Leão vence Londrina com 3 golaços e volta ao G8 da Série C

O Remo conquistou uma vitória importante na luta pela classificação, superando o Londrina por 3 a 0 na noite deste sábado, no Mangueirão, e voltando a ocupar a 8ª posição na tabela de classificação. Diante de mais de 25 mil torcedores, o time azulino foi superior nos dois tempos, principalmente na etapa inicial, quando saiu ganhando por 1 a 0, golaço de Ytalo (de cabeça), aos 48 minutos, após cruzamento de Rafael Castro.

A atuação azulina foi a melhor do time em toda a Série C, com pressão constante no primeiro tempo, criando pelo menos oito grandes chances de gol. Com direito a um gol de Jaderson, aos 33′, anulado erradamente pela arbitragem.

Na segunda etapa, o Leão manteve a intensidade, embora sendo mais pressionado pelo Londrina. Aos 28 minutos, Diogo Batista acertou um belo chute no canto direito do gol de Gabriel Félix, após jogada de Raimar pelo lado esquerdo. Na reta final, aos 42′, Rodrigo Alves cobrou com perfeição uma falta sofrida por Kelvin, fechando o placar em 3 a 0.

O público pagante foi de 18.406 torcedores. Com 3.631 gratuidades, o público total chegou a 22.037. Renda de R$ 511.455,00. Despesas de R$ 224.364,94. Renda líquida: R$ 287.090,06.

O próximo jogo, último desta fase, será no sábado (24) contra o São José, em Porto Alegre.

Morre Silvio Santos, ícone da TV brasileira, aos 93 anos

De camelô a empresário de sucesso, o apresentador fez história ao criar o SBT e consolidar a cultura dos programas de auditório no país

Silvio Santos, o maior ícone da TV brasileira, morreu aos 93 anos, na madrugada deste sábado (17), após ser internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O apresentador tinha voltado à unidade hospitalar no início de agosto, poucos dias depois de receber alta médica devido a um quadro de H1N1. Silvio Santos deixa seis filhas, que vão continuar o legado do pai no comando do SBT.

Silvio Santos é um marco na história da televisão brasileira. Ao longo dos últimos 60 anos esteve no ar, com passagens pelas principais emissoras, incluindo a rede Globo, até criar sua própria rede: o SBT (Sistema Brasileiro de Televisão). Porém, a própria trajetória de Senor Abravanel, nome real do apresentador, daria uma série de televisão. Ou melhor, deu um seriado (O Rei da TV) e um filme, que será lançado em 5 de setembro.

Filho do casal Alberto Abravanel e Rebeca Caro, Senor Abravanel nasceu no Rio de Janeiro em 12 de dezembro de 1930. Desde cedo se envolveu nos negócios para ajudar a família. Um dos capítulos mais conhecidos de sua vida envolve a juventude, quando trabalhou como camelô nas ruas da capital carioca – vendendo capas para Títulos de Eleitor.

O nome artístico Silvio Santos surgiu quando a carreira no rádio e televisão virou uma opção para o vendedor aumentar seus lucros. Assim, Silvio, depois da parceria com Manoel da Nóbrega, estreou nas telinhas em 1962, no programa Vamos Brincar de Forca, na TV Paulista. No ano seguinte, estreou o Programa Silvio Santos, que, desde 1963, está no ar no país.

Para Maurício Stycer, biógrafo do apresentador e autor do livro Topa Tudo Por Dinheiro, Silvio buscou a televisão e o rádio como uma maneira de ampliar os negócios e conseguir o próprio canal. Percebendo o sucesso da empreitada, Silvio Santos decidiu dobrar a aposta e passou a lutar para criar uma rede de televisão.

O sonho começou em 1976, quando o general Ernesto Geisel, um dos presidente do período da ditadura militar, concedeu ao comunicador a TVS (TV Studios) do Rio de Janeiro. Quase cinco anos depois, em 1981, o Patrão fundou o SBT.

No SBT, Silvio criou um jeito próprio de fazer televisão. Com mudanças na grade, pouco espaço para jornalismo, programas inovadores e apostas que poucos fariam, como o seriado Chaves e as novelas mexicanas. Em sua emissora, lançou nomes como Gugu Liberato, Celso Portioli, Eliana, Mara Maravilha e, mais recentemente, Maisa e Larissa Manoela.

Em 1989, na primeira eleição presidencial do Brasil após a ditadura militar, uma surpresa ocorreu: Silvio Santos decidiu sair candidato ao cargo de presidente da República.

Faltando menos de um mês para o primeiro turno, setores do Partido da Frente Liberal planejaram lançar a candidatura do empresário Silvio Santos, filiado à legenda desde 1988. Porém, o comunicador sairia por outra agremiação: o Partido Municipalista Brasileiro (PMB).

O PMB havia lançado Armando Correia, que se dispunha a renunciar. Assim, foi criada a chapa com Silvio Santos e o senador paraibano Marcondes Gadelha como vice.

A entrada de Silvio na corrida eleitora causou impacto e a Justiça Eleitoral recebeu 18 pedidos de impugnação da chapa. De acordo com pesquisas realizadas na época, a candidatura de Silvio Santos atingiu a preferência de cerca de 30% do eleitorado.

Contudo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) declarou a candidatura ilegal, por não respeitar o prazos previstos em lei. Assim, em 9 de novembro de 1989, em decisão unânime, a Corte impugnou a chapa Silvio Santos-Marcondes. A eleição ocorreu em 15 de novembro de 1989. Ao fim do processo, Fernando Collor de Mello foi eleito presidente da República.

