Isaquias aplaude as mulheres: “Carregaram o Brasil nas costas”

Isaquias Queiroz celebra, com a família, a conquista da medalha de prata nas Olimpíadas de 2024. Foto: Alexandre Loureiro/COB

Com a prata conquistada em Paris, Isaquias Queiroz subiu na lista dos recordistas olímpicos. Agora, com cinco medalhas, ele aparece em segundo, ao lado das lendas da vela Robert Scheidt e Torben Grael. A líder do ranking, Rebeca Andrade, com seis, é uma inspiração para o canoísta.

Em entrevista coletiva realizada neste sábado (10), na Casa Brasil, Isaquias falou sobre a disputa sadia com ostros atletas brasileiros e colocou a jovem ginasta em ”outro patamar”.

“Eu fico muito feliz de chegar perto dessas lendas do esporte brasileiro, Torben Grael, Robert Scheidt. São dois que, sem dúvida, me incentivaram a chegar nessas conquistas. Tudo na vida do atleta é objetivo. Meu objetivo era poder chegar próximo desses caras, que para mim são exemplos de atletas, para todo cidadão brasileiro”, começou por afirmar.

”Fico feliz de chegar na quinta medalha olímpica. Acho que a ficha não caiu direito, quando eu subi no pódio, até fiz o gesto (de cinco medalhas), mas não tinha passado na minha cabeça direito. Hoje, quando acordei e vi a foto, vi que não era uma ou duas, são cinco. Queria chegar na sexta, como a Rebeca, mas aí é outro nível. A gente tem que trabalhar para chegar lá”, completou.

Pela primeira vez em Jogos Olímpicos, o Brasil vai terminar a competição sem nenhum homem no topo do pódio, apenas com mulheres medalhistas de ouro. Das 13 medalhas conquistadas pelo país até então, 9 vieram com elas e apenas 3 com eles. Para Isaquias, as mulheres estão, de fato, carregando a delegação verde e amarela ”nas costas”

A ‘SAGA’ DA MEDALHA

A histórica medalha de prata de Isaquias Queiroz na canoagem C-1 1000 nas Olimpíadas de 2024 não foi especial para ele só por ser sua quinta conquista nos Jogos, mas também pela “marquinha” familiar. Durante as comemorações, seu filho Sebastian derrubou a medalha e acabou a danificando. O brasileiro pensou em trocar, mas desistiu, justamente, pelo episódio inusitado.

Na hora, Isaquias até ficou bravo e começou uma ‘saga’ junto à Confederação Brasileira de Canoagem em busca de conseguir uma nova, mas foi convencido no hotel por Fernando Pimenta, canoísta de Portugal e seu amigo pessoal, a não fazer isso. No fim das contas, o valor emocional pesou, e muito.

“Essa medalha tá na história. Ela é tão especial que tem a marquinha do meu filho já nela”, disse Isaquias em coletiva de imprensa após sua participação nas Olimpíadas. “Subiu comigo no pódio e tem a marca do Sebastian, que é um ‘pivete’ muito especial na minha vida”, adicionou, ressaltando a importância do filho em seu crescimento e trajetória no esporte.

O canoísta revelou também como foi o momento em que mudou de ideia e resolveu ficar com a medalha danificada. “Eu ia trocar, mas quando cheguei no hotel, um grande parceiro meu, o Fernando Pimenta, falou: ‘Cara, não troca. Isso aqui é especial, é a marca do seu filho, por que você vai trocar?’ Então, deixei quieto”, contou, citando a conversa com o português.

Agora, Isaquias quer garantir que não aconteça mais nada com o tão importante prêmio. “Só tão faltando as caixinhas para proteger de novo, que chega de tombo agora”, brincou.

Remo encara outra decisão

POR GERSON NOGUEIRA

Para se manter no G8 da Série C, o Remo precisa forçosamente de duas vitórias e um empate nos três jogos restantes desta fase. O adversário é o Confiança, em Aracaju (SE), na tarde deste sábado. Um desafio imenso porque o time da casa luta para escapar do rebaixamento.

Ao Remo resta seguir buscando vitórias, a fim de se garantir entre os oito que passam à próxima fase. Nos dois jogos anteriores como visitante, o time fracassou tecnicamente e errou na estratégia diante de Ferroviária e Figueirense.

Teve bons momentos, mas acabou derrotado em função da insegurança defensiva. A linha de zagueiros fica excessivamente exposta e possibilita aos adversários impor pressão desde os primeiros minutos.

Até mesmo em casa, diante de sua torcida, o Leão andou tropeçando nas próprias pernas e esteve perto de se complicar contra a Aparecidense, que explorou os defeitos óbvios do setor de marcação e quase chegou ao gol.

Com o time atuando agora no 4-3-3, parecia que o problema de proteção à zaga seria solucionado. Ledo engano. Contra o time goiano, no Mangueirão, o único jogador fixo na marcação era o estreante Bruno Silva, que não conseguiu acompanhar as investidas pela faixa central.

Para o confronto deste sábado, o Remo terá desfalques – Ribamar, Marco Antônio – e é provável que o técnico Rodrigo Santana faça novamente mudanças nos três setores. Pavani e Jaderson seguem ao lado de Bruno na linha intermediária, mas Pedro Vítor pode ser a novidade na frente.

É o jogador com maior capacidade de impor velocidade entre os atacantes, com o mérito de saber usar o drible como arma para abrir as defesas adversárias. Ytalo e Rodrigo Alves devem ser os outros atacantes. Independentemente do time escalado, o Remo precisa jogar com frieza e objetividade para alcançar o resultado que lhe interessa. (Foto: Samara Miranda/Ascom Remo)

Papão não resiste ao líder Santos

Falhas graves no setor defensivo estão na origem da derrota do PSC frente ao Santos, nesta sexta-feira à noite, no Mangueirão. O placar de 3 a 0 começou a ser construído no fim do primeiro tempo, quando a linha de zaga ficou olhando Guilherme subir para escorar o cruzamento de Rodrigo Ferreira e fazer o gol de abertura. Jogada básica e previsível.

Líder do Brasileiro da Série B, o Santos jogou sem pressa, trocando passes no meio-de-campo e esticando bolas para Otero e Guilherme. Não deu muito certo nos primeiros movimentos porque o PSC marcava bem e não permitia espaços pelos lados.

Logo de cara, João Vieira arriscou de fora da área e quase enganou o goleiro Brazão. Cazares também tentou de longe e quase fez um gol olímpico, mas a bola caprichosamente bateu no travessão.

