Imagens do Canal 100 para o clássico Atlético x Cruzeiro disputam no estádio Mineirão a segunda partida da melhor de 3 jogos da decisão do Campeonato Estadual de 1967. Em ação pelo Cruzeiro, alguns astros de primeira grandeza, como Tostão, Natal, Dirceu Lopes e Raul. O título acabou conquistado pela Raposa na terceira partida (abaixo), com o placar de 3 a 0.
Dia: 16 de setembro, 2024
De coach a político: a fortuna de Pablo Marçal e as (muitas) perguntas sem respostas
Por Cláudio Castello de Campos Pereira *
Especial para o Congresso em Foco
A carreira política de Pablo Marçal como candidato à Prefeitura de São Paulo tomou o Brasil de surpresa. Ele desponta como um inegável fenômeno nas redes sociais, mas o crescimento veloz de sua fortuna e suas atividades empresariais, somadas às ligações questionáveis de figuras do seu partido com o crime organizado, demandam explicações. Restam, inclusive, dúvidas sobre o porquê de sua primeira entrada na cena eleitoral ter coincidido com um prejuízo de R$ 2 milhões em sua maior empresa.
Um dos principais ativos declarados por Marçal à Justiça eleitoral é a “Aviation Participações Ltda.”, com capital social registrado no montante de R$ 100 milhões. Embora o nome da empresa faça alusão ao setor de aviação, suas atividades registradas estão concentradas na administração, compra, venda e aluguel de imóveis próprios. A empresa foi constituída em outubro de 2021 e tem como sócios Pablo Marçal e Marcos Paulo de Oliveira.
Prejuízo
Na retórica triunfal de Marçal, tudo é sobre conquistas e vitórias, mas o balanço patrimonial mais recente, registrado na Junta Comercial de São Paulo, conta uma história um pouco diferente. O exercício de 2022, longe de refletir o brilho de um sucesso empresarial incontestável, apresentou um resultado econômico negativo de R$ 2.227.654,07, e tanto os ativos quanto os passivos somam modestos R$ 9.654.136,87. Parece que, em vez de decolar, a “Aviation” está mais próxima de um pouso forçado.
O prejuízo, por sinal, foi reconhecido pelo próprio candidato: a ata da assembleia deliberativa do último balanço registra que os sócios foram unânimes em identificar o resultado negativo no ano em que, coincidentemente, Pablo Marçal embarcou pela primeira vez na política, disputando inicialmente para presidente da república e, mais tarde, para deputado federal.
A reunião aconteceu em agosto de 2023, um ano antes de sua entrada na disputa pela prefeitura da capital. O Congresso em Foco questionou a assessoria de comunicação sobre quais fatores o candidato atribui ao prejuízo, e se, em sua avaliação, houve relação com a disputa eleitoral de 2022. Ainda não houve resposta.

Ata da assembleia deliberativa do último balanço registra prejuízo, mostra documento da Junta Comercial de São Paulo
Pablo Marçal tem um patrimônio declarado de R$ 193,5 milhões ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Muitas de suas empresas atuam em setores conhecidos por serem usados para lavagem de dinheiro, levantando suspeitas sobre a origem de sua riqueza e suas verdadeiras alianças.
Explosão sem respostas

Marçal apoiou Bolsonaro em 2022, mas sua ascensão este ano dividiu o campo bolsonarista.
Ex-coach e influenciador digital, ele construiu uma base sólida de seguidores, utilizando sua plataforma para expandir seu alcance em números exponenciais e lançando mão de técnicas inovadoras de marketing digital. A ascensão de Pablo Marçal não se limita à política paulistana. Ele tem conseguido, aos poucos, dividir o eleitorado conservador, colocando em risco a hegemonia de Jair Bolsonaro entre os eleitores de direita. Em eventos como o 7 de setembro, Marçal apareceu para dividir as atenções com Bolsonaro, e sua popularidade nas redes sociais só cresce.
Essa fragmentação da direita é preocupante para os bolsonaristas, que veem em Marçal um rival inesperado à hegemonia do ex-presidente, capaz de mobilizar um público jovem e insatisfeito com “as mesmas figuras políticas de sempre”. Ao contrário do ex-Capitão que adveio da estrutura de poder após quase três décadas como deputado, Marçal é, sim, um legítimo “outsider”.