(Com informações de O Globo, Folha de SP e Metrópoles)

SUS terá investimento de R$ 57 bilhões para ampliar produção nacional em saúde

O Sistema Único de Saúde (SUS) receberá um investimento de R$ 57,4 bilhões até 2026, destinados ao Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Ceis). O anúncio foi feito pelo secretário Carlos Gadelha durante o Encontro dos Laboratórios Oficiais do Brasil em Natal.

Este aporte financeiro visa diminuir as vulnerabilidades do SUS e expandir o acesso da população a terapias inovadoras, medicamentos, vacinas e equipamentos tecnológicos avançados. O evento foi promovido pela Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Oficiais do Brasil (Alfob), e contou com homenagens ao secretário Gadelha, reconhecendo seus 40 anos de serviços à saúde pública.

Na ocasião, foram assinados seis contratos de investimento, parte da Nova Indústria Brasil (NIB), que marca uma nova etapa da política industrial do país. Esses contratos estão alinhados com o objetivo de fortalecer o Ceis e de promover o desenvolvimento industrial nacional, fomentando emprego, renda e inovação, e melhorando a eficiência da saúde pública brasileira. (Com informações do Brasil247)

Comprometimento e foco

POR GERSON NOGUEIRA

A situação do Remo não permite hesitações. Tem que vencer o Londrina para continuar alimentando chances de classificação. O mantra da semana no Evandro Almeida foi o que projeta jogos decisivos: concentração máxima. Nenhum momento de distração, nem recuos excessivos, como na rodada passada, diante do Confiança.

É preciso entender que a tarefa dos azulinos no confronto desta noite (no estádio Mangueirão, às 21h) não é das mais simples. Exige erro zero, pois é um duelo de seis pontos. Os azulinos precisam superar um adversário qualificado, que ocupa a 7ª posição e é candidato à classificação. Além disso, não toma gol há quatro jogos.

Ao contrário do Remo, que só empatou uma vez na competição, o Londrina é o segundo que mais empatou (8 vezes), atrás apenas da Ferroviária (9). A defesa tomou menos gols (16) que a do Leão (23).

O jogo tem tudo para repetir aquele conhecido duelo de ataque contra defesa entre mandante e visitante na Série C. Algumas vezes, porém, alguns times conseguem inverter essa expectativa. A Aparecidense botou o Remo na roda dentro do Mangueirão.

Bruno Silva é um ponto de preocupação. Volante de primeiro combate à frente dos zagueiros, teve atuação inconsistente contra a Aparecidense e sobre ele recaíram todas as investidas do adversário. Na derrota para o Confiança, cometeu o pênalti desnecessário que decidiu o jogo.

A lentidão do volante terá que ser compensada com o recuo de dois homens de meio, Pavani e Jaderson, o que sobrecarrega fisicamente o setor. O ideal é que Jaderson tenha liberdade para flutuar entre a intermediária e o ataque, ajudando Pedro Vítor a superar as linhas de marcação.

Uma excelente notícia é a presença dos dois alas titulares, Diogo Batista e Raimar. Na frente, Pedro Vítor será o mais acionado pelo lado direito – e, obviamente, o mais marcado. Ytalo volta ao comando de ataque em substituição a Rodrigo Alves.

O camisa 9 volta porque tem um aproveitamento melhor nas finalizações. Joga fixo, mas é certeiro e isso pode fazer toda a diferença num jogo que se desenha amarrado na marcação e de poucas chances. (Foto: Samara Miranda/Ascom Remo)

Mudança de horário gera prejuízos ao Remo

Ainda abespinhado com a arbitragem na derrota para o Confiança, o Remo não recebeu bem a mudança de horário do jogo com o Londrina, neste sábado (17), de 17h para 21h. O mais grave é que a mudança só foi comunicada no começo da noite de ontem, após decisão unilateral por parte da CBF.

“Mais uma vez, o povo paraense é desrespeitado com atitudes unilaterais, faltando menos de 24 horas para a partida, desrespeitando os milhares de torcedores que compraram ingressos, e ainda todos os transtornos de acesso que a alteração irá causar”, protestou o Remo, em nota.

Ao longo da sexta-feira (16), o Remo acompanhou de perto as tentativas de alteração, apresentando os aspectos negativos de uma mudança, pois implicaria em prejuízos técnicos, financeiros e logísticos ao mandante.

“Nossos argumentos foram desconsiderados e, de maneira unilateral, sem qualquer sentido, a partida foi alterada para às 21h. Importante lembrar, que todas as dificuldades logísticas enfrentadas por essa viagem para Belém são enfrentadas pelos clubes paraenses em todas as competições nacionais, sem que nenhuma providência seja tomada pelos responsáveis pela organização, apesar das inúmeras comunicações apresentadas”.

Conclui que “nada jamais foi fácil para o Remo, mas com a força de nossa torcida, da história de nosso clube e dedicação de nosso plantel, iremos superar essas adversidades e, principalmente, toda essa campanha contra”.

Papão busca reencontro com a vitória   

O domingo reserva ao PSC um desafio interessante em Ribeirão Preto. Sem vencer há quatro rodadas, enfrenta o Botafogo-SP, que está a apenas dois pontos na classificação. O Papão é o 15º e o dono da casa é o 16º. Ambos lutam para fugir à incômoda vizinhança do Z4.

Em casa, o Botafogo já foi batido duas vezes. O Papão como visitante teve bons momentos, como as vitórias sobre o Ituano e a Chapecoense. Ocorre que ultimamente a equipe demonstra um certo bloqueio criativo, responsável pelo jejum de gols.

