Hora de olhar o copo meio cheio

POR GERSON NOGUEIRA

O Remo fechou a primeira metade do quadrangular com 5 pontos e invicto – uma vitória e dois empates. Posiciona-se nos primeiros lugares do Grupo B, na zona do acesso, com um aproveitamento satisfatório. Só não foi melhor porque a vitória bem encaminhada sobre o São Bernardo se transformou em empate frustrante nos minutos finais.  

Juntamente com o empate em casa diante do Volta Redonda, domingo, foram resultados que fizeram arrefecer o entusiasmo depois da estreia triunfante sobre o Botafogo. Em termos numéricos, porém, a campanha é excelente e deve inspirar o torcedor a olhar para o copo meio cheio, ao invés de se atormentar com o meio vazio.

Invicto há cinco partidas, o Remo tem mostrado regularidade na execução do sistema 3-4-3. O modelo está tão bem encaixado que a simples ausência de uma peça – Sávio, zagueiro pelo lado esquerdo – fez o conjunto sentir e perder o prumo em muitos momentos contra o Volta Redonda.

Pode-se dizer que Rodrigo Santana está conseguindo fazer o Remo atingir o apogeu com a atual formação. Não existe dúvida quanto ao acerto das escolhas. A linha de zagueiros é a melhor possível – Rafael, Ligger e Sávio. Do mesmo modo, o quarteto intermediário não podia estar melhor desenhado com Diogo Batista, Bruno Silva, Pavani e Raimar.

O trio ofensivo ainda desperta certa dúvida em função de um problema antigo: a dúvida entre um centroavante de ofício e um atacante de mobilidade. Ytalo ou Rodrigo Alves.

Ytalo vem conseguindo marcar gols sempre que o meio constrói jogadas direcionadas a ele. A exceção foi o último jogo, quando passou em branco, desperdiçando uma chance de ouro no primeiro tempo.

Pedro Vítor é o mais habilidoso dos atacantes, com capacidade e autonomia para avançar com a bola ou ser lançado em profundidade. Não teve espaço contra o Volta Redonda, que estrategicamente botou o lateral-esquerdo e um volante para vigiá-lo de perto.

Ossos do ofício. O rendimento positivo na Série C fez com que os adversários se cercassem de cuidados. Para o próximo jogo, em Volta Redonda (RJ), o Remo pelo menos já sabe o que o mandante vai usar como armas para buscar a vitória.

Para os azulinos, o empate pode ser um bom resultado, desde que São Bernardo e Botafogo-PB fiquem na igualdade. Um triunfo dos paulistas deixaria o grupo com um novo líder, com 7 pontos.

Obviamente, vencer é o melhor dos cenários para o Leão. Com 8 pontos, seguraria o Voltaço com 4 e assumiria a ponta, independentemente do outro resultado. Além disso, abriria a perspectiva de cravar o acesso já na partida seguinte, no Mangueirão, contra o São Bernardo. (Foto: Samara Miranda/Ascom CR)

Volta dos renegados faz Papão recuperar forças

Os atacantes Esli García, Jean Dias e Borasi, que estavam fora da equipe titular na reta final do trabalho de Hélio dos Anjos, por contusão ou opção técnica, garantiram ao PSC maior consistência ofensiva na vitória da retomada, sábado, sobre o Guarani. Além disso, estão prontos para atuar no importante compromisso de hoje (18) contra o América-MG, em BH.  

Márcio Fernandes teve o mérito de perceber essa necessidade e apostar no trio. Esli jogou a partida inteira e teve pela primeira vez liberdade para atuar mais centralizado, principalmente no 2º tempo.

Borasi entrou no intervalo e foi decisivo para impulsionar as jogadas pelo lado direito, liberando Edilson para avançar como um ala. Essa parceria foi determinante para a virada, pois partiram do lateral-direito os cruzamentos que originaram os gols de Jean Dias e Kevyn.

Mais que os dois primeiros, Jean Dias foi o que impressionou mais pela intensidade de seu jogo. Começou arrasador, marcando sem ângulo o gol de empate aos 2 minutos do 2º tempo. Parecia com fome de bola, após várias partidas fora de combate.

Acontece com Jean Dias uma situação curiosa ao longo da Série B. Teve um começo abaixo do esperado e perdeu a titularidade. Seu retorno à equipe coincidiu com a melhor fase do PSC na competição, quando alcançou a 9ª colocação.

Depois disso, por lesão e perda de espaço, sumiu do radar da comissão técnica. Com a ausência dele, o time passou a depender do estreante Yony Gonzalez, ainda não entrosado com os companheiros.

Contra o Guarani, voltou de forma triunfal, como a dar uma resposta a quem duvidou de sua utilidade para a equipe. Com ele, Borasi, Esli e Edinho, que também está recuperado, Márcio passa a ter várias opções de qualidade para estruturar o ataque.

Incontinência verbal faz Abel comprometer prestígio

Não é mais nem surpresa. Quase toda rodada da Série A reserva um show solo do técnico palmeirense Abel Ferreira, geralmente distribuindo coices verbais contra jornalistas durante as entrevistas coletivas. Quando não aponta a metralhadora giratória contra uma repórter, como no mês passado, mostra indignação diante de perguntas absolutamente comuns.