O primeiro lance ofensivo do Peixe só veio aos 19 minutos. Serginho tocou para Pituca, que chutou colocado para boa defesa de Diogo Silva. Minutos depois, Esli García invadiu a área e bateu com perigo.

Aos 38 minutos, num descuido da marcação e erro de posicionamento da zaga, Rodrigo Ferreira avançou pela direita e cruzou na área. Livre, Guilherme se antecipou aos zagueiros e testou para as redes.

Em desvantagem, o PSC colocou Netinho e Robinho no meio-campo, mas não conseguiu criar jogadas que incomodassem o visitante. Pelo contrário, o Santos continuava postado em seu campo, saindo apenas em contragolpes. Aos 22 minutos, Hayner lançou Serginho, que ajeitou para Furch arrematar ao lado da meta de Diogo Silva.

Mas, no lance seguinte, Netinho foi expulso após interferência do VAR. Tocou com o braço no rosto de Guilherme e pegou inicialmente um cartão amarelo. Após revisão, o árbitro aplicou o vermelho.

De repente, em jogada aérea, o PSC quase empatou. A zaga deu rebote e Robinho cabeceou rente ao travessão, mas Jair salvou de cabeça. Foi o último bom momento bicolor na partida.

Agressivo pelos lados, principalmente pela direita, o Santos encontrou novamente facilidades e ampliou a vantagem. Weslley Patati foi lançado por Guilherme, gingou e tocou na saída de Diogo Silva, aos 45’. Nos acréscimos, cobrando falta, Guilherme fechou o placar em 3 a 0.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda o programa, a partir das 22h, na RBATV. Participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, os jogos de PSC e Remo nas séries B e C. A edição é de Lourdes Cezar.

Brilho de ouro na praia, esperança no futebol

Ana Patrícia e Duda foram brilhantes, diante da dupla canadense Paredes-Brandie, conquistando merecidamente a medalha de ouro no vôlei de praia. As brasileiras fizeram uma campanha irretocável e fizeram valer o histórico de vitórias nos mais recentes torneios da modalidade. A vitória por 2 sets a 1 foi emocionante e duríssima.

O esforço e a categoria da dupla prevaleceram para alegria dos brasileiros que estavam na Arena da Torre Eiffel e em todo o país. O vôlei de praia salvou a campanha da modalidade em Paris. O time masculino de quadra voltou de mãos abanando e a equipe feminina foi alijada da disputa pelo ouro – disputa o bronze neste sábado.

Para o penúltimo dia de competições nas Olimpíadas, a esperança de ouro está com a surpreendente seleção feminina de futebol, que desafia o poderio norte-americano. Como não era favorito contra França e Espanha, o Brasil segue como azarão. Deu certo antes, vai dar hoje também. Com ou sem Marta na escalação inicial.  

(Coluna publicada na edição do Bola deste sábado/domingo, 10/11)

Líder Peixe atropela o Papão no Mangueirão

O Santos confirmou a liderança do Brasileiro da Série B, aplicando uma goleada de 3 a 0 sobre o Paysandu, na noite desta sexta-feira (9), no estádio Mangueirão. A vitória foi indiscutível, embora no começo do jogo a pressão tenha sido do PSC. João Vieira bateu de fora da área, a bola desviou no meio do caminho e Gabriel Brazão fez grande defesa.

Em seguida, Cazares tentou fazer um gol olímpico, mas a bola bateu no travessão. Acuado, o Santos só chegou com perigo aos 19 minutos quando Serginho tocou para Pituca, que chutou colocado para boa defesa de Diogo Silva.

Minutos depois, Esli García invadiu a área e finalizou para outra defesa de Brazão. Na sequência, após tabela entre Guilherme e Escobar, Rodrigo Ferreira soltou uma bomba e o goleiro Diogo Silva agarrou. O Santos tentava chegar ao gol em contragolpes.

Aos 38 minutos, depois de boa troca de passes, o Peixe finalmente abriu o placar. Rodrigo Ferreira cruzou alto da direita para Guilherme cabecear para o fundo do gol, livre de marcação.

Na etapa final, o jogo passou a ser controlado pelo Santos, que administrou a vantagem e saindo em velocidade nos contra-ataques. Aos 22 minutos, Hayner arrancou e serviu Serginho, que ajeitou para Furch disparar ao lado da meta de Diogo Silva.

Logo em seguida, o volante Netinho foi expulso após interferência do VAR. Ele bateu com o braço no rosto de Guilherme e recebeu inicialmente um cartão amarelo. Após revisar o lance, o árbitro aplicou o vermelho. Com um a menos, o Papão viu-se ainda mais confuso nas articulações.

Em lance isolado, um cruzamento na área quase determinou o empate. Robinho cabeceou e Jair salvou de cabeça, em cima da linha. Sempre agressivo pelos lados, o Santos não teve dificuldades para ampliar. Weslley Patati foi lançado por Guilherme e tocou na saída do goleiro Diogo Silva, aos 45 minutos. Já nos acréscimos, em cobrança de falta, Guilherme fechou o placar em 3 a 0.

Sobre a importância de Nicolas

POR GERSON NOGUEIRA

E se Nicolas, principal atacante do PSC, não puder jogar os 90 minutos contra o Santos? Qual a decisão que caberia à comissão técnica diante de uma dúvida tão séria? Correr o risco de uma substituição nos primeiros minutos? Muitas perguntas devem estar povoando a cabeça de quem tem a responsabilidade de escalar a equipe para o confronto desta noite.

A decisão é difícil. Contra o Brusque, Nicolas sentiu a contusão e saiu de campo aos 20 minutos, desfalcando a equipe muito cedo. No jogo seguinte, contra o Grêmio Novorizontino, ele entrou em campo, mas ficou por apenas 18 minutos.

O atacante iniciou tratamento e ficou ausente da partida em Goiânia diante do Vila Nova, na segunda-feira, 5. Até ontem, porém, não havia certeza quanto à sua presença contra o Santos.

Fosse Nicolas um jogador menos importante, não haveria tanta expectativa em torno de sua escalação. Ocorre que o atacante é o principal artilheiro do PSC na temporada e uma referência de qualidade no setor ofensivo. Dono de bons recursos técnicos, destaca-se também no jogo aéreo.

Um jogador desse nível faz falta sempre, principalmente em jogos de grande envergadura como o de hoje. O adversário é líder do Brasileiro da Série B, tem um elenco qualificado e é cotado para obter o acesso de volta à Primeira Divisão.