Desconforto na direita
Sua ascensão, embora meteórica, não ocorre sem gerar desconforto. Jair Bolsonaro e outros líderes de direita (como Silas Malafaia) estão cada vez mais inquietos com o espaço que Marçal vem conquistando. Para um candidato que não depende de grandes partidos nem de tempo de TV, sua capacidade de mobilização nas redes e sua entrada no campo conservador mostram que ele não pode mais ser subestimado.
Contudo, a ascensão de Marçal vem acompanhada de um questionamento central que ele ainda não respondeu: como ele conseguiu acumular tamanha fortuna, declarada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em R$ 193,5 milhões, em um período de dez anos nas condições que são apresentadas agora, para o público? Tal fortuna, claro, não é compatível com a esmagadora maioria do empresariado, ainda que “coach” de palestras motivacionais e vídeos no YouTube.
Furto qualificado
Essa é uma das questões que mais intrigam observadores e críticos. Marçal tem um passado criminal relevante não ligado à política que merece destaque. Ele foi condenado por sua participação em meados dos anos 2000 por integrar um esquema de fraudes bancárias na internet, como parte da “Operação Pegasus” (Tribunal Regional Federal da Primeira Região; Processo nº 182459420054013500 / 2005.35.00.018391-1/GO), realizada pela Polícia Federal. Marçal foi condenado a quatro anos e cinco meses de reclusão por furto qualificado, após ser identificado como o responsável por capturar listas de e-mails que, posteriormente, eram infectadas com programas maliciosos.
O objetivo do esquema era roubar dados bancários para transferências fraudulentas. Marçal, no entanto, não cumpriu a pena: ela foi extinta pela prescrição, já que ele era menor 21 anos na época do cometimento dos crimes. Isso significa que ele não foi inocentado, mas sim que sua punibilidade foi extinta pelo tempo decorrido entre a condenação e o julgamento final.
De onde vem a fortuna?
Esse episódio, minimizado por Marçal e seus apoiadores quando questionados, revela um lado obscuro de sua história, que, combinado com seu rápido crescimento financeiro, levanta ainda mais preocupações com a verificação sobre a lisura de suas atividades empresariais. A pergunta que surge é como ele conseguiu, em apenas uma década, passar de um “coach” a um multimilionário, com um patrimônio declarado que impressiona até o mais otimista dos empresários.
A questão sobre sua evolução patrimonial é um ponto de grande dúvida. Quando empresários sérios olham para os números de Marçal, fica difícil acreditar que ele conseguiu acumular R$ 193,5 milhões em dez anos. A conta simplesmente não fecha. Amealhar uma fortuna de R$ 20 milhões, R$ 30 milhões nesse período seria algo crível. Porém, não há como acumular R$ 193 sem chamar atenção do meio empresarial.
Relembrando que a discrepância entre o valor declarado e o valor de mercado das empresas usualmente é maior, é de se presumir que, na realidade, seu patrimônio empresarial possa valer muito mais, já que capital social, frequentemente utilizado em registros formais, não reflete o valor real de uma empresa no mercado. Com maior razão pelas histórias de sucesso que Marçal gosta de alardear.
Cortes e suspeitas
Esse rápido acúmulo de riqueza, sem que haja clareza nos detalhes e aliado a outros fatos que margeiam a biografia do candidato, levanta suspeitas. A conta da evolução do patrimônio de Marçal é típica de fenômenos digitais que preferem apresentar versões de fatos, “cortes”, em vez de uma análise profunda. Marçal é um mestre no uso de “cortes”, que são cuidadosamente editados para entregar uma mensagem atraente, porém superficial. Seu público compra essas versões sem questionar se elas têm profundidade ou coerência com a realidade.
Na prática, o mundo real impõe restrições e complexidades que o discurso das redes muitas vezes ignora. Não é normal para alguém, em tão pouco tempo, acumular uma fortuna de R$ 193,5 milhões comprando e vendendo terrenos e operando em setores que exigem alto investimento inicial. Usualmente, a construção de uma fortuna genuína, que se sustenta ao longo do tempo, está intrinsicamente ligada ao trabalho árduo, à dedicação e ao esforço constante. Ganhar dinheiro dá muito trabalho. Mantê-lo, idem. Não perder esse capital, também. Quem tem essas cifras costuma não ter tempo a se dedicar a redes sociais.
