Afinal, o que falta a Juninho?

POR GERSON NOGUEIRA

Garoto revelado na Desportiva, clube formador, e burilado por Walter Lima no Amazônia Independente, o meia Juninho cumpre uma trajetória satisfatória na Série B defendendo o PSC. Tem mostrado evolução e confirmado suas qualidades individuais como jogador de meio e ataque. Pena que os técnicos nem sempre atentem para isso.

Sob o comando de Hélio dos Anjos, Juninho ficou de lado inicialmente em função de problemas físicos, que ele mesmo admitiu em entrevistas. Aos 25 anos, teve algumas oportunidades no Campeonato Paraense e ganhou espaço na reta final da Copa Verde, atuando duas vezes.

No Brasileiro da Série B, jogou 17 vezes, mas foi esquecido diante de outras alternativas disponíveis no elenco bicolor. Além disso, raramente teve direito a uma sequência de jogos. O veterano Robinho sempre foi priorizado na escalação, embora nem sempre pudesse ser aproveitado plenamente em função do condicionamento físico deficiente.

Apesar do bom rendimento nos treinos, Juninho ia ficando de lado, entrando de vez em quando no decorrer das partidas. Até que, de repente, com a impossibilidade de contar com Robinho, Hélio passou a escalar Juninho. Às vezes, entrava como meia. Em outras ocasiões, como até como atacante pelo lado direito, fazendo a dobra com o lateral Edilson.

Era titular quando o PSC resolveu contratar o equatoriano Juan Cazares, ex-Atlético Mineiro e Santos. Diante de um investimento tão alto, ficou claro que Juninho estava descartado, mais uma vez. Só voltou a ter chances quando o futebol de Cazares começou a minguar.

Sempre criativo e habilidoso, Juninho reapareceu bem contra Goiás, Avaí, Mirassol e Amazonas, já no 2º turno da Série B, no fim da era Hélio dos Anjos. Para espanto geral, com a chegada de Márcio Fernandes à Curuzu, o discreto Juninho volta ao estágio inicial.

Não é lembrado nem mesmo quando Cazares é barrado. Ocorreu isso contra o América-MG, quando Robinho foi o escolhido. Juninho sequer viajou para Belo Horizonte. Assistiu pela TV o PSC atuar de forma preguiçosa, ser amplamente dominado e aceitar passivamente o resultado adverso.

É provável que Juninho só volte a ter chance quando não haja nenhuma outra alternativa para compor o setor de criação. A origem paraense talvez seja o maior obstáculo para que mereça espaço e confiança dos técnicos. Nada surpreendente; pelo contrário, abundam os exemplos desse estranho preconceito contra os atletas nativos.  

Um ataque que pode ficar menos previsível

Para o decisivo confronto deste sábado, 21, em Volta Redonda, o Remo terá provavelmente o mesmo time do último domingo, quando ficou no empate com o próprio Voltaço. Zaga, meio-de-campo e ataque serão os mesmos. Ytalo permanecerá como homem fixo na linha de frente.

Artilheiro do time, Ytalo é o centroavante típico, especialista no aproveitamento das bolas que chegam à grande área. Não tem muita mobilidade, mas compensa com excelente posicionamento.

A alternativa para o técnico Rodrigo Santana seria lançar uma linha ofensiva com Pedro Vítor, Rodrigo Alves e Jaderson. Desse modo, teria um ataque de velocidade e flutuação, capaz de confundir a marcação e explorar melhor os espaços que o Volta Redonda certamente irá oferecer.

Marcar jogadores que se movimentam o tempo todo é muito mais difícil para qualquer defesa, ao contrário de vigiar um centroavante previsível e parado dentro da área. É sobre isso que o técnico do Leão deve refletir.

A melhor atuação desse ataque alternativo foi na partida contra o Confiança, em Aracaju, e na segunda etapa diante do Londrina, no Mangueirão. A variedade de jogadas que Pedro Vítor, Jaderson e Rodrigo Alves criam é impressionante.

Caso a ideia mais conservadora prevaleça, seria interessante ver o plano B em ação no 2º tempo, impondo velocidade e infiltrações para complicar a vida da pesada zaga do Voltaço. 

Peñarol surpreende o Flamengo no Maracanã

A caminhada do Flamengo na Libertadores ficou seriamente ameaçada depois do tropeço de ontem à noite, no Maracanã, frente ao Peñarol, por 1 a 0. Com o resultado, o time uruguaio sai na frente no duelo por um lugar nas semifinais. Javier Cabrera marcou o gol, aos 12 minutos, depois de uma falha do volante Erick Pulgar no meio-campo.

Depois de ficar em desvantagem, o Flamengo foi à frente, transformando a partida em duelo de ataque contra defesa, mas não conseguiu chegar ao empate. Com 80% de posse de bola, o domínio rubro-negro era inócuo. A atuação pífia foi agravada pelo nervosismo dos jogadores diante das vaias da torcida no Maracanã.

Nem as mudanças de Tite no 2º tempo foram capazes de melhorar o desempenho da equipe. Diante de 64 mil torcedores, o jogo terminou com a festa dos uruguaios e xingamentos para Tite, cada vez mais ameaçado no comando do Flamengo.

O Peñarol tenta voltar à semifinal do torneio continental depois de 13 anos. Em cinco confrontos com o Flamengo na Libertadores, a vantagem é toda dos carboneros. Para evitar a eliminação, o time rubro-negro terá que derrotar o Peñarol na próxima quinta-feira, 26, no estádio Campeón del Siglo.

Uma vitória por dois ou mais gols garante a classificação. Triunfo por um gol força a decisão em penalidades. De qualquer forma, será uma partida duríssima. Tradicionalmente, o Peñarol é um adversário difícil de ser batido. Motivado pela vantagem parcial e apoiado pela torcida, vai impor sérias dificuldades ao Fla.

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 20)