Mais importante ainda: o elenco do PSC é desprovido de jogadores que saibam desempenhar as funções de um centroavante típico. Nicolas também não sabia, quando aqui chegou para sua primeira passagem pelo clube. Com o tempo, porém, evoluiu para dominar aquela faixa central do ataque com posicionamento e capacidade de finalização.

No caso extremo de o artilheiro não reunir condições de entrar, a vaga deverá ser novamente de Ruan Ribeiro, único no elenco que sabe jogar centralizado. Terá como parceiros de frente Jean Dias (Borasi) e Paulinho Boia. (Foto: Jorge Luís Totti/Ascom PSC)

Curry lidera Dream Team contra a fúria sérvia

As Olimpíadas de Paris têm sido ricas em momentos espetaculares, dignos de ocupar um lugar na galeria dos feitos inesquecíveis do esporte. Nada mais natural, afinal os Jogos existem justamente para oportunizar essas façanhas. Ontem, o confronto de basquete entre norte-americanos e sérvios encantou o mundo pela qualidade do espetáculo e pelo equilíbrio no placar, algo raro em jogos envolvendo o Dream Team.

Um nome brilhou acima de todos: Stephen Curry, astro do Golden State Warriors na NBA, que ajudou os EUA a contornarem uma situação enrascada na semifinal. Foram nada menos que 35 minutos atrás no marcador, sob o olhar incrédulo da torcida que lotava o ginásio parisiense. Os sérvios chegaram a impor 17 pontos de diferença, marca que há muito tempo não castigava a super esquadra norte-americana.

Curry brilhou intensamente. Arrancadas irresistíveis, incursões perfeitas no garrafão e um punhado de cestas de três pontos constituíram o show solo, que superou de longe as performances dos astros LeBron James e Kevin Durant. O armador foi o cestinha da partida com 36 pontos, com 63% de acerto nos arremessos de quadra e nove bolas de três convertidas.

No quarto final, quando os sérvios venciam por 13 pontos e era real a possibilidade de uma queda do Dream Team, lá estava Stephen Curry para desfazer ilusões e garantir o triunfo de virada, por 95 a 91.

Um jogo sensacional da Sérvia, um país apaixonado por basquete e que tem longo histórico de atuações soberbas em mundiais e Olimpíadas. Merecia sorte melhor, mas deixa como marca nestes Jogos o destemor de enfrentar e superar – por minutos – os gigantes do basquete mundial.

Bogdan Bogdanovic, guerreiro e cestinha da Sérvia na semifinal com 20 pontos, mereceu menção honrosa pelo belíssimo papel diante dos super craques.

Que jogo, senhoras e senhores!

Dupla sem mídia pode salvar o vôlei brazuca em Paris

Ana Patrícia e Duda, que formam a dupla nº 1 do ranking mundial, não desfrutaram das benesses e atenções da mídia trepidante que cobre as Olimpíadas para o público brasileiro. Outras duplas eram sempre privilegiadas na cobertura em Paris.

Justiça se faça, o único a destacar a dupla foi o chef paraense Thiago Castanho, que dedicou um programa inteiro a elas, acompanhando os treinos no interior do Nordeste e até disputando uma animada partida com elas.

Ana e Duda só passaram a ser pautadas depois que todo mundo percebeu que eram favoritas à medalha de ouro, passando por cima de todas as duplas que se puseram em seu caminho.

Ontem, diante da entrosada dupla australiana Mariafe-Clancy, confirmaram a força de seu jogo. Lideraram praticamente todo o primeiro set, só perdendo nos instantes finais. Voltaram mais fortes no segundo set e atropelaram. No emocionante tie-break, deu Brasil por 15 a 12.

Agora, finalmente reconhecidas, partem firmes para a conquista do ouro.  

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 08)

Lula baixa MP que isenta de impostos as premiações olímpicas

Em meio às fake news criadas por bolsonaristas de que o governo pretenderia cobrar impostos sobre as medalhas e valores em dinheiro recebidos pelos atletas brasileiros nos Jogos Olímpicos de Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva baixou uma Medida Provisória que isenta as premiações olímpicas de taxação

As medalhas, diferentemente do que sustentavam os bolsonaristas, nunca foram taxadas. Já a premiação em dinheiro recebida pelos atletas que chegam ao pódio era taxada desde 1988 através da Lei nº 7.713.

A Medida Provisória baixada por Lula, publicada na edição desta quinta-feira (8) do Diário Oficial da União, modifica tal lei, isentando da cobrança do Imposto de Renda os valores recebidos por atletas olímpicos e paralímpicos. 

“A Medida Provisória modifica a Lei nº 7.713, de 1988. A regra passa a prever que valores recebidos por atletas em Jogos Olímpicos e Paralímpicos como premiação pela conquista das medalhas, pagos por Comitê Olímpico do Brasil (COB) e Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), ficam isentos de tributação pelo Imposto de Renda. As medalhas, troféus e outros objetos comemorativos recebidos em eventos esportivos oficiais realizados no exterior já eram isentos de impostos federais. O texto especifica que a validade é a partir de 24 de julho de 2024, o que abrange os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024, que estão em curso na França”, diz nota divulgada pelo Palácio do Planalto. 

Diante da enxurrada de fake news que (des)informam que os atletas brasileiros vão pagar imposto sobre o valor das medalhas olímpicas que conquistaram durante as Olimpíadas de Paris 2024, a Receita Federal emitiu comunicado para restabelecer a verdade.

O órgão informou que medalhas olímpicas, troféus e outros objetos comemorativos recebidos em eventos esportivos oficiais no exterior estão isentos de impostos federais. Isso significa que atletas brasileiros que retornarem ao país com medalhas olímpicas em suas bagagens não estarão sujeitos a tributação sobre esses itens.

Conforme a Lei 11.488/2007 e a Portaria MF 440/2010, a isenção abrange o imposto de importação, o imposto sobre produtos industrializados, a contribuição para o PIS/Pasep-Importação, a Cofins-Importação e a CIDE-Combustíveis.

A legislação assegura que troféus, medalhas, placas, estatuetas, distintivos, flâmulas, bandeiras e outros objetos comemorativos recebidos em eventos culturais, científicos ou esportivos oficiais no exterior, ou destinados a distribuição gratuita em eventos esportivos no Brasil, sejam isentos de tributação.