Deixa a impressão nesses momentos de que vive dias de puro tédio, enfastiado com o gordo salário e o prestígio conquistado como comandante do Palmeiras há mais de três anos. Vitórias e taças o tornaram por justiça um ídolo intocável para a torcida do clube.

Como é comum em casos assim, o prestígio subiu à cabeça do treinador português. A última patacoada foi insinuar que os jornalistas o perseguem porque têm inveja dele e do dinheiro que ganha no Brasil. A pergunta era sobre uma situação de jogo, mas Abel distorceu o sentido para confrontar o repórter. Não precisava, bastaria se negar a responder.

O lado mais chato dessa situação é que logo virá a habitual nota de esclarecimento, que nunca inclui um pedido de desculpas. O fato remete à velha questão da falta de preparo no momento das vitórias, que, dependendo do vencedor, por vezes embriaga e turva as ideias. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 17)

Rock na madrugada – Eric Clapton, “Pretending”

POR GERSON NOGUEIRA

Lendário show de Eric Clapton no Royal Albert Hall, em Londres, em 1990, para confirmar ao mundo que era de fato (e direito) o melhor entre os maiores domadores de guitarra de todos os tempos. A exibição de destreza e talento em “Pretending” (Fingindo), com dois solos matadores, comprovam essa verdade. O fato é que Mr. Slowhand pontificou absoluto no cenário do blues rock no período dos anos 80 aos 90, ostentando bandas de apoio portentosas.

Aqui ele aparece ao lado de alguns de seus mais costumeiros asseclas de palco e estúdio: Greg Phillinganes (teclados), Nathan East (baixo) e Steve Ferrone (bateria), todos músicos admiráveis. Uma cozinha afinadíssima naquele que é possivelmente o show mais impecável de um artista que sempre se notabilizou por apresentações tecnicamente perfeitas.

Quando subiu ao palco do Royal Albert Hall, Eric estava há apenas dois meses do lançamento do álbum “Journeyman” (1989), cuja primeira faixa é justamente “Pretending”. O disco foi saudado à época como um retorno dele à sobriedade após um período turbulento de drogas e álcool. O êxito do trabalho, produzido por ninguém menos que Phil Spector e com um punhado de hits poderosos, devolveu Eric à sua melhor forma, para felicidade geral da nação roqueira.

Presidente da Alepa intermedia atuação da Defensoria Pública em Marabá

Na manhã desta terça-feira (17), o presidente da Assembleia Legislativa do Pará, deputado Chicão (MDB), acompanhado do deputado Chamonzinho (MDB), recebeu o Defensor Público de Marabá, Erickson Rodrigues; o Sub Defensor Público-Geral do Pará, João Paulo Lêdo; e o vice-prefeito de Marabá, Luciano Dias, para intermediar diálogos e dar assistência aos moradores do bairro São Félix, em Marabá, sobre a garantia de direito à moradia. 

O chamado Núcleo Marabá tem uma área de 450,8641 hectares de extensão, o que equivale a 450 campos de futebol e abriga, segundo a prefeitura de Marabá, cerca de 60 mil famílias. A área foi objeto de uma ação de reintegração de posse em 1986, na época, em primeira instância, a justiça não acolheu o pedido. Agora, em 2024, famílias foram surpreendidas com o recebimento de intimações que cobram indenizações de valores fora da possibilidade daquela população. 

O Defensor Público de Marabá, Erickson Rodrigues, informou que será montada uma força-tarefa na Defensoria Pública para atender a urgente demanda dos moradores do bairro.  

“Processualmente, não há pedido e nem risco de desocupação. Mas essas pessoas que foram intimadas precisam ter a iniciativa de responder individualmente. A Defensoria Pública atende essa população carente e vai adotar as providências processuais cabíveis, desde o questionamento do valor cobrado, pedido de suspensão, conciliação ou até mesmo providências administrativas”, explicou. 

O vice-prefeito de Marabá, Luciano Dias, solicitou à Alepa que faça a intermediação junto a Defensoria Pública para tranquilizar a população e solucionar o problema. 

O presidente da Alepa, deputado Chicão (MDB), recebeu a Defensoria Pública e o vice-prefeito durante a Sessão Ordinária desta terça-feira e pediu para assegurar aos moradores do Núcleo São Félix que o trabalho será efetivo. 

“Quero assegurar aos moradores que tenham a tranquilidade de que a solução está sendo encontrada e que nenhum deles será prejudicado”, disse. O deputado Chamonzinho (MDB) também demonstrou preocupação com a situação dos moradores do Núcleo São Félix. 

“A situação é extremamente delicada, ali temos moradores que têm 20, 30, 40 anos, residindo ali, construíram suas casas, suas famílias e suas histórias e acabam sendo surpreendidos com uma decisão judicial com valores absurdos de cobrança de indenização pela área, mas nós estamos agindo junto ao Governo do Estado, Alepa e Defensoria Pública para dar toda assistência à população”, destacou. A partir desta quarta-feira (18), a Defensoria Pública montará uma força-tarefa para atender todos os moradores do bairro São Félix que foram intimados para se habilitar no processo e discutir a decisão.

Texto: Andreza Batalha/Foto: Guilherme Thorres