Fora do time em três partidas e mal tecnicamente diante do Santos, Nicolas reaparece fisicamente recuperado, o que favorece a recomposição do ataque, provavelmente com as presenças de Juninho e Esli García.

Há, ainda, um outro aspecto a se considerar. O PSC acaba de superar uma crise interna, que resultou na saída do executivo Ari Barros. Problemas de relacionamento costumam comprometer atuações em campo.

Mais leve, a equipe tende a reencontrar seu melhor jogo, repetindo o desempenho já mostrado em outras partidas fora de casa. A presença de Esli, goleador do time no campeonato, e a escalação de Juninho podem ajudar a recolocar as coisas nos devidos lugares.

Bola na Torre

A apresentação é de Guilherme Guerreiro, com a participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba baionense. A edição é de Lourdes Cezar. Em debate, as rodadas das séries B e C do Campeonato Brasileiro.

Ilustres e amados aniversariantes

A coluna homenageia meu filho João Gerson, aniversariante do sábado (17), e meu pai José, que estará no berço neste domingo (18). Felicidade, saúde e paz a ambos.    

(Coluna publicada na edição do Bola deste sábado/domingo, 17/18)

Coligação de Thiago Araújo pede a impugnação da chapa de Everaldo Eguchi

A coligação “Belém quer Mudança de Verdade”, que reúne os partidos Republicanos, Agir, Solidariedade, Democracia Cristã, Avante e PMB e tem como candidato a prefeito o deputado estadual Thiago Araújo, entrou, na tarde deste sexta-feira (16), com pedido de impugnação ao DRAP (Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários ) da coligação “União Bora Belém”, do candidato Everaldo Eguchi (foto), sob a acusação de registro irregular do Solidariedade como parte da coligação.

De acordo com a coligação “Belém quer Mudança de Verdade”, no último dia 26 de julho, a comissão provisória do Solidariedade Belém realizou convenção em que ficou decidido que o partido não lançaria candidatura majoritária e iria fazer parte da coligação “Belém quer Mudança de Verdade”, encabeçada por Thiago Araújo. O edital de convocação para a convenção havia sido publicado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) no dia 22 de junho.

Segundo a coligação liderada pelo Republicanos, no dia 05 de agosto, último dia para a realização de convenções políticas pelo calendário eleitoral, a comissão provisória do Solidariedade foi surpreendida com a ata de uma suposta convenção em que o partido havia deliberado pela coligação com o PRTB, partido de Eguchi.

A convenção, que agora é contestada pela coligação “Belém quer Mudança de Verdade”, teria sido presidida por uma mulher de nome Allana, que se dizia presidente da comissão provisória do Solidariedade Belém. O nome de Allana, no entanto, nunca constou da composição do partido no Sistema de Gerenciamento de Informações Partidárias (SGIP) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O próprio Solidariedade entrou com um pedido de liminar solicitando a suspensão desta segunda ata, o que foi acatado no último dia 12 de agosto pela juíza eleitoral da 76ª Zona Eleitoral que determinou “A IMEDIATA SUSPENSÃO DA ATA FAKE OCORRIDA DIA 05 e LANÇADA NO CANDEX DIA 06/08, e PROIBINDO QUE OS REQUERIDOS REALIZEM QUALQUER ATO REFERENTE AO PARTIDO”. Ainda assim, na quinta-feira, 15/08, o PRTB registrou o DRAP da coligação em que consta o Solidariedade. O pedido de impugnação protocolado pela Coligação “Belém quer Mudança de Verdade nesta sexta-feira pede a exclusão do Solidariedade da coligação “União Bora Belém”.

A imagem de um governo que trabalha

Lula posa com trabalhadores readmitidos na Fábrica de Fertilizantes no Paraná, que ficou parada por 4 anos no governo do inelegível. Um governo que gera empregos oportunidades para trabalhadores é outro nível.

O jornalismo bizarro contra Alexandre de Moraes

É um balão furado, que em breve se esvaziará. Mas é o tiro de partida para um jogo pesado, que visa repactuar a aliança com o bolsonarismo

Por Luis Nassif

A cada novo fato, mais se reforça a hipótese de que a reportagem da Folha sobre Alexandre de Moraes faz parte de uma tentativa de desestabilização do governo Lula. Ontem o jornal levantou outra “denúncia”, a de que um policial, lotado no gabinete de Moraes conseguiu informalmente dados da Polícia Civil de São Paulo.

As circunstâncias do pedido estão descritas na matéria. Moraes e sua família vinham sendo ameaçados, chantageados, através de mensagens de WhatsApp e envio de encomendas. Como conseguiram seus telefones? Porque, no banco de dados da Polícia Civil, encontrava-se a ficha do Ministro e seus familiares com todos seus dados pessoais. Ou seja, as informações partiam da base de dados da Polícia Civil paulista.

Havia um clima de conspiração explícita. Moraes estava na linha de frente, correndo riscos – ele e seus familiares – em defesa da democracia. O bolsonarismo infiltrou-se por todos os poros da República, especialmente nas polícias. Quem abriu a base de dados da Polícia aos terroristas? A chefia? Algum delegado? Algum técnico?

Aí, os brilhantes repórteres – um dos quais, Glenn Greenwald, vencedor do Prêmio Pulitzer – jogam no lixo qualquer racionalidade, qualquer presunção de isenção, e passam a exigir do Ministro o respeito às formalidades: oficiar os próprios suspeitos – a Polícia Civil paulista – e aguardar a resposta. Isso, em uma quadra da história em que terroristas ameaçavam o Ministro e seus familiares. E tudo isso ilustrado por uma foto em que Moraes parecia um monstro das fábulas.