Além disso, a isenção se aplica a bens normalmente consumidos em eventos esportivos oficiais e materiais promocionais utilizados ou distribuídos nesses eventos.

O parágrafo único do artigo 38 da legislação também estende a isenção a bens importados por desportistas, desde que utilizados em eventos esportivos oficiais e recebidos como doação de entidades desportivas estrangeiras ou promotoras do evento.

“A Receita Federal garante que a entrada no país com medalhas olímpicas será rápida e sem burocracia, proporcionando um retorno tranquilo aos campeões brasileiros, que serão recebidos com admiração e aplausos”, diz a nota.

Ou seja, atletas que desembarcam no Brasil com medalhas olímpicas estão isentos de tributação, conforme assegurado por lei, reforçando o compromisso da Receita Federal em facilitar o retorno dos nossos campeões de forma eficiente e sem complicações.

BOLSONARO COBROU R$ 1,2 MILHÃO EM IMPOSTOS

Arma da oposição em mais uma narrativa para atacar o presidente Lula, a “taxação olímpica” – que aplica uma alíquota de até 27,5% do Imposto de Renda para premiações recebidas no exterior – existe há pelo menos 50 anos e, em 2021, durante o governo Jair Bolsonaro (PL) resultou em R$ 1,2 milhão em arrecadação cobrada sobre os medalhistas brasileiros nas Olimpíadas de Tóquio, no Japão.

O que os bolsonaristas omitem é que a taxação foi estabelecida ainda nos anos 1970, durante a Ditadura Militar, que definiu que prêmios obtidos em “competições desportivas, artísticas, científicas e literárias, exceto se outorgados através de sorteios, serão tributados como rendimentos do trabalho”.

Nova alternativa para o ataque

POR GERSON NOGUEIRA

Benjamín Borasi, contratado na recente janela de transferências, demorou a estrear e chegou a despertar desconfianças sobre a qualidade de seu futebol. Aí, na segunda-feira à noite, diante do Vila Nova, o ponta argentino entrou no 2º tempo e deu vida nova ao ataque do PSC. Recebeu elogios gerais pela curta e positiva participação na partida.

Com jogadas agudas e muita movimentação, ele desorganizou o sistema de marcação do Vila e criou boas situações junto à grande área. Deixou ótima impressão pela entrega e, principalmente, pelo estilo atrevido, bem na tradição do futebol argentino.

Substituiu Jean Dias, que não fazia uma boa partida. Pode ser justamente na extrema direita que Borasi pode se tornar peça integrante do time titular do Papão. Com a ausência de Nicolas, o ataque vai precisar de força e agressividade, principalmente na partida de amanhã contra o Santos.

Encarar um dos favoritos ao título e ao acesso é sempre uma tarefa desafiadora, sob medida para um jogador que demonstrou em poucos minutos ser capaz de incomodar a marcação e puxar os ataques pelos lados.

Pelos critérios da comissão técnica do PSC, é provável que o ataque que começou a partida em Goiânia seja mantido – Jean Dias, Ruan Ribeiro e Paulinho Boia –, mas Borasi já chegou pedindo passagem, saindo de campo como um dos melhores da equipe. Pode vir a ser uma arma para o decorrer do jogo diante do Peixe.

As virtudes exibidas pelo atacante argentino não podem ser supervalorizadas, muitas vezes boas estreias não têm continuidade nos jogos seguintes. Ocorre que, no atual momento do PSC na competição, não custa dar uma nova oportunidade a Borasi.   

Curiosamente, na derrota para o Brusque, Borasi estava no banco de reservas. Poderia ter sido lançado quando Nicolas deixou o campo lesionado, desfalcando duramente o PSC na partida. Apesar da evidente necessidade de reforçar o setor ofensivo, o escolhido para substituir o centroavante titular foi o volante/meia Biel, sem qualquer cacoete para a função e de atuação apagada.  

Por outro lado, Borasi parece ter chegado na hora certa, aparecendo como alternativa para energizar um ataque que fica enfraquecido quando Nicolas está fora de combate. (Foto: Matheus Vieira/Ascom PSC)

Remo avança a partir da segurança no gol

Marcelo Rangel passou maus pedaços ao estrear no Remo no início do ano em substituição a Vinícius. Pagou o pato pela insatisfação da torcida com o tratamento dispensado ao ídolo pela diretoria do clube. Com personalidade e boas atuações, foi se impondo até desfazer a rejeição.

Teve boas participações no Campeonato Paraense e na Copa Verde, conseguindo ainda sobreviver à desastrosa eliminação da Copa do Brasil. Na Série C, apesar de todos os percalços, tornou-se peça imprescindível tanto sob o comando de Gustavo Morínigo quanto na era Rodrigo Santana.

A experiência de muitos anos defendendo um time de tradição como o Goiás foi valiosa para Marcelo Rangel, que soube contornar as dificuldades para concentrar todo o esforço em se consolidar no gol azulino.

Os últimos jogos têm confirmado sua importância para o equilíbrio defensivo do Remo. Foi importantíssimo contra o CSA e, principalmente, a Aparecidense, quando a defesa foi massacrada ao longo do 1º tempo. No fim, Rangel saiu outra vez como o melhor homem em campo, algo que tem virado rotina nesta Série C.  

Batalha inglória contra os poderes do futebol

O Botafogo já investiu mais de R$ 400 milhões para reforçar o elenco. Parece muito, mas há uma justificativa. Para alcançar as conquistas que busca, não basta ter um bom time. É fundamental ter um elenco repleto de jogadores acima da média. Até porque os adversários são difíceis e, além deles, será necessário jogar muito para superar o afiado sistema de arbitragem em vigor no futebol brasileiro.

As denúncias do presidente da SAF do Botafogo, John Textor, longe de causar uma investigação séria e profunda, tiveram o condão de atiçar a ira da arbitragem contra os interesses do clube. O relatório de Textor melindrou a CBF e desgostou alguns poderes ocultos, que controlam o futebol há décadas.

Esse dedo invisível se manifesta em decisões canhestras como a expulsão do volante Gregore, ontem, na partida contra o Bahia, em Salvador. O jogo era naturalmente difícil, pois o Bahia jogava diante de sua torcida, mas a interferência do VAR desequilibrou bastante as coisas. O árbitro havia aplicado amarelo, mas o árbitro de vídeo resolveu recomendar o vermelho, incabível no caso. 