20 setores

Momento em que Datena atira cadeira contra Marçal durante o debate da TV Cultura. Foto: Reprodução
E isso é um ponto importante. Para acumular uma fortuna tão grande em um período tão curto, seria necessário ter lucros consistentes e bem acima da média de mercado, com dedicação e foco. No entanto, Marçal ainda não explicou consistentemente de onde vem a maior parte de seus recursos. Ele afirma atuar em mais de 20 setores diferentes, o que levanta ainda mais dúvidas. É possível que, em apenas dez anos, uma pessoa domine tantos setores e consiga um crescimento financeiro dessa magnitude, dedicando-se tanto às atividades em redes sociais?
A grande pergunta que precisa ser respondida para quem pretende assumir a maior capital brasileira e, tal como um certo “gestor” que já prefeitou antes em São Paulo, precisa ser respondida é: de onde vem a fortuna de Pablo Marçal? Como alguém que começou com um trabalho de coach e influenciador digital pode, em uma década, acumular tanto capital de modo nada usual, especialmente considerando o tempo e esforço necessários para manter e expandir uma fortuna dessa magnitude? Essas questões não podem ser ignoradas pelo eleitor (como estão!) e a falta de explicações claras sobre seu crescimento patrimonial levanta suspeitas sobre a origem de sua riqueza.
PCC
A candidata Tabata Amaral (PSB), entre outros adversários políticos, já levantou publicamente essas questões. Em seus vídeos, Tabata tem questionado diretamente a origem dos recursos de Marçal e as possíveis ligações obscuras em torno de sua fortuna. E, ao que parece, ela não está sozinha. Empresários sérios também observam com ceticismo a trajetória do candidato, questionando como ele conseguiu multiplicar seu patrimônio de forma tão rápida e “heterodoxa”, e em setores onde o lucro não é tão garantido quanto ele afirma.

Tabata Amaral questiona ligações de Pablo com acusados de integrar o PCC. Foto: Reprodução/Twitter
O que poderia ser uma narrativa de “sucesso empreendedor” esconde aspectos complexos que envolvem empresas em setores sensíveis, como aviação e imóveis, que coincidem com atividades associadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Outro destaque de seu patrimônio é a “Marçal Loteamento Participações Ltda.”, outra empresa envolvida no setor imobiliário, com um capital social declarado de R$ 100 mil. Sem conhecer o negócio, não é possível opinar se um capital social desse montante transmite segurança à atividade de loteamentos, ainda que essa atividade envolva patrimônios vultosos. Mas é fato que, sem que possamos afirmar se há alguma relação com facções criminosas ou se há algum crime, essas atividades de loteamento são frequentemente utilizadas para disfarçar grandes somas de dinheiro ilícito.
A polícia já demonstrou que o PCC tem controle direto sobre negócios imobiliários em várias regiões do Brasil, sendo um mecanismo eficiente para lavar dinheiro proveniente do tráfico de drogas e outras atividades ilícitas.
Conexões sombrias
Um dos nuances mais intrigantes da trajetória de Marçal é a conexão com Florindo Miranda Ciorlin, um piloto e empresário acusado de atuar na aquisição e ocultação de aeronaves para traficantes. Florindo é acusado de ser uma peça-chave no transporte de grandes quantidades de cocaína da Bolívia para o Brasil, operação ligada diretamente ao PCC.
Em 2021, Marçal concedeu a Florindo uma procuração para representá-lo junto a órgãos federais, o que coloca Marçal em uma posição desconfortável. A relação entre eles, especialmente quando se considera a associação de Florindo com atividades ilícitas, pode levantar suspeitas sobre as operações da “Aviation Participações” e o uso de empresas de fachada para disfarçar negócios ilícitos, já que o nome sugere envolvimento com a atividade de aviação.
Essa conexão entre Marçal e Florindo é particularmente preocupante, pois se encaixa no padrão já conhecido de uso de empresas no setor de aviação e imóveis como canais para a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. O PCC, como uma organização fortemente estruturada, utiliza esses mesmos métodos para manter suas operações longe do radar das autoridades, e a presença de figuras como Florindo no círculo empresarial de Marçal reforça a necessidade de o eleitor conhecer mais as “histórias de sucesso” vertiginoso do ex-coach.