Há várias formas de manipular a notícia. Uma é contando uma mentira. Outra é desvirtuando as conclusões.

O trabalho de Glenn é tão descabido que dois baluartes do golpismo – Ives Gandra e Janaína Paschoal – se pronunciaram, sustentando que as acusações contra Moraes não tinham nenhum fundamento.

Não se sabe até onde o jornal – e os dois repórteres – irão com essa farsa. Cada dia de vida dessa peça burlesca nunca é mais, é sempre menos na construção da reputação jornalística de ambos.

Mas é uma peça a mais a ser analisada pelo governo. É um balão furado, que em breve se esvaziará. Mas é o tiro de partida para um jogo pesado, que visa repactuar a aliança com o bolsonarismo, de olhos nas últimas jóias da coroa – Petrobrás e outras empresas públicas, que serão entregues de graça ao mercado, em caso de vitória de Tarcísio de Freitas.

Folha dá voz a Flávio Bolsonaro contra Moraes e abraça de vez bolsonarismo e golpismo

Por Antônio Mello, na Revista Fórum

Jornal adere às hordas bolsonaristas e trabalha no sentido de anular todos os processos sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, livrando de uma vez Bolsonaro e todos os golpistas

Talvez influenciada pela morte de Delfim Netto, que trouxe ao Brasil lembranças da ditadura (ditabranda para a Folha) e do AI-5, a Folha resolveu tomar como sua a célebre frase do ministro Jarbas Passarinho no dia da promulgação do infame ato: “Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência.”

Foi o que fez a Folha ao produzir a manchete com graves insinuações contra o ministro Alexandre de Moraes: “Moraes usou TSE fora do rito para investigar bolsonaristas no Supremo, revelam mensagens”.

O “fora do rito” encaixado na manchete foi o apito de cachorro para as hordas bolsonaristas saírem do esgoto e correrem para a tribuna e os tribunais em busca da salvação do inelegível, indiciado, investigado por inúmeros crimes Jair Bolsonaro e seus asseclas, assim como todos os golpistas de 8 de janeiro.

A Folha, em parceria com o jornalista Glenn Greenwald, que depois que perdeu a mãe e o marido parece ter perdido também o rumo, produziram um pastel de vento com chumbinho — o “fora do rito” da manchete.

A reportagem mostra que o ministro do STF e o presidente do TSE na época agiam combinados, como se fossem uma mesma pessoa na época. Só que eram: o ministro do STF era Alexandre de Moraes e o presidente do TSE também.

Por serem a mesma pessoa, um sabia do que o outro estava fazendo, dos processos que estavam tocando, e por isso usaram (uso o plural porque o veneno do título trata como duas uma mesma pessoa) seus assessores, com conhecimento do Procurador Geral da República (sic), para aprofundarem investigações sobre acusados de golpe e de propagadores de fake news do gabinete do ódio — ambas investigações do TSE, presidido por Moraes, e dos processos relatados pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.

Logo, as hordas bolsonaristas correram para o X, onde foram acolhidas com os braços abertos e uma postagem de boas vindas do dono do X e golpista Elon Musk, que escreveu em seu perfil na rede de que é dono: “This platform is being asked to censor content in Brazil where the censorship demands require us to violate Brazilian law! That is not right.
Esta plataforma está sendo solicitada a censurar conteúdo no Brasil onde as exigências de censura exigem que violemos a lei brasileira! Isso não está certo.

A Folha tratou de publicar a mensagem de Musk com novo título novamente golpista e bolsonarista: “X, de Elon Musk, divulga nova decisão sigilosa de Moraes contra bolsonaristas“.

Não, Folha, o ministro não tomou decisão contra bolsonaristas, os bolsonaristas é que tomaram decisões contrárias às leis do país e por isso estavam sendo tomadas atitudes para preservar a ordem pública.

Mas o serviço da Folha não estaria completo sem ouvir um “atingido” pela atuação “fora do rito” de Moraes, o filho do ex-presidente senador Flávio Bolsonaro. O Flávio Chocolate, das rachadinhas, da mansão milionária em Brasília, da Abin para pressionar a Receita, recebeu o seguinte título da Folha para suas acusações: “Cenas de Brasília: Flávio Bolsonaro pede a palavra no Senado para afirmar ver crime de Moraesem mensagens”.

O texto da reportagem é tão afinado com as palavras de Flávio que até parece que foi tudo escrito por ele:

“O gabinete do ministro ordenou por mensagens e de forma não oficial a produção de relatórios pela Justiça Eleitoral para embasar decisões do próprio ministro contra bolsonaristas no inquérito das fake news no Supremo durante e após as eleições de 2022”.

“É a desmoralização de um ministro do STF usando a máquina pública para perseguir aquele que ele considera adversário político, mais especificamente Jair Messias Bolsonaro. Não tem devido processo legal aqui, tem arapongagem”, disse o senador.

O parlamentar diz que o caso se trata de um atentado à democracia e passa a ler trechos da reportagem.

“Se isso for confirmado, é uma prova de interferência direta do então presidente do TSE dando ordens para prejudicar um candidato, desequilibrando a disputa presidencial. Algo que já suspeitávamos, mas se confirmado isso aqui, é a prova da interferência direta criminosa”, afirmou.

Num dia 13, não de dezembro, como no AI-5, mas de agosto, a Folha tirou a máscara e radicalizou o golpismo, com seu AI-5 particular, como a ditadura em 1968. Lá se foram de vez os escrúpulos do jornalão paulista.