Um adendo: a equipe do VAR que trabalhou ontem em Salvador foi a mesma de Botafogo 0 x 1 Cuiabá, no ano passado, quando o gol do atacante Pita foi validado apesar de um claro toque de mão na jogada.

A sempre difícil arte de aceitar derrotas

Saber perder é uma das mais difíceis virtudes no mundo do esporte. No futebol, esporte mais popular, de vez em quando surgem derrapadas verbais por parte de perdedores aborrecidos. É o caso da espanhola Jenni Hermoso, que não aceitou bem a derrota por 4 a 2 para a seleção brasileira no torneio de futebol feminino das Olimpíadas.

“Elas nos estudam, sabem como nos machucar, jogar nas nossas costas. Para mim, não é futebol. Não gosto desse futebol. Obviamente, ganham minutos, te fazem perder tempo, e para elas, isso valeu”, tentou protestar, apelando a uma suposta deslealdade das brasileiras.

Bobagem. Era uma decisão de vaga na final, com todos os ingredientes de uma decisão. Não era de se esperar amabilidades. Além disso, a Espanha nunca foi uma equipe conhecida pela prática do fairplay. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 08)

Desafios da Amazônia: A luta de atletas do Norte para manter o legado olímpico

Região onde nasceu Guilherme Paraense, o primeiro medalhista do Brasil na história dos Jogos Olímpicos, tem apenas três representantes na edição do evento em Paris.

Michel Trindade, pugilista paraense.

De Amazônia Latitude

Entre os 275 representantes do Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 há três amazônidas. Três. Isso equivale a cerca de 1% da delegação “verde e amarela”. A participação de competidores da Amazônia no “Time Brasil” sofreu uma redução significativa em relação à última competição, em Tóquio, quando oito nortistas faziam parte da delegação.

A lista de atletas do Norte classificados para os Jogos deste ano é composta pelo amazonense Pedro Nunes, do lançamento de dardo; e pelos paraenses Andreza Lima, reserva da seleção de ginástica artística; e Michel Trindade, pugilista. O pequeno número de amazônidas na competição escancara uma desigualdade latente entre os estados brasileiros e oculta a tradição que a região tem nos Jogos.

Falar da história do Brasil nas Olimpíadas sem mencionar a Amazônia é quase impossível. Militar do Exército, Guilherme Paraense, natural de Belém, foi o primeiro medalhista de ouro do país no maior evento esportivo do planeta. Ao ficar em primeiro lugar na competição individual nos jogos de 1920, na Antuérpia – os primeiros com participação “brazuca” -, o atleta do tiro se tornou um importante símbolo e ajudou a forjar o legado olímpico nacional. 

No entanto, cem anos após entrar para a história, a região pioneira em conquistas nas Olimpíadas segue com pouca representatividade. Os principais motivos para tamanha obscuridade incluem a falta de patrocínio e de estrutura para treinamentos, que afetam as possibilidades dos atletas alcançarem seu máximo potencial em solo amazônico e daqui disputarem vagas em competições nacionais e internacionais.

Michel Trindade. Foto: Wander Roberto/COB

Michel Trindade, pugilista paraense. Foto: Wander Roberto / COB

Conciliando treinos, escola e trabalho…

O paraense Michel Trindade, de 23 anos, que competiu com as cores do Brasil no boxe em Paris-2024, precisou fazer as malas muito cedo para alcançar maior competitividade esportiva. Ele conta que, assim que começou a fazer parte da seleção brasileira de forma permanente, partiu para São Paulo em busca de melhores condições de treino e de acesso a patrocínios.

“No Pará, é muito difícil um atleta sobreviver apenas do esporte devido à falta de apoio. Eu, por exemplo, precisava treinar das 5h às 6h, porque às 7h tinha que ir trabalhar. Voltava para casa às 17h e treinava novamente até às 18h, pois, às 19h precisava ir para a escola. Com essa rotina, é impossível se manter no esporte”.

Para ele, sem apoio financeiro, conciliar a escola, o trabalho e a rotina de treinos é uma missão impossível para quem busca exceder os limites do corpo e da mente e alcançar competitividade olímpica. 

“Quando atingimos a maioridade, temos que trabalhar e assumir [mais] responsabilidades. Em 2021, passei a integrar a seleção brasileira e percebi que, fora de Belém, há melhores condições de treino, [me mudar para outro estado] resultou em uma melhora evidente no meu desempenho”.

Mônica Rezende. Foto: Arquivo Pessoal

Mônica Rezende. Foto: Arquivo Pessoal

Fuga de talentos…

A migração forçada persegue várias gerações de atletas. Na década de 1980, a nadadora paraense Mônica Rezende, que competiu pelo Brasil nos Jogos de Seul-1988, também precisou sair da região Norte para se classificar para as Olimpíadas. 

Ela foi a primeira atleta do estado a fazer parte da seleção brasileira de natação. Mônica lembra de outro aspecto importante da preparação para uma carreira olímpica: o tempo. Leva-se anos, décadas, às vezes uma vida inteira para alcançar condicionamento olímpico. As condições de treinamento (o que inclui acesso a preparadores físicos e treinadores de elite e qualidade de infraestrutura para executar exercícios e treinos) fazem diferença ao longo dessa jornada.

Estrutura que ela só encontrou fora da Amazônia. “Naquela época, havia uma equipe multidisciplinar. Embora não tivesse esse nome, mas seguia o mesmo conceito: um treinador, um preparador físico e uma nutricionista. O trabalho desses profissionais foi crucial para meu bom desempenho”.

Embora os meses em Minas Gerais tenham lhe oferecido a estrutura necessária para a preparação para disputar uma olimpíada, a maior parte do treinamento de Mônica foi em solo paraense.

“Em termos gerais, toda a minha preparação foi feita aqui. Comecei a intensificar meus treinos em 1980, trabalhando por oito anos para chegar lá. Permaneci aqui até ser convidada pelo Minas, que tinha uma estrutura muito melhor. Até março de 1988, eu treinava no Remo. Então, recebi um convite do Minas Tênis Clube e fui para lá. Fiquei até julho, quando consegui uma vaga no revezamento 4×100, e, em agosto, fui para as Olimpíadas. Embora tenha representado o Minas nos Jogos, sinto que toda a minha preparação foi no Remo”.

Mônica treinando em Minas Gerais. Foto: Arquivo Pessoal

Mônica treinando em Minas Gerais. Foto: Arquivo Pessoal

Sem “ouro” para perseguir medalhas

Outra questão latente na lista de motivos para sair do Norte para alcançar competitividade olímpica é a falta de financiamento. A ausência de dinheiro, sobretudo dificuldades em obter patrocínio, faz com que os esportistas procurem fontes de incentivo em outros lugares.