Partido enrolado

Investigações recentes revelaram que figuras importantes do partido, como o seu presidente, Leonardo Avalanche, estão ligadas diretamente a operações de tráfico de drogas. Foto: Instagram
Além das atividades empresariais de Marçal, seu partido, o PRTB, está imerso em controvérsias que envolvem o PCC. Investigações recentes revelaram que figuras importantes do partido estão ligadas diretamente a operações de tráfico de drogas. Um exemplo é Tarcísio Escobar de Almeida, ex-presidente estadual do PRTB, acusado de trocar carros de luxo por cocaína para a facção. Ele e Júlio César Pereira (Gordão) foram implicados em esquemas que financiaram o tráfico de drogas com bens de alto valor, utilizando esse mecanismo como uma forma de lavar dinheiro para o PCC.
Ambas as figuras são ligadas a Leonardo Avalanche, presidente nacional do PRTB e aliado próximo de Marçal (que já deu declarações isentando seu líder partidário de ligações com a facção criminosa).
“Banco do crime”
Essas conexões são alarmantes, uma vez que o próprio partido de Marçal está implicado em esquemas que beneficiam o crime organizado. As investigações sugerem que o PCC criou uma espécie de “banco do crime”, envolvendo dezenas de empresas de fachada para lavar dinheiro e financiar candidaturas políticas, movimentando mais de R$ 8 bilhões.
O fato de Marçal se associar a essas figuras e se suas empresas não serem conhecidas para um empresário que declara quase R$ 200 milhões amealhados em uma década (enquanto expande suas operações empresariais nos mesmos setores onde o PCC atua), é uma coincidência que não pode ser ignorada.
Outro aspecto crucial é o financiamento da campanha de Marçal. Candidato pelo PRTB, um partido de pouca expressão, sem acesso significativo ao fundo partidário e com tempo mínimo de propaganda eleitoral na TV, Marçal, ainda assim, conseguiu manter uma campanha de alta visibilidade. Seu domínio sobre o cenário digital e sua forte presença nas redes sociais levantam questões sobre a verdadeira origem dos recursos que sustentam sua impressionante estrutura de campanha, para além de seus milhões de seguidores.
Mais perguntas que respostas
A ascensão de Pablo Marçal no cenário político brasileiro levanta mais perguntas do que respostas. Seu patrimônio declarado, as atividades empresariais e as conexões com figuras ligadas ao crime organizado criam um cenário de suspeitas que precisam ser investigadas com seriedade. O que parece ser uma história de sucesso nas redes sociais pode esconder uma teia de interesses obscuros que envolvem facções criminosas e o uso de empresas de fachada para lavagem de dinheiro.
Com a gravidade das suspeitas que pairam sobre a candidatura Marçal, o eleitor e as autoridades precisam exigir respostas claras e uma investigação rigorosa sobre a origem de sua fortuna e suas conexões. Essa explicação não virá do candidato. Talvez porque explicar o impossível seja realmente uma tarefa difícil, mesmo para um coach de sucesso. O Brasil não pode permitir que facções criminosas utilizem a política como fachada para expandir seu poder e influência.
Colaborou Lucas Neiva
* Ex-ouvidor da Câmara Municipal de São Paulo. Advogado formado em Direito pela Faculdade de Direito da USP e especialista em controle social de políticas públicas pela Escola do Tribunal de Contas do Município de São Paulo.
Fogo para lobbies

Por Heraldo Campos (*)
Nessa secura do clima, aumentada pela fumaceira provocada pelos incêndios criminosos nas matas dos vários biomas do território brasileiro, parei outro dia numa mercearia para tomar uma “água que o passarinho não bebe”, porque ninguém é de ferro.
Por acaso, o aparelho de som do estabelecimento comercial estava tocando a enigmática composição “Alcohol” de Jorge Ben Jor, do ano de 1994, e que não ouvia há algum tempo. Um pequeno trecho dessa canção diz que “A caça ao fantasma continua porque / O fogo é mais antigo que o fogão”, o que me fez lembrar de artigo que escrevi nessa época sobre os lobbies das águas [1].
Assim, nesse cenário dos dias de hoje, como o país está em chamas, a pergunta que me vem à cabeça é “a quem interessa a terra arrasada pelos incêndios”? O cidadão comum, trabalhador, parece que não tem sossego no seu dia a dia. Está sujeito aos mais variados tipos de pressões e de constrangimentos que interferem, drasticamente, no seu bem estar, da sua família e dos seus amigos.
