Rock na madrugada – The Doors, “Love Her Madly”

POR GERSON NOGUEIRA

Atemporal, vibrante e suingada, “Love Her Madly” (Ame-a loucamente) é desde sempre uma de minhas canções favoritas da discografia dos Doors, talvez porque sintetize a essência da banda. Da vastidão de letras que Jim Morrison legou ao rock, a desta canção nem é das mais inspiradas, mas encaixa perfeitamente na moldura musical que a banda deu a ela. Por banda, leia-se o afiado trio que acompanhava o ‘camaleão’ Morrison: Robby Krieger (guitarra), Ray Manzarek (órgão) e John Densmore (bateria).

É preciso falar um pouco sobre The Doors. Melhor dizendo: é necessário recordar a importância que a banda teve num cenário musical que parecia dominado exclusivamente por Beatles, Hendrix, Stones e Dylan. Doors constituíam uma variação, uma dissonância, por isso são tão especiais. Diferentes de todos os demais expoentes do rock sessentista, eram como uma colorida bandeira da contracultura. Compuseram pérolas que permanecem vivas até hoje.

O trecho inicial da canção pode ser traduzido assim:

Você não a ama loucamente?
Você não precisa dela tanto?
Você não ama os seus modos?
Me diga o que você diz
Você não a ama loucamente?
Quer ser o pai dela
?
Você não ama o rosto dela?
Você não a ama enquanto ela está saindo pela porta?
Como ela fez mil vezes antes
Você não ama os seus modos
?

Nada mais poeticamente entrecortado do que os versos de Morrison, cuja maior frustração – já escrevi sobre isso aqui – era a de não ser respeitado como poeta. O tempo se encarregaria de fazer esse reconhecimento póstumo, dando a ele um lugar de honra entre os grandes poetas do rock, além de cultuá-lo como o excepcional frontman que foi.

“Love Her Madly” era uma das canções do álbum “L.A. Woman”, de 1971.

Deixe uma resposta