A RESPOSTA DE ALEXANDRE DE MORAES

“O gabinete do ministro Alexandre de Moraes esclarece que, no curso das investigações do Inquérito (INQ) 4781 (Fake News) e do INQ 4878 (milícias digitais), nos termos regimentais, diversas determinações, requisições e solicitações foram feitas a inúmeros órgãos, inclusive ao Tribunal Superior Eleitoral, que, no exercício do poder de polícia, tem competência para a realização de relatórios sobre atividades ilícitas, como desinformação, discursos de ódio eleitoral, tentativa de golpe de Estado e atentado à Democracia e às Instituições”, inicia o comunicado.

Em seguida, o comunicado afirma que “os relatórios simplesmente descreviam as postagens ilícitas realizadas nas redes sociais, de maneira objetiva, em virtude de estarem diretamente ligadas às investigações de milícias digitais. Vários desses relatórios foram juntados nessas investigações e em outras conexas e enviados à Polícia Federal para a continuidade das diligências necessárias, sempre com ciência à Procuradoria Geral da República. Todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria Geral da República”.

Como golpismo e milícias rurais se articulam com o bolsonarismo na Amazônia

Repórter Brasil segue a agenda de ex-secretário do governo Bolsonaro para investigar a ascensão da banda truculenta do agro na Amazônia

Porretes vendidos em posto de gasolina no entroncamento entre a BR-163 e a Transamazônica, em Itaituba (PA). (Foto: Fernando Martinho/Repórter Brasil)

Transcrito do Repórter Brasil

DE MATO GROSSO E PARÁ – Ao longo da BR-163, é comum encontrar facas com a mensagem “Agro é top” cravada na lâmina. No entroncamento com a Transamazônica, em Itaituba (PA), dezenas de caminhões carregados de soja esperam em um posto de gasolina, enquanto no caixa vendem-se porretes com as inscrições “Respeito”, “Diálogo” e “Direitos Humanos”.

Essa é a “estrada da soja”, uma das vias mais importantes para o agronegócio na Amazônia. Liga o “nortão” de Mato Grosso aos portos do rio Tapajós, no sul do Pará. Enormes silos de grãos e centenas de bois confinados em abatedouros margeiam a rodovia.

Mas facas e porretes também fazem parte da paisagem. Há bandeiras do Brasil sobre as porteiras, outdoors em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e propagandas de clubes de tiro. Uma delas combina a imagem do político com o verde-amarelo patriota. O patrocínio é do Clube de Tiro de Sorriso (MT), cidade que mais planta soja no país. “Um povo armado jamais será escravizado”, diz a mensagem ao lado de um Bolsonaro carrancudo.

Repórter Brasil percorreu mais de 6.000 quilômetros, principalmente em estradas de terra, para investigar o lado truculento do agronegócio e seus laços com o bolsonarismo. Essa aliança encontrou solo fértil na Amazônia, onde parte da elite local está envolvida com grilagem de terras, desmatamento ilegal e milícias rurais, e obteve no governo Bolsonaro interlocução para suas demandas. Essa investigação foi feita com apoio do Rainforest Investigation Network do Pulitzer Center.

A rota foi baseada na agenda de encontros de uma figura proeminente do chamado “agrobolsonarismo”: o ex-secretário especial de Assuntos Fundiários Luiz Antonio Nabhan Garcia. Homem de confiança do ex-presidente e um dos principais expoentes da União Democrática Ruralista (UDR), entidade linha-dura do agro, Nabhan Garcia teve papel decisivo na paralisação da reforma agrária nos quatro anos do mandato de Bolsonaro.  

Entre audiências de gabinete e viagens, os 610 compromissos oficiais de Nabhan revelam como ele abriu as portas de Brasília para políticos e produtores rurais acusados de ataques aos povos do campo, como um conhecido fazendeiro de Anapu (PA) investigado por esconder o assassino da missionária norte-americana Dorothy Stang, executada em 2005.

Nabhan também recebeu produtores multados por desmatamento e flagrados por trabalho escravo. Alinhou-se ainda a empresários investigados por financiar a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, como Antônio Galvan, ex-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), e outros indiciados de Novo Progresso, Xinguara, Marabá e Redenção, também no Pará. 

Durante os quatro anos no cargo, o secretário de Bolsonaro buscou facilitar a vida de empresários acusados de violações. Em discurso a sojeiros de Mato Grosso encrencados na Justiça por apropriação indevida de terras públicas, por exemplo, disse ser possível “regularizar o que está irregular, às vezes”, como vai mostrar a segunda reportagem deste especial.

Já contra os sem-terra, indígenas e quilombolas, Nabhan encampou um discurso belicoso. Em tese, essas populações deveriam ser atendidas por sua secretaria, mas foram tratadas como “invasoras de terras” e deixaram de ser recebidas pelo governo. 

“Não vou aceitar viés ideológico de quem invade propriedade. O Brasil não é uma republiqueta. Quem invade propriedade comete crime”, disse Nabhan à Repórter Brasil em 2019, após ser questionado sobre como seria a interlocução do então governo com esses grupos.

Entrevistado novamente por telefone no início de agosto, Nabhan afirmou que cabe aos produtores rurais avaliarem o seu trabalho ao longo do governo Bolsonaro: “O produtor rural é quem paga a conta de tudo, quem paga a conta do governo. Quem avalia é ele”.

Ao ser informado de que a série de reportagens também vai trazer críticas sobre a política de reforma agrária em sua gestão, ele rebateu: “Não estou preocupado com quem critica ou deixa de criticar”.

