Alepa aprova criação de Conselho de Migrantes no Pará

Deputados da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), sob a presidência do deputado Chicão (MDB) aprovaram, na manhã desta terça-feira (27), o Projeto de Lei n° 369/2024, que altera a legislação sobre migração no Pará. A matéria objetiva a alteração da ementa e a inclusão de dispositivo sobre a criação do Conselho Estadual de Migrantes, Solicitante de Refúgio, Refugiados e Apátridas na Lei Estadual nº 9.662, de 12 de julho 2022; e a sua vinculação à estrutura organizacional da Secretaria de Estado de Justiça (Seju), por meio da Lei Estadual nº 7.029, de 30 de julho de 2007.

A legislação sobre migrantes do Pará estabeleceu políticas e serviços públicos sob a articulação da Seju. Os objetivos são garantir ao migrante que chega ao Pará o acesso a direitos sociais e aos serviços públicos; a promoção e o respeito à diversidade e à interculturalidade, na prevenção a violações de direitos; fomentar a participação social e desenvolver ações coordenadas com a sociedade civil.

Patrimônio cultural

Três projetos de lei de Patrimônio Cultural do Pará foram aprovados: a proposta nº 696/2023, da deputada Diana Belo (MDB), declara a Festividade de São Miguel Arcanjo, em São Miguel do Guamá/PA Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial para o Pará; o Projeto de Lei nº 830/2023, do deputado Josué Paiva (Republicanos), que reconhece e declara como Patrimônio Cultural de Natureza Material e Imaterial para o Pará a Feira Agropecuária de Xinguara – FAX, no município de Xinguara; e o Projeto de Lei nº 825/2023, do deputado Carlos Bordalo (PT), que declara como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Pará a tradição cultural e folclórica Samba de Cacete, presente em comunidades quilombolas do baixo rio Tocantins.

A justificativa da última proposta diz que a manifestação popular surgiu das cantigas tradicionais das comunidades remanescentes de quilombos, principalmente o Quilombo de Itapocu, na região de Cametá, que fala da tristeza de ser escravo. Tradicionalmente embalava os mutirões comunitários, iniciando na véspera dos eventos e se estendendo até a manhã seguinte. As variadas melodias e as letras do samba são antigas e falam do tempo da escravidão.

O nome Samba de Cacete se deve ao instrumento usado para dar marcação à música, os cacetes, dois pedaços de pau que são batidos no curimbó, cadenciando o ritmo. Essas manifestações ainda estão presentes na região do Baixo Tocantins, nas localidades de: Igarapé-Miri, Cametá, Mocajuba e Baião, assim como nos locais remanescentes de quilombo, como: Mola, Juaba, Tomasia, Laguinho e Igarapé Preto, Carapajó, Curuçambaba e Maranhãozinho. As deputadas Livia Duarte (PSOL) e Maria do Carmo (PT) parabenizaram a proposta.

Decreto Legislativo

O Projeto de Decreto Legislativo nº 32/2024, da Mesa Diretora, ratifica o Convênio ICMS 70/24, celebrado pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), nos termos estabelecidos no art. 4º da Lei nº 5.530, de 13 de janeiro de 1989, com redação dada pela Lei nº 9.389, de 16 de dezembro de 2021. A matéria disciplina o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS.

A força começa na defesa

POR GERSON NOGUEIRA

No clima de euforia que tomou conta da torcida azulina depois da classificação à segunda fase da Série C, alguns pontos ficaram um pouco de lado nas discussões sobre a campanha do Remo e a arrancada nas rodadas finais. Um aspecto que passou quase despercebido foi a evolução do setor defensivo do time, depois de falhas que atrapalhavam a caminhada e intranquilizavam o torcedor.

Com o sistema 3-4-3 adotado desde a estreia de Rodrigo Santana, contra o Sampaio Corrêa (2 a 1), em São Luís, o Remo ganhou uma estrutura tática. Algo inexistente no período em que o time foi dirigido por Gustavo Morínigo. Foi uma mudança drástica e necessária.

Ao definir os três zagueiros – revezando inicialmente Ligger, Rafael Castro, João Afonso e Bruno Bispo –, Santana procurou dar mais segurança defensiva e ao mesmo tempo aumentar a força ofensiva pelos lados, com o aproveitamento de Diogo Batista e Raimar nas alas.

Apesar de boas performances no sistema de três zagueiros, o Remo sofria com a instabilidade no meio-de-campo, onde faltava movimentação e intensidade. A marcação ficou entregue a Pavani, Paulinho Curuá e Jaderson, mas depois passou a ter eventualmente Adson como opção.

Não era o encaixe perfeito, mas o Leão foi avançando. Ganhando jogos e acumulando algumas derrotas inesperadas, como diante do São Bernardo no Baenão e diante de ABC e Ferroviária lá fora. Nas circunstâncias, a equipe podia ter vencido.  

O que foi inicialmente um período de incertezas acabou se tornando depois uma fase de consolidação do esquema tático e das escolhas para cada função. Nesse sentido, o meia Jaderson teve papel fundamental, desdobrando-se entre uma intermediária e outra para ligar o meio ao ataque e até aparecer para finalizar algumas jogadas.

Foi uma peça importantíssima pela liderança técnica. Aquele tipo de jogador que recebe e assina todas as bolas, ajustando alguns lances e corrigindo outros. Com o crescimento de Diogo Batista e Raimar pelos lados, o time tornou-se mais forte pela variação de jogadas na frente.