Por isso, será que o fogo para lobbies está a serviço da boiada nas águas [2], dos grileiros de condomínios [3], dos garimpeiros ilegais [4], entre outros conhecidos grupos de especuladores e de predadores do meio ambiente? A investigação sobre os responsáveis por riscar o fósforo, propositadamente, na vegetação seca, deve se estender e baixar a lupa para chegar aos possíveis mandantes desses crimes ambientais. Espera-se que a caça aos supostos “fantasmas incendiários” continue, a justiça seja feita, os danos ambientais sejam contabilizados e a conta enviada para ser paga aos maldosos interessados no caos social.
Os números do estrago são alarmantes. Segundo dados recentes “Nos últimos dois dias, o Brasil concentrou 71,9% de todas as queimadas registradas na América do Sul. De acordo com dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram 7.322 focos de incêndio nas últimas 48 horas até a sexta-feira (13).”, informa o site Brasil de Fato [5].
“Minha esperança é necessária, mas não é suficiente. Ela, só, não ganha a luta, mas sem ela a
luta fraqueja e titubeia.” (Paulo Freire)
Fontes
[1] “Alcohol: para desinfetar os lobbies da água” artigo de 03/04/1994.
Publicado no “Caderno Folha Vale” do jornal “Folha de São Paulo”.
[2] “A boiada nas águas” artigo de 11/06/2020.
https://cacamedeirosfilho.blogspot.com/2020/06/a-boiada-nas-aguas-cronica-de-heraldo.html
[3] “Grileiros de condomínio” artigo de 17/11/2020.
https://cacamedeirosfilho.blogspot.com/2020/11/grileiros-de-condominio.html
[4] “Conhecer a Amazônia antes que acabe” artigo de 03/12/2023.
https://cacamedeirosfilho.blogspot.com/2023/12/conhecer-amazonia-antes-que-acabe.html
[5] “Brasil concentra 71,9% das queimadas na América do Sul nas últimas 48h”.
https://www.brasildefato.com.br/2024/09/14/brasil-concentra-71-9-das-queimadas-na-america-do-sul-nas-ultimas-48h
(*) Heraldo Campos é geólogo (Instituto de Geociências e Ciências Exatas da UNESP, 1976),
mestre em Geologia Geral e de Aplicação e doutor em Ciências (Instituto de Geociências da
USP, 1987 e 1993) e pós-doutor em hidrogeologia (Universidad Politécnica de Cataluña e
Escola de Engenharia de São Carlos da USP, 2000 e 2010).
Muita luta e pouca inspiração
POR GERSON NOGUEIRA
O empate não foi o fim do mundo, mas frustrou os mais de 45 mil torcedores que lotaram o Mangueirão, ontem, mas o resultado tem uma explicação simples. Contra o mais forte adversário que enfrentou na Série C, faltou ao Remo o que sobrou na estreia contra o Botafogo: inspiração para buscar os caminhos que levam ao gol.
Um outro problema: na partida inaugural do quadrangular, o Remo foi agressivo desde o começo, sufocando e intimidando o adversário com ações pelos lados. Em função disso, transformou o 1º tempo num confronto de ataque contra defesa, criando diversas situações perigosas na área inimiga e estabelecendo vantagem no placar.
Contra o Volta Redonda, que se postou melhor no tempo inicial, o Remo teve a posse de bola, buscou atacar com os lados como normalmente faz, mas faltou contundência e intensidade. Por isso, mesmo chegando com perigo em vários momentos, só teve duas chances claras, ambas com Ytalo, uma delas de frente para o goleiro.
Há um outro aspecto que precisa ser considerado. Pavani e Jaderson, estratégicos para o funcionamento tático do Remo, tornaram-se figuras carimbadas e mapeadas pelos outros times. A movimentação de ambos na articulação inicial das jogadas foi bem marcada pelos volantes Bruno Barra, Robinho e Henrique Silva, do Voltaço.
Nos raros momentos em que conseguiu escapar, Raimar não conseguiu dar andamento às jogadas. Foi a pior atuação do ala neste quadrangular. Coincidentemente, foi o primeiro jogo sem a participação de Sávio, zagueiro interior esquerdo, que faz dupla com ele.
Pela direita, Diogo Batista quase não foi à linha de fundo na dobra com Pedro Vítor, outro que esteve em nível abaixo ontem. Diogo só marcou presença na cobrança de falta, que passou rente ao travessão.