Nabhan não ouviu as outras questões. Disse que precisava trabalhar e desligou o telefone. A reportagem ligou novamente, mas ele não atendeu. Foram enviadas oito perguntas detalhadas sobre esta investigação, mas ele não respondeu. Confira aqui a íntegra.

Do faroeste paulista para Brasília

Nabhan Garcia está longe de ser um formulador de políticas públicas. Técnico em zootecnia e agropecuária, mas sobretudo pecuarista e latifundiário, ele ocupou o cargo devido ao histórico à frente da UDR. A organização foi criada em 1985, no interior paulista, para se contrapor ao avanço do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 

Nessa época, Nabhan teve seu nome envolvido em ataques a trabalhadores sem terra do Pontal do Paranapanema, extremo oeste de São Paulo. Ele foi acusado por um fazendeiro, em depoimento à Polícia Federal, de participar da contratação e do treinamento de pistoleiros que feriram oito sem-terra a bala em 1997, durante ação da entidade para desocupar uma fazenda em Sandovalina (SP). 

Nabhan, porém, não virou réu na Justiça. A denúncia chegou até a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Terra (CPMI da Terra), instalada em 2003. Um primeiro relatório da comissão chegou a pedir o indiciamento de Nabhan e de outros fazendeiros pelos crimes, mas a articulação política de deputados da bancada ruralista conseguiu alterar o documento final e livrá-lo.

Expoente do agronegócio na política, Nabhan Garcia fez carreira como líder da União Democrática Ruralista, a entidade linha-dura no combate ao MST (Foto: Reprodução/Redes sociais)
Expoente do agronegócio na política, Nabhan Garcia fez carreira como líder da União Democrática Ruralista, a entidade linha-dura no combate ao MST (Foto: Reprodução/Redes sociais)

Ao longo dos 30 anos de presidência da UDR, Nabhan se aproximou do então deputado federal Jair Bolsonaro. “Desde quando o Bolsonaro entrou no Congresso, eu acompanho ele que, mesmo não sendo produtor rural, sempre defendeu o setor produtivo”, afirmou Nabhan naquela entrevista à Repórter Brasil

Foi ele quem abriu a porteira do agronegócio para o ex-presidente, percorrendo feiras e exposições agropecuárias nas eleições de 2018. A primeira viagem oficial daquela campanha foi um tour pelo interior paulista, iniciado em Presidente Prudente (SP), região de Nabhan, com desfecho na Festa do Peão de Barretos (SP).

A amizade com Bolsonaro fez seu nome ser cogitado para ministro da Agricultura do novo governo, mas Nabhan foi preterido pela bancada ruralista do Congresso, a quem costumava criticar, acusando-a de se preocupar mais com as grandes empresas do agronegócio do que com os produtores rurais. 

Restou-lhe a Secretaria Especial de Assuntos Fundiários e a simbólica posição de “vice-ministro da Agricultura” – inexistente na burocracia estatal, mas exibida em seu cartão de visitas e em audiências Brasil afora. 

Com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) sob seu controle, Nabhan Garcia escreveria um novo capítulo da reforma agrária no país, colocando a política fundiária a serviço do Ministério da Agricultura, algo que só havia ocorrido durante a ditadura militar (1964-85) e no governo do ex-presidente José Sarney (1985-89).

O fim da reforma agrária

Na primeira semana de governo, o Incra paralisou a reforma agrária, congelando todos os processos de compra e desapropriação de terras. Era um sinal do que seriam os quatro anos seguintes.

Pela primeira vez no século, o Incra deixou de comprar áreas para a reforma agrária, o que ocorreu efetivamente nos anos de 2021 e 2022 – um dos fatores para agravamento dos conflitos no campo. 

Houve corte de quase 40% nos gastos da autarquia, que caíram de R$ 2,8 bilhões para R$ 1,7 bilhão, entre 2018 e 2022, segundo a plataforma Siga Brasil. O governo também reduziu investimentos na agricultura familiar, que atingiu os menores patamares em 2020 e 2021, segundo a mesma fonte de dados. 

“Ele foi escolhido a dedo para o cargo, pois era explicitamente contra a reforma agrária e os movimentos sociais, e Bolsonaro assumiu dizendo que os sem-terra eram inimigos e precisavam ser combatidos”, analisa o professor da USP Adalmir Leonidio, que pesquisou a violência fundiária no Pontal do Paranapanema.

Na gestão de Nabhan Garcia, a reforma agrária foi reduzida a um programa de distribuição de títulos de propriedade. O foco passou a ser a regularização fundiária, em detrimento da criação de novos assentamentos. “Esse programa é um retrocesso, pois coloca as terras públicas no mercado e facilita a concentração fundiária [por fazendeiros]”, avalia a presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), Yamila Goldfarb. 