Esse repertório foi desenvolvido a partir da confiança em torno do trabalho da última linha de zagueiros e da funcionalidade dos jogadores de meio, Pavani e Jaderson à frente. Quando Bruno Silva foi contratado, o equilíbrio entre marcação e criação foi se estabelecendo, a cinco rodadas do final.

Apesar de atuar mal na estreia diante da Aparecidense e vacilar diante do Confiança, cometendo um pênalti bobo, o volante deu à equipe um toque de experiência e liderança que até então fazia falta.

Bruno Silva e Ligger não jogam amanhã, mas o time tem hoje um setor defensivo firme, que saberá encarar o duelo com o Botafogo-PB com os substitutos que forem escalados. Ao mesmo tempo, dizer que o Remo é apenas forte na defesa não conta a história toda. O ataque também evoluiu, mas falaremos sobre isso amanhã. (Foto: Samara Miranda/Ascom Remo)

Papão contabiliza 9 baixas para jogo com o Goiás

O confronto de domingo, no estádio da Serrinha, em Goiânia, é um dos mais importantes da campanha do PSC na Série B. Por várias razões, a começar pelo fato de que é um momento de virada de página na competição e o time acumula sete jogos sem vencer, aproximando-se cada vez mais da zona de rebaixamento.

A partida é importante também porque pode inspirar uma jornada de superação, pois chega a nove o número de jogadores lesionados e suspensos. Cazares (suspenso) e os lesionados Lucas Maia, Nicolas, Edinho, Léo Pereira, Kevyn, Paulinho Boia, Jean Dias e Borasi.

Contra um Goiás sempre difícil de ser batido em seus domínios, o Papão terá que se desdobrar com os possíveis substitutos. Ruan Ribeiro, Netinho, Yony González, Esli García, Val Soares, Robinho e Bryan.  

Pep, City e o futebol ganham muito com volta do Oasis

Na terça-feira, 25, os irmãos Liam e Noel Gallagher assombraram o mundo do rock com o anúncio da volta do Oasis para 14 shows no Reino Unido em 2025, após uma pausa de 15 anos na carreira. Pegas de surpresa, a internet e a grande mídia foram imediatamente inundadas pelas notícias sobre a banda de Manchester e a lembrança de seus grandes hits.

Um dos vídeos mais postados não mostra Liam e Noel em ação, mas o técnico Pep Guardiola nos vestiários do Manchester City em plena celebração de uma vitória, cantando (muito bem) o hit “Don’t Look Back in Anger” (“Não olhe para trás com rancor”).

A identificação de Pep e do City com a banda é histórica. Os irmãos são vistos sempre nos jogos e a presença de Noel é obrigatória nas comemorações pelos muitos títulos conquistados na era Guardiola.

Com o Oasis de volta à cena, novas manifestações de carinho dos jogadores e do público devem se repetir, como nas ocasiões em que músicas da banda foram entoadas pela torcida nas arquibancadas do Etihad Stadium.

Pep é amigo pessoal de Noel, que é o mais expansivo torcedor da dupla, embora Liam também seja fanático pelo City. Ao desembarcar na Inglaterra para assumir o comando do time, o técnico foi entrevistado pelo próprio guitarrista, que mostrou amplo conhecimento sobre futebol.  

O retorno coincide com o aniversário de 30 anos do lançamento do disco de estreia, “Definitely Maybe” (1994), fundamental na história do Oasis, com vários sucessos definitivos. “Rock ‘n’ Roll Star”, “Shakermaker”, “Supersonic”, “Live Forever” e “Cigarettes & Alcohol”.

Em recentes shows de sua carreira solo, Noel Gallagher mantém um totem de Guardiola no palco, em tributo ao técnico e ídolo do clube. O que dá bem a dimensão do fanatismo pelo City.

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 30)

Papão precisa afugentar a crise

POR GERSON NOGUEIRA

O baixo astral que assola o PSC nas últimas semanas, em função da sequência de sete jogos sem vitória, começa a afetar o ambiente do clube, como provam as cenas de pancadaria dentro do estádio da Curuzu depois do empate diante do Mirassol, na última segunda-feira.

Clubes de grandes torcidas sofrem mais do que os outros, pois precisam prestar contas. E, no futebol, esse tipo de prestação só é pago com vitórias, justamente o que anda faltando na campanha bicolor na Série B.

É bem verdade que o PSC teve um começo ruim na competição. Ficou exatamente sete partidas sem vencer – três derrotas e quatro empates –, o que gerou desconfianças quanto ao verdadeiro potencial do time.

O jejum foi quebrado, em grande estilo, contra o América-MG, que era então o melhor time do campeonato. Por 2 a 0, o PSC saiu vitorioso diante da Fiel torcida na Curuzu, mostrando força e organização.

Depois disso, a equipe viveu seu melhor momento, acumulando sete jogos de invencibilidade. Foi quando o Papão chegou à 9ª colocação, ensaiando uma arrancada rumo às primeiras posições. Ficou na vontade.

Logo em seguida, o time voltou a declinar tecnicamente, passando a sofrer nas partidas como visitante e também dentro de casa. Uma série de desfalques, por contusões e suspensões, prejudicou o desempenho, mas não explica por completo a derrocada que perdura até hoje.