Depois do intervalo, o Remo ocupou o campo de defesa do Volta Redonda. Apesar da insistência com bolas altas e infiltrações pelos lados, a bola não chegava para Ytalo, policiado pelos zagueiros Lucas Souza e Fabrício. Quando chegou, após escanteio, o gol saiu, mas foi anulado.
Rodrigo Alves, que substituiu Bruno Bispo e entrou muito bem, mandou uma bola no travessão do goleiro Jean Drosny em cobrança de falta. Foram os lances agudos do Remo, insatisfatórios para o tamanho do domínio de espaço e o controle da posse de bola.
Ao Leão faltaram ideias para romper o forte bloqueio defensivo do Volta Redonda nos 20 minutos finais. O visitante se fechava com nove jogadores atrás da linha de bola, mantendo apenas Bruno Santos adiantado.
Se não foi trágico para o Leão, mudou um pouco a perspectiva de acesso: com 5 pontos, terá que pontuar no Rio de Janeiro e voltar para decidir o acesso no Mangueirão contra o São Bernardo.
Papão quebra jejum e Fiel volta a acreditar
Com a virada de 2 a 1 sobre o Guarani, sábado à tarde, no estádio da Curuzu, o PSC quebrou o jejum de nove jogos sem vencer na Série B e deixou claro que o torcedor pode voltar a confiar no time. Pode-se considerar que a estreia de Márcio Fernandes foi plenamente exitosa.
O triunfo chegou a ficar ameaçado pelo desempenho confuso nos primeiros 45 minutos. Depois de um bom começo, com pressão sobre o Guarani e duas boas finalizações (Esli García e Kevyn) contra o gol de Wladimir, o Papão afrouxou as linhas e aceitou a evolução do adversário.
Com investidas de Caio Dantas e Marlon, o Bugre botou pressão sobre a zaga bicolor. Depois, achou o caminho do gol após cruzamento de Pacheco desviado pelo zagueiro Douglas Bacelar, que testou para as redes.
Ficou a impressão de falta sobre Nicolas no lance, mas o VAR considerou o lance normal. A partir daí, o Guarani ainda levou perigo e quase ampliou. O PSC insistia em cruzamentos inúteis, irritando a torcida, que focou principalmente em Edilson, Cazares e Nicolas.
Para reagir e exorcizar a má fase, Márcio Fernandes trocou Yony Gonzalez e Juan Cazares por Jean Dias e Borasi. Deu certo. Logo aos 2 minutos, em cruzamento rasante de Edilson, Jean tocou a bola para o fundo das redes após defesa parcial de Wladimir. Festa na Curuzu.
O time ganhou confiança e partiu para a virada, que veio aos 9’, em nova jogada de Edilson, que se redimiu do mau começo. Desta vez, o cruzamento foi pelo alto e acabou desviado por Kevyn.
A vitória estava encaminhada, mas a torcida ainda sofreu alguns sustos. Aos 16’, o bom Caio Dantas mandou uma bola na trave. Logo depois, o zagueiro Lucas Maia quase botou a bola para dentro em cortes esquisitos.
Quando soou o apito final, deu para escutar um imenso “ufa!” da plateia de 10 mil pessoas na Curuzu. No final, uma vitória sofrida, mas merecida.
Quarentinha, a estrela eterna do Alvinegro
Ontem, Quarentinha, o maior artilheiro da história do Botafogo, faria 91 anos. Era um camisa 9 clássico, perfeito no jogo aéreo e implacável no aproveitamento de bolas pelo chão. Longilíneo, rápido como a flecha e dono de um canhão nos pés.
Marcou 313 gols com o manto sagrado do Glorioso. Foi um ídolo curiosamente conhecido pelo silêncio, até nas comemorações de gols. Ganhou a fama de artilheiro que não vibrava, o que não é verdade. Quarentinha era apenas discreto, elegante, diferente.
Uma glória do Botafogo e do futebol brasileiro. Honrou a Seleção Brasileira, com 17 gols em 17 gols, a segunda melhor média de um goleador no escrete canarinho. Chegou a vestir a camisa 10 do Brasil, em 1959, com Pelé usando a 9.
Waldir Cardoso Lebrêgo era paraense, começou a carreira no Paysandu e depois seguiu para o Botafogo, onde se consagrou nacionalmente. Partiu em 1996, com apenas 66 anos.
Viva Quarentinha!
(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 16)