcedores, o time encontrou dificuldades para encaixar seu jogo contra um adversário insinuante e perigoso.
O perigo surgiu logo no primeiro minuto, quando o volante João Vieira saiu jogando errado e a bola caiu em poder do meio-de-campo da Chape. A bola foi lançada ao ponta Ítalo e este cruzou rasteiro para a pequena área do PSC. Entre a indecisão do goleiro Matheus Nogueira e dos zagueiros, Tomás e Mário Sérgio perderam a chance de tocar para as redes.
Um minuto depois, nova saída defeituosa e o ex-bicolor Mário Sérgio foi dividir a bola com Matheus Nogueira na linha da grande área. Um tremendo susto para a torcida nas arquibancadas.
As coisas só começaram a mudar aos 9 minutos, quando Nicolas foi lançado na área e finalizou em cima do goleiro Léo Vieira. Aos 18’, Nicolas apareceu outra vez, desviando um cruzamento de Bryan Borges. Ele testou para baixo e a bola tomou a direção do canto esquerdo, mas o goleiro espalmou para escanteio.
Finalmente, depois de grande pressão bicolor, o gol saiu aos 40’. A jogada saiu de um escanteio, envolveu uma caprichada troca de passes e foi complementada por um passe primoroso do meia Robinho para Paulinho Boia, que havia entrado minutos antes no lugar de Jean Dias, lesionado.
Boia aprumou o corpo, dominou a bola e encheu o pé. A bomba foi no ângulo superior esquerdo da trave de Léo Vieira. Papão 1 a 0 e início oficial da grande festa na Curuzu.
Instantes depois, Nicolas foi expulso. Acertou o rosto do zagueiro Jonathan, que caiu ensanguentado no gramado. O árbitro Wagner Magalhães aplicou o cartão vermelho corretamente. Não foi um lance intencionalmente violento, mas foi um ato de imprudência e força excessiva.
Com um a menos, o PSC voltou para a segunda etapa com Luan Freitas e Ruan Ribeiro em substituição a Netinho e Robinho, e com uma tática simples e certeira: continuar atacando. Aos 4 minutos, após escanteio cobrado por Paulinho Boia, Luan Freitas cabeceou e fez o segundo gol.
A vitória começava a se desenhar, sustentada no sólido bloqueio defensivo montado pelo técnico interino Marcinho Fernandes. O goleiro Matheus Nogueira se constituiu na principal figura da partida, com quatro defesas portentosas, e Paulinho Boia quase marcou o terceiro gol. A bola caprichosamente tocou o poste esquerdo e saiu.
Grande vitória, excelente resultado e esperanças concretas de permanência. Com mais 9 pontos, o Papão garante dois clássicos Re-Pa na Série B 2025. (Foto: Jorge Luís Totti/Ascom PSC)
Desafio de Rodrigo Santana é passar no “vestibular”
O Remo praticamente definiu a permanência do técnico Rodrigo Santana para a próxima temporada. Faltam poucos detalhes para sacramentar a renovação. Uma decisão acertada depois do excelente trabalho dele na Série C, conquistando um acesso que parecia pouco provável.
Depois de chegar desacreditado em função da carreira pouco vitoriosa, Santana inverteu as expectativas e conseguiu dar organização e eficiência a um time que já havia perdido quatro partidas no Brasileiro.
A aposta certeira no esquema de três zagueiros fez total diferença na virada de chave comandada por ele no Leão. A quase perfeita campanha no quadrangular garantiu ao Remo o retorno à Série B, depois do fracasso representado pelo rebaixamento em 2021.
O técnico, a partir de agora, precisa ter em mente que as cobranças irão se acentuar, principalmente porque antes do Brasileiro serão disputadas competições que podem cortar cabeças. O Remo entra em duas – Parazão e Copa Verde – com ambições de títulos.
A permanência para a Série B vai depender dessa espécie de “vestibular” futebolístico. Nesta temporada, por exemplo, Ricardo Catalá perdeu o cargo em função de um vexame na fase inicial da Copa do Brasil.
Santana precisa estar bem atento a essas intempéries próprias do calendário regional. Para se resguardar, terá que montar um time competitivo e capaz de dar conta das três primeiras competições do ano para o Leão.
Uma rotina histórica: Botafogo salvando a Seleção
Em partida fraca do ponto de vista técnico, o Brasil derrotou o Chile ontem à noite, em Santiago, com dois gols marcados pelos botafoguenses Igor Jesus e Luiz Henrique. Quem acompanha a história do futebol sabe que não é mera coincidência. Na verdade, é a reprodução de uma rotina histórica.
O Botafogo sempre salvou a Seleção Brasileira, e até vestiu o manto canarinho para conquistar a Copa do Mundo de 1962, lá mesmo no Chile, com Mané Garrincha, Nilton Santos, Amarildo e Zagallo.
Desta vez, a bordo de um time fraco e sem criatividade, os dois avançados botafoguenses fizeram a diferença. Logo a um minuto, Vargas marcou para o Chile, que sufocou durante todo o primeiro tempo. No final, o estreante Igor Jesus empatou o jogo, cabeceando bola cruzada por Savinho.
Foi o primeiro gol de um jogador do Fogão em 26 anos – o último havia sido marcado por Bebeto, em 1998. O gol da vitória foi marcado por Luiz Henrique, aos 43’ da segunda etapa.
Com o resultado, Dorival respira aliviado. A Seleção saltou para o 4º lugar, com 13 pontos. O próximo compromisso será na quarta-feira (15), em Brasília, contra o Peru.
(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 11)