A atual má fase está diretamente vinculada aos problemas extracampo, expostos pela primeira vez pelo lateral Edilson, à saída de campo após a derrota por 3 a 1 para o Grêmio Novorizontino, na Curuzu.

Nos bastidores, porém, a fogueira das vaidades estava a pleno vapor. No centro da confusão, um conflito explícito entre o técnico Hélio dos Anjos e o executivo Ari Barros. Diante do ultimato feito pelo treinador, a diretoria decidiu se livrar do executivo.

Por consequência, todos os poderes passaram a ser encampados pelo técnico, para o bem e para o mal. As divisões hierárquicas no futebol do clube ficaram nubladas, e desde então seguem do mesmo jeito.

Em campo, maus resultados têm o condão de aquecer ainda mais a temperatura. Nos três últimos jogos, o time sofreu com a ausência de titulares importantes. Derrotas (Brusque, Novorizontino, Santos e Avaí) e empates (Vila Nova, Botafogo-SP e Mirassol) empurram o Papão para a parte inferior da tabela e irritam o torcedor.    

Para o jogo que pode exorcizar a crise, domingo, contra o Goiás em Goiânia, os desafios começam pelo excesso de baixas. Cazares está suspenso pelo terceiro cartão amarelo. Lucas Maia, Léo Pereira, Borasi, Edinho, Jean Dias, Nicolas, Kevyn e Paulinho Boia estão lesionados.

As opções para compor meio e ataque são Yony González, Esli García, Ruan Ribeiro, Juninho, Robinho, Netinho e Brendan.

Superar as ausências, montar um time competitivo e surpreender o Goiás. É tudo o que o PSC precisa para conter o clima de insatisfação que já ameaça até a posição de intocável do técnico Hélio dos Anjos. (Foto: Jorge Luís Totti/Ascom PSC)

Incertezas na defesa preocupam o Leão

A evolução técnica que conduziu o Remo à classificação passa indiscutivelmente pelo desempenho da defesa, que se tornou uma das mais sólidas da Série C nas rodadas decisivas da primeira fase. O que antes era motivo de intranquilidade se tornou o ponto alto da equipe – apenas 2 gols sofridos desde a 14ª rodada.

Com os cartões recebidos por Ligger e Bruno Silva, o equilíbrio do sistema defensivo fica ameaçado, dependendo de novas configurações para que a equipe não sofra diante do 3º melhor ataque da Série C. O Botafogo-PB marcou 33 gols em 19 partidas.

A princípio, dependendo ainda dos treinos da semana, o Remo terá Bruno Bispo substituindo a Ligger e Paulinho Curuá (ou Adson) no lugar de Bruno Silva. Bispo foi titular em boa parte do campeonato, mas perdeu espaço com a chegada de Rodrigo Santana.

Curuá entra regularmente na equipe e já chegou a ser testado na linha de três zagueiros, em função do jogo aéreo. Para encarar o Botafogo sem modificar o sistema 3-4-3, é provável que o técnico prefira as substituições óbvias, entrando com Bispo e Curuá.   

Record volta à Série A após acordo com Liga Forte

Um anúncio da Rede Record, anteontem, abalou as estruturas do modelo de transmissão de jogos da Série A. A emissora firmou acordo com a Liga Forte União para transmitir os jogos do Brasileiro a partir de 2025. Com contrato válido até 2027, Record volta à cobertura da maior competição do futebol brasileiro depois de 19 anos. Estimado em R$ 210 milhões anuais, o contrato cobrirá a transmissão de 38 partidas por ano.

Os principais times se dividem em dois blocos: a Liga Forte União e a Libra. A LFU inclui Atlético-PR, América-MG, Atlético-GO, Avaí, Botafogo, Corinthians, Chapecoense, Ceará, Coritiba, Criciúma, CRB, Cruzeiro, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Sport, Vila Nova e Vasco.

A Libra tem acordos com ABC, Atlético-MG, Bahia, Brusque, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Paysandu, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo e Vitória. Caso o acordo com a Record se concretize, a Globo perderá a exclusividade na transmissão do Brasileiro.

Outra novidade: a Livemode, empresa que intermediou o acordo, negocia com o YouTube a transmissão das partidas em modelo pay-per-view. A Record, por sua vez, planeja montar uma equipe fixa de esportes a partir de janeiro de 2025. 

A Liga Forte União sugere que as plataformas abertas exibam os jogos às quartas-feiras, às 19h30, ou aos sábados, às 16h. Além disso, a Record expressou interesse em explorar o filão dos domingos.

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 29)

Oasis nos torna (de novo) jovens e invencíveis, mas não ingênuos

Por Fabiana de Carvalho, no Splash/UOL

Imagem: Samir Hussein/Getty Images

‘Ei, se mantenha jovem e invencível, porque sabemos exatamente o que somos. E venha o que vier, somos imparáveis, porque sabemos o que somos’*, diziam eles. O ano era 1997, e o disco, ‘Be Here Now’, o suposto ponto final do britpop.

Àquela altura, o Oasis era a maior banda do mundo — o Blur até podia ser melhor, mas o Oasis sempre foi muito mais legal, vai — e parecia que não tinha erro: a gente ia, sim, se manter jovem e invencível para sempre. O Liam, o Noel, o Oasis. Meus amigos. Eu.