Rondon do Pará, Pará, Brasil 27-09-2023 Retratos de pequenos agricultores de assentamenro próximo de Rondon do Pará. Série de reportagens do projeto Pulitzer Center sobre violência no campo. Percorremos assentamentos e acampamentos em várias cidades do Mato Grosso e Pará, mostrando como a política do governo do ex–presidente Jair Bolsonaro amplificou a violência na Amazônia. ©Foto: Fernando Martinho
Anapu, Pará, Brasil 23-09-2023 Reunião no Centro de formação São Rafael com o túmulo da freira Dorothy Stang ao fundo em Anapu. Série de reportagens do projeto Pulitzer Center sobre violência no campo. Percorremos assentamentos e acampamentos em várias cidades do Mato Grosso e Pará, mostrando como a política do governo do ex–presidente Jair Bolsonaro amplificou a violência na Amazônia. ©Foto: Fernando Martinho
Marabá, Pará, Brasil 27-09-2023 A sindicalista ameaçada de morte Maria Joel Dias da Costa (camisa azul) visitando pequenos produtores rurais, sempre escoltada por dupla de policiais militares em assentamento próximo de Rondon do Pará.  Série de reportagens do projeto Pulitzer Center sobre violência no campo. Percorremos assentamentos e acampamentos em várias cidades do Mato Grosso e Pará, mostrando como a política do governo do ex–presidente Jair Bolsonaro amplificou a violência na Amazônia. ©Foto: Fernando Martinho
Redenção, Pará, Brasil 30-09-2023. Imagens do assentamento Buriti ou Deus é Pai no município Santa Maria das Barreiras. Os moradores não podem ser identificados por motivos de segurança. Série de reportagens do projeto Pulitzer Center sobre violência no campo. Percorremos assentamentos e acampamentos em várias cidades do Mato Grosso e Pará, mostrando como a política do governo do ex–presidente Jair Bolsonaro amplificou a violência na Amazônia. ©Foto: Fernando Martinho
Redenção, Pará, Brasil 30-09-2023. Imagens do assentamento Buriti ou Deus é Pai no município Santa Maria das Barreiras. Os moradores não podem ser identificados por motivos de segurança. Série de reportagens do projeto Pulitzer Center sobre violência no campo. Percorremos assentamentos e acampamentos em várias cidades do Mato Grosso e Pará, mostrando como a política do governo do ex–presidente Jair Bolsonaro amplificou a violência na Amazônia. ©Foto: Fernando Martinho
Nova Ipixuna, Pará, Brasil 25-09-2023 Pequenos agricultores jogando cartas em barraco de lona e palha no Acampamento São Vinícius em Nova Ipixuna. Série de reportagens do projeto Pulitzer Center sobre violência no campo. Percorremos assentamentos e acampamentos em várias cidades do Mato Grosso e Pará, mostrando como a política do governo do ex–presidente Jair Bolsonaro amplificou a violência na Amazônia. ©Foto: Fernando Martinho
Rondon do Pará, Pará, Brasil 27-09-2023 Abacaxis colhidos por Francisco Vieira da Silva, pequeno agricultor de assentamenro próximo de Rondon do Pará. Série de reportagens do projeto Pulitzer Center sobre violência no campo. Percorremos assentamentos e acampamentos em várias cidades do Mato Grosso e Pará, mostrando como a política do governo do ex–presidente Jair Bolsonaro amplificou a violência na Amazônia. ©Foto: Fernando Martinho
Rondon do Pará, Pará, Brasil 27-09-2023 Abacaxis colhidos por Francisco Vieira da Silva, pequeno agricultor de assentamenro próximo de Rondon do Pará. Série de reportagens do projeto Pulitzer Center sobre violência no campo. Percorremos assentamentos e acampamentos em várias cidades do Mato Grosso e Pará, mostrando como a política do governo do ex–presidente Jair Bolsonaro amplificou a violência na Amazônia. ©Foto: Fernando Martinho
Anapu, Pará, Brasil 20-09-2023 Carne de porco  do casal de agricultores Gleisson Oliveira dos Santos e Valmicélia Souza Santos no seu barraco no lote 109 do acampamento da Gleba Monte próximo de Anapu. Série de reportagens do projeto Pulitzer Center sobre violência no campo. Percorremos assentamentos e acampamentos em várias cidades do Mato Grosso e Pará, mostrando como a política do governo do ex–presidente Jair Bolsonaro amplificou a violência na Amazônia. ©Foto: Fernando Martinho
Anapu, Pará, Brasil 21-09-2023 O pequeno agricultor Aguinaldo Costa Lima e seu viveiro com mudas de pés de cacau no Projeto de Assentamento Dorothy Stang, próximo de Anapu. Série de reportagens do projeto Pulitzer Center sobre violência no campo. Percorremos assentamentos e acampamentos em várias cidades do Mato Grosso e Pará, mostrando como a política do governo do ex–presidente Jair Bolsonaro amplificou a violência na Amazônia. ©Foto: Fernando Martinho
Vozes silenciadas: atacados pelo agronegócio, camponeses são ameaçados e vítimas de despejos ilegais. Sem amparo das forças de segurança, não podem mostrar o rosto, pois sentem medo (Fotos: Fernando Martinho/Repórter Brasil)

O ‘ogronegócio’ vai a Brasília

A chegada de Nabhan Garcia ao Planalto tem ainda outro elemento: a ascensão do Movimento Brasil Verde e Amarelo no agronegócio brasileiro.

Criado como frente de oposição ao segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a articulação ganhou força durante o processo de impeachment e se alinhou a Jair Bolsonaro nas eleições de 2018, explica o antropólogo Caio Pompeia, autor do livro “A formação política do agronegócio” (Editora Elefante, 2021).

Um de seus principais líderes era Antônio Galvan, acusado de financiar a tentativa de golpe de estado contra o governo Lula em 8 de janeiro de 2023 – e “amigo particular” de Nabhan. Procurado pela Repórter Brasil, Galvan não retornou os contatos.

Antes de Bolsonaro chegar ao poder, Galvan e Nabhan mobilizaram fazendeiros e pecuaristas descontentes com as elites do agro, por se sentirem rejeitados por elas, avalia Pompeia.

Segundo o pesquisador, Bolsonaro viu nesse grupo marginal uma oportunidade de apoio político. Uma vez no governo, o ex-presidente encampou pautas que agradavam esses fazendeiros, como a redução de impostos rurais e a flexibilização das políticas ambientais. A esse grupo Pompeia dá o nome de “agrobolsonarismo”.