Michel Pereira pondera que o boxe olímpico sofre com a baixa “prioridade” dos investidores. Apenas os chamados “atletas profissionais” recebem auxílios para se dedicar unicamente ao esporte, deixando os esportistas olímpicos esquecidos e expostos à necessidade de conciliar duas carreiras em paralelo: o esporte e qualquer coisa que ajude a pagar as contas em casa.

“No boxe, estão dando muita prioridade ao boxe profissional, o que considero errado. O boxe profissional deve ter seus próprios promotores que organizam os eventos. Em outros países, o boxe profissional não recebe apoio governamental, mas aqui no Brasil, recebe. Está faltando esse apoio [para quem sonha com as medalhas olímpicas]. Eu mesmo já representei o Pará em outros estados graças à bolsa que o Governo paga, mas precisamos de mais incentivo”, explicou.

Sem patrocínio e com dificuldades de acesso aos programas governamentais de incentivo aos esportes, “sobra” para os clubes e times locais o peso de tentar suprir as necessidades dos atletas.

Para Mônica Rezende não há clubes na Amazônia em condições financeiras de manter atletas de alto rendimento. Mas, se este cenário fosse outro, equipes do Norte do Brasil teriam mais competitividade nos torneios nacionais e internacionais, além de manterem na Amazônia os talentos olímpicos que a região possui.

“Acredito que as coisas mudaram no mundo. A tecnologia e os treinamentos evoluíram. Por isso, precisamos buscar melhorias, pois, estamos atrasados. Para termos equipes competitivas, é necessária uma estrutura melhor. Aqui no Pará, temos a vantagem de poder treinar o ano inteiro devido ao clima. Na minha opinião, o que falta é olhar ao nosso redor e implementar mudanças nos treinos, nos equipamentos e na tecnologia. Isso garantirá que consigamos resultados. Se não estabelecermos metas, nunca alcançaremos nossos objetivos”.

Pedro Nunes. Foto: Wagner Carmo / CBAt

Pedro Nunes. Foto: Wagner Carmo / CBAt

Talento temos, falta o resto

As reclamações não são exclusivas dos atletas “ponta da lança” do esporte. Elas também vêm de quem é responsável por fortalecer o esporte olímpico na região por meio das federações de cada modalidade. 

Evandro Viegas, presidente da Federação de Handebol do Pará (Fehapa) conta que é “comum” os esportistas tirarem do próprio bolso dinheiro para custear competições. “As federações têm dificuldade de captar recursos. O empresariado do Norte ainda não percebeu a importância deste investimento. Temos parcerias com o governo, mas que não garantem 100% do custeio. Eles dão a passagem para o torneio, mas não a hospedagem, por exemplo. Ou garantem a viagem, mas não ajudam com o uniforme, um bom tênis… Falta esse olhar, [para perceber que precisamos de], um ginásio bom, um centro de treinamento [para a] uma qualificação de mão de obra”, lamenta.

No Pará, há iniciativas como o programa “Bolsa Talento”, que, desde 2008, oferece apoio a atletas de várias modalidades. Na última edição, cujo edital foi publicado no final de 2023 e levou em consideração o desempenho dos atletas ao longo de 2022. Dos 132 pleiteantes, 73 conseguiram o benefício e 47 não obtiveram o apoio. Outros 12 atletas foram considerados “não habilitados” ao programa.

Mantido pela Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel) do Pará, o programa recebe recursos, mas o montante distribuído entre os atletas e técnicos não está especificado no edital divulgado. Segundo da Seel, o valor das bolsas, divididas em 12 parcelas, é variável segundo o desempenho de cada atleta em disputas nacionais ou estaduais e vão de R$ 750,45 a R$ 1.125,63. O último dado financeiro publicizado da secretaria, aponta que no ano de 2020, quando a Seel completou 21 anos de atuação no Pará, foram investidos R$ 443.614,17 em esportes.

Andreza Lima, ginasta. Foto: Arquivo Pessoal / Instagram

Andreza Lima, ginasta. Foto: Arquivo Pessoal / Instagram

À sombra do “país do futebol”

Apesar das dificuldades, Evandro afirma que o handebol do Pará é bem representado no mundo. Há, segundo ele, 23 atletas do estado atuando em ligas europeias, onde estão os melhores clubes da modalidade no mundo. Ampliar esse número é o sonho do gestor, que também atua com projetos sociais envolvendo o esporte nas periferias.

“Eu sou um homem preto da periferia, então quero trazer para quem mais precisa todo o aprendizado obtido na minha vida [por meio dos esportes]. Para começar a desenvolver crianças, não é preciso muito. Elas devem ter apenas três refeições, um bom tênis e dormir bem. Mas muitas nem isso conseguem. Temos que fazer com que essa criança, quando crescer, tenha uma bolsa de auxílio financeiro e se dedique exclusivamente ao esporte. Dessa forma, ela terá a oportunidade de ver o mundo para além do cercamento da periferia”, explica.

Evandro e Michel concordam sobre um outro desafio: o preconceito com os esportes olímpicos na Amazônia. O futebol profissional atrai milhões em investimentos, enquanto as demais modalidades são classificadas como “amadoras”, justamente, porque seus atletas não conseguem viver apenas do esporte. 

É um ciclo vicioso difícil de romper: falta apoio para se dedicar apenas ao esporte e é mais difícil conseguir apoio porque se é “classificado” como amador por não conseguir viver apenas do esporte.

E se isso mudasse? Se tiro ao alvo, natação, ginástica artística, arco e flecha, artes marciais, basquete, skate, marcha atlética ou o boxe recebessem tanta atenção financeira quanto o futebol? Ai, garantem os atletas, poderíamos assistir na Amazônia o poder transformador que as modalidades olímpicas têm em qualquer lugar do mundo: O de apontar novos talentos e mudar vidas ao mesmo tempo. Um poder imensurável que impactaria toda a sociedade, defende Michel

“Não sei se isso é algo cultural. O Governo deu recentemente três milhões de reais para cada um dos dois grandes clubes de futebol de Belém. Se parte desse dinheiro fosse colocada nos esportes amadores, o número de pessoas atingidas seria mil vezes maior. Pensar no esporte é pensar em diminuir desigualdades, [diminuir] a violência urbana“.