Mas aí começaram os discos mais ou menos. As brigas deles começaram a ficar mais sérias e sem graça. O show em São Paulo em 1998 foi ótimo, o do Rock in Rio em 2001 já nem tanto, mesmo tendo um ex-Ride de verdade no baixo.

Admito que passei uns anos sem ligar tanto, existem várias músicas que eu mal conheço ou nem sei direito de que discos são. Me empolguei com o primeiro disco e até fui a um show da banda nova do Noel, mas tudo isso antes de ele virar um senhor patético defensor do Brexit e que fala mal da Escócia.

Já o Liam, esse só melhorava. De babaca mor a melhor respondedor (de entrevistas a desaforos) e dono de discos solo que rejuvenescem mais do que procedimentos cirúrgicos, ‘our kid’ nos lembrava que ficar mais velho não precisa ser ficar mais chato.

Imagem: Jose Jordan/AFP

Certas músicas ou certas bandas são trilhas sonoras para acontecimentos, fases ou mesmo sentimentos muito específicos na vida da gente. Oasis nunca foi minha banda favorita. Nunca foi top 5. Mas é quem faz passar aquele ‘filminho’ na mente. Sempre foi.

Quando eu comecei a prestar atenção de verdade em música, todo moleque (inglês) queria ter uma banda e ser os novos Smiths. O Noel, com uma guitarra que ganhou do próprio Johnny Marr, não. Ele chegou dizendo — e tendo certeza — que não precisava disso porque era melhor. Acima do Oasis? Só os Beatles. E olhe lá também.

Claro que, racionalmente, não é bem assim. Mas, ah, quando você estava na sua pista favorita, quando você colocava para tocar os CDs (antigamente era assim, não tinha streaming) ou quando eles subiam no palco, quando você ouvia bem alto “aquelas” guitarras e “aquele” vocal anasalado e aquelas loooongas sílabas como ninguém mais faz igual… ‘quem quer estar sozinho quando a gente pode se sentir vivo em vez disso?’**

Oasis é a banda de quando a gente era jovem. E invencível. E imparável. E tinha a vida toda pela frente. Todas as possibilidades e chances. O mundo inteiro para explorar, um milhão de escolhas e ninguém podia nos deter. ‘Quando eu era jovem eu achava que tinha minha própria chave’***, eles cantavam ainda em 1994, lembra?

Lógico que ninguém é ingênuo e é tudo por dinheiro. Mas e daí? Não é pra isso que estamos todos aqui no final das contas?

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  • * “Stay Young” é um b-side de “D’You Know What I Mean”, do terceiro disco do Oasis, “Be Here Now”, e foi lançada em 1997
    ** “Acquiesce” é um b-side de “Some Might Say”, do segundo disco do Oasis, “What’s the Story (Morning Glory)”, e foi lançada em 1995
    *** “Fade Away” é um b-side de “Cigarettes & Alcohol”, do primeiro disco do Oasis, “Definitely Maybe”, e foi lançada em 1994

A leniência de Paulo Gonet fez vicejar um Marçal

“O que Paulo Gonet está fazendo é trabalhando pela ideologia na qual acredita, a da direita”, escreve Denise Assis

Por Denise Assis, no Brasil247 (*)

A colega jornalista Helena Chagas externou, hoje, no X, a sua indignação, ao escrever: “É espantoso, imperdoável, que apenas hoje, quase seis meses depois de iniciado o processo, o Conselho de Ética da Câmara vai analisar a cassação de Chiquinho Brazão, preso como mandante do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Depois da provável aprovação lá é que a perda de mandato irá a plenário — sabe Deus quando. Ao protelar essa decisão, qual é a mensagem que os deputados, eleitos pelo povo, passam ao país? Que não é importante punir o responsável por um crime brutal? Ou que, por ser um de seus pares, o sujeito pode tudo?”

Pode, Helena. Pode. Vimos desfilar diante dos nossos olhos, uma Carla Zambelli de arma em punho, cruzando as ruas movimentadas de São Paulo, na véspera da eleição, quando todos sabemos ser proibido o porte de arma, perseguindo um jornalista, apenas porque ele cantarolou uma música que não lhe cai bem no gosto. Vimos a mesma deputada contratar um hacker para simular um código fonte, a fim de impressionar uma plateia ávida pelo golpe, em Sete de Setembro de 2022. O que aconteceu? Nada…

Vimos um deputado jovem, subir à tribuna ostentando uma peruca loura e fazer deboche da condição de uma deputada trans. O que aconteceu? Nada…

Vimos um senador, o Marcos do Val (Podemos-ES), da ultradireita, ameaçar um ministro do Supremo Tribunal Federal com “um fim trágico”. Por fim entenda-se, morte, e por trágico compreenda-se violência. O que aconteceu? Nada…

E, voltando quase dois anos para trás, vimos um país perplexo assistir a cenas de vandalismo e terror nos dias 12 e 24 de dezembro de 2022, e outras tantas de barbárie no 8 de janeiro de 2023, porque alguém perdeu uma eleição que se pretendia democrática, mas como última cartada, em desespero, prosseguiu com o seu plano golpista, que de resto nunca foi suspenso, até os dias de hoje. Pode quem quiser descansar e achar que com uma frente ampla e alguns telefonemas de chefes de estado internacionais o poder está sob controle. Não está.

A carga que o jornal Folha de São Paulo tem feito sobre o ministro que preside os inquéritos sobre fake news e que abarca todos esses episódios pró golpe, não tem outro propósito a não ser enfraquecer o poder do STF – vide as PECs da vingança -, e abalar a estrutura de um governo que vai muito bem na economia, espetando na cara do mercado índices positivos, tal como a criação de mais 200 mil empregos, no mês anterior, mas politicamente se equilibra. 

Pode-se criar “pautas positivas” à vontade. Porém, o tecido político está esgarçado, quando do ponto de fervura da indignação crescida no auge da desrupção do 8 de janeiro, até o do anúncio de um novo presidente do Banco Central – nitidamente uma medida para acalmar o mercado, que se bandeou para os braços de um fascista, com folha corrida na Polícia-, há um espaço de tempo em que vicejou a desfaçatez e a naturalização do crime.

Houve tempo para que o encolhido Jair Bolsonaro e seus filhinhos amestrados saíssem da toca onde estavam encolhidos de medo e se arvorassem do alto de um caminhão de som na Paulista, a clamar por anistia. (Isso foi só o início da ideia). Houve tempo suficiente para, a partir do brado por anistia ela virasse uma PEC. Houve espaço para que ela começasse a tramitar e, mesmo sendo uma ideia escalafobética, pois nem crime há, ainda, para ser anistiado, que ela virasse tema de discussão levado “a sério”.

Houve, ainda, espaço para que o calhamaço da Polícia Federal encaminhado pela Polícia Federal ao ministro Alexandre de Moraes, com um arrazoado de provas contundentes e irrefutáveis provocasse um Oh! na sociedade, e fosse dormitar no arquivo digital do PGR.

E, por fim, houve tempo suficiente para que o PGR, arrogando para si o papel de moço compenetrado e preocupado com os rumos da eleição de 2024, empurrasse com a barriga todos esses fatos, em nome do bem viver e da tranquilidade geral. 

Mentira! Ao dizer que não quer causar sacolejos na democracia, o que ele faz é colocar no centro dos acontecimentos o seu lado sombrio, que tanto uma colega de 247 quanto eu denunciamos em artigos. Paulo Gonet, ao se recusar a indiciar Jair Bolsonaro pelos crimes – que vamos constatar ali na frente, ele cometeu -, na verdade se posiciona de forma afrontosa. 

Tal como no caso do “orçamento secreto”, quando a mídia passou a usar a expressão para a indecência que se desenrolava diante dos nossos olhos, no orçamento da União, como quem chama carinhosamente a um Pet, agora se fala com naturalidade, do zelo de Gonet com as eleições municipais. 

O que Paulo Gonet está fazendo é trabalhando pela ideologia na qual acredita, a da direita. Deixa, permite, acumplicia, com o papel de “cabo eleitoral” de Bolsonaro no pleito. E, nesse estado de leniência, o que fez foi propiciar com o esticar do tempo, que vicejasse um Marçal.

Quando Jair terminar o seu périplo pelo país, elegendo prefeitos e vereadores à vontade – embora venha perdendo fôlego para alguém mais esperto, apena isso, mais esperto -, aí, sim, Gonet entra em cena para indiciar aqui, aliviar ali, pois nesse caso Bolsonaro já terá jogado o jogo da torcida do PGR. Vergonhosa a postura de Paulo Gonet. Agora me perguntem se estou surpresa. Nem um pouco. Eu e colega avisamos…

(*) Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF.

A frase do dia

“Pablo Marçal não degrada a política brasileira. É a sociedade degradada que cria figuras como Pablo Marçal, Nikolas, Tarcísio, Bolsonaro…”.

Marcelo Rubens Paiva, escritor

Exército abre inquérito contra coronéis que elaboraram carta golpista contra eleição de Lula

Inquérito foi aberto a mando do comandante do Exército, general Tomás Paiva, após sindicância sobre carta que pressionava a força a deflagrar um golpe militar em apoio a Bolsonaro

Por Ivan Longo – Revista Fórum

O Exército abriu, nesta terça-feira (27), um inquérito para investigar quatro militares que teriam sido os responsáveis por elaborar uma carta, divulgada em novembro de 2022, que visava pressionar o comando da Força a deflagrar um golpe militar contra a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições daquele ano. O objetivo seria, através do golpe, impedir a posse de Lula e mantar o então presidente Jair Bolsonaro no poder. 

O inquérito, que terá prazo de 30 dias – renováveis – para ser concluído, é resultado de uma sindicância aberta pelo comandante do Exército, general Tomás Paiva, que investigou 37 militares por envolvimento com a carta golpista. Ao todo, 26 membros do Exército já foram punidos. 

Os alvos do inquérito aberto são os coronéis da ativa Alexandre Castilho Bitencourt da Silva e Anderson Lima de Moura; e os da reserva Carlos Giovani Delevati Pasini e José Otávio Machado Rezo Cardoso. Os quatro, para além da sindicância, são alvos do inquérito pois a criação e redação da carta configura crime militar, enquanto apenas a subscrição, como teriam feito os demais militares, seria entendida como transgressão disciplinar, que prevê punições mais leves.

“A sindicância apurou haver indícios de crime na ação investigada e, em função disso, o Comandante do Exército determinou a instauração de Inquérito Policial Militar, onde se encontram inicialmente citados quatro militares, todos já arguidos na sindicância”, diz nota oficial do Exército. 

A carta golpista em questão, divulgada na internet em 29 de novembro de 2022 com o título “carta dos oficiais da ativa ao Comando do Exército”, também é alvo de investigação da Polícia Federal (PF). O texto pressionava o comando do Exército pelo “imediato restabelecimento da lei e da ordem, preservando qualquer cidadão brasileiro a liberdade individual de expressar ideias e opiniões”. Em outras palavras, pregava um golpe militar que impedisse a posse do presidente Lula, à época recém-eleito. 

A CARTA GOLPISTA

A carta de militares do Exército, divulgada em novembro de 2022, tinha como principal objetivo pressionar o então comandante da Força, general Marco Antônio Freire Gomes, a aderir ao golpe e incitar os subordinados a encamparem as fieiras golpistas. 

Os autores foram identificados a partir da análise do computador e das contas do tenente-coronel Mauro Cid, que recebeu o documento na noite de 28 de novembro de 2022.

No outro dia, a carta passou a circular nos grupos de WhasApp, incitando a horda bolsonarista a pressionar os chamados “generais-melancias” – verde por fora e vermelho por dentro.

Na “carta dos oficiais da ativa ao Comando do Exército”, a facção criminosa buscava coagir os militares que não haviam aderido ao golpismo.

“É natural e justificável que o povo brasileiro esteja se sentindo indefeso, intimidado, de mãos atadas e busque nas FFAA [Forças Armadas], os ‘reais guardiões’ de nossa Constituição, o amparo para suas preocupações e solução para suas angústias”, diz trecho.

O documento afirmava ainda ser importante que “os Poderes e Instituições da União assumam os seus papéis constitucionais previstos em lei e em prol da pacificação política, econômica e social, especialmente para a manutenção da Garantia da Lei e da Ordem e da preservação dos poderes constitucionais, respeitando o pacto federativo previsto na regra basilar de fundação da República”, dizendo que os militares estão “sempre prontos para cumprir suas missões constitucionais” e que os soldados “colocam os objetivos nacionais sempre em primeiro plano, desprezando quaisquer interesses pessoais”.

“Covardia, injustiça e fraqueza são os atributos mais abominados para um Soldado. Nossa nação, aquela que entrega os maiores índices de confiança às Forças Armadas, sabe que seus militares não a abandonarão”, diz o texto, na tentativa desesperada de coagir os militares ao golpe.

Alepa retoma sessões ordinárias com aprovação da obra de Bruno de Menezes

A Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), sob o comando do deputado Chicão (MDB), retomou as atividades no Plenário Newton Miranda na manhã desta terça-feira (6), após o recesso legislativo. O fim da pausa regimental das sessões e reuniões das comissões dá início ao segundo semestre no Parlamento, que foi marcado pela apreciação e aprovação de três Projetos de Lei.

A proposta nº 746/2023, de autoria do deputado Iran Lima (MDB), declara como Patrimônio Cultural e Artístico de natureza Imaterial do Pará a obra de Bruno de Menezes, que nasceu em 21 de março de 1893, em Belém (PA). Foi aprendiz de encadernador, passando a ter contato maior com livros, o que colaborou com o gosto pela literatura. Na juventude, formou o grupo “Vândalos do Apocalipse” e, mais tarde, o grupo “Peixe Frito”, deste último fazendo parte Dalcídio Jurandir e Jacques Flores, entre outros de sua geração. 

Fundou, em 1923, a revista Belém Nova, que abrigou trabalhos tanto dos modernistas como de antigos companheiros. Em 30 de maio de 1944 tornou-se membro da Academia Paraense de Letras, ocupando a cadeira de Natividade Lima, da qual chegou à presidência. Foi patrono da cadeira n° 2 do Instituto Cultural do Cariri, com posse em 1967. Pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico do Pará e à Comissão Paraense de Folclore.

“Bruno de Menezes foi um poeta e folclorista, um anunciador do modernismo em Belém. Sua poesia canta a raça negra, a cidade que o tempo levou, as tradições e o amor”, disse Iran Lima, que completou: “a necessidade de inserir a literatura local paraense no contexto modernista nacional levou Bruno de Menezes a promover vários debates sobre a renovação literária no Pará. Sua inquietação contagiou alguns intelectuais nativos que produziram obras que dialogaram com a corrente modernista brasileira. Nessa esteira, os modernistas paulistas vieram apenas trocar experiências literárias na Amazônia”.

Dentre as obras no campo da poesia, podemos citar: Crucifixo – 1920; Bailando no Lunar – 1924; Poesia – 1931; Batuque – 1931; Batuque, em braile – 2006; Lua Sonâmbula – 1953; Poema para Fortaleza – 1957; Onze Sonetos – 1960. No campo do Folclore: Boi Bumbá: auto popular – 1958; São Benedito da Praia: folclore do Ver-O-Peso – 1959. Na seara do estudo literário: À margem do “Cuia Pitinga”: estudo sobre o livro de Jacques Flores – 1937. No campo da Ficção: Maria Dagmar (Novela) – 1950 e Candunga (Romance) – 1954.

Os deputados aprovaram também o Projeto de Lei nº 831/2023, do deputado Josué Paiva (Republicanos), que declara o Projeto Social Ataque Total e suas manifestações culturais Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Pará. A matéria visa a garantia de atendimento a várias localidades de Santarém e leva atenção básica à saúde, assistência jurídica gratuita, atendimento odontológico, psicológico, fisioterapêutico, dentre outros. O projeto busca atender, em especial, aos indígenas, quilombolas e ribeirinhos e é composto por profissionais voluntários em diversas áreas de atuação, todos vinculados ao Instituto Bom Samaritano (IBS). “Estima-se que, a cada ação executada, mais de mil atendimentos ao público são realizados”, garante o deputado, Josué Paiva, na justificativa da proposição.

DISCRIMINAÇÃO

O deputado Adriano Coelho (PDT) é o autor do Projeto de Lei nº 18/2024, que estabelece mecanismos de combate à discriminação contra pessoas com Transtorno de Espectro Autista (TEA) no Pará. Segundo a justificativa da proposta, “a discriminação é um comportamento nocivo e faz com que muitas pessoas sejam rejeitadas e afastadas do convívio social. Isso resulta no desequilíbrio das relações humanas”.

“Fazer uso de comparações maldosas, piadas, usar expressões pejorativas e excluir os autistas de determinados grupos sociais ou ambientes são práticas inaceitáveis”, pontua Adriano Coelho. O parlamentar esclarece: “o objetivo da proposição é estabelecer mecanismos de proteção para as pessoas com TEA, contra toda e qualquer forma de discriminação cometida por pessoas físicas ou jurídicas no âmbito do Pará, tendo como base a Lei n° 12.764/2012, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, e a Lei n° 13.146/2015, que instituiu a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência”, concluiu.

Comprovada a prática, indução ou incitação de discriminação contra pessoa ou grupo de pessoas com TEA, ficarão os infratores sujeitos à advertência escrita acompanhada de um folheto explicativo sobre o TEA, com o encaminhamento do infrator para participação em palestras educativas sobre o Transtorno ministrada por entidade pública ou privada de defesa de pessoas com Transtorno de Espectro Autista, bem como a possibilidade de atuação como voluntário nos Centros de Atendimentos às pessoas com TEA. Além disso, o PL prevê multa de R$ 1.000 UPFs-PA (Unidades Fiscais de Referência), no caso de pessoa física e de R$ 2.000 UPFs-PA (Unidades Fiscais de Referência), no caso de pessoa jurídica. Os valores arrecadados com as multas serão revertidos para fundos de apoio à pessoa com TEA.

Rock na madrugada – Oasis, “Acquiesce”

POR GERSON NOGUEIRA

No dia em que a imprensa inglesa noticia que o Oasis pode voltar para dois ou três shows, vale relembrar aqui um dos grandes momentos criativos da banda dos irmãos Gallagher. A interpretação de “Acquiesce” no célebre show realizado em Wembley, em 2000, é um dos pontos altos da conexão entre Liam e Noel – sim, eles tiveram momentos de boa convivência musical.

Noel canta trechos da canção com visível alegria e convicção, ao contrário do que se veria depois, à medida que o relacionamento entre eles se deteriorava. Lançada em 1995, no álbum The Masterplan, “Acquiesce” (Aquiescer) trata de renúncia, compreensão, consentimento. Tudo o que os irmãos precisariam para manter viva a parceria.

O fim da banda, em 2009, resultante de brigas e discordâncias musicais entre Noel e Liam, mostrou que “Acquiesce” pode ter ficado pelo caminho, mas transformou-se com o tempo em uma das mais empolgantes canções do grupo de Manchester, principalmente em shows.

A letra é reveladora daqueles tempos ainda relativamente tranquilos:

“Espero que eu possa dizer as coisas que eu gostaria de ter dito/Para cantar para minha alma dormir e me levar de volta para a cama/Você quer estar só quando, em vez disso, nós poderíamos estar vivos/Porque nós precisamos um do outro/Nós acreditamos um no outro/E eu sei que nós vamos descobrir”.

Pelo significado e importância, a canção deve ser uma das escolhidas para os shows de retorno do Oasis em 2025. Segundo o jornal The Sunday Times, as apresentações irão acontecer durante o verão britânico, no estádio de Wembley, em Londres, e no Heaton Park, em Manchester. Os irmãos não se apresentam juntos desde agosto de 2009, quando tocaram no V Festival, em Stafford. Há também a possibilidade de um show no festival de Glastonbury.

Empate amplia o jejum bicolor

POR GERSON NOGUEIRA

O PSC empatou com o Mirassol, em 0 a 0, ontem à noite, completando sete partidas sem vitórias e prolongando a crise técnica vivida pela equipe neste returno de Série B. Chances de gol até surgiram, principalmente no 2º tempo, quando o time visitante jogou com um homem a menos. O goleiro Muralha andou se destacando em lances mais agudos do ataque bicolor.

Para encarar um dos times mais fortes da competição, o PSC entrou em campo com sete alterações em relação à partida anterior. Yony Gonzalez estreou no ataque e Robinho surgiu como quarto homem de meio-campo. João Vieira e Edilson voltaram, após suspensão, mas Bryan Borges, Ruan Ribeiro e Carlão substituíram Kevyn, Nicolas e Lucas Maia, contundidos.

As muitas mudanças atrapalharam visivelmente o time nos primeiros movimentos. Faltava conexão entre meio e ataque, além de um posicionamento mais recuado de Edilson, preocupado com as investidas dos homens de ataque do Mirassol.

Um chute forte de Robinho quase surpreendeu o goleiro Muralha, aos 9 minutos. O PSC deu a impressão de que iria insistir com jogadas de aproximação. Ledo engano. Na maior parte do tempo, o PSC foi excessivamente lento nas tomadas de decisão, permitindo espaços para trocas de passe do Mirassol, visando sempre Iury Castilho na frente.

A opção tática por dois atacantes avançados, Ruan e Yony, mostrou-se insuficiente para impor pressão sobre o visitante. No final do 1º tempo, com Edilson se aproximando de Robinho e acionando Yony Gonzalez, o Papão impôs um ensaio de pressão, mas os chutes saíram tortos.

Logo no início da segunda etapa, o meia Chico Kim foi expulso, após derrubar Esli García e receber o segundo cartão amarelo. Esli, por sinal, deu ao setor ofensivo do PSC contornos de habilidade inexistentes até então. Com ele, as jogadas passaram a ser mais frequentes, incomodando o Mirassol, a essa altura bastante retraído.

Com Esli, Netinho, Juninho e Brendon, o PSC ficou mais leve e rápido, mas o velho problema das finalizações voltou a castigar o time. No minuto final, um pênalti não marcado (apesar de analisado pelo VAR) irritou a torcida. Apesar de ser um lance interpretativo, a bola chutada pelo meia Juninho bateu no braço esquerdo do zagueiro do Mirassol e configurou a infração. A pressão dos jogadores não mudou a decisão do árbitro.

Isso serviria de estopim para queixas do técnico Hélio dos Anjos, após a partida. De volta após suspensão, o treinador afirmou que o PSC foi “assaltado” e aproveitou para alfinetar o presidente da Federação Paraense de Futebol, Ricardo Gluck Paul, dando a entender que ele não faz pelo clube o que tem feito em defesa do Remo.  

Além da frase desnecessária, Hélio perdeu a chance de explicar o motivo que fez o PSC, mesmo com um homem a mais por 40 minutos, não ter conseguido abrir caminho para a vitória.

Número de vitórias contribuiu para êxito do Remo

A estreia do Remo na fase de grupos da Série C passou a ser encarada pela torcida azulina como uma autêntica final de campeonato. É intensa a procura por ingressos, colocados à venda ontem pela manhã, fazendo crer em lotação máxima do Mangueirão no sábado à tarde. A venda promocional (arquibancada a R$ 30,00) termina na quarta-feira (28), mas as filas indicam que o torcedor pretende mesmo fazer sua parte.  

É claro que isso tem a ver com o sonho acalentado desde 2021, quando o Remo foi rebaixado à Série C e não conseguiu passar da fase de classificação em 2022 e 2023, decepcionando com campanhas muito irregulares. Ocorre que as partidas recentes do time trouxeram uma onda de confiança e otimismo no êxito da busca pelo acesso.  

Curiosamente, o entusiasmo só brotou nos últimos jogos. Depois de um início de recuperação com a chegada de Rodrigo Santana, o Remo acumulou algumas derrotas (ABC, Ferroviária, Figueirense) que fizeram ressurgir as desconfianças de antes.

Por outro lado, o estilo “8 ou 80” da equipe sob o comando de Santana acabou por contribuir para uma chegada mais confortável aos momentos decisivos da fase de classificação. Com oito vitórias e poucos empates, o Leão se tornou um forte candidato a uma das duas vagas que restavam.

O número de vitórias é o primeiro item de desempate e permitiu à equipe assumir a 8ª posição na penúltima rodada, superando equipes que tinham os mesmos 25 pontos. Portanto, se sofreu com tropeços na caminhada, o time se beneficiou bastante da objetividade em busca dos três pontos.  

Outra barbeiragem machista e indelicada de Abel

Abel Ferreira, campeoníssimo pelo Palmeiras nos últimos três anos, tem construído paralelamente a imagem de intolerância e maus bofes no trato com jornalistas e árbitros brasileiros. Já fez gestos obscenos, chutou microfones e disparou palavrões diante das câmeras.

Tudo isso foi feito com quase total complacência das instâncias que cuidam de arbitragens e que têm a responsabilidade de coibir abusos no futebol nacional. Ao contrário do que qualquer profissional enfrentaria se estivesse atuando na Europa, Abel desfruta de tolerância excessiva.

Parte da imprensa paulistana costuma relevar suas atitudes, passar pano para as grosserias e minimizar o alcance de sua truculência verbal. A resposta que ele deu à repórter Aline Fanelli, da Bandsports, após o jogo com o Cuiabá, foi um primor de má educação e machismo.

A uma pergunta normal sobre um jogador lesionado, ele soltou os cachorros, dizendo que não só tem obrigação de dar satisfações a três mulheres: a esposa, a mãe e a presidente do Palmeiras, Leila Pereira. Soltou uma nota de pé quebrado, sem se desculpar e ficou por isso mesmo.

Pior foi o papel da própria Leila, que nos últimos tem se candidato a defensora do papel da mulher no futebol, mas preferiu desta vez se recolher a uma constrangedora omissão.  

(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 27)

A frase do dia

“O PGR Gonet beira a irresponsabilidade. Deve estar vendo o avanço do fascismo e bolsonarismo fazendo campanha para eleger prefeitos e vereadores. Se vier outro golpe ele deve ser judicialmente acusado por omissão e falta contra o seu próprio oficio de PGR”.

Leonardo Boff, teólogo