Já as elites do agronegócio, por outro lado, representadas por associações como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), mantiveram uma postura mais pragmática, segundo Pompeia, negociando pauta a pauta com o governo de extrema direita.

Fachada de comércio e clube de tiro em Marabá, no sul do Pará. Registros de armas de fogo triplicaram no estado entre 2017 e 2022, segundo a PF (Foto: Fernando Martinho/Repórter Brasil)
Fachada de comércio e clube de tiro em Marabá, no sul do Pará. Registros de armas de fogo triplicaram no estado entre 2017 e 2022, segundo a PF (Foto: Fernando Martinho/Repórter Brasil)

Quem definiu as diferenças entre esses dois grupos do agro de maneira menos sutil do que “agrobolsonarismo” foi a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Durante audiência na Câmara dos Deputados em maio de 2023, ela disse que o governo iria apostar na transição para agricultura de baixo carbono para tirar o agronegócio brasileiro da condição de “ogronegócio”.

Um deputado reagiu, disse que a ministra estava desrespeitando os produtores rurais com o termo ogro (monstro) e que a ministra queria somente “lacrar”. “Eu sou uma mulher preta, pobre, que chegou aqui porque ralou muito, não porque lacrou”, respondeu a ministra. 

O termo já havia sido usado anteriormente pelo diretor do Instituto Socioambiental (ISA), Márcio Santilli, que já foi presidente da Funai e deputado federal.

“Pensei nessa expressão para fazer um contraponto com o agronegócio, que em seu cerne não tem vinculação com expansão da fronteira agrícola, desmatamento e invasão das terras públicas. O ogro é uma parte do agronegócio que cumpre essa função”, explica Santilli. 

Esta reportagem teve apoio da Rainforest Investigations Network, do Pulitzer Center. 

Efeito Lula: desemprego cai a 6,9% e é o menor em dez anos

A taxa de desemprego caiu de 7,9% para 6,9%. É a menor taxa desde 2014, há 10 anos

Do Brasil de Fato

A taxa de desemprego recuou em 15 das 27 unidades da federação no segundo trimestre deste ano em relação ao primeiro trimestre. Nos demais locais, a taxa ficou estável. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad-C), divulgada nesta quinta-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A maior queda foi observada na Bahia (-2,9 pontos percentuais), já que o estado passou de uma taxa de desocupação de 14% no primeiro trimestre para 11,1% no segundo trimestre. Apesar disso, o mercado de trabalho baiano apresenta o segundo maior índice do país, ficando atrás apenas de Pernambuco (11,5%).

A média da taxa de desemprego no país caiu 1 ponto percentual, passando de 7,9% para 6,9% no período, conforme divulgado no fim de julho.

Além da Bahia, outros nove estados tiveram queda acima da média nacional: Piauí (-2,4 pontos percentuais, ao passar de 10% para 7,6%), Amazonas (-1,9 ponto percentual, ao passar de 9,8% para 7,9%), Alagoas (-1,8 ponto percentual, ao passar de 9,9% para 8,1%), Tocantins (-1,7 ponto percentual, ao passar de 6% para 4,3%), Acre (-1,7 ponto percentual, ao passar de 8,9% para 7,2%), Espírito Santo (-1,4 ponto percentual, ao passar de 5,9% para 4,5%), Maranhão (-1,1 ponto percentual, ao passar de 8,4% para 7,3%), Ceará (-1,1 ponto percentual, ao passar de 8,6% para 7,5%) e Pará (-1,1 ponto percentual, ao passar de 8,5% para 7,4%).

Minas Gerais e São Paulo tiveram a mesma queda da média nacional, sendo que o primeiro recuou de 6,3% para 5,3% e o segundo, de 7,4% para 6,4%.

Com quedas menos intensas do que a média nacional, aparecem Goiás (-0,9 ponto percentual, ao passar de 6,1% para 5,2%), Rio de Janeiro (-0,7 ponto percentual, ao passar de 10,3% para 9,6%) e Santa Catarina (-0,6 ponto percentual, ao passar de 3,8% para 3,2%). Este último estado apresentou a taxa mais baixa entre todas as unidades da federação.

Mato Grosso e Rondônia mantiveram-se estáveis e com taxas semelhantes a Santa Catarina (3,3%). Ainda na casa dos 3 pontos, aparece Mato Grosso do Sul, com 3,8%.

Além desses, apresentaram estabilidade na taxa de desocupação, Paraná (4,4%), Rio Grande do Sul (5,9%), Roraima (7,1%), Paraíba (8,6%), Amapá (9%), Sergipe (9,1%), Rio Grande do Norte (9,1%), Distrito Federal (9,7%) e Pernambuco (11,5%).

Rendimento

Apenas quatro estados tiveram aumento de rendimento médio real mensal habitual do primeiro para o segundo trimestre deste ano: Rondônia (8,7%), Pernambuco (8,5%), Ceará (7,2%) e Rio Grande do Sul (5%). As demais unidades da federação mantiveram os valores estáveis.

Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, no entanto, o rendimento cresceu em dez estados: Rio Grande do Norte (19,8%), Bahia (15,9%), Rondônia (13,3%), Maranhão (9,2%), Rio Grande do Sul (8,9%), Minas Gerais (7,5%), Paraná (6,7%), Mato Grosso (6,3%), São Paulo (6%) e Santa Catarina (5,5%).

O Distrito Federal continua com o maior rendimento médio (R$ 5.154), enquanto o Maranhão segue com o menor valor (R$ 2.088).