Time Brasil na abertura dos Jogos Olímpicos em Paris. Foto: Divulgação / Instagram Time Brasil

Time Brasil na abertura dos Jogos Olímpicos em Paris. Foto: Divulgação / Instagram Time Brasil

Potencial transformador o Esporte

O potencial que ele aponta já foi comprovado no Pará. Um outro programa estadual vem aumentando a capilaridade de modalidades esportivas nas periferias de Belém. Nas Usinas da Paz, aulas de natação, futebol de salão, vôlei, artes marciais e outros esportes atraem centenas de milhares de famílias.

Atualmente, há nove Usinas em funcionamento, sete delas localizadas em bairros da Região Metropolitana de Belém. Há ainda uma usina na cidade de Parauapebas e outra em Canãa dos Carajás, no sudeste do Estado. Segundo o Governo, outras 17 estão em construção e o objetivo é que 40 sejam erguidas. O projeto combate a violência e oferece serviços à população. Dados da Secretaria de Segurança Pública indicam redução de até 30% em índices de criminalidade nas áreas onde as Usinas da Paz foram instaladas. 

Embora criadas para combater a violência e ofertar serviços, elas podem estar também criando sonhos olímpicos entre as crianças e adolescentes atendidos nos complexos esportivos. Cabe à sociedade, aos times e clubes, ao Estado e aos patrocinadores apoiar esses sonhos para, quem sabe um dia, ver subir mais amazônidas nos pódios das olimpíadas que virão.

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Texto: Thiago Lopes
Revisão: Glauce Monteiro
Montagem da Página: Alice Palmeira
Direção: Marcos Colón

Globonews, entre as fake news e o jornalismo

Por que uma empresa com a dimensão da Globo não tem seu ouvidor, seu ombudsman? Por que se permite manipulações que comprometem o canal

Por Luis Nassif

São Tomás de Aquino dizia que uma das formas de mentira é contar apenas parte da verdade. De fato, há duas formas de notícias falsas, a mentira propriamente dita e a narrativa manipuladora, na qual uma parte da verdade serve de álibi para uma interpretação mentirosa.

As redes sociais alimentam-se de mentiras e de narrativas mentirosas. Por isso mesmo, o único diferencial das veículos de mídia é o filtro, a checagem. E isso em um país em que 46% dos brasileiros não sabem identificar as fake news, conforme reportagem da GloboNews.

Por outro lado, nos últimos tempos, o canal tentou dar um pouco de diversidade aos seus comentaristas. Contratou bons nomes, abriu espaço para bons jornalistas que andavam escondidos e que passaram a trazer luzes sobre o discurso da ultradireita. Ao mesmo tempo, reforçou o time da ultradireita, com Demétrio Magnolli e, agora, o inacreditável Joel Pinheiro da Fonseca, um  bravo defensor do comércio de órgãos humanos. E tem também o pensamento conservador consistente de Fernando Gabeira.

Agora, vamos a uma lição em poucos capítulos sobre como criar uma fake news.

Começa com a meia verdade de Magnolli:

O tal Acordo de Barbados foi liderado pela Noruega, com o apoio de muitos países, inclusive o Brasil e os Estados Unidos. Visava pacificar a Venezuela depois da tentativa de golpe de estado que mandou inúmeros conspiradores para a cadeia.

O acordo previa a libertação dos prisioneiros e a convocação de novas eleições, simples assim.

Qual é o truque de Magnolli:

  1. O acordo – apoiado pelo Brasil – propôs novas eleições.
  2. As eleições foram manipuladas, segundo os dados da oposição. Logo, o Brasil (e os Estados Unidos) apoiaram o acordo de uma eleição que, quando realizada, foi apontada (pela oposição) como manipulada.

Ou seja, utilizou uma informação verdadeira – a de que o Brasil apoiou o acordo – para uma conclusão falsa – a de que o acordo foi responsável pela eleição falsa. Sem o acordo, não haveria sequer eleições e Demétrio ficaria sem álibi para espalhar suas narrativas.

Dado o tiro de partida, entram em cena os disseminadores de fake news – perfis, verdadeiros, falsos ou irrelevantes – que tratam de multiplicar a mentira.

Ou um jornalista venezuelano.

Ou um ex-político de terma único.

Aí pergunto: empresas modernas têm departamento de compliance, ouvidoria e outras formas para garantir a qualidade dos produtos e impedir o uso espúrio da estrutura.

Por que uma empresa com a dimensão da Globo não tem seu ouvidor, seu ombudsman? Por que se permite manipulações dessa natureza, que comprometem o canal como um todo, apesar da qualidade de parte de seus comentaristas.

Brasileiras atropelam as campeãs

POR GERSON NOGUEIRA

Depois da pífia passagem pela primeira fase do torneio de futebol feminino, a seleção brasileira foi muito criticada, mas soube se reinventar depois que Marta foi suspensa e mostrou maturidade nos jogos eliminatórios. Superados os problemas de marcação e distribuição em campo, partiu para uma vitória na raça diante da França e uma espetacular goleada sobre a campeã mundial Espanha, ontem.

De repente, quando quase ninguém mais acreditava, o Brasil está de volta a uma final olímpica – com todos os méritos, diga-se. Prova de que a fase de grupos nem sempre diz muito sobre um torneio de seleções. Algumas só começam a se revelar nos jogos de mata-mata, quando a pressão aumenta e é iminente o risco de sair da competição.

Com atacantes rápidas, como Gabi Portilho, Adriana e Kerolin, a seleção ficou mais eficiente na marcação e ágil na transição, fazendo manobras de aproximação dentro do campo adversário. A Espanha, cotada para o ouro olímpico, parece ter se surpreendido com o novo Brasil.

Nervosas, as espanholas cometeram erros primários, começando pelo gol contra que abriu caminho para a vitória brasileira. A zaga deixava buracos que o ataque do Brasil soube explorar muito bem, principalmente quando o jogo ficou mais parelho na segunda etapa.

Na fase de grupos, um time quase reserva da Fúria passou sem atropelos pela seleção, missão facilitada pela expulsão de Marta. Na semifinal, a lógica seria que a Espanha triunfasse novamente. Acontece que o Brasil sem Marta é mais disciplinado taticamente e menos preocupado em priorizar uma jogadora. Por isso, corre e rende muito mais.  

A simples presença na final olímpica – sábado, 12h – já é uma conquista gigante, mas quando um time entra na briga pelo ouro não pode arrefecer. O time de Artur Elias deve muito à fibra de suas jogadoras, que assumiram a responsabilidade de salvar a campanha e estão dando conta do recado, muito além das expectativas.

Para um esporte que até hoje luta com muitas dificuldades para romper barreiras em todos os níveis, a vitória sobre a Espanha e a histórica participação nas Olimpíadas vai contribuir bastante para avançar, evoluir e conquistar mais espaços.

Djokovic: grande campeão, péssimo exemplo

O irretocável triunfo do sérvio Novak Djokovic no torneio de tênis olímpico reabriu feridas expostas durante a pandemia de covid-19 há três anos. Saudado com entusiasmo pelos fãs do esporte pela vitória sobre o espanhol Carlos Alcaraz, ele ganhou adeptos ainda mais apaixonados entre os conservadores que o Brasil viu surgir desde 2018.

Identificados com o negacionismo de Djokovic, que se recusou a tomar vacina e ainda fez comentários desestimulando as pessoas a se imunizarem, os extremistas o aplaudem como um herói, fiéis à pauta defendida pelo bolsonarismo em plena tragédia sanitária.

A afronta ao conhecimento e o desprezo pela ciência são marcas indissociáveis do discurso de ódio que contribuiu para a perda de milhares de pessoas no Brasil durante a pandemia, em grande parte pelo desleixo de um governo sem compromissos com a vida.

Djokovic é um triste símbolo mundial dessa mancha de obscurantismo, ainda hoje presente entre nós.     

Pedro Vítor: do banco para a consagração

Desde que voltou a jogar, após o longo hiato provocado por lesão grave, o atacante Pedro Vítor tem se mostrado uma peça importante quando o Remo precisa mudar a forma de jogar. Como é um driblador, que corre pelas extremas e sempre busca a finalização, ele é diferente de quase todos os demais atacantes do elenco azulino.

Na segunda-feira, com o Mangueirão lotado, ele entrou no intervalo da difícil partida com a Aparecidense. O Remo havia sido sufocado pela equipe visitante. Numa linguagem do boxe, o time paraense ficou nas cordas. Escapou por pouco de sofrer um gol.

Pedro Vítor entrou, fez duas investidas perigosas e abriu uma nova rota para atacar. Aos 9 minutos, quando a Aparecidense tentava explorar o jogo aéreo, a zaga ganhou um rebote, a bola chegou a Ribamar e este lançou Pedro Vítor na direita.

Ele correu desde antes do meio-campo até a área adversária. Quando se aproximou da trave, deu um leve toque e encobriu o goleiro. Um belo gol, que aliou velocidade e habilidade. Além da arquitetura da jogada, o gol garantiu ao Remo a vaga no G8, coisa que não acontecia há dois anos.

Talento de Robinho salva o Papão em Goiânia

O experiente Robinho foi o responsável pelo gol que impediu a derrota do PSC, segunda-feira à noite, diante do Vila Nova, em Goiânia. O jogo estava caminhando para o fim e o placar era de 2 a 1 para os donos da casa. Apesar de ter mais posse de bola e cercar a área o tempo todo, os bicolores não conseguiam acertar o alvo.

Quando Robinho substituiu Cazares e Borasi entrou na vaga de Jean Dias, as coisas começaram a mudar. As arrancadas do argentino pela direita, quase sempre lançado por Robinho, começaram a abrir rachaduras no bloqueio defensivo do Vila.

Até que, já nos acréscimos, Robinho partiu da intermediária até perto da grande área, deu um corte seco na marcação e cruzou na medida para o cabeceio do zagueiro Lucas Maia, que corria pelo centro do ataque.

A jogada confirma a importância de Robinho no elenco. De custo alto pelas poucas atuações em jogos, ele normalmente é alvo de críticas, inclusive aqui neste espaço. Desta vez, fez em segundos o que se espera de um jogador diferenciado. A assistência foi tão valiosa quanto o próprio gol.   

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 07)

Brasil goleia a Espanha e vai disputar o ouro no futebol feminino

A Seleção Brasileira feminina travou uma batalha gigantesca e heróica, nesta terça-feira (6/8), e saiu vitoriosa contra uma das favoritas ao ouro olímpico, a Espanha, atual campeã mundial. Em um jogo com várias chances para o Brasil, diante de uma seleção espanhola muito atrapalhada no setor defensivo, a equipe conquistou a vaga na final contra os Estados Unidos na raça e venceu por 4×2.

Medalhista de prata em Atenas 2004 e Pequim 2008, a Seleção começou a competição com resultados não tão favoráveis e conseguiu a classificação para o mata-mata como um dos melhores terceiros lugares do grupo com uma vitória e duas derrotas.

O Brasil, contudo, fez uma semifinal diferente dos demais jogos. No primeiro tempo, marcando em cima das espanholas, conseguiu o primeiro gol aos 6 minutos, com a pressão de Priscila em cima da goleira Cata Coll, que errou na saída de bola e chutou em cima de Irene Paredes. O gol contra abriu o placar para as brasileiras.

á nos acréscimos do primeiro tempo, Yasmin conseguiu um bom cruzamento da esquerda e a brasiliense Gabi Portilho, heroína da vitória do Brasil contra a França, apareceu de novo e marcou o segundo.

Pressionada, a Espanha chegou no segundo tempo com algumas chances claras. Mas o Brasil ainda conseguiu pressionar, desperdiçando mais de três chances de ampliar o placar.

 terceiro gol com uma linda jogada de Priscila que arrancou no contra-ataque e tocou na área para Adriana, que acertou o travessão. O rebote, entretanto, caiu na área e Gabi Portilho rapidamente ajeitou de cabeça para que Adriana marcasse de cabeça. 3×0 no placar.

Mesmo segurando a vitória, o Brasil levou um gol no final da partida. Aos 39 minutos, Salma Paralluelo fez de cabeça e esboçou uma remontada espanhola. Na sequência do lance, Alexia Putellas chutou na trave e quase fez o terceiro espanhol. 

Aos 45 da etapa final, no entanto, o Brasil ampliou novamente após a desatenção da Espanha e Kerolin saiu sozinha na frente da goleira e converteu entre as pernas de Cata Coll. No apagar das luzes, Salma Paralluelo conseguiu mais gol para a Espanha e deixou o placar 4X2. 

Com a vitória, o Brasil enfrentará os Estados Unidos na grande final olímpica, que vale a medalha de ouro. A partida está marcada para o próximo sábado (10) às 12h (no horário